Jonas Duarte: Lula como símbolo da servidão no Brasil

Tempo de leitura: 3 min
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Sobre bestas humanas, Arthur e Lula

por Jonas Duarte*, sugerido por Airoldi

Como não durmo, escrevo.

Li inúmeras mensagens de nazifascistas comemorando a morte de Arthur, neto de Lula.

Essa é a moral forjada nessa sociedade podre, merda, que vivemos.

Esses monstros, indiferentes ao sofrimento alheios, aos que morrem nas filas dos hospitais; indiferentes aos que morrem barbaramente assassinados nas periferias.

Essas bestas humanas que são absolutamente insensíveis as milhões de crianças a quem se nega afeto, carinho, escola, lazer, saúde, comemoram a morte do neto de Lula. Sabe por que?

Porque Lula é a expressão mais elaborada desse povo, desse povo pobre fadado a morrer ainda criança ou jovem sem assistência médica, sem escola, sem respeito social.

Lula é o filho desse povo que virou Presidente, recebeu 51 título de doutor Honoris Causa e fez o mundo admirar o Brasil.

Demorei a compreender isso.

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Sempre olhava Lula com análise política, econômica, crítica…

Desde que topei com um imbecil no aeroporto que disse preferir ser governado por uma quadrilha de corruptos milicianos do que por um ” Cabeça Chata, Nove Dedos ” que passei a compreender que Lula não é só uma figura política.

Não é a liderança política Lula, que eles têm ódio. Afinal Lula nunca foi um radical, nunca destituiu essa corja da elite… não. Lula sempre foi o conciliador que fez questão de sempre fazer concessões a esse pessoal.

O problema é que Lula é povo. É o “Cabeça Chata”. O Nordestino – retirado do seu chão por uma estrutura social mantida sob o latifúndio e a servidão para ser escravo da lógica do Capital no Centro Sul.

E lá ser o operário do chão de fábrica, o porteiro, o zelador, a doméstica, invisíveis para uma burguesia de nariz empinado, formada no privilégio, na “mamata”… Lula é o “Nove Dedos” que liderou multidões com uma sabedoria ímpar.

É o “debaixo” ensinando a uma nação fazer política, crescer…

Impossível, essa Corja aceitar Lula hoje.

Observem. Foi possível e até necessário à eles, o Lula de 2002. Achavam que Lula sempre iria precisar e se curvar a eles. Até setores da própria esquerda, intelectualizados, olharam sempre para Lula de cima, com a arrogância normal de sua formação…

Lula foi o economista e o cientista político que nossa elite nunca produziu. E sabemos hoje é incapaz de produzir.

A morte do neto de Lula escancarou a crise moral desse país.

Um país que produziu Vinícius de Moraes, que escreveu Rosa de Hiroshima. Um país que produziu Augusto Boal, Paulo Freire, Josué de Castro, Paulo Pontes…

No filme documentário de Marcus Vilar sobre Ariano Suassuna, “Senhor do Castelo”, há um momento que Ariano vai contar a história de um colega de colégio e não consegue. Ele descobrira que o colega passava fome, por isso se isolava.

Aquilo, contado anos depois, ainda tocava tanto Ariano que o fazia chorar de dor…

O país que produziu pessoas sensíveis como Ariano Suassuna também produziu monstros como esses que são capazes de festejar a morte de um neto pela dor do seu avô. Porque esse avô é o povo que essa gente quer ver escrava.

Estamos em um país doente. Gravemente doente…

Não dormi, sentindo a dor de Lula.

Os netos são bálsamos que aliviam a aspereza da vida.

Queria abraçar Lula hoje. Com o carinho que nós “cabeças chatas” sabemos transmitir. Ter uma forma de aliviar sua dor. De dizer que estamos solidários a ele e aos pais de Arthur.

E que Arthur foi e continuará sendo esse bálsamo em sua vida.

Força Lula. Apesar de tudo, Venceremos.

*É professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

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Comentários

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Roque JOnes

Lula foi um dia expressão desse povo. Quando se tornou presidente passou a fazer parte de uma elite política. Teve erros e acertos nos dois governos. Por fim, virou um político corrupto comum.

Ricardo Matias de Araujo

Caro Professor Jonas,
Obrigado por tão feliz abordagem.
Aproveito para somar ao seu, o meu abraço a Lula, aos pais e demais familiares do pequeno Arthur.
Lamentável é haver os que reverenciam a morte, em favor da dor de qualquer ser humano.
Nesse caso o mal é maior, por louvar a dor de quem é amado por centenas de milhões de seres verdadeiramente humanos em todo o mundo.
Continuemos humanos!

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