Tucana que chefiará Mais Médicos foi “premiada” por participar de ataque a cubanos
Tempo de leitura: 4 minpor Conceição Lemes
A Escola de Saúde Pública do Ceará foi criada, em 1993, para atender às demandas do Sistema Único de Saúde (SUS) referentes à formação de profissionais de saúde.
Certamente seus idealizadores nunca imaginaram que vinte anos depois, ela seria palco da mais deplorável manifestação de médicos brasileiros.
Foi em 26 de agosto de 2013, uma segunda-feira.
Um grupo de profissionais cubanos, que havia chegado a Fortaleza para o Programa Mais Médicos, estava lá para a aula inaugural do curso de treinamento.
Na saída, eles foram ”recepcionados” por médicos cearenses com vaias e berros: ”escravos’’, ’incompetentes’’, ‘’volta para a senzala’’.
Veja você mesmo a truculência.
https://www.youtube.com/watch?v=B5lnkApccbA
Manifestação explícita de racismo, xenofobia, preconceito, que enterrou de vez a lorota do brasileiro cordial, que, todos sabemos, é só para inglês ver.
Entre os médicos cubanos atacados, Juan Delgado, já formado há 19 anos e participação em duas missões humanitárias no Haiti.
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Esta foto foi reproduzida em toda a mídia.
Juan tornou-se o símbolo do Mais Médicos e da dignidade dos cubanos.
Ao mesmo tempo, o retrato da pequenez da esmagadora maioria da corporação médica nativa, muito mais preocupada com próprio umbigo do que com os milhões de brasileiros sem assistência à saúde.
Agora, com a confirmação de que a pediatra cearense Mayra Pinheiro vai ocupar cargo no Ministério da Saúde do governo Bolsonaro, a foto emblemática de Juan Delgado voltou a circular.
Mayra será secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SEGETS/MS); terá, portanto, sob sua responsabilidade o Programa Mais Médicos, que ela tanto execrou.
Desde 2013, ela tem sido identificada como a médica da foto.
Em entrevista ao UOL, publicada nesta quarta-feira (5/12), ela ”nega que tenha participado dessas manifestações’’.
Um médico brasileiro, que testemunhou tudo de perto e pede o anonimato, revela ao Viomundo:
— Não é a Mayra que está na foto, mas ela encabeçou o movimento, junto com outros médicos. Ela foi uma das líderes daquele dia fatídico na Escola de Saúde Pública do Ceará.
— Mas ela disse em entrevista há um dia que não estava nessas manifestações contra o Mais Médicos.
— Não é verdade. Ela estava, sim, inclusive nessa do dia 26 de agosto de 2013.
— Ela vaiou os médicos cubanos, chamou-os de ”escravos” e disse ”volta para a senzala”?
— Sim. Ela foi uma das líderes do protesto, convocado pelo Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec), Ela era contra os colegas cubanos e contra o Mais Médicos.
‘’Quem vai coordenar o Mais Médicos, se elegeu em 2015 presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará fazendo campanha contra o programa”, observa o médico e deputado federal Jorge Solla (PT-BA).
“Ela foi candidata a deputada federal [em 2014] e a senadora [em 2018] pelo PSDB e agora recebe como prêmio a SEGETS/MS, representando os tucanos’’, prossegue.
‘’A indicação dela é parte do acordo em curso com o PSDB para participar do governo Bolsonaro’’, avalia.
‘’Escárnio total’’, indigna-se o médico sanitarista Arthur Chioro, ex-ministro da Saúde no governo Dilma e professor da Unifesp.
Para Carlos Neder, médico e deputado estadual (PT-SP), a escolha de Mayra Pinheiro, é também um escárnio.
Ele lamenta a omissão e mesmo conivência de Conselhos Profissionais e órgãos de controle externo, diante de ações que ferem o Código de Ética Médica e o Estado democrático de direito.
“Elas dão margem à ocorrência desse tipo de aberração”, diagnostica Neder.
“Escolha temerária, pois aparentemente ela parece não ter proposta viável para substituir os 8 mil médicos cubanos’’, diz o médico de família e comunidade Giliate Coelho Neto.
”Caso essa reposição não seja feita, 37 mil crianças podem morrer nos próximos anos, segundo a OPAS [Organização Pan-Americana de Saúde]”, alerta.
A doutora Mayra Pinheiro está dizendo em entrevistas que foi escolhida pelo futuro ministro da Saúde do governo Bolsonaro, o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), por ser técnica.
”Não é verdade; ela foi indicada por ser contra o Mais Médicos’’, rebate o pediatra Dr. Rosinha, presidente do PT do Paraná.
”Ela só se tornou conhecida e, depois disputou eleições, devido àquele ato contra os médicos cubanos”, diz.
‘’Seria ótimo que ela pedisse desculpas aos médicos cubanos’’, sugere Jorge Solla.
“Se o Ônix foi perdoado por Sérgio Moro ao se desculpar de ter feito caixa 2, ela pode ser perdoada da campanha contra o Mais Médicos’’, ironiza.
A propósito: em 23 de outubro de 2013, durante evento realizado em Brasília, a presidenta Dilma Rousseff (PT) repudiou a agressão Juan Delgado:
“Não apenas pelo fato de ele ter sofrido um imenso constrangimento ao chegar ao nosso País, do ponto de vista pessoal e do Governo, eu peço nossas desculpas a ele”
Comentários
Pedro Alfredo
‘Tô nem ai para essas feministas..
o termo “Machista” é bem pejorativo e foi construído pelos movimentos feministas para oprimir homens e deixá-las passar com suas vontades raivosas.
Sou Machista e não será esse “bulling” de Mulheres que querem rebaixar os homens no mundo (depois de conquistado pelos “machistas” as custas de muito sangue) que me irá fazer entregá-lo à mulher gratuitamente, isso pq elas resolveram isso. Tô fora..
wendel
Me abstenho de comentar mas apenas digo: esta pseudo-pediatra, representa somente o que há de mais sórdido nesta fração de profissionais que só olham para seus próprios umbigos, e querem que os pobres das periferias e dos rincões deste pais se fodam!!!
Não merecem o mínimo de consideração de nós brasileiros que fazemos parte da parcela deste país que pensa e sente na sua totalidade as desigualdades e descasos desta elite nojenta que a classe média embestada se deixa instrumentalizar-se!
Demerval
Dizer que médico cubano é incompetente é não enxergar o próprio rabo. Pululam erros médicos de médicos brasileiros. Tem uns que deve ter comprado a vaga e as provas na faculdade de medicina. E além disso são completamente desequilibrados para tratar pessoas doentes, as vezes, com doença grave ou terminal. Não sabe .orra nenhuma.
Se os cubanos em sua maioria fossem brancos essas patricinhas e mauricinhos não falavam nada.
E esses brazucas não vão nem a pau trabalhar onde os cubanos vão. Querem é que o governo pague salário de 50 mil ou deixam os pobres dessas localidades distantes morrer. 50 mil para usar o dedo de cera.
Jardel
Ela merecia o Prêmio Parasita do Ano.
Defender a reserva de mercado na Medicina é coisa de gente muito baixa.
Os médicos brasileiros se recusam a ir trabalhar em lugares onde se suja os pés no barro das ruas, mas não querem que outros médicos atendam as pessoas que vivem nesses lugares.
Isto é, muito além de reserva de mercado, uma desumanidade.
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