PF: Eduardo Cunha torrou R$ 15 milhões só para ganhar votos na bancada mineira do MDB que o levaram à presidência da Câmara

Tempo de leitura: 4 min
Laycer Tomaz/Fotos Públicas

Da Redação

A eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Câmara dos Deputados, em fevereiro de 2015, pode ser vista em retrospectiva como o dia em que o impeachment da presidenta Dilma Rousseff foi selado.

Cunha obteve 267 votos, contra 136 de Arlindo Chinaglia (PT-SP), 100 de Julio Delgado (PSB-MG) e 8 de Chico Alencar (Psol-RJ).

Hoje, a Polícia Federal prendeu novamente dirigentes da JBS e o vice-governador mineiro Antonio Andrade, do MDB, na Operação Capitu.

Em sua nota oficial, a PF diz que parte do esquema ajudou a eleger Eduardo Cunha à presidência da Câmara.

Já se sabia anteriormente que a JBS tinha financiado a campanha de Cunha, porém a nota da PF revela novos detalhes.

Cunha teria recebido R$ 30 milhões da empresa, dos quais repassou R$ 15 milhões a um deputado federal mineiro, que por sua vez distribuiu o dinheiro a integrantes da bancada do partido em Minas.

A PF não informou quem foram os destinatários do dinheiro.

Em 2014, o então PMDB elegeu seis deputados federais em Minas.

Curiosamente, quando Cunha foi cassado, em 12/09/2016, dois deputados federais do partido se abstiveram, Saraiva Felipe e Mauro Lopes.

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Ambos foram ministros, nos governos Lula e Dilma.

Meses antes da cassação de Cunha, Lopes votou contra o parecer que pedia a cassação do presidente da Câmara, aprovado na Comissão de Ética por 11 a 9.

Lopes e Saraiva votaram pelo impeachment de Dilma Rousseff e contra a abertura de processo contra Michel Temer.

Hoje, ao saber da prisão do colega de partido, Saraiva Felipe, presidente do MDB mineiro, disse que “feliz a gente não fica”, segundo o Estadão.

Nem ele, nem Mauro Lopes foram alvo da operação da PF.

O que impressiona é que, se Cunha torrou R$ 15 mi com um punhado de votos em Minas, quanto teria custado uma campanha que resultou em 267 votos?

PF investiga pagamento de propina para liberação de atos de ofício no MAPA

Belo Horizonte/MG – A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (9/11), com o apoio da Receita Federal do Brasil, a Operação Capitu, para desarticular uma organização criminosa que atuava na Câmara dos Deputados e no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Estão sendo cumpridos 63 mandados judiciais de busca e apreensão e 19 mandados de prisão temporária, todos expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

Foram mobilizados 310 policiais federais nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Paraíba e no Distrito Federal.

Inquérito policial foi instaurado em maio deste ano, baseado em declarações prestadas por Lúcio Bolonha Funaro, sobre supostos pagamentos de propina a servidores públicos e agentes políticos que atuavam, direta ou indiretamente, no MAPA, em 2014 e 2015.

A Polícia Federal apurou a atuação de uma organização criminosa na Câmara dos Deputados e no MAPA, integrada por empresários e executivos de um grande grupo empresarial do ramo de processamento de proteína animal.

Este grupo dependia de normatizações e licenciamentos do MAPA e teria passado a pagar propina a funcionários do alto escalão do Ministério em troca de atos de ofício, que proporcionariam ao grupo a eliminação da concorrência e de entraves à atividade econômica, possibilitando a constituição de um monopólio de mercado.

As propinas eram negociadas, geralmente, com um Deputado Federal e entregues aos agentes políticos e servidores do MAPA pelo operador Lúcio Bolonha Funaro.

Entre os atos de ofício praticados pelos servidores do MAPA destacam-se a expedição de atos normativos, determinando a regulamentação da exportação de despojos; a proibição do uso da ivermectina de longa duração; e a federalização das inspeções de frigoríficos.

O grupo empresarial teria pago R$ 2 milhões pela regulamentação da exportação de despojos e R$ 5 milhões pela proibição do uso da ivermectina de longa duração.

Um Deputado Federal da Paraíba à época dos fatos teria recebido R$ 50 mil do grupo como contrapartida, em decorrência da tentativa de promover a federalização das inspeções sanitárias de frigoríficos por meio de uma emenda, cujo objeto tinha natureza totalmente diversa do escopo da medida provisória nº 653/2014 na qual foi inserida.

Teria havido também, por parte do grupo empresarial, o financiamento ilegal de campanha de um Deputado Federal para a Presidência da Câmara dos Deputados, em troca de atendimento dos interesses corporativos do grupo no MAPA, sendo de R$ 30 milhões o valor solicitado para tal financiamento.

Desse total, o Deputado teria destinado R$ 15 milhões a um Deputado Federal mineiro de seu partido.

A bancada mineira desse partido também teria recebido parte do montante, após a lavagem do dinheiro.

Os referidos valores teriam sido depositados pelo grupo em contas bancárias de seis escritórios de advocacia, que teriam repassado os valores lavados aos beneficiários finais, conforme determinação do Deputado Federal mineiro e de seu operador, também Deputado Federal.

Tais escritórios teriam emitido notas fiscais frias, visto nunca ter havido qualquer prestação de serviço ao grupo empresarial.

Uma das maiores redes de supermercado do país também teria integrado a engrenagem de lavagem de dinheiro oriundo do esquema, repassando aos destinatários finais os valores ilícitos em dinheiro vivo e em contribuições oficiais de campanha.

O total de doações oficiais feitas por empresas vinculadas e administradas por um empresário do ramo de supermercados, nas eleições de 2014, totalizou quase R$ 8,5 milhões.

Durante as investigações, houve clara comprovação de que empresários e funcionários do grupo investigado – inicialmente atuando em colaboração premiada com a PF – teriam praticado atos de obstrução de justiça, prejudicando a instrução criminal, com o objetivo de desviar a PF da linha de apuração adequada ao correto esclarecimento dos fatos.

Daí o nome da Operação, CAPITU, a personagem dissimulada da obra prima de Machado de Assis, Dom Casmurro.

Os envolvidos deverão ser indiciados pelos crimes de constituição e participação em organização criminosa, obstrução de justiça, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, dentre outros.

Caso haja condenação, as penas máximas poderão variar entre 3 e 120 anos de reclusão, proporcionalmente à participação de cada investigado.

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Comentários

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Zé Maria

Michel Temer é cotado para assumir a embaixada brasileira na Itália
Se confirmada, a nomeação garantiria foro privilegiado a Temer.
Decisão caberá ao presidente eleito Jair Bolsonaro

Caso sejam mantidas as regras atuais, uma das ideias de aliados de Temer é que ele seja nomeado embaixador, num acordo que dependeria do próximo presidente eleito.
A medida lhe garantiria imunidade diplomática, mantendo os processos que Temer terá que responder no STF, além de ser um cargo de prestígio que poderia agradar o peemedebista.

https://oglobo.globo.com/brasil/aliados-de-temer-buscam-alternativas-para-evitar-perda-de-foro-apos-fim-do-mandato-22130434

Guanabara

O que chama a atenção é a falta de nomes próprios no texto produzido pela assessoria de imprensa da PF. “uma organização criminosa na Câmara dos Deputados e no MAPA, integrada por empresários e executivos de um grande grupo empresarial do ramo de processamento de proteína animal.;” um deputado federal”….

Ah, se tivesse sido do PT….

Julio Silveira

Daí me vem um questionamento, quantos elegeram ajudaram a eleger o presidente eleito com base na justiça do Moro, que preserva toda essa gente, inclusive o Misshel, para perseguir exclusivamente suas vitimas de trairagem?

Afrânio

Fora de Pauta, mas importantíssimo

NÃO SE ILUDAM: Não existe nenhum desacordo entre o que Bolsonaro, Paulo Guedes e o general Mourão pensam em fazer com a PREVIDÊNCIA, por exemplo, durante a reforma a ser implementada a partir de janeiro de 2019. O que os três propõem é o regime de CAPITALIZAÇÃO que foi implementado no Chile pelo general PInochet e que levou vários aposentados ao suicídio. Isso mesmo que vocês estão lendo: ao SUICÍDIO.

A equipe de Bolsonaro usa de uma tática militar para confundir o inimigo (o povo brasileiro), que consiste em alguns membros de tal equipe externarem pontos de vista aparentemente discordantes com relação a temas relevantes e impactantes na vida das pessoas. A reforma da previdência é um desses temas, não é? Agora, veja no vídeo abaixo como eles estão pensando em privatizar a previdência. Se eles conseguirem, nós estaremos fodidos.

https://youtu.be/J6H7Xn7VOlo

Jardel

Infelizmente, desde sempre a “política” é feita assim aqui nessa república bananeira.
Quiseram colar a corrupção ao PT: “a corrupção foi institucionalizada com o PT”. mas essa pecha vai se revelando falsária.
Paulo Francis já nos denunciava a corrupção na Petrobras lá nos idos do governo FHC, quando foi processado, com recursos da referida estatal, por ter dito na TV que diretores da estatal teriam milhões em contas em paraísos fiscais.
Foi processado mas morreu por um infarto antes de ser condenado a pagar 100 milhões de dólares de indenização à empresa.
Quer saber um pouco mais sobre isto? Assista a esse trecho do Documentário “Caro Francis”:
https://www.youtube.com/watch?v=0ACtflb2AjY

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