André Singer: Com Bolsonaro, um governo fraco, que atacará rejeição popular com repressão e força
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Voto em Bolsonaro resulta de mistura explosiva que tem precedentes na história do país
por André Singer, na Folha de S. Paulo
O que aconteceu nos últimos dias no Brasil precisa ser bem explicado.
O postulante presidencial Jair Bolsonaro (PSL) ganhou seis pontos percentuais no próprio momento da eleição.
Vale dizer que cerca de 6,5 milhões de eleitores tomaram posição na última hora, quase levando o extremista de direita ao Planalto já no primeiro turno.
O tsunami radical se refletiu de maneira expressiva nos pleitos para a Câmara e Executivos de estados.
O partido de Bolsonaro saiu de 8 para 52 deputados federais, a segunda maior bancada da Casa.
Candidatos a governador quase desconhecidos, como Wilson Witzel (RJ) e Romeu Zema (Novo), dispararam, obtendo mais de 40% dos sufrágios válidos.
Para completar, a primeira pesquisa Datafolha, publicada na quinta passada (11) indicou que o capitão reformado teria 58% das intenções de voto no segundo turno, marcado para 28/10.
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A sociedade brasileira, em geral pouco afeita a posições de conflito, inclinou-se de repente para um dos polos. O que aconteceu?
Desconfio que uma resposta abrangente, a qual sem dúvida envolve múltiplos aspectos, tarde a aparecer. Mas, para efeito de raciocínio, deixo aqui uma percepção.
Tratou-se, a meu ver, da mistura explosiva, que tem precedentes na história nacional, entre a persistência das dificuldades econômicas e as denúncias de corrupção.
Sem a rapidez estonteante das mensagens trocadas por WhatsApp, Jânio Quadros e Fernando Collor de Mello representaram fenômenos similares.
A inflação dos períodos Juscelino e Sarney, que os antecederam, bem como estrondosas denúncias de malversação do dinheiro público pelos políticos fluíram para o coquetel explosivo que colocou no Palácio do Alvorada dois presidentes eleitos instáveis, os quais não lograram terminar o mandato.
Trata-se de uma espécie de protesto antissistema, mas à direita, que denota a esperança posta em uma autoridade firme, que “bote ordem na casa”.
O programa econômico de Bolsonaro registrado no TSE tem o “objetivo de equilibrar as contas públicas no menor prazo possível”.
Para tanto, a sua proposta mais original é reduzir 20% da dívida pública por meio de privatizações.
Em suma, haverá menos gasto público, com a provável estagnação do PIB e a deterioração de serviços essenciais à população de baixa renda.
Pode-se prever, em consequência, uma queda na aprovação do eventual presidente. Um governo sem compromisso institucional reagirá à rejeição popular com repressão e força.
Se parte dos que foram carregados pela fronda bolsonarista do último domingo (7) não acordarem do sonho autoritário nas próximas duas semanas, pode-se esperar pelo pior.
Comentários
Julio Silveira
Bolsonaro é do tipo que demonstra acreditar que seus milhões de votos serão procuração para matar os milhões da outra parte em minoria que nele não votou e lhe faz oposição.
E com certeza estará amparado na justiça atual, licenciosa, e sua outra arma de calibre do mesmo tipo a que ele e seus filhos costuma expor publicamente.
Cláudio
Você sabia que a gente pode solicitar a presença do Bolsonaro nos debates com Haddad, formalmente? Você clica no link a seguir, seleciona “reclamação” e, se quiser, pode colar o texto abaixo do link.
http://www.tse.jus.br/eleitor/servicos/ouvidoria/formulario-da-assessoria-de-informacao-ao-cidadao
Solicito uma posição do TSE quanto a exigência do comparecimento do presidenciável Jair Bolsonaro aos debates que precedem o segundo turno pois a população está correndo o risco de votar no candidato sem saber exatamente quais suas reais propostas para o Brasil. Lembrando que muitas pessoas mais simples não vão conseguir acessar seu plano pela internet e os debates pela televisão elucidam seu posicionamento e ideias.
Aguardo retorno.
Elena
Pois é! Os movimentos sociais precisam ter cuidado, pois a repressão vai ser violenta. Toque de recolher, estado de sitio, podem ocorrer. Deus nos livre e guarde se Boçalnaro vencer essas eleições. Seremos uma terra arrasada e não vamos ter a quem recorrer.
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