Hildegard Angel sobreviveu para suplicar: ”Não faça de seu voto uma arma, a vítima será você”

Tempo de leitura: 2 min
Hildegard Angel, Ana Cristina, Zuzu Angel e Stuart

“Sou aquela que sobreviveu para contar”

por Hildegard Angel, no Jornal do Brasil

Quem não entendeu que o Brasil mudou, agora se insurge contra avanços irreversíveis.

Será difícil voltar atrás de tantas conquistas, sobretudo a mais importante: a conquista da consciência. Aquela que ninguém consegue aprisionar, nem iludir com ameaças e medos.

A consciência despertada pelos últimos anos de governos progressistas fez a mulher se retirar de sua eterna sina de inferioridade, praticamente uma opção pela inferioridade, e deixar sua auto-estima desabrochar.

A consciência que empoderou o movimento negro, despertou as identidades, acolheu as diferenças, abriu todos os armários, de todos os preconceitos, fazendo penetrar a feliz brisa da liberdade.

Esta consciência nos dá a coragem de manifestar o que pensamos e sentimos, mesmo caminhando sobre o fio de uma navalha cortante, muito bem afiada pelas decisões decepcionantes do Judiciário, as manipulações da mídia venal, as ameaças, os conchavos, as injúrias, a violência dos partidários obcecados, as fake news e o risco real de que Bolsonaro vença essas eleições e cumpra o prometido. Porque ele cumprirá.

Outros ameaçaram cometer absurdos e cumpriram. Hitler cumpriu. Trump cumpre, enjaulando crianças imigrantes.

Sou vítima direta da Ditadura, que me levou a mãe, o irmão, a cunhada e torturou meu pai. Levou-me ainda a irmã, que precisou sair do Brasil naqueles anos. Não era militante, era simplesmente irmã de Stuart Angel.

Uma família brasileira de gente trabalhadora, que só pretendia viver com dignidade.

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Sei o que significa uma Ditadura.

Sei as marcas que ela deixa, senão no corpo, mas em nossa vida inteira.

Sobrevivi à Ditadura porque me calei. Ou talvez tenha sobrevivido para falar agora, para escancarar o meu testemunho das infelicidades que os tiranos, como o “venerado” Brilhante Ustra, praticaram, torturando mães e pais diante de filhos criancinhas, escalpelando vivos, esquartejando mortos e sumindo com os pedaços.

Sou aquela que a Ditadura não matou, sobrevivi para contar.

Fui mais cuidadosa. Ou fui mais medrosa. Não posso aceitar, e não vou suportar, a repetição de tantas mortes de brasileiros por outros brasileiros, solução proposta por esse candidato para o Brasil – “matar no mínimo 30 mil”.

Não posso ver o país de novo cometer um grave engano para depois se arrepender, como já aconteceu.

Venho apelar para as consciências que ainda não se abriram e não perceberam que perderão seus bens mais preciosos: a sua liberdade de ir, vir, pensar, criar, dizer; o sonho da ascensão social e da inclusão; o pouco que restou de seus Direitos Trabalhistas depois da devastação desse governo Temer; o adicional de férias, o 13º.

Mesmo os que ganham o mínimo, perderão o seu salário integral, pois serão taxados em 20% pelo Imposto de Renda. E não adianta desmentir, depois de anunciar, pois esse é o projeto.

Às mulheres será retirado o direito ao respeito, e serão mais assassinadas, sobretudo com a liberação das armas.

O genocídio dos negros e pobres se intensificará. Os gays serão mais discriminados, ofendidos, e surrados nas ruas por grupos de trogloditas sarados que descarregam seus ódios e frustrações nos mais fracos. E tais hordas violentas de malvados descontrolados, com ganas de espancar o próximo, vão se multiplicar.

Nada disso abalará o mundo confortável e protegido daqueles que têm dois, três, quatro endereços, no Brasil e no exterior.

Não sei de onde tirei forças para superar medos e perigos e vir suplicar que não votem amanhã movidos pelo ódio, que se voltará contra todos nós.

Acredito que cumpro um compromisso com o meu país e com a minha geração.

Não faça de seu voto uma arma, a vítima será você.

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Comentários

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Henrique R

Homenagem a Zuzu Angel por Chico Buarque

Angélica

Quem é essa mulher
Que canta sempre esse estribilho
Só queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar
Quem é essa mulher
Que canta sempre esse lamento
Só queria lembrar o tormento
Que fez o meu filho suspirar
Quem é essa mulher
Que canta sempre o mesmo arranjo
Só queria agasalhar meu anjo
E deixar seu corpo descansar
Quem é essa mulher
Que canta como dobra um sino
Queria cantar por meu menino
Que ele já não pode mais cantar

Cláudio

Pronto, feito: já votei, agora há pouco. Não deu para ser às 13h13min mas foi às 13h19min, conforme já postara (mas não saiu em nenhuma das postagens publicadas nas matérias anteriores do Viomundo), do seguinte modo :

Deputado Federal : 1333 Merlong Solano (PT)
Deputado Estadual : 13567 Magalhães (PT)
Senadora : 290 Albetiza (PCO) [ O PT não apresentou candidato/a ]
Senador : 500 Jesus Rodrigues (PSOL) [ O PT não apresentou candidato/a ]
Governador : 13 Wellington Dias (PT)
Presidente : 13 Haddad (PT)

#Haddad13
#Haddad13eManuela
#13vitoriosologonoprimeiroedefinitivoturno

lulipe

O brasileiro já é vítima todo dia, dentro ou fora de casa, dessa violência desenfreada que foi potencializada nos governos do PT pela passividade dos esquerdopatas com os criminosos. #mito2018

Ricardo Rocha de Freitas

Que esse texto seja lido por mhies de brasileiros. Você não se acirvadiu você teve coragem para sobreviver e agora pode contar para que a ditadura não se repita.

Valdir Rocha

Hildegard Angel
A gente sofre com a sua dor e de tantas famílias que foram silenciadas por estas cruéis assassinos.
Em momento algum você se acovardou Hildegard, você apenas ficou paralisada e sem ação aos ver seus entes queridos sendo mortos, torturados e humilhados.
Nós brasileiros e brasileiras precisávamos de você viva, porque agora você pode nos contar o que significado esta palavra BOLSONARO. Significa a tortura, a crueldade, a covardia, morte, etc.

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