As flores e as eleições

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Por Marco Aurélio Mello

A Folha de S. Paulo noticia que o bispo Edir Macedo vai orientar os fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus a votarem em Jair Bolsonaro.

Faz assim o movimento, tardio, de desembarcar da candidatura do Santo, Alckmin, e do generoso PSDB que, no Governo do Estado, não poupou à mídia amiga fartas verbas publicitárias, a exemplo do que bem faz o morador do Palácio do Jaburu, o presidente golpista em exercício, Michel Temer, outro cadáver político ainda insepulto.

O movimento de Edir cria um constrangimento adicional para a emissora arquirrival, a Globo.

A emissora dos Marinho não teve coragem, ainda, de declarar votos no candidato que espalha ódio e que tem sido rechaçado sob um mantra feminino em forma de hashtag: #elenão.

As duas emissoras do mesmo lado não costumava ser algo tolerável, nem para o bispo, nem para os irmãos.

Mas sabe como é, na hora que a água começa a bater no pescoço, a saída é nadar e, se preciso, compartilhar a bóia.

Ainda que o primeiro turno esteja praticamente definido, outras variáveis ainda estão em jogo.

Quem serão os Governadores?

Qual será o tamanho da bancada progressista no Congresso Nacional?

Vai haver a tal onda vermelha?

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As bancadas da bíblia, da bala e do campo crescerão?

E as bancadas alimentadas pelos interesses transnacionais, a se considerar o petróleo e a  mineração?

No segundo turno, a depender de todo este mapeamento, não vai ser possível pregar neutralidade, nem voto nulo.

O negócio vai ser fazer acordo com o diabo, se preciso for.

É o que está claramente descrito na carta que o ex-presidente Lula endereçou ao Jornal do Brasil este fim de semana.

Uma vez aliada à barbárie, não restou à Globo outra escolha, senão flertar com o fascismo.

Mas há outro poder em campo, o Judiciário.

É lá que está literalmente o fiel da balança.

E é com ele que a mídia hegemônica conta.

Controlar o Estado através da ‘jurisprudência’ parecia ser o caminho mais seguro.

Seguro até que a metade da corte que estava em desvantagem sob a batuta de Carmem Lúcia equilibrou o jogo mais recentemente.

E, “para não dizer que eu não falei das flores”, tem o crime organizado, o narcotráfico.

Este sim, à espreita e, quem sabe, “organizando o movimento” na clandestinidade.

Se por acaso a gente achou que as emoções estavam serenando, não cabem ilusões: a tempestade começa mesmo depois do primeiro turno.

E se, depois do segundo turno, o resultado não for favorável, ainda tem o terceiro, o Golpe.

Vamos precisar de muitas flores ainda.

Afinal de contas, as baionetas estão em punho.

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Marco Aurélio Mello

Jornalista, radialista e escritor.


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