Marcelo Zero: O perigo maior à nossa democracia é o suposto “centro”, espécie de Bolsonaro envergonhado
Tempo de leitura: 4 minO Perigo Mora no Suposto “Centro”
por Marcelo Zero, via e-mail
A candidatura Bolsonaro sustenta-se somente em três sentimentos básicos: insegurança, ressentimento é ódio.
Associada a esses sentimentos, compreensíveis num ambiente de crise, não há qualquer proposta racional, para além das indagações ao Posto Ipiranga.
Simplesmente não há sequer um simples e primário programa de governo.
Tudo se resolveria com base na força, na eliminação dos mecanismos democráticos, na distribuição de armas e na restauração de um Brasil mítico, “puro” e desigual.
As propostas de Paulo Guedes são ridículas, de tão regressivas. Nem o “mercado” as leva a sério.
No fundo, o que essa candidatura oferece como perspectiva política é unicamente a eliminação dos que são percebidos como “inimigos internos”, como negros, mulheres feministas, gays, petistas, esquerdistas, pobres vagabundos, quilombolas, índios e todos aqueles que não se enquadrariam no esquadro fascista dos “cidadãos de bem”.
Não há futuro e construção, portanto.
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O que haveria é a destruição das dissidências e a volta a um mítico status quo ante, quando a sociedade escravagista, colonizada, desigual e machista não havia sido ainda questionada.
Dessa forma, a candidatura Bolsonaro é, ao mesmo tempo, uma patologia mental e política.
Não consegue projetar uma “memória do futuro”, como assinalaria o neurocientista António Damásio, apenas é saudosista de um passado escravagista, preconceituoso, machista, colonizado e profundamente autoritário.
Ela é, na realidade, uma ode furiosa ao atraso em todos os campos. Um elogio à tortura como método político. Um refúgio contra quaisquer mudanças, contra o risco de evoluir e ser feliz.
Contudo, candidaturas que não conseguem projetar futuro, que não oferecem esperanças concretas de melhoria, têm poucas chances de serem exitosas.
A ascensão de Hitler na República Weimar também esteve baseada na exploração da insegurança, do ressentimento e do ódio, numa Alemanha profundamente humilhada e em crise.
Não obstante, Hitler conseguiu oferecer ao alemães um programa e a visão de uma futura Alemanha grandiosa, embora falsa.
Bolsonaro e Mourão, o Ariano, não conseguem sequer fazer isso. Apenas vomitam seu ódio e preconceito. É muito pouco. Um vácuo pleno de ódio continua sendo um vácuo.
Já a candidatura Haddad/Lula se baseia também em sentimentos básicos como tolerância, solidariedade, esperança e felicidade, emoções opostas às ofertadas pela candidatura do hitlerzinho tropical.
A diferença maior, contudo, refere-se ao fato de que a candidatura Haddad/Lula tem um sólido programa de governo e, por consequência, a capacidade de projetar uma “memória do futuro”, como diria Damásio. Um futuro melhor para todas e todos.
Nessa candidatura, não há dissociação entre razão e emoção, uma patologia mental e política. Elas estão casadas em propostas racionais consistentes e em escolhas motivadas por sentimentos claros e positivos.
Trata-se, portanto, de uma candidatura que projeta a visão e a possibilidade concreta, factível, de um Brasil feliz, integrado, justo e tolerante, no qual haja espaço para as cidadãs e os cidadãos de todos segmentos sociais.
Nela, não há inimigos internos a serem aniquilados. Há brasileiras e brasileiros que precisam ser incluídos, sem distinção, no desenvolvimento econômico, social e político.
Ao contrário da candidatura Bolsonaro/Mourão, a candidatura Haddad/Manuela/Lula não pretende destruir nada ou eliminar ninguém.
Não é a antípoda extremada dos fascistas, é a moderação e a conciliação que pode anular o ódio destrutivo e divisor. É o verdadeiro centro democrático do país.
Entretanto, a patologia mental e democrática da candidatura Bolsonaro ameaça se estender ao mal denominado “centro político”.
Ante a perspectiva muito provável de um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad, entre democracia e barbárie, parte desse “centro” já ameaça aderir à barbárie.
Explica-se: esse “centro”, ou parte dele, é, na verdade, a origem e o epicentro do golpismo que destruiu o pacto democrático brasileiro e fez surgir o fascismo tupiniquim.
Bolsonaro, um obscuro e medíocre parlamentar, jamais teria sido alçado ao estrelato político sem a ação golpista e antidemocrática do PSDB, PMDB e de outros partidos autodefinidos como de “centro”.
Bolsonaro é cria bastarda de Temer, Cunha, FHC, Aécio, Alckmin. Marina et caterva.
Assim, parte significativa desse “centro” é, há muito, uma direita extremada, que jogou na lata de lixo da história seus compromissos democráticos e civilizatórios.
Jogou na lata de lixo até mesmo seus compromissos internacionais com os direitos humanos, como comprovado no vergonhoso caso da decisão do Comitê dos Direitos Humanos da ONU, em relação a Lula.
Essa direita extremada, embora se veja como elite moderna, ponderada e cosmopolita, que pontifica sobre o Brasil desde a Avenue Foch, é, na realidade, uma oligarquia brucutu, tosca, que não hesita, quando necessário, em dar golpes de Estado, desestabilizar governos populares e aniquilar direitos políticos e sociais.
Ela tem em seu DNA a escravidão, a ditadura, o autoritarismo e a exclusão.
Portanto, o nosso autodenominado “centro” é, a bem da verdade, uma espécie de Bolsonaro envergonhado, um Mourão envernizado com discurso pretensamente sofisticado e técnico.
O perigo maior à democracia brasileira mora ali, nesse pretenso “centro” “sofisticado e técnico”.
O perigo mora no Judiciário e no ministério público partidarizados, que se desfizeram do republicanismo e dos seus compromissos maiores com os direitos garantias individuais assegurados na Constituição e nos tratados de direitos humanos.
O perigo maior mora na mídia oligárquica, principal responsável pelo ódio antipetista e antiesquerdista. que cevou os movimentos protofascistas do país e instaurou o Estado de exceção
O perigo maior mora num setor empresarial rentista e atrelado a interesses externos, que não dá a mínima para o bem-estar da maioria do povo, para a democracia e para a soberania nacional.
Bolsonaro, Mourão e a legião de acéfalos que os seguem, embora perigosos em si mesmos, são vistos como massa de manobra por algo mais sutilmente perverso.
Não obstante, o problema de uma junção de parte dessa direita com o fascismo bolsonarista reside na irracionalidade política desse último.
O fascismo, exatamente por ser fascismo, saiu do controle. A massa de manobra não é mais manobrável. Nem mesmo Bolsonaro e Mourão a controlam.
Na Alemanha, setores da burguesia se aliaram a Hitler na esperança de controlá-lo e, ao mesmo tempo, destruir os comunistas. Fracassaram. Hitler e seus seguidores fanáticos e violentos os engoliram.
Resta ver se esse “centro” se desfazerá de seu ridículo e injustificado ódio antipetista, que afeta até mesmo candidatos supostamente progressistas, e aderirá a algum grau de racionalidade política, ou se vai mergulhar na aventura irracional fascista, destruindo de vez a democracia brasileira, como parece ser o caso de alguns de seus expoentes.
O perigo maior está no “centro” escolher o ódio ao PT, em vez do amor ao Brasil.
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Comentários
Bel
Preocupante essa mudança repentina da ¨óia ¨ em levantar o passado do candidato da extrema-direita. A esquerda, como sempre, ingênua, acaba caindo nas teias da mídia golpista. A próxima capa será um pedido de perdão ao capitão? Eles não são amadores! Olho aberto, esquerda!
Nelson
Aqui no Rio Grande do Sul, o mote tem que ser o mesmo: ELES NÃO!.
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Sartori e Leite são farinha do mesmo saco. Qualquer um que porventura venha a ganhar a eleição para governador – Deus tenha piedade de nós gaúchos -, apenas dará continuidade ao projeto de desmonte final do aparato público/estatal do Estado.
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Qualquer dos dois tem compromisso apenas com o grande capital. O tal de Regime de Recuperação Fiscal, tão exaltado por Sartori e escondido pela mídia hegemônica nada tem de recuperação. Trata-se, na verdade, da inviabilização do Estado do Rio Grane do Sul talvez pelo resto dos tempos.
Nelson
À diferença do mote mito repetido nos últimos dias, o “ELE NÃO”, eu diria, com total convicção, que o mote correto é “ELES NÃO”. Explico.
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Qualquer um desses que viesse a ganhar a eleição presidencial – Deus tenha piedade de nós -, seja Alckmin, seja Amoedo, seja Dias, Meirelles, seja Bolsonaro, iria apenas dar continuidade ao projeto que o corrupto, golpista e vende-pátria governo de Michel Temer já está empurrando goela abaixo do nosso povo.
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O projeto que chamam de “Ponte para o Futuro”, que deveria ser chamado pelo nome adequado: “Salto para o abismo”. Se implantado de um todo, tal projeto vai transformar o Brasil num México muito piorado.
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Isto porque, a população do grande e riquíssimo país da América do Norte é pouco maior que a metade da nossa. Apesar de riquíssimo, o México foi transformado em mera colônia dos EUA; alguns afirmam que tornou-se apenas um Estado vassalo.
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Então, amigo. ELES NÃO!
Amélia
As “qualidades” de Bolsonaro
1 – Foi aos Estados Unidos prestar continência a bandeira americana. Isso signific a que ele tem um grande complexo de vira lata. Ou melhor, Bolsonaro é o próprio vira lata.
2 – Bolsonaro declarou-se incompetente para governar o país “por não entender de nada, absolutamente nada”. E declarou aos quatro cantos do mundo que quem vai governar o Brasil é um tal de Paulo Guedes, um economista que não faz outra coisa que bajular o Mercado, essa entidade aparentemente abstrata, mas constituída por menos de 1% da população, ou seja, por aquela fração miliardária que se diz brasileira e por um punhado de especuladores internacionais. Bolsonaro é modesto quando diz que não entende nada de nada, porque ele entende muito bem de porrada, e já andou planejando a explosões de algumas bombas em instalações militares quando servia ao Exército Brasileiro, e não era época de São João. Ou seja, Bolsonaro é um TERRORISTA. Procurem a revista VEJA de 15 de maio de 2017 que está tudo lá.
3 – Por outro lado, Paulo Guedes já disse que vai seguir a mesma política econômica recessiva do governo Temer e vai implementar as medidas que privilegiam o tal Mercado, mas lascam o Brasil (entenda-se, a classe média e os pobres), mas de maneira muito mais acelerada. A reforma da previdência é uma delas. Ou seja, Paulo Guedes vai dar continuidadde ao golpe e a destruição de tudo que ainda se mantém de pé, e vai chutar a bengala dos velhinhos que dependem da previdência.
4 – Vai instituir um imposto de renda com alícota única de 20%, para os multimilionários e para os eleitores ou não de Bolsonaro que ganham um salário mínimo. Todos vão pagar 20% de imposto de renda. E eu pergunto: guardador de carro também? Vai, sim. Paulo Guedes, que anda meio desaparecido, é uma espécie de Xerife de Nottingham, implacável perseguidor de Hobin Hood, e vai continuar tirando dos pobres para dar aos ricos. Ele aprendeu com o Temer.
5 – Vai acabar como 13º salário e 1/3 de abono de férias, e a aparente discordância com o Mourão com relação a estas medidas é apenas jogo de cena.
6 – É deputado federal desde 1991, atualmente em seu sétimo mandato. Qual o projeto (s) apresentado por Bolsonaro que foi aprovado pelo seus pares na câmara federal? Alguém se lembra?
7 – Questionado sobre o auxílio moradia, Bolsonaro diz que usou o dinheiro dessa gambiarra para ‘comer gente’
8 – Bolsonaro é o mais violento candidato de todos aqueles que almejam habitar o Palácio do Planalto: é torturador, homofóbico, misógino, racista, e um “Serial Killer”. Em qualquer lugar que se encontre, ele está sempre imitando uma arma com os dedos, ou ensinando uma criança a imitá-lo. Ele só pensa em matar e já disse que o Brasil precisa de uma guerra civil onde deverão morrer pelo menos 30 mil. Os filhos de Bolsonaro são também psicopatas, e se deleitam em exibir uma cabeça ensanguentada e sufocada por um saco plástico.
Por último, uma pergunta: o que tem um mau elemento com todos esses “predicados” a oferecer ao Brasil? Violência, muita violência. E qual o perfil psicológico dos eleitores de Bolsonaro? São todos sado-masoquistas. Masoquistas porque gostam de apanhar e sádicos porque querem que o Brasil apanhe junto com eles.
#Ele não.
Marcos Videira
Existem duas forças que polarizam com o PT: os fascistas e os antipetistas.
Engana-se quem pensa que essa beligerância será extinta com o resultado das eleições (seja quem for o vencedor).
Para enfrentar inicialmente os golpistas e agora também os fascistas, deveria ter sido formada uma frente democrática. Essa frente foi boicotada pelo PT por duas razões explicitadas pelos estrategistas do PT em entrevista ao Nassif: manter a hegemonia do PT sobre a esquerda e garantir seu protagonismo futuro.
Dessa posição estratégica a conclusão é: o PT colocou seus interesses de partido acima dos interesses políticos do Brasil.
A direção do PT recusou a chapa Ciro-Haddad que representaria uma ampla frente política. Jaques Wagner e Flávio Dino, entre outros, fizeram publicamente a defesa dessa estratégia.
Haddad é um político digno, honesto e capaz. Mas ainda não tem lastro político próprio para ocupar o mais elevado cargo da República. É o cara certo na hora errada.
O PT nos oferece duas opções: vote em nosso candidato ou caia no abismo fascista.
Guilherme
Excelente artigo.
Diga-se de passagem, a ditadura que vivemos nesses dois últimos anos é de pessoas que se dizem de “centro”. Uma ditadura “centrista” neste planeta Terra, uma jabuticaba.
Hell Back
O perigo do fascismo ronda o Brasil.
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