El Pais: A constrangedora ‘aula’ sobre nazismo dos brasileiros aos alemães; veja vídeo
Tempo de leitura: 5 minFremdschämen, a constrangedora ‘aula’ sobre nazismo dos brasileiros aos alemães
O termo alemão para “vergonha alheia” resume o que foi a enxurrada de críticas de internautas brasileiros a um vídeo da Embaixada alemã afirmando que nazismo é de direita
por Marina Rossi e Regiane Oliveira, no El Pais, sugestão de Gerson Carneiro
Uma palavra sintetiza a aula sobre nazismo que um grupo de brasileiros tentou dar aos próprios alemães na Internet: fremdschämen (vergonha alheia).
O que era para ser um vídeo sobre como se ensina a história do nazismo, publicado no Facebook pela Embaixada da Alemanha em Brasília e pelo Consulado Geral no Recife, se tornou um campo de guerra nas redes sociais.
De um lado, brasileiros que não acreditam no holocausto e garantem que o nazismo era uma ideologia de esquerda, contestavam a história divulgada pelo Governo alemão.
Do outro, brasileiros envergonhados pediam desculpas pelos comentários exaltados.
E no meio, a embaixada alemã tenta equilibrar os ânimos e corrigir os néscios: “O holocausto é um fato histórico, com provas e testemunhas que podem ser encontradas em muitos lugares da Europa”, publicou em resposta a um internauta que afirmou que o “holofraude está com os dias contados”.
No vídeo institucional, a Alemanha explica que desde cedo as crianças são ensinadas confrontar os horrores do holocausto, como parte do pensamento de conhecer e preservar a história para não repeti-la.
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No país é crime negar o holocausto, exibir símbolos nazistas, fazer a saudação “Heil Hitler”.
O vídeo deixa claro que o nazismo é uma ideologia da extrema direita.
“Devemos nos opor aos extremistas de direita, não devemos ignorar, temos que mostrar nossa cara contra neonazistas e antissemitas”, afirma no vídeo Heiko Mass, ministro das Relações Exteriores.
Muitos internautas contestaram o ministro: “Extremistas de direita? O partido de Hitler não se chamava Partido dos Trabalhadores Socialistas? Onde tem extrema direita?”, perguntou um internauta, em relação ao Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei), que ficou ativo no país entre 1920 e 1945.
O partido de Hitler misturava uma cultura paramilitar racista, populista, antissemita e anti-marxista, algo como “contra tudo o que está aí” e ” ou pelos verdadeiros alemães “de bem”.
Houve quem tentasse explicar onde estava o erro da embaixada: “Não é só pelo nome do partido. É uma concentração de poder no Estado. A esquerda (comunismo/socialismo) acredita em poder centralizado no governo para a construção de uma sociedade melhor. A direita acredita na descentralização desse poder, por isso advoga um poder maior ao indivíduo e não ao coletivo (…)”.
Isto é, como Hitler centralizava o poder, logo, ele não poderia ser de direita, segundo esse internauta.
Enquanto alguns tentavam ver o lado positivo da iniciativa e marcavam amigos para tentar provar que o nazismo é, sim, de direita – “(…) se o Consulado alemão explicando que o nazismo é de extrema direita não te convencer, não sei o que mais poderá”, escreveu um internauta.
Outros até ameaçaram a embaixada: “[Vocês] perderam uma enorme chance de ficar de boca fechada. Mas não se preocupem. Estou compartilhando este post na Alemanha. Vamos ver o que irão dizer!”
Damaris Jenner, responsável para assuntos de imprensa na embaixada, explica que a ideia era falar sobre como se ensina história na Alemanha.
“Na semana em que pensamos em fazer esse vídeo, aconteceram as manifestações em Chemnitz e vários jornais brasileiros noticiaram”, diz ela.
Os protestos foram realizados por militantes da extrema direita desde o final de agosto contra a morte de um alemão, supostamente esfaqueado por dois imigrantes, e que terminaram em atos de violência.
“Achamos que seria interessante ligar esses dois assuntos para mostrar essa discussão na Alemanha”, afirma Jenner.
Mas a reação dos internautas surpreendeu.
“Não imaginávamos que repercutiria dessa forma”, diz. “Nosso vídeos costumam ser bem assistidos, mas esse foi excepcional”.
Até o fechamento desta reportagem, o vídeo tinha mais de 630.000 visualizações na página da embaixada.
Jenner diz que, além da audiência alta, fez diferença o engajamento dos usuários. “Geralmente tem menos debate”, diz. Ela afirma que alguns comentários foram respondidos “de forma cordial” pela própria embaixada ou pelos consulados que replicaram o vídeo, mas que em muitos casos os próprios usuários responderam uns aos outros.
Apesar da polêmica e de alguns comentários pouco cordiais de usuários, a embaixada não pretende retirar do ar a publicação.
“Isso é um assunto importante em muitos países atualmente”, diz Jenner, sobre a temática levantada pelo vídeo. “Mas as reações daqui são devido a situação política do Brasil”, afirma.
Desde as jornadas de junho de 2013, o país vive um clima acirrado de polarização política. Grupos alinhados ao pensamento da direita se uniram em torno do impeachment da petista Dilma Rousseff. Enquanto grupos de esquerda acusavam os adversários de golpe. Neste cenário, a defesa falaciosa de que o nazismo seria um movimento de esquerda se tornou comum entre militantes da direita nas redes sociais.
Na escola, os alemães começam a aprender sobre o nazismo quando têm entre 13 anos e 15 anos. E no Brasil também.
“Os alunos da rede pública estudam este tema em História em dois momentos do ciclo básico: no nono ano do ciclo fundamental e no terceiro ano do ensino médio”, afirma o professor de história da rede pública de São Paulo Danilo Oliveira.
A diferença é que, enquanto na Alemanha a história do Terceiro Reich está nas ruas, no turismo e nas memórias das famílias, no Brasil, as lembranças do passado de influência nazista vão sendo apagadas pelo desinteresse sobre o tema.
É o que aconteceu com a Fazenda Cruzeiro do Sul, em Paranapanema, interior do Estado, onde funcionou na década de 1930 uma colônia nazista.
A história da fazenda ganhou destaque a partir do trabalho do historiador Sydney Aguilar que descobriu como 50 meninos órfãos do Rio de Janeiro foram escravizados por dez anos a ponto de terem sido privados até mesmo de seu nome, eles só ganhavam números.
Essa história foi contada no filme Menino 23, lançado em 2016. O prédio da sede, construído com tijolos com o desenho da suástica, já não existe mais. O proprietário começou a demolir a estrutura em 2012, e terminou em 2016. E só restou à Procuradoria Geral do Estado processar o dono.
O professor Oliveira admite que o nível de informação dos brasileiros sobre grandes temas da humanidade, como o nazismo, pode piorar nos próximos anos.
Isso porque a diferença entre as ideologias de direita e esquerda são mais aprofundadas nas disciplinas de história e sociologia no ensino médio, que deixarão de ser obrigatórias se a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para esta etapa de estudos for aprovada.
Por enquanto, como disse um internauta, “brasileiros questionando a embaixada alemã sobre nazismo é 8 a 1 para Alemanha”. Mas pelo andar das coisas, esse placar ainda tem potencial para crescer muito.
Cartazes cartazes em protesto em Chemnitz, na Alemanha, no dia 3 de setembro: “Quem protesta contra os nazistas não é de esquerda, mas normal”; “direitos humanos ao invés de humanos de direita” e “nós somos todos humanos”. Reprodução de vídeo
Comentários
Fernando
É a síndrome de São Tomé.
Só acredita se ver. Tem que ver para crer.
São os mesmos que dizem que a escravidão não existiu.
Querem ensinar o padre rezar a missa.
Pergunta se algum acéfalo desses le livros de história.
Segundo os princípios do gen. Mourão e do Bolsonaro, os nazistas devem ser heróis para essa turma.
Mané
Perfeito, Roberto.
Edgar Rocha
Adorei a polêmica dos brasileiros de direita com os próprios alemães! Que o mundo saiba a que ponto chegamos e tente entender porque chegamos a este ponto. Como um povo que até então nunca poderia ser acusado de apologista do nazismo agora, ostenta um setor com tamanho descaramento e falta de bom senso? O que mudou? Que povo é este? Por que pensam assim num país tão multicultural? Seriam os mesmos que se relacionaram com os turistas e jogadores nas ruas durante a Copa? Ou seriam os mesmos que frequentaram os estádios e agrediram verbalmente a Dilma? Há alguém ou algo por trás disto? Quem?
A lebre saiu da toca fazendo o estardalhaço de um rinoceronte! Depois disto, a cambada que está se mudando pra Europa de mala e cuia não será vista como os bonachões brasileiros de antanho. Finalmente, nossa cultura deixará de ser parasitada pelos que se dizem brasileiros, mas não passam de invasores.
E que fique claro: a Europa deverá se lembrar do tipo de gente que se livrou com a migração pós-guerra para a América Latina. Vejam só! Eles querem voltar. E estão prontos pra apoiar uma nova onda nazifascista num território que luta para não esquecer as lições do passado. Chega a ser irônico: mandaram o restolho pra cá achando que se livrariam fácil da escória, que ela jamais teria a audácia de retornar. E agora, ela está cheia da grana espoliada de nossa terra, pronta pra assumirem o papel de boa investidora e aquecer a economia europeia em crise.
Acho que terão de fazer uma escolha: aceitar o retorno do lixo, só porque estão endinheirados, enquanto recusam a migração do Oriente Médio e da África desesperados, porém prontos pra se fixar e ajudar no crescimento dos países. Eis a questão: migrantes-trabalhadores pobres ou fascistas ricos e deseducados com sangue europeu? Parece que não, mas é uma escolha difícil. E tanto mais o será, se a semente do passado ainda conseguir brotar junto com as granadas desenterradas pelo degelo global.
robertoAP
Com o crescimento da extrema direita no Brasil, formada pelos infames e proverbiais “pobres de direita”, o aumento do número de ‘burros disfuncionais” no país,escalou à níveis nunca vistos, quase insuportáveis, cuja burrice está sendo mostrada para o resto do mundo, o que coloca nosso país entre os mais burros, alienados e estúpidos do planeta..
É um ciclo vicioso difícil de quebrar:
Quando mais direita radical, mais burrice e quanto mais burrice,mais direitistas radicais, que na verdade não têm a mínima ideia do que seja o termo “direitista radical”.
São apenas idiotas,influenciados por outros idiotas,que sabem ainda menos que os primeiros.
É uma descarga de adrenalina em jovens mentes anêmicas, o que em gerações passadas era direcionado para a música de qualidade,cultura e esporte. As últimas duas gerações imprestáveis e inúteis têm as mesmas descargas de adrenalina, mas sempre voltadas para a ignorância e violência.
Viviane
E vai piorar cada vez mais, com a (de)forma do Ensino Médio, com História, Geografia, filosofia e Sociologia deixando de ser obrigatórias!…
Gerson Carneiro
8 x 1
Pedro Ribeiro
O último gol da goleada, foi um golaço moral.
8 x 1
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