Eleonora de Lucena: Exclusão de Lula pode pôr em risco a democracia

Tempo de leitura: 3 min
Ricardo Stuckert

Ricardo Stuckert

Agosto

Exclusão de Lula pode pôr a democracia em risco

por Eleonora de Lucena, na Folha

Com cabos de vassoura, paralelepípedos e barras de ferro, o grupo avançou pela rua e parou em frente a uma loja de carros importados.

Entraram quebrando tudo: vitrines, para-choques, estofados.

Uma centena de metros antes, tinham atacado uma cervejaria estrangeira.

A raiva explodira e deixava um rastro de destruição. Inconformados, incrédulos, desesperados percorriam a cidade. Uns berravam; outros choravam.

Era o que meu avô contava daquele agosto.

Pelo rádio, a “Carta Testamento” trouxe a denúncia sobre o complô promovido por grupos internacionais e seus aliados internos.

Expôs ataques à Petrobras, à Eletrobras e às leis trabalhistas.

Isso em 1954.

A morte de Getúlio Vargas adiou o golpe por dez anos, costumam apontar os historiadores. Pois cá estamos, em 2018, no meio de um golpe que ainda tenta derrotar a Petrobras, a Eletrobras, as leis trabalhistas.

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Além delas, outras conquistas de muitas décadas estão na mira: a Embraer, o SUS, o BNDES, os programas sociais, a educação universal.

Marielle e Anderson são assassinados.

Violência e preconceito crescem. A mortalidade infantil aumenta. O desemprego, o desassossego e a desesperança campeiam.

O retrocesso civilizatório é amplo, geral e irrestrito. Cotidianamente, a democracia e a soberania são enxovalhadas.

De costas para tudo isso, uma parte do empresariado não tem constrangimento em flertar e apoiar um candidato que defende o assassinato de pobres.

Ignorando princípios básicos da civilização pós-iluminista, promovem encontros de olho apenas nos seus rendimentos de curto prazo.

Herdeiros de grandes nomes da burguesia se alinham a arrivistas para cortejar quem quer que diga defender os seus ganhos.

A direita —que gosta de ser chamada de centro e que alimenta o fascismo— reza para que o tempo de TV seja a salvação da lavoura, da sua lavoura, claro.

Há uma complicação inexorável para a direita: o voto universal.

Coisa que os alardeados mercados não cansam de dizer que causa “tumulto”, “incerteza”, “imprevisibilidade”.

Para eles, seria melhor que não houvesse eleição.

Assim, seguiria, sem maiores percalços, o ataque aos fundos públicos, ao Estado. E a entrega de patrimônio construído por décadas. E o alinhamento subserviente ao Norte.

Ocorre que o líder nas pesquisas está preso. Um processo questionado por renomados juristas é instrumento para deixá-lo de fora da disputa —que poderia vencer até em primeiro turno.

A direita finge que Lula não existe, que é carta fora do baralho, que deve abandonar o jogo e indicar um substituto.

Já quando ele foi preso, obituários encheram páginas e páginas, decretando o fim de um mito.

Mas, até agora, a maior parcela dos eleitores está com ele. Votar em um preso, nessa conjuntura, significa um protesto, uma revolta silenciosa, uma forma de derrubar, pela via eleitoral e legal, a malta que saqueia o país e seus cidadãos.

Nada a ver com letargia. É uma ideia de futuro que move os eleitores.

O que ninguém sabe é o que vai acontecer se Lula não estiver na urna em 7 de outubro. Ou se os votos dados a ele forem cassados pela Justiça. As eleições serão consideradas legítimas?

É certo que um dos objetivos da direita sempre foi afastar o povo da urna.

A ideia do voto não obrigatório é uma face desse antigo projeto.

É possível que a exclusão de Lula da eleição coloque a própria democracia em risco ainda maior.

Os golpistas, que jogam o país no precipício, têm poucas semanas para sacramentar sua estratégia.

Já os defensores da democracia precisam se unificar em torno da sua: Lula livre! E candidato.

Jornalista, ex-editora-executiva da Folha (2000-2010) e copresidente do serviço jornalístico TUTAMÉIA (tutameia.jor.br)

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Comentários

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Lukas

Meu Deus, em que mundo vivem estas pessoas?

lulipe

“O bicho vai pegar”. Só se for bicho de pé. Parem de lorota, a petezada é frouxa. Falaram que se Zé Dirceu fosse preso iriam às ruas. Nada. Se acontecesse o impeachment se rebelariam. Nada. Se lula fosse preso o país pegaria fogo. Nada. O presidiário não vai ser candidato e nada acontecerá. Repito, vocês, petistas, são frouxos. É melhor JAIR se acostumando.

Joao Luiz Pereira Tavares

E aqui no Brasil, quem vota no “lula livre”, do
PT e seus satélites ao estilo de PCdoB (e,
também, no bregaço do Petismo) é:

1.
Autoritário,
2.
Grotão convencido a sabichão,
3.
Pessoas toscas,
4.
Pessoas que sofreram Lavagem Cerebral, via

João-o-Milionário-Santana (o ex-publicitário do

brega petismo),
5.
Bregas e barangonas,
6.
População reacionária,
7.
Ladrões, bandidos e mulheres revoltadas;
8.
Imbecis de toda ordem!


O petismo, lula, dilma etc. são totalmente

autoritários de esquerda…
Vejamos. Eis tais pessoas:
Elas têm uma abordagem mental tão estreita como

o buraco de uma agulha (PT, PCdoB): ali não cabe
outra opinião além da sua, outra crença ou outra verdade,
algo que ela mesma criou ao longo da sua vida.

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