Em jogo, o futuro da Grécia – e da União Europeia

Tempo de leitura: 3 min

Mercado financeiro  |  05/05/2010 03h37min

Incerteza gerada pela crise econômica grega derruba bolsas pelo mundo

do Zero Hora

Investidores temem que mesmo com ajuda financeira do FMI o país não consiga colocar as contas em dia

Ainda recente na memória, o contágio das bolsas de valores com a crise de países ou empresas voltou a empurrar ladeira abaixo os pregões em todos os fusos horários ontem. O receio de investidores é de que a Grécia – mesmo socorrida com 110 bilhões de euros (cerca de R$ 253 bilhões) – não consiga colocar as contas em dia e ainda leve junto outros países europeus com contas fragilizadas. Os primeiros da lista seriam Espanha e Portugal – não necessariamente nesta ordem.

No Brasil, a Bolsa de São Paulo (Bovespa) seguiu de perto a onda de nervosismo global e amargou queda de 3,35% – patamar mais baixo desde 9 de fevereiro. Alguns analistas já falam em um possível “ponto de virada” para as bolsas.

Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, recuou 2,02% – a maior queda em três meses. Na Europa, o índice britânico FTSE caiu 2,56%, enquanto o índice alemão Dax retrocedeu 2,6%. O risco de a Espanha entrar no rol do países em dificuldade para fechar as contas jogou o índice da bolsa de Madri no chão: -5,48%. O Fundo Monetário Internacional (FMI) negou, entretanto, que o governo espanhol esteja pedindo um empréstimo para a instituição.

Confira ao lado possíveis reflexos dessa nova sacudida nos pregões mundiais.

Bolsas

A instabilidade deve marcar os próximos dias, já que ainda é incerto o grau de contágio da crise grega sobre o restante da Europa. Portanto, os pregões de países emergentes devem ser marcados por mais fuga de investidores estrangeiros, responsáveis por boa parte do volume na Bovespa.

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Se a turbulência se agravar, nações emergentes poderão ser vistas como mais arriscadas, prejudicando a atração de investimentos. Conforme analistas, um possível efeito no Brasil ocorreria mais por contágio do que por problemas da economia interna.

Dólar e euro

O dólar vinha se mantendo depreciado em relação ao real por conta da entrada constante e volumosa de investimentos estrangeiros. A moeda americana segue a lei da oferta e procura: havendo excesso de dólares no país, vale menos. Com a fuga de investidores estrangeiros para cobrir suas posições na Europa, a tendência é que a cotação do dólar suba.

Se fica mais caro comprar dólares, quem pretende viajar para a Europa pode se beneficiar. A tendência é que o euro sofra desvalorização com os problemas da Grécia, Espanha e Portugal. Assim, ficaria mais barato comprar euros e produtos europeus. No mercado internacional, a moeda europeia caiu para o menor nível em 13 meses em comparação ao dólar, chegando a US$ 1,3004.

Economia interna

Se a crise na Europa se agravar, os setores exportadores também serão prejudicados. Com a desvalorização do euro, fica mais barato trazer produtos do Velho Continente. Em compensação, fica menos rentável para a indústria brasileira vender mercadorias para lá. Em um cenário mais pessimista, a retirada de capital incluiria também a suspensão dos investimentos estrangeiros no setor produtivo. Se isso acontecesse, o Brasil cresceria mais lentamente com recursos mais escassos para expandir a produção, redução no nível de emprego e renda.

Sistema financeiro

Os maiores bancos nacionais provaram robustez ao enfrentar a recente crise global, e desde então vêm se capitalizando. Assim, é improvável que precisem de ajuda do Banco Central, considera o economista Celso Grisi, da FEA-USP. Ele ressalta que bancos médios e pequenos, com mais dificuldade de captar recursos, poderão ser encampados pelos maiores ou precisar de um resgate, caso a crise se consolide.

Espanha e Portugal

Na avaliação de analistas, outra razão para a queda das bolsas – além de dúvidas sobre o pacote de resgate de 110 bilhões de euros prometido pelos países europeus e pelo FMI à Grécia – seria o receio de que a crise enfrentada pela economia grega possa se repetir em outras nações europeias. Há temores de que países como Portugal e Espanha possam encontrar dificuldades para levantar o suficiente para cobrir seus déficits orçamentários.

Os dois países tiveram a classificação de seus títulos de dívida rebaixada na semana passada. Num sinal de que o nervosismo está se espalhando, os títulos portugueses e espanhóis mostraram alta de rendimentos nos últimos dias.

A moeda europeia

O prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz, previu ontem o possível fim do euro se a Europa não conseguir solucionar os problemas institucionais fundamentais depois da crise grega. Stiglitz analisou que o plano de ajuda, combinado com um plano de austeridade, não frearão o ardor dos especuladores em apostar em um enfraquecimento da zona do euro.

Petróleo

O barril fechou ontem abaixo de US$ 83, na maior queda desde fevereiro. Os contratos futuros de petróleo recuaram 4% em meio a renovados temores quanto à capacidade da Grécia de cumprir as exigências.

O desempenho da commodity é um indicativo da tendência da economia mundial. A alta ou queda da cotação quase sempre decorre de uma projeção em relação ao consumo. Economias retraídas vão consumir menos combustível.

Leia aqui sobre o impacto da crise na Grécia

Leia aqui sobre a reação dos espanhóis ao desmantelamento dos direitos sociais

Saiba o que diz o economista Paul Krugman sobre o fracasso dos planos de austeridade

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Comentários

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Luana

Azenha/Conceição,

Desculpem-me o assunto fora de pauta, mas não poderia deixar comentar. Olha, parabéns a vocês profissionais, o novo jornal das 21.00 da Record News está muito bom, viu? Gostei da participação de internautas, de pessoas convidadas para irem lá, para entrevistas e maneira até o momento mais jornalista da notícia. Espero que esta qualidade continue. É um excelente jornal.

FrancoAtirador

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CRISE EUROPÉIA: A PARTILHA DA GRÉCIA

Fracassada a estratégia ortodoxa de 'recuperar' ' economias européias em crise com doses cavalares de veneno fiscal — cortes de gastos, cortes de direitos trabalhistas, cortes de salários etc — credores, rentistas e inspetores dos mercados acionam a fase 2 do martírio:
a palavra de ordem agora é antecipar a partilha do patrimônio público grego, como os aliados fizeram com a Alemanha depois da derrota na 1º Guerra.

É uma espécie de 'caiu a ficha' com sabor de salve-se quem puder. Como as políticas de austeridade impostas à sociedade grega deram, obviamente, resultado inverso ao pretendido , ou seja, a crise se agravou e a recessão piorou a saúde financeira do Estado na medida em que encolheu as receitas, o jeito agora é 'tomar em espécie' o que os mercados consideram que é seu.

Antecipar e ampliar as privatizações previstas nos 'acordos' de refinanciamento é o novo bordão martelado por seus centurões na mídia e fora dela. Na prática, significa sangrar o que resta de hemoglobina no metabolismo econômico do Estado grego aprofundando a crise com as previsíveis reestruturações e reengenharias de cortes em massa de empregos nas empresas e serviços alienados.

"Com a economia em recessão é muito difícil continuar promovendo um grande aperto fiscal (para pagar dívidas vencidas e a vencer); acho que , em vez disso, as vendas de ativos poderiam ser usadas como principal meio de sinalizar o comprometimento da Grécia", assume David Mackie, principal economista do banco JP Morgan Chase na Europa.

O governo socialista de George Papandreu tem uma única opção ao auto-desmonte e à pilhagem: decretar a moratória da dívida.

Cientes desse risco, credores e rentistas reajustaram as taxas de juros na aquisição de títulos de economias européias em crise:
ontem, o juro para o seguro da dívida grega contra eventual moratória atingiu o maior nível da história do euro; o rendimento exigido dos títulos públicos italianos — outra economia em apuros — chegou ao seu maior patamar em quatro meses;
e, finalmente, o governo espanhol, depois da maior derrota socialista em 30 anos, está sendo obrigado a pagar os juros mais elevados desde janeiro para se refinanciar no mercado.

Carta Maior; 3ª-feira 24/05/2011
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Bonifa

Esta notícia é importante. Sarkoky quer acabar com a Internet:

"Na abertura do Forum Global Digital sobre a Internet que antecede a reunião do G-8, que incluiu os chefes do Facebook, Google e eBay, a audiência foi informada por Sarkozy de que a "revolução total global” alcançada pela rede não deve substituir a democracia tradicional."

Por “democracia tradicional” entenda-se o neoliberalismo ocidental que se expressa oficialmente pela imprensa tradicional corporativa. Sarkozy está com medo da revolução da Democracia Real e está ameaçando cortar as linhas de comunicação do “inimigo”.

“Tire suas patas sujas da WEB, Sarkozy.” Foi o mínimo que disseram os comentaristas. http://www.guardian.co.uk/technology/2011/may/24/

ZePovinho

Quem disse que o negócio de drogas é com as FARC???????????O negócio das drogas é controlado pela CIA,que coloca droga dentro dos EUA até hoje:
http://www.madcowprod.com/09102008.html

EU Officials: Investigate CIA Plane Used
in Renditions Caught with 4 Tons of Cocaine

How did 100 drug planes escape U.S. scrutiny?

The CIA Drug Plane Scandal grew exponentially last week when European Union officials broke an official 40-year-long silence on the previously-taboo subject of the CIA’s worldwide involvement in drug trafficking.

Last week Mexico City newspaper El Universal reported that The European Organization for the Safety of Air Navigation has begun an investigation one of the planes, the cocaine-laden Gulfstream II business jet (N987SA), for suspected use in CIA "rendition" flights in which prisoners are covertly transferred to a third country or US-run detention centers………………..

José Eduardo Camargo

Que se danem as bolsas, que se danem os bancos! Tenho dito há anos que a única saída possível é a estatização total, absoluta de todo o sistema financeiro mundial. Afinal, banqueiros privados existem apenas para explorar povos e países mediante a prática mafiosa e secular da extorsão. Simples assim! Ou não? Devo desenhar?…

Marcelo de Matos

O mundo é dos espertos. Os franceses fizeram uma revolução para levar a burguesia ao poder; os ingleses, mineiramente, trabalharam em silêncio. Ao invés de guilhotinar a família real, mantiveram-na viva e feliz, embora sem poderes. Napoleão consolidou a revolução burguesa destronando monarcas mundo afora. Na Rússia teve seu primeiro revés, mas, de um modo geral, o regime monárquico já estava destruído. Aí Napoleão pensou que poderia submeter a Inglaterra e teve seu revés definitivo. A Inglaterra, talvez, só não o derrotou antes porque seus serviços eram úteis à causa da revolução burguesa. A China, também, é pragmática: não acreditou nessa estória de globalização e reforçou sua economia. Na questão da União Européia, mais uma vez, os ingleses se mantiveram cautelosos e não se desfizeram de sua moeda, a libra esterlina. Estão só esperando essa tal União acabar para dizer: viram como estávamos certos?

    Sebastião Medeiros

    SÓ que hoje hoje em dia a Inglaterra é uma coloniazinha vagabunda dos EEUU que só tenha vida econômica própria graças a especulação financeira da City Londrina efetuada por capitais Estadunidenses sem falar da lavagem de dinheiro que corre livre,os Ingleses têm aquela a pose mas sem o "TIO SAM" E A AGIOTAGEM INTERNACIONAL ELES NÃO SÃO NADA.
    A Inglaterra caminha rapidamente para a sua marecida insignificância!

    Sebastião Medeiros

    Melhor dizendo: A Inglaterra caminha rapidamente para a sua MERECIDA insignificância!
    PS:Os Ingleses sempre foram conhecidos como grandes PIRATAS,A pilhagem está no sangue desta gente não é por acaso que o CAPITALISMO nasceu em terras Anglo-Saxônicas e enquanto a NAPOLEÃO BONAPARTE quem o derrotou,verdadeiramente, foi a sua desastrosa INVASÂO DA RÚSSIA,EM 1812, ONDE ELE PERDEU 500 MIL SOLDADOS DEVIDO AO VIOLENTO INVERNO E A PRÓPRIA RESISTÊNCIA DOS RUSSOS,sem isso jamais a Inglaterra poderia derrotá-lo e não haveria a batalha de WARTELOO.

dukrai

e a Dilminha fazendo cara de paisagem, esperando que a valorização do real se resolva por si só.

    Marcelo de Matos

    A valorização do real não se resolve por si só. Na minha ignorância, penso que nem a Dilminha possa resolvê-la. Os juros e o câmbio, tanto na China quanto no Brasil, são uma questão de Estado, não de governo. Lá o PC determina os valores; aqui, os banqueiros, mas, não só eles. Os industriais e grandes produtores agrícolas, por exemplo, participam da chamada “ciranda financeira”. Parte de seus capitais é aplicada em seus negócios, parte em bolsas e outras aplicações. Baixar os juros e, por via reflexa, desapreciar o real e o câmbio, requer um comprometimento de governo e sociedade, entendida está como os detentores de capitais.

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