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Copa 2018: “Pessimistas de todo o Brasil, Uni-vos!”*
por Luciana Santos
É de surpreender que o “país do futebol” esteja mergulhado em tamanha apatia.
Na Copa, que junto com o Carnaval e o São João é um dos períodos de maior festa e celebração da inata alegria dos brasileiros, nos vemos imersos numa epidemia de desânimo.
Ao contrário de anos anteriores, não se vê massivamente nas ruas o tradicional verde e amarelo, ancorado em bandeirinhas, pinturas, fitilhos.
Pior, não se vê no rosto da nossa gente o sorriso esperançoso, a ansiedade da torcida, a fé na conquista de mais um campeonato.
Observando esse panorama lembrei-me de uma carta de Henfil de 1980.
“O atual sistema, para governar, nos fez pessimistas. E pessimista não dorme, não faz amor, não faz partidos, não incomoda, não reclama, não briga. Que diabo de país é este?”.
Creio que se aplica, não?
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Apesar da conjuntura pós-golpe e do Governo Temer que está tentando nos massacrar: retirando direitos, desrespeitando a constituição, se desfazendo do nosso patrimônio a preço de banana e, com isso, minando uma das maiores conquistas do povo brasileiro dos últimos anos: a nossa autoestima; não devemos confundir com a afirmação da brasilidade que esses momentos representam.
A esperança é o que nos mantém mobilizados na construção de um país melhor.
Por isso mesmo não podemos abrir mão desse traço tão rico da nossa identidade enquanto Nação: a alegria!
Ora, se a negação da política não muda a política — é a participação que produz a transformação — não seria a negação do que nos faz uno enquanto povo que seria capaz de superar as condições de divergência e de bipolaridades.
Ninguém deve nos convencer de que não torcer é o caminho para superar a crise.
Parafraseando Henfil, diria que o futebol é do povo, assim como a greve é do trabalhador.
O futebol é maior que o desgoverno atual, que as diferenças com a seleção ou suas estruturas.
O futebol é de meninos e meninas das cidades deste país, é meu, é seu, é nosso.
Gritemos GOL! Gritemos Golpe!
Vamos mudar esse estado de coisas, com o nosso jeito, com alegria e com verde e amarelo, que é a cor dos que amam o Brasil e dos que lutam por ele.
De mais ninguém!
*Frase de Henfil em carta à sua mãe
Luciana Santos é deputada federal por PE e presidente nacional do PCdoB
PS do Viomundo: O artigo foi escrito antes da abertura da Copa e atualizado por nós para refletir isso.
Leia também:
Maister da Silva: No mundo do jogador-mercadoria, o futebol resiste
Comentários
Ibsen
O futebol, ele próprio é uma instituição falida. A autora faz uma confusão. Ou os brasileiros estão aparições ou atendendo a um pedido de ignorar o futebol como protesto.
Eu não faço nem um nem outro. Não acompanho o futebol porque foi mercantilizado. Os jogadores ganham fortunas indecentes. Jogam pela vitrine que é uma seleção. O monopólio da transmissões é a prova de que o que deveria atender ao povo atende apenas às negociatas que vêm envolvendo o futebol há já longos anos. Vá lá deputada, ganhar menos que um salário mínimo, isso se estiver empregada e veja se não por o ânimo. Há um Brasil da população sofrida e outro que a tenta organizar como manada. Infelizmente a esquerda também se insere nesse contexto.
Lukas
Ibsen, se te fosse oferecido o salário milionário de um jogador de futebol você faria o quê?