Uma padaria para chamar de Petrobrás
por Felipe Coutinho*
Para justificar sua política de preços, o atual presidente da Petrobrás, Pedro Parente, compara a Companhia a uma padaria.
Afirma que, da mesma forma que o padeiro não determina o preço do pãozinho, dependente do preço do trigo no mercado internacional, a Petrobrás também não determinaria o preço dos combustíveis que seria resultado do preço internacional do petróleo.
Trigo e petróleo, pãozinho e combustível, padaria e Petrobrás. Didático?
Estamos diante de uma metáfora, de uma falácia ou de uma metáfora falaciosa?
Proponho o seguinte exercício: vamos imaginar como seria a “Padaria Petrobrás”.
No país da “Padaria Petrobrás”, até a década de 1950, o abastecimento de pães dependia das padarias multinacionais estrangeiras, organizadas sob um cartel conhecido como o Cartel das Sete Irmãs do Trigo.
Com a campanha “O trigo é nosso” os cidadãos defenderam que o país era capaz de produzir trigo no seu próprio território.
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Também que a produção de trigo e de pãezinhos desenvolveria o país.
Diante da maior mobilização popular do período contemporâneo foi criada a “Padaria Petrobrás” para exercer o monopólio integral da produção de trigo e pãezinhos, em nome do Estado Nacional.
A “Padaria Petrobrás” enfrentou muita resistência, era condenada pelas maiores empresas de comunicação do país, financiadas e a serviço dos interesses das padarias multinacionais que, até a criação da padaria nacional, dominavam todo o mercado de pães que eram importados.
Mas a população confia na padaria monopolista nacional e ela foi alcançando bons resultados, primeiro na produção de pães e depois na descoberta de trigo no país.
A padaria nacional passou a ser associada a capacidade de realização de toda a população e desmentia os céticos construindo um grande parque de panificação, responsável pelo abastecimento de todo o mercado de pães do país.
Encontrar o trigo foi seu próximo desafio, a “Padaria Petrobrás” precisou procurar em locais remotos nos quais nenhuma outra padaria havia conseguido encontrar e produzir trigo.
Finalmente, depois de ser alvo de muitas críticas daqueles que serviam às padarias estrangeiras, a “Padaria Petrobrás” encontrou trigo no fundo do mar.
Desenvolveu conhecimento único no mundo e produziu trigo onde nenhuma outra padaria havia conseguido.
Desde a descoberta do trigo abaixo do sal, a “Padaria Petrobrás” tem sido alvo de muita cobiça, suas padarias, dutos de transporte e reservas de trigo têm sido privatizados, em favor das padarias multinacionais e dos agentes do sistema financeiro internacional.
O país vive dias conturbados porque uma greve de caminhoneiros movidos a pãezinhos interrompeu o abastecimento nacional.
Eles alegam que o pão está muito caro, além de contestar a variação diária dos preços.
O abastecimento do país depende dos caminhoneiros e da frota de caminhões movidos a pão-diesel.
O preço do trigo no mercado internacional tem subido diante das guerras e instabilidades geopolíticas no Oriente Médio, região rica em reservas e exportadora de trigo, alvo da ambição dos países importadores de trigo e de suas padarias multinacionais.
A atual direção da “Padaria Petrobrás” insiste que os preços dos pães devem seguir a variação dos preços internacionais, apesar da produção do trigo e do pãozinho ser majoritariamente nacional e controlada pela própria padaria nacional.
O trigo é um patrimônio do país e a “Padaria Petrobrás” é estratégica para o desenvolvimento nacional.
Acredito que o país da “Padaria Petrobrás” vai superar mais essa.
A maioria dos cidadãos admira e defende a padaria nacional.
Eles podem eleger aqueles que pensam da mesma maneira nas Eleições Gerais de 2018 e virar mais esta página da saga da padaria que representa a capacidade de realização das pessoas deste país.
*Felipe Coutinho é Presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET)
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