Assessor de secretaria que investiga atentado a Lula também trabalha para Bolsonaro

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Reprodução Tijolaço

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Assessor da Secretaria que investiga tiros à caravana atua em comitê de Bolsonaro

PT e SESP-PR divulgam informações divergentes sobre os disparos; Bolsonaro diz que “aquele tiro é uma mentira”

Daniel Giovanaz e Poliana Dallabrida, do Brasil de Fato

O jornalista Karlos Eduardo Antunes Kohlbach, assessor de imprensa da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná (SESP-PR), também se apresenta como assessor de imprensa do comitê de campanha do deputado Jair Bolsonaro (PSL) em Curitiba.

Esta semana, Kohlbach divulgou em um grupo de repórteres no WhatsApp a agenda oficial de Bolsonaro no Paraná.

No mesmo grupo, o assessor da SESP-PR informou o posicionamento da pasta sobre as investigações do atentado à caravana do ex-presidente Lula (PT).

Questionado pela reportagem do Brasil de Fato sobre o vínculo com o comitê, Kohlbach confirmou nesta quinta-feira (29): “Assessoria de imprensa é comigo”.

Por telefone, o jornalista explicou que o trabalho é eventual e não remunerado.

A função do assessor de imprensa é fazer uma ponte entre o assessorado e os repórteres e “essencialmente elaborar políticas e estratégias de comunicação” – conforme o Manual de Assessoria de Imprensa da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).

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Divergências

A SESP-PR, o Partido dos Trabalhadores (PT) e o pré-candidato Jair Bolsonaro estão no epicentro das disputas de narrativa sobre o atentado à caravana de Lula.

A Secretaria declarou que Lula teria chegado de helicóptero à Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) no último dia 27, por isso não estaria no ônibus da caravana no momento do ataque a tiros.

Na mesma nota à imprensa, a assessoria divulgou que “não houve, por parte do ex-presidente, pedido de escolta”.

O pré-candidato Jair Bolsonaro foi além: declarou em entrevista coletiva nesta quarta-feira (28) no Paraná que “aquele tiro é uma mentira”.

As informações divulgadas pela SESP-PR foram contestadas pelo Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores (PT-PR).

As lideranças estaduais do partido esclareceram que “Lula chegou no local em um dos ônibus da Caravana, no qual fez o trajeto de Quedas do Iguaçu a Laranjeiras, como foi presenciado por centenas de pessoas e por profissionais de diversos órgãos de imprensa”.

Quanto ao pedido de escolta, a equipe do ex-presidente divulgou um ofício protocolado na SESP-PR no dia 14 de março em que solicita “aos organismos de Segurança Pública do Estado do Paraná o apoio de medidas que possam garantir a segurança e tranquilidade para esses eventos”.

De acordo com Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do partido, a escolta policial deveria ser uma dessas medidas.

Serviço prestado ao comitê

Karlos Kohlbach assumiu o cargo comissionado na SESP-PR em janeiro de 2015, quando o deputado federal Fernando Francischini (PSL) estava à frente da pasta.
Francischini é o principal apoiador da campanha de Bolsonaro no Paraná e tornou-se conhecido pela atuação no “massacre do Centro Cívico”, em 29 de abril de 2015, que deixou mais de 200 feridos durante protesto de professores em Curitiba.

O Brasil de Fato entrou em contato com o assessor na tarde desta quinta-feira (29).

Primeiro, via WhatsApp, para confirmar a atuação no comitê de campanha de Bolsonaro.

Em seguida, por telefone, para ouvir a versão de Kohlbach sobre um suposto acúmulo de funções.

Na conversa por telefone, o jornalista contradisse a informação enviada pelo WhatsApp – “assessoria de imprensa [do comitê de Bolsonaro] é comigo”.

Kohlbach declarou que o serviço de repasse de informações para a campanha de Bolsonaro é eventual e não configura uma relação de trabalho.

A colaboração com o comitê, sem remuneração, teria sido feita a pedido de Francischini, amigo pessoal do jornalista.

O trabalho como assessor de imprensa da SESP-PR não exige dedicação exclusiva.

Além das colaborações eventuais ao comitê de Bolsonaro e do deputado Francischini, Kohlbach também é autor de um blog de política no portal Massa News.

Na entrevista ao Brasil de Fato, o jornalista esclareceu que não publica no blog temas relativos à segurança pública do Paraná para não se valer de informações privilegiadas.

Edição: Ednubia Ghisi

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Comentários

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Julio Silveira

Imagino o trabalho “bem feito” que dá para esperar. Rsrsrs.
Vais ser como os policiais que dispensaram testemunhas importantes no caso da Marielle.
Mas o Brasil só é isso por que tem gente que ainda crê (e só podem estar de sacanagem ou serem muito hipoçritas) que somos um país de seres civilizados e instituições civilizadas. Rsrsrs

João Lourenço

Falando sério pessoal,não seria muito mais aproveitável se fazer uma matéria investigativa na região onde houve o tal tiro do que ficar criando “suposições” sob encomenda?Vocês com este poder todos já poderiam ter levantado até de onde o “sniper 90º” deu os tiros.Eu na verdade estou rindo de sua matéria pois é uma baboseira de “focas” .

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