Vaias ao Sol

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Por Marco Aurélio Mello

por Marco Aurélio Mello

Lá fora fazia 30 graus.
Um dia só não,
Todo dia.

Eram trinta,
Vinte e nove e, depois,
Trinta de novo.

Ninguém aguentava
Mais tanto sol, tanto suco
E tanto filtro.

Era u.v.a pra cá
U.v.b pra lá
Morte e falta d’água.

Tinha a turma
Da sombrinha,
Do chapéu e do boné.

Tinha na turma
Da piscina de vinil
Da lona e da sombra da árvore.

Tinha a cachoeira proibida
A nascente escondida
E a trilha de acesso restrito.

Um dia o céu fechou
E olhou feio
Pros de baixo.

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A turma olhou
Pra cima com alegria
E comemorou.

O vento soprou forte
E em pouco tempo
O céu limpou.

O sol voltou com força
E a turba,
Insandecida, vaiou.

De raiva o astro rei
Foi embora
E nunca mais voltou.

A temperatura caiu
Caiu…
Caiu.

Sem sol,
Sem suco,
Sem filtro.

Porque a luz acabou
A água secou
E árvore morreu.

E desta vez
Ninguém vaiou
Porque a vida também se foi.

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Marco Aurélio Mello

Jornalista, radialista e escritor.


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