Site de Cascavel confunde vereadoras e coronel da PM pergunta se Marielle representa “cidadão de bem”

Tempo de leitura: 4 min

O blog confundiu Talíria, de Niterói, com Marielle do Rio

Da Redação

O site CGN, de Cascavel, reproduziu uma opinião atribuída a um coronel da PM do Paraná que está viralizando na internet.

A postagem leva o título Comandante do 5º CRPM divulga texto após morte de vereadora que acusava PM de chacina.

Diz o texto, depois de mostrar um vídeo de um debate entre dois vereadores:

O comandante do 5º CRPM (Comando Regional da Polícia Militar) divulgou um texto, na noite desta quinta-feira (15), após a morte (ontem dia 14) da vereadora do PSOL, Marielle Franco, no centro do Rio, após evento com ativistas negras.

Anteriormente, durante uma uma sessão da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, a vereadora fez duras críticas ao trabalho da Polícia Militar. Durante o discurso, na casa de leis (veja o vídeo) ela afirmava que a Polícia Militar era responsável por uma chacina que aconteceu na Comunidade de Salgueiro.

Acompanhe o texto do Coronel Washington Lee Abe:

Por que o mundo inteiro respeita a Polícia?

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Por que o mundo inteiro precisa da Polícia? Não existe governo, não existe judiciário em nenhum lugar do mundo sem uma polícia.

Por que tanta tentativa de transformar essa vereadora em mártir?

Ela representa o povo? Que povo? Qual segmento do povo? Do cidadão de bem?

A Polícia Militar, responsável pela morte de negros e pobres na ordem de 30% no País (segundo a vereadora) é morta por quem? Pelo cidadão de bem? Nós, PM, saímos pelas ruas escolhendo 30% de negros e pobres para matar (hahaha).

Quando atingimos a nossa quota diária, vamos completar nossa meta matando brancos, asiáticos e tudo o mais que aparecer na nossa frente. É assim que funciona?

E quando morrermos em combate, tentando salvar uma vida inocente que clama pela nossa presença, vamos aguardar pacientemente os políticos, a imprensa, autoridades que estão fazendo todo esse alarde pela morte dessa “pessoa” intitulada vereadora, promotora dos direitos humanos, mãe, homossexual (como ela mesma se apresenta) fazerem também o mesmo alarde exigindo respostas rápidas e firmes das autoridades?

O mais incrível é declararem em coro que os matadores “sabiam atirar”, insinuando serem Policiais.

Nós, Policiais, temos uma missão muito maior do que essa mesquinharia. Somos muito mais do que “isso”. Somos a Polícia!

Coronel Washington LEE Abe — Comandante do 5º Cmdo Regional da Polícia Militar do Paraná.

O quinto comando regional da PM do Paraná é baseado em Cascavel.

A postagem causou um grande alvoroço entre comentaristas do próprio site, além de levar o texto do coronel a ser reproduzido por várias outras publicações.

O problema é que o site — ou foi o coronel? — errou de Câmara Municipal.

A vereadora que aparece na discussão não é Marielle Franco, mas Talíria Petrone — também do Psol e a mais votada em Niterói.

O vídeo é de um debate entre ela e o vereador Carlos Jordy, apoiador de Jair Bolsonaro.

O vídeo, aliás, não faz nem justiça ao debate original: tem várias edições na fala de Talíria e inclui imagens sugerindo que ela estava defendendo criminosos.

Na verdade, o debate tratava de um episódio bastante controverso em que sete pessoas foram mortas no complexo de favelas do Salgueiro, em São Gonçalo.

A reportagem do El País que tratou do assunto trouxe um título que resume: O caso dos sete mortos que ninguém matou.

Era uma operação conjunta da Polícia Civil com o Exército. Os policiais civis dizem que não atiraram e atribuem as mortes ao Exército. O Exército diz que seus soldados também não atiraram. No entanto, sete pessoas foram mortas.

A respeito da chacina, o Viomundo reproduziu texto da ong Human Rights Watch informando que o Exército impediu o depoimento dos soldados que participaram da operação, dificultando a investigação do Ministério Público.

O texto do coronel Washington Lee Abe foi claramente uma resposta ao vídeo, já que ele se refere a uma fala em que a vereadora Talíria — não Marielle — menciona que “30% dos jovens aqui assassinados são assassinados pela Polícia Militar”.

A propósito, a vereadora Talíria Petrone publicou no Facebook um texto sobre a morte de sua colega do Rio, que diz em parte:

A morte da nossa amiga e companheira de lutas não terá, porém, sido em vão. O mundo inteiro tomou conhecimento desse atentado aos direitos humanos e à democracia e ninguém vai se calar. Marielle sempre dizia: “Eu sou porque nós somos”. Por isso mesmo, ela sempre será. Continuaremos firmes nas lutas às quais Marielle tanto se dedicou, à qual tanto nos dedicamos, e nenhum passo daremos atrás.

PS do Viomundo: O coronel certamente deveria cuidar melhor de suas fontes de informação, antes de ficar reagindo a fake news.

Leia também:

Amadeu, Fernando Morais e Leandro Fortes: Por que a Globo abraçou Mairelle?

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Comentários

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CaRLoS

Essa foi boa, Julio! Realmente eles são “instrucionados” pela vênus platinada. Quando chegaremos à fronteira…?

Gustavo Horta

QUEM MATOU MARIELLE? Mataram o corpo e agora querem matar a reputação.
> https://gustavohorta.wordpress.com/2018/03/17/quem-matou-marielle-mataram-o-corpo-e-agora-querem-matar-a-reputacao/

…A pergunta: “Quem matou Marielle?” não faz o menor sentido. Esqueça!

Todo mundo já sabe quem matou a vereadora Marielle Franco no Rio de Janeiro.

A esquerda em seu amplo espectro sabe quem matou Marielle.

Vejam as manifestações, as ações para homenagear essa mulher e sua luta política.

A extrema-direita, os fascistas, também sabem quem matou Marielle. Por isso, saíram rapidamente às redes sociais para difamá-la…..

Nahum Pereira

Quando vemos um coronel, comandante da PM, dizer tantas superficialidades e tantas citações absolutamente fora do contexto contexto social do Brasil de hoje, o que podemos esperar de seus comandados? Isso assusta. Não se trata de desmerecer ou negar o valor da instituição “polícia”. O que queremos é uma polícia que saiba o que deve e pode fazer, e o que não deve e não pode fazer como tal.

airoldi lacroix bonetti junior

esse coronel deveria cuidar do seu estado, república do parana, que costumeiramente batem em professores e funcionários públicos, polícia assim já vimos esse filme na europa da segunda guerra, policia com sangue nos olhos, que Deus nos acuda.Triste!!!

Claudio

Difícil seguir uma linha de raciocínio, diante de tantas atrocidades que assolam o país.

Crazy horse

O brasileiro perdeu a vergonha de ser ridículo.

Um professor de história que conheço veio com a mesma ladainha (ele defendia bandido, direitos humanos blabla bla bla….)

Jornalista de SC também

Eu ja desisti do Brasil

    Julio

    Então pode voltar para frente da televisão e esperar novas instruções da globo

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