Ao registrar o Brasil rumo ao Mapa da Fome, equipe de TV vai à cidade símbolo do Bolsa Família

Tempo de leitura: 4 min

Da Redação

Durante os governos Lula e Dilma, o Brasil conseguiu sair do Mapa da Fome da FAO, a Organização das Nações Unidas para Alimentos e Agricultura, dirigida por um brasileiro, José Graziano.

Agora, estamos prestes a reingressar.

Uma equipe do programa Câmera Record percorreu o Brasil fazendo o Mapa da Fome, um registro da regressão experimentada pelo País no setor, agravada pela retirada de direitos promovida pelas políticas do governo Temer.

Graziano é um dos entrevistados.

Um dos destinos da equipe foi Guaribas, no interior do Piauí, onde em 2003 o ex-presidente Lula lançou o Fome Zero.

O relato vai ao ar esta noite, 22h50m, depois do Jornal da Record:

O MAPA DA FOME NO BRASIL

Repórteres do Câmera Record viajam pelo país para investigar por que mais de 13 milhões de brasileiros passam fome no Brasil, segundo o IBGE.

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Em uma investigação sobre o avanço da fome no país, os repórteres do programa ouviram especialistas e instituições renomadas, tiveram acesso às pesquisas mais recentes e revelam o rosto e as histórias de quem sobrevive com menos de 150 reais por mês.

De 2014 pra cá, quase dobrou o número de pessoas em condição de miséria extrema, segundo o IBGE.

Quatro anos atrás, 7 milhões de brasileiros não tinham o que comer.

Hoje, mais de 13 milhões passam fome no Brasil.

De acordo com a fundação Getulio Vargas, a fome tem endereço certo: negros, nordestinos, pessoas da zona rural ou das periferias das grandes cidades, com baixo nível escolar, e afeta principalmente as mulheres.

Os pesquisadores destacam também os fatores responsáveis pelo empobrecimento tão rápido da população brasileira: recessão econômica, desemprego, corte de gastos públicos e de programas sociais.

Por tudo isso, o país está prestes a entrar, mais uma vez, no mapa da fome elaborado pela Organização das Nações Unidas, a ONU.

Guaribas. A cidade foi o símbolo do combate à fome em 2003, hoje é ainda mais pobre e praticamente todo mundo depende de programa social.

Da capital Teresina até Guaribas, é preciso enfrentar quase 10 horas de asfalto e terra batida. Há 15 anos, a cidade foi o símbolo do lançamento do programa Fome Zero. Era a cidade mais pobre do Brasil, à época.

Desde então, teve um pequeno período de prosperidade, mas, segundo o IBGE, voltou a figurar entre as mais famintas do país.

Metade da sua população de 4.489 pessoas é extremamente miserável. Tem renda média de 162 reais e 95% dos habitantes dependem do bolsa família.

“Houve uma concentração de ações do governo em Guaribas na época, isso todavia, não foi suficiente para gerar um circuito local de produção e consumo virtuoso”, assume José Graziano, coordenador do Fome Zero em 2003 e hoje diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.

Em Guaribas, a falta de comida separa famílias, que buscam alternativas em outro lugar.

É onde, também, a mãe assiste, sem chance de fazer absolutamente nada, a filha morrer de fome. “Ela era bem bonitinha, tinha seis anos, o coração dói. Eu não tinha o que dar de comer pra ela”, recorda-se Maria.

Nossa equipe vai mostrar também como alguns comerciantes se apropriam do bolsa família de outras pessoas, fazendo com que elas fiquem penduradas em dívidas e sequer saibam o valor que recebem no cartão.

Melgaço. A cidade com o menor Índice de Desenvolvimento Humano do país, onde meninas são abusadas em troca de comida.

Melgaço fica bem isolada, a 13 horas de barco da capital Belém.

É considerada pela Fundação Getulio Vargas a cidade mais pobre do Brasil.

O IBGE afirma que quase a metade dos 27 mil habitantes é extremamente pobre. E mais de 25 mil não têm emprego.

A imensa maioria vive sem água potável, sem luz elétrica e sem saneamento básico.

O hospital mais próximo fica a duas horas de barco. Mas a situação mais grave afeta as meninas, filhas de ribeirinhos.

Elas são exploradas em troca de comida.

Tivemos acesso a imagens e dossiê exclusivos sobre a violência contra a criança e adolescente no rio Tajapuru, que corta a cidade de Melgaço.

Em depoimento, uma menina de 11 anos confirma que subiu várias vezes nas embarcações e que mantinha relação sexual com a tripulação.

“Toda vez eu tinha relação. Eles me davam cem reais e mercadoria”.

“A fome, a miséria extrema, são coisas corriqueiras dentro desses rios. É o que acaba tornando essas populações vulneráveis a toda sorte de violação dos direitos”, aponta o promotor Thiago Pereira.

Japeri. A cidade com 101 mil habitantes, em um dos estados mais ricos do Brasil, ganha milhões em royalties de petróleo, mas 90% da população não têm emprego.

Não é só nos rincões, nos lugares mais afastados, mais escondidos do Brasil, que a fome ameaça vidas. Pelo contrário, ela chega cada vez mais perto das grandes cidades.

Japeri, na Baixada Fluminense, é um exemplo disso. O dinheiro literalmente corre ali: milhões em petróleo cortam a cidade.

Em 2017, recebeu mais de 14 milhões em royalties de petróleo. Somente 9 mil pessoas de 101 mil habitantes estão empregadas, de acordo com o último levantamento do IBGE. Mendigar para se alimentar não é incomum por lá.

Registramos muitas pessoas pedindo esmolas nas ruas.

“As regiões metropolitanas, que no Brasil sempre foram o grande motor do crescimento econômico nas últimas décadas, deixaram de ser geradoras de emprego. Além disso, existe uma famosa maldição do petróleo em que recursos vindos de exploração de recursos naturais, eles acabam sendo mal aplicados”, diz Marcelo Neri, diretor do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas.

Para alimentar os quatro filhos, Dona Dalva, de 51 anos, pede comida na porta dos presídios. “Comida que muitas vezes os presos não querem, a gente vai atrás”, revela a catadora de recicláveis.

Os repórteres do programa mostram também como jovens, com filhos recém-nascidos, enfrentam a fome na periferia da cidade.

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Comentários

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fernando

não vou assistir, pois a record tb é golpista e tem culpa na volta da fome no país!!!

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