Coletivo: Ministro da Justiça quer isentar de responsabilidade os agentes públicos envolvidos na morte do reitor Cancellier
Tempo de leitura: 4 minQuatro meses após a morte do reitor Cancellier, seus algozes continuam agindo para saírem impunes, entre eles, os delegados da PF Erika Marena e Luiz Carlos Korff e o próprio ministro Torquato Jardim
Arquivamento da denúncia de abuso de poder: Escárnio, Hipocrisia e Desfaçatez!
do Coletivo Floripa Contra o Estado de Exceção, via Samuel Lima e Schirlei Azevedo
O Ministro da Justiça, Torquato Jardim, quer isentar de responsabilidade o Estado e seus agentes na morte do reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, que hoje faz quatro meses.
O abuso de poder típico do Estado de Exceção que se abateu sobre UFSC tem o DNA de agentes públicos da PF, da Justiça Federal, do MPF e da CGU.
A posição do ministro Torquato, em entrevista à imprensa nesta semana, poderia ser classificada como parte de uma comédia policialesca, não fosse por tamanho escárnio, hipocrisia e desfaçatez com o princípio constitucional de imparcialidade da Justiça.
O ministro disse ter devolvido o processo de sindicância da PF à família e aos interessados, e divulgou conteúdos da “apuração interna” cujo parecer inocenta os acusados e orienta pelo arquivamento por falta de provas.
No entanto, a investigação das denúncias de abuso de poder pelos agentes do Estado, entre eles a Delegada da PF Erika Marena, foi claramente viciada por corporativismo e parcialidade.
O ministro age ao estilo dos órgãos e agentes da Ditadura Militar, algozes cujas narrativas imputavam às vítimas a responsabilidade pelas mortes anunciadas nos processos do regime. Em ação corporativista, covarde e irresponsável, o Ministério da Justiça não apurou as responsabilidades de forma imparcial.
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Trata-se de uma farsa, sem a mínima preocupação com as aparências, típica de quem se sente intocável por dispor das garantias do regime de exceção legitimado por uma mídia acrítica e servil.
Ministro e PF tomaram por base relatório do delegado Luiz Carlos Korff, que também é o responsável pela comunicação daquele órgão e assessorou a delegada investigada na malfadada operação que levou à morte o professor Cancellier. Korff, portanto, fez parte do longo processo de linchamento público da UFSC (iniciado muito antes de setembro de 2017) e dos acusados pela operação Ouvidos Moucos.
Diante disso, mais uma vez, nós, do Coletivo Floripa Contra o Estado de Exceção, exigimos justiça.
É inadmissível que o Ministério da Justiça ignore o conjunto de evidências contra os agentes do Estado responsáveis pela operação, denunciadas em inúmeros relatos e artigos, em eventos e sessões públicas nas universidades, na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, no Senado Federal e na imprensa nacional e internacional.
Mais de 500 cidadãos assinaram nosso Manifesto de denúncia do estado de exceção, incluindo membros das três categorias da UFSC, governadores, senadores, deputados, juristas, acadêmicos de todo o país, jornalistas, advogados, religiosos e lideranças de movimentos sociais e dos direitos humanos.
Apresentamos mais uma vez nossa solidariedade à comunidade universitária e em especial com a família de Cancellier, nesse momento de luta e dor.
Para dar efetividade a essa solidariedade e para exigir justiça, apelamos à UFSC (Reitoria e Conselho Universitário), ao Governador do Estado, à ALESC e seus parlamentares, à OAB e a outras lideranças e personalidades públicas, para que promovam abertura imediata de Processo Civil Criminal de Perdas e Danos, em favor da UFSC e das vítimas, contra o Estado e seus agentes públicos, por sua responsabilização e criminalização em atos de abuso de poder, nos termos encaminhados pelo Ofício ao Reitor pro tempore da UFSC e ao Conselho Universitário, em 6 de Dezembro de 2018 (Abaixo, ao final)
Florianópolis, 2 de fevereiro de 2018.
Coletivo Floripa Contra o Estado de Exceção
Coletivo Floripa contra o Estado de Exceção
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Comentários
Julio Silveira
Não duvidei por um intante de que isso pudesse acontecer, afinal essa é a logica constante para a forma como são tratados os crimes dos investidos em autoridade nesse país chamado Brazil, o abafamento, o corporativismo, a cumplicidade. O reitor Cancellier é só mais uma vitima que por seu Status ganha dimensão maior. Mas no Brazil do populacho essa é a regra, e as chacinas praticadas e arrastadas pelo poder publico estão aí para comprovar. Quer exemplos maiores que o morticinio no presidio do Carandirú, ou ainda o assassinato em massa dos Sem terra em Eldorado dos Carajas, onde, ao final, as consequencias ficaram só com as vitimas e familiares? Sem dizer daquelas outras mortes inconsequentes do populacho praticadas impunemente pelo poder publico que tem nos tornado o país sem guerra mais matador de cidadãos do mundo.
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