Citando Leonel Brizola e denunciando “ação para nos subjugar”, Celso Amorim emociona auditório em Porto Alegre

Tempo de leitura: 4 min

por Katarina Peixoto, de Porto Alegre, com fotos da Mídia Ninja e do PT

Porto Alegre está cheia de gente. Muitos pensavam que teríamos uma presença de direções e “vanguardas” dirigentes, nestes dias de julgamento do recurso de Lula, no TRF4, o tribunal que acatou e autorizou o caráter de exceção – isto é, de ilegalidade – da Operação Lava Jato.

Seria, comentava-se, como o I Fórum Social Mundial, em 2001, quando seres diversos, de vários continentes, apareceram e obrigaram a mídia familiar a correr atrás do que lhe parecia extraterrestre e não cabia mais na caricatura, somente, porque eram mais qualificados e maiores do que a mesquinhez midiática brasileira é capaz de ver.

Hoje, na véspera do julgamento do recurso de Lula, Porto Alegre será o cenário de uma das maiores manifestações de rua de sua história e ontem, durante todo o dia e, sobretudo, à noite, o caráter histórico destes dias se tornou nítido.

Em um auditório lotado (da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul – Fetrafi), sindicalistas e parlamentares de vários países se reuniram para prestar solidariedade à democracia brasileira e a Lula.

Mais do que uma demonstração de força, em palavras de ordem e aplausos, as quatro mesas tinham um sentido profundo, de irmandade, solidariedade e reconhecimento.

Histórias de resistência, na Espanha, na Argentina, no Uruguai, em Portugal, por exemplo, atravessaram os Diálogos Internacionais Sobre Democracia, organizado pelas fundações Maurício Grabois (PCdoB) e Perseu Abramo (PT).

Um olhar minimamente atento detecta a clareza da linha de continuidade geracional  entre quem resistiu à ditadura civil-militar e quem resiste, hoje.

O ex-vice presidente do Uruguai, dirigente da Frente Amplio, pegou o microfone e esclareceu por que estava ali. “Em 1983, quando eu tinha vinte e poucos anos, e meu pai (o dirigente Tupamaro Raúl Sendic) estava preso no Uruguai, eu conheci Lula, em São Paulo. E ele ofereceu solidariedade e apoio ao meu pai. Hoje, com um pouco mais de experiência, entendo o tamanho do gesto do então sindicalista Lula e estou aqui, para retribuir a minha gratidão e a solidariedade por ele prestada”.

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Há elementos de continuidade menos luminosos, é claro.

O sindicalista argentino Roberto Baradel falou ontem e já retornou para Buenos Aires, porque está sob forte ameaça, ele e sua família, da máquina de repressão em que se converteu o Governo “das corporações”, como os militantes argentinos chamam, de Maurício Macri.

Baradel, um homem exuberante, pegou o microfone e disse, com muita intensidade, que foi o governo Lula que impediu que o desastre da ALCA se alastrasse pela América do Sul, para, em seguida, com sua presença potente em uma voz, idem, afirmar, emocionado: “Quando a vida fica muito difícil, temos de nos lembrar dos que vieram antes de nós. Dos nossos mortos, dos que nos antecederam. Não temos medo, não temos preço, temos dignidade”.

O clima no auditório foi de tensão e extrema emoção e, ao contrário do cenário de cabelos brancos e depressão entre velhos militantes das esquerdas, nos partidos, a presença era plural.

Todas as idades e várias organizações e não organizações, distintas.

Havia militantes “avulsos”, aos montes.

Aquelas figuras com plaquinhas e recados, posando para os fotógrafos, bandeiras do Brasil sob chapéus, à noite, em auditório fechado, mães com crianças, que desenhavam e brincavam, professores, muitos professores, pesquisadores, estudantes, gente muito jovem, todas as cores, sotaques.

Uma interessante mistura de dirigentes e eleitores, cidadãos comuns.

É diferente o que está acontecendo na cidade do Fórum Social Mundial. Não é um encontro comum.

“Estamos vivendo um momento muito emocionante, que nos faz lembrar da campanha da legalidade, em 1961, aqui no Rio Grande do Sul”, disse Celso Amorim, um fenômeno à parte com o microfone em mãos.

Ele arranca aplausos entusiasmados, colhendo grandes demonstrações de reconhecimento por seu papel na integração do Brasil em uma outra possibilidade de articulações internacionais, independentes e solidárias.

Ele continuou, lembrando da rede da legalidade, defendendo que se deve criar, em todo o país, comitês pela legalidade, inspirados pelo nacionalismo e pela clareza de Brizola, quanto ao que deve ser central: a luta pela nossa soberania.

“A capa da Economist que os mercados externos e os EUA não gostaram não foi aquela, do Cristo Redentor anunciando a crise no Brasil. Foi uma outra, na qual o mapa da América do Sul aparecia de cabeça para baixo, com a legenda: ‘não são mais colônia de ninguém’”.

O auditório, lotado, veio abaixo.

E Amorim continuou: “Não é possível que estejamos diante de um presidente da maior potência do planeta, que diz que a opção militar em um dos países da América Latina não está descartada, e ninguém reage. A região não tem mais líderes! Como é que nenhum país emite uma nota de repúdio a um ataque dessa natureza?”.

O chanceler de Lula defendeu a importância de se conversar com quem se discorda.

Disse que fez isso ao longo de sua gestão: “conversávamos com Chávez, mas também com Uribe. E assim evitamos muitos conflitos”.

E hoje, o que se observa, nessa inação e ausência de representação no continente sul-americano, é, nas palavras de Amorim “o avanço do fascismo, não somente no conteúdo, mas na forma”.

E para combater esse avanço é preciso, afirmou, usar a força “da razão”.

É preciso prestar atenção ao caráter sistemático do ataque a todo o continente e a levar a sério que não há coincidência nisso.

“Me perguntaram se eu acreditava em teoria da conspiração. Olha, eu tenho um pouco de experiência em política internacional, então, costumo responder com uma piada de um humorista brasileiro brilhante, o Millôr Fernandes, que dizia: ‘do fato de eu ser paranoico não significa que não estão me perseguindo’”.

E concluiu com a crítica ao processo de desnacionalização do Brasil.

“Quando falam em vender a Embraer, não pensem que terá um Antônio Ermírio de Moraes a comprá-la. Não, quando os golpistas falam em privatização, eles estão falando em desnacionalização, porque as empresas estão sendo vendidas para o capital internacional”.

Há uma “ação para nos subjugar”, disse, e terminou lembrando que, quando criança, na escola, decorava as frases dos hinos sem entender o que elas queriam dizer, por sua disposição gramatical, no mais das vezes invertida.

E, cheio de vitalidade, concluiu, levando o auditório abaixo: “A Gleisi disse que haverá mortes. Já está havendo, e muitas mortes. E haverá, também, mortes de vergonha. Então, é isto: ou ficar a pátria livre, ou morrer pelo Brasil!”

O auditório se levantou e continuou, em uníssono, a mesma estrofe.

Leia também:

Colunista, no New York Times: Nos EUA, provas contra Lula nem seriam levadas a sério

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Comentários

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Katia

Fui criada na época da ditadura militar. Naquela época, ladrão, corrupto, torturador político passava impune. Agora, o político que é julgado por ser corrupto, jura que é vítima de golpe! Quando vão entender que isso chama DEMOCRACIA, onde a lei é para TODOS, IGUALMENTE! O Brasil não pode ser transformado em uma Venezuela!

Bruno Miller Theodosio

Será que poderiam divulgar minha apresentação??
As formas aparentes das crises em Marx
Obrigado

https://www.youtube.com/watch?v=oCNwhTtnLZM

Cazzete

O Golpe contra a Dilma tem 4 objetivos:
1 – Tornar a mão-de-obra brasileira tão barata quanto a indiana
2 – Destruir o valor dos ativos brasileiros para serem comprados a preço de banana pelas empresas dos EUA
3 – Tirar o Brasil do esquema China-Rússia de abandono do dólar como moeda de reserva
4 – Fazer o Brasil voltar a ser apenas uma colônia de exportação de matéria-prima e produtos agrícolas

Como não podem entrar aqui e bombardear tudo como fazem no OM e Norte da África, simplesmente colocam representantes seus no poder por meio do chamado “golpe branco” e esses representantes passam então a fazer o que é necessário a venda dos ativos latino americanos às empresas dos EUA.
E não pensem que seja só aqui.
Na Europa, os EUA estão processando tudo quanto é empresa para que depois do pagamento de multas essas fiquem fragilizadas e possam ser tomadas por empresas murikanas. Claro que esses processos todos são julgados por juízes murikanos.

https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Em-nome-da-lei-americana-u226/4/39034

“Empresas europeias pagaram cerca de US$ 40 bilhões à justiça dos EUA, nos últimos anos, decorrente de multas por desrespeito a sanções estabelecidas por Washington contra determinados Estados, ou seja, o poder imperial norte-americano desenvolve mecanismos cada vez mais eficazes para aplicar suas leis fora do próprio território.A evolução das tecnologias e a financeirização da economia deram a Washington os meios técnicos para levar a cabo essa ofensiva ideológica.”

Julio Silveira

Infelizmente a horda está, como sempre esteve, devorando o Brasil e o futuro de uma parte do povo que tem se mostrado incapaz de acreditar que estão se tornando efetivamente suditos numa colonia de um imperio. Por que os ricos e empoderados daqui, apesar de parecer o contrario, nunca se identificaram com a nacionalidade brasileira, preferindo ostentar com orgulho uma mentira, publicizada, seu colonismo travestido de verdade numa chamada cidadania do mundo, onde sua granas conquistadas, do jeito que forem, sempre desonestas sob diversos aspectos morais e éticos, são maquiadas com meritocracia e falsa honestidade. Bastando isso para um mutuo reconhecimento pelo status quo, de mesmos habitos e metodos, com força de uma irmandade que encobrem toda sorte ilegalidades e imoralidades.

Bacellar

Eleição sem Lula é presepada!!!

https://estudiotm.files.wordpress.com/2018/01/expulso.jpg

Messias Franca de Macedo

BOMBA! BOMBA! BOMBA!…
O DEPOIMENTO QUE SEPULTA A “FARSA A JATO’ NAZIGOLPISTA!
Dileto(a) leitor(a), observe a “enchação” de linguiça da procuradora puxa-saco do “juízo” ‘mor(T)o'”!
Ah este ‘miniSTÉRIO’ PRIVADA fura-teto lesa-pátria!
https://www.youtube.com/watch?v=Q15Z4ZhBCms

    Messias Franca de Macedo

    “O que é que é isso, ‘tché’?
    Barbaridade!”
    Entenda mais um pouco acerca do “Tribunal da Gomalina”!

    $$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$

    Tribunal que vai julgar Lula gastou mais de R$ 8 milhões com publicidade em 2017
    De acordo com dados internos, despesas com produções jornalísticas, serviços de audio, vídeo e foto somam valores de até 8 milhões de reais. A assessoria de imprensa do tribunal nega que o TRF-4 tenha gastos com publicidade e afirma que o valor gasto nesse período foi de, aproximadamente, 500 mil reais com “serviços jornalísticos”.

    Por Nocaute em 23 de Janeiro às 15h05

    (…)

    FONTE [LÍMPIDA!]: http://www.nocaute.blog.br/brasil/tribunal-que-vai-julgar-lula-gastou-mais-de-r-8-milhoes-com-publicidade-em-2017.html

Messias Franca de Macedo

O corrupto transnacional João Santana com a vergonha de mentir para a plateia, pediu para não mostrar a cara de pau *sob tortura da protofascista PORCA-tarefa do ‘miniSTÉRIO’ PRIVADA lesa-pátria!
[*melhor, pós-pressão da fascista PORCA-tarefa: é só perceber a tranquilidade do covarde João Santana!]
E o “juízo” permitiu!
“Numa boa!”
Sob um lauto sorriso, o lhano (sic) juízo fez a concessão!
“Juízo”!
Sei!
Dileto(a) leitor(a), por favor, acompanhe o juizeco fazendo de conta que está ouvindo do joão santana:
“ô, seu ‘dotô’ Moro, a prática de caixa dois generalizada por todos os partidos políticos do mundo somente envolve o PT! Sim, porque a prática de caixa dois generalizada do PSDB, do DEM… É prática de caixa dois generalizada limpinha… E que ‘não vem ao caso’, certo, ‘dotô’ ‘Moro?”

***

Íntegra do interrogatório de João Santana revela manipulação desonesta de Sergio Moro

O marqueteiro João Santana, preso no âmbito da perseguição política ao Partido dos Trabalhadores movida pelo juiz Sergio Moro, o capo da Operação Lava Jato, fala de caixa dois generalizado, mas é direcionado para respostas que incriminam a presidenta Dilma Rousseff na Justiça Eleitoral. Seria o ponto de partida para outras ações persecutórias e politiqueiras do juiz ao ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. A fala de João Santana, contudo, joga por terra a tese do capo de Curitiba. Sem cortes, o depoimento do marqueteiro é mais uma prova da sujeira como método de ação na Operação Lava Jato.

Por eminente e impávido jornalista e escritor Osvaldo Bertolino – O Outro Lado da Notícia

https://www.youtube.com/watch?v=jt10lJkqLuM

    Macedo

    Como Japão e CdS se tornaram potências tecnológicas capazes de concorrer com a Europa Germânica em produtividade e qualidade dos produtos.

    1- Por medo da evolução da influência soviética e chinesa na Ásia, os EUA resolveram que os dois países pobres em recursos naturais poderiam se desenvolver industrial e tecnologicamente. O plano inicial dos EUA eram transformar o Japão num país agrário mais pobre do que a Indonésia. Mas a revolução de 49 na China mostrou que isso não seria possível. Dessa forma, os EUA emprestaram dinheiro barato para os citados países, fizeram transferência de tecnologia e abriram seus mercados para os produtos japoneses e coreanos. Basicamente o contrário do que fizeram com a América Latina, pois sabiam que aqui a classe média alta controlava a sociedade com seu pensamento conservador, não representando perigo algum ao status quo.

    Para a América Latina os empréstimos foram a juros altos e curto período de carência, sabotagem de qualquer tipo de tentativa de desenvolvimento de tecnologia própria, protecionismo até mesmo contra os produtos agrícolas da América Latina. Se hoje somos pobres, agradeçam a essa classe média alta lixo, a mesma que ajudou no golpe de 2016, e sua subordinação aos Estados Unidos. A classe média alta que pouco se importa com a corrupção, mas que apenas quer um país cheio de miseráveis para ter mão-de-obra a preço de banana, utilizando a corrupção como desculpa moralista para atingir seus objetivos elitistas [a esquerda deveria martelar esse fato para o povo, coisa que não faz].

    Basicamente, JP e CdS só se desenvolveram porque os EUA permitiram e ajudaram nisso. Outros países que tentaram o mesmo receberam o chicote do Tio Sam. Chile de Allende, Brasil de Goulart, Irã de Mohammed Mossadegh, etc. Não que tenha sido por caridade, afinal, em 1924 os EUA barraram de vez a imigração de asiáticos para o país, porque os consideravam uma “raça inferior”, assim como latinos, europeus do Sul, negros, aborígenes.

    2- Além de receber dinheiro barato, tecnologia e abertura de mercados por parte dos EUA, Japão e CdS contaram com forte presença estatal na formação dos grandes conglomerados empresariais do país. Os Zaibatsus e os Chaebols nada foram além dos chamados “campeões nacionais” desses dois países. Eram escolhidos a dedo pelo poder estatal para receberem apoio e crescerem. O Lula tentou o mesmo no Brasil, mas enquanto JP e CdS investiram em empresas de tecnologia e montadoras de automóveis, Lula investiu em empresas de alimentação. Normal para um governo que se dobrou aos latifundiários que mandam nesse país desde 1534.

    3 – Ambos países fizeram a reforma agrária, e, com isso, criaram mercado consumidor interno, assim como impediram o êxodo rural descontrolado como visto na América Latina.

    4 – Taxação de heranças e grandes fortunas. Houve uma época em que a taxação de heranças no Japão chegava a 80%. Por isso hoje em dia nós não vemos tantos bilionários japoneses quanto em outras potências econômicas. E, quando vemos, geralmente são mais “pobres” do que os bilionários norte americanos, europeus e até latino americanos. Esse dinheiro era investido em desenvolvimento tecnológico, ciência e infraestrutura. Já na América Latina, como sabemos, o inverso é que sempre foi feito. Aqui heranças e dividendos mal recebem taxação.

    5 – Controle de fluxo de capitais. Ao contrário do que acontece na AL, CdS e Japão controlavam o fluxo de capitais, impedindo que os lucros saíssem do país livremente e também impedindo a entrada de capitais especulativos. Já no BR, quando um presidente tentou controlar o envio de lucros para fora do país, foi derrubado. João Goulart é o nome do mesmo e essa foi a principal razão de ter sido colocado para correr pela aliança entre empresários brasileiros, grande burguesia norte americana, exército e classe média alta paneleira.

    6 – Investimento maciço em educação, infraestrutura, ciência por parte do Estado.

    Como resultado, JP e CdS são dos poucos países – ao lado dos países da Europa Germânica – nos quais a taxa de lucros não caiu, como mostrou o economista Michael Roberts. Como a produtividade industrial é alta em comparação a China, América Latina e Europa do Sul e a qualidade dos produtos é superior a dos produtos produzidos nos EUA, esses países conseguem “roubar” o valor produzido nas outras nações do mundo impedindo que a taxa de lucros caia.

    Mas isso foi conseguido com muita ajuda externa por parte dos EUA, por medo do crescimento do socialismo real na Ásia, assim como forte presença estatal na economia, com alta taxação de fortunas e heranças, investimento em indústrias de tecnologia, investimento em educação, controle de capitais, reforma agrária. Ou seja, exatamente o contrário do que os liberalecos classe média paneleiros elitistas querem para o Brasil.

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