Nove noites

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Por Marco Aurélio Mello

por Marco Aurélio Mello

Primeiro fui à fonte da vida
E encontrei uma onda cristalina
Dei com uma filha de Oiá.

Depois me entreguei à força
De uma onda jovem
Girei em redemoínho.

Em seguida veio a madrinha
Mãe e amiga.
Acolheu meu choro, tratou das feridas.

Aí pintou a preta, filha de Iansã
Cabeça feita de orixá, coisa rara de ter.
Lobo e gazela; foi avassalador.

Me chamava de velho
Me achava branquelo
Da bunda caída.

Naufraguei na tempestade
Acordei na praia, nos braços de uma sereia,
Filha de Yemanjá.

Foi quando renasci
E forte de novo
Flertei com outra filha de Iansã.

A onda veio mais forte
Cheia de encantamento
De mágoa, veneno e cheiro de morte.

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Naufraguei mais uma vez
Mas como já estava sabido
Esperei a tormenta passar.

Foi quando apareceu a brisa da noite
Suave e doce
E me fez flutar.

Comecei a controlar o tempo
A brincar com a distância.
E decidi o novo experimentar.

Novo nada
Foi lá no passado remoto
Que algo passou e eu não vi.

Durou apenas mais um sopro
Uma brisa delicada
Daquelas de antes de amanhecer.

É deste sono de nove noites
Que agora eu desperto
Em sete cores de um novo amor.

Ele chega com graça

Com força e com vida

Com água, terra, fogo e ar.

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Marco Aurélio Mello

Jornalista, radialista e escritor.


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