Por Marco Aurélio Mello
por Marco Aurélio Mello
O sujeito decide que vai mostrar o corpo.
Faz uma sequência de fotos, escolhe a que mais gosta e pronto.
O passo seguinte é avisar nas redes sociais.
“Se você quer recerber nudes, mande uma mensagem in-box.”
Ele não quer ganhar a vida com o corpo, longe disso.
Quer entender como o olhar do outro pode ou não controlá-lo.
Figuras públicas são assim, escrutinadas com o olhar.
Desde sempre coube ao feminino este papel de se expor ao outro.
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O olhar controla, intimida, invade.
Quanto menos roupa vestimos, mais vulneráveis estamos.
Sim, há exercício de poder no olhar.
E logo isso ficou claro.
Ele enviou fotos para mulheres que o admiravam intelectualmente.
Para outras que queriam comparar suas formas às dos maridos.
Às jovens o sentido era outro, fazer troça.
Para umas poucas, no entanto, o interesse era sexual mesmo.
Para além do pudor e do falso moralismo, enviar nudes é legal.
A troca de nudes é uma maneira de dividir poder.
Observador e observado, ambos nos mesmos papéis.
Desnudos, de cara limpa, sem filtros.
A nudez não nos viola, nos nivela.
E o sexo nos eleva, nos liberta.
Marco Aurélio Mello
Jornalista, radialista e escritor.
Comentários
Allex
Sinceramente, acho esse lance de mandar nudez um equívoco medonho. Banalizar a nudez e o sexo é deserotizar o corpo, é despolitizar a intimidade, é virar as costas para a criatividade e a arte. Isso tudo é perigoso, pois contribui para nos aproximar ainda mais da barbárie. Contudo, é claro que o debate é válido.
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