Samuel Gomes: Jacob Rabbi e a canonização dos mártires de Cunhaú e Uruaçu no domingo

Tempo de leitura: 4 min

Jacob Rabbi, o abominável

por Samuel Gomes, no Facebook

Curioso desde menino e provocado por uma postagem da amiga senadora potiguar Fátima Bezerra – que viaja a Roma a convite da Arquidiocese de Natal, e na condição de representante do Senado Federal, para participar da cerimônia de canonização dos mártires de Cunhaú e Uruaçu, em solenidade no dia 15 de outubro, no Vaticano – fui saber quem são os mártires a serem canonizados.

O texto da Wikipédia é mal redigido. Encontrei um texto melhor no G1 (“Conheça a história dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, no RN”).

Descobri que foram martirizados pelos Tapuias sob a chefia do celerado Jacob Rabbi, um cruel e ganancioso judeu-alemão despachante dos interesses do domínio territorial holandês no hoje Rio Grande do Norte.

Mas, fiquei pensando, o que levou os Tapuias a servirem de bando assassino a serviço de Jacob Rabbi?

Eram os Tapuias reles ignorantes e amorais mercenários?

Seriam iludidos bobões enganados por Jacob Rabbi, o abominável?

Queriam vingança dos invasores portugueses e deixaram-se usar por Jacob Rabbi e pelos holandeses?

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Encontrei um relato saboroso no site fatoshistoricosdobrasil.blogspot (“O abominável Jacob Rabbi).

Vá lendo e ficando com raiva do abominável Jacob Rabbi, que, ao fim e ao cabo, teve o triste fim que tanto perseguiu:

” Em 1630, interessados em assegurar o seu controle sobre o interior do Nordeste , recém-conquistado, os holandeses logo firmaram alianças com os indígenas Tapuias, com a “urgência de encontrar aliados, em número e força, para a manutenção do [seu] domínio”

Em 1631, dirigiu-se ao Conselho Político do Brasil Holandês o índio

“Marcial ou Marciliano, fugitivo dos acampamentos portugueses, informando que seus companheiros ( os “reis” Janduí e Oquenaçu, Tapuias da Nação Tarairiú ) estavam desejosos de uma aliança com os invasores”.

Durante o período da Dominação Holandesa no Nordeste (1630-1654), a política da Companhia das Índias Ocidentais (WIC) era de relações amistosas com os Tapuias.

O próprio Nassau

“reconhecia a importância de manter tais aliados [pois da] amizade dos índios dependia em parte o sossego e a conservação da colônia do Brasil” .

Em 1637, Jacob Rabbi , originário de Waldeck (Hesse, Alemanha ) chegou ao Brasil com o Conde Maurício de Nassau .

A pedido de Nassau, Jacob Rabbi foi ao interior da Capitania do Rio Grande onde passou quatro anos junto aos Tapuias Janduís, chefiados pelo “rei” de mesmo nome.

Além de servir de intérprete dos Janduís para os holandeses, sua permanência entre os índios consolidava as bases da aliança política neerlandesa – tapuia .

Jacob Rabbi assimilou e adotou muitos dos costumes dos indígenas e, através dessa sua adaptação, tornou-se um verdadeiro líder, fazendo com que os Tarairiús tornassem-se “uma espécie de matilha fiel, sempre pronta ao aceno do caçador para perseguir e despedaçar a caça levantada” .

Jacob Rabbi possuía certa cultura e era poliglota (pelo menos, falava os idiomas alemão, holandês, português, tupi e tarairiú) .

Os holandeses o elegeram como um representante diplomático junto aos nativos, uma espécie de “intérprete dos Tapuias”.

Participando da vida nômade destes nativos selvagens, Jacob Rabbi, passou por um processo de “indianização” e de tal forma se adaptara a estes selvagens em seus costumes e modos de viver, que se tornara como se fosse um deles”

Extremamente violento, exercia “indiscutível” liderança sobre os ferozes gentios Tapuia .

Após ter se afastado da vida tribal dos acampamentos tapuias, Jacó Rabbi se tornara a figura mais sinistra, repelente e abominável do domínio holandês no Nordeste do Brasil.

Com a tolerância e conivência dos holandeses, Rabbi deixou um rastro de saques destruição e assassinatos entre as Capitanias da Paraíba e do Rio Grande (atual Rio Grande do Norte ) .

Todos estes delitos rendiam gado, roupa, jóias, a Rabbi, que conseguiu acumular uma pequena fortuna .

Em 16 de julho de 1645 , 70 fiéis católicos foram cruelmente mortos por centenas de soldados holandeses e índios potiguares comandados por Jacó Rabbi quando participavam da missa dominical , no Engenho Cunhaú, em Canguaretama, RGN) no litoral sul potiguar.

Em 3 de outubro de 1645 , Rabbi promoveu outra chacina na qual 80 pessoas foram mortas em Uruaçu , em São Gonçalo do Amarante ( RGN).

No massacre de Uruaçu, foi morto João Lostau Navarro, sogro de Gardtzman, militar holandês, que , revoltado, decidiu se vingar de Rabbi , afirmando “que o mundo nada perderia se desembaraçasse de semelhante canalha”.

Sob o pretexto de uma conversa de reconciliação, Gardtzman convidou Rabbi para uma reunião.

Em 4 de abril de 1646 após a realização da conferência ente os dois desafetos, Gardtzman saiu primeiro seguido depois por Rabbi.

Então se ouviram dois disparos de fuzil. Caía, mortalmente ferido, Jacob Rabbi que também recebeu 6 golpes de sabre que deformaram partes do seu corpo .

Rabbi vivia com uma nativa, de nome Domingas, num sítio de sua propriedade, chamado “Ceará” e após sua morte ela foi despojada de todos os bens do companheiro.

Jacob Rabbi foi sepultado no lugar onde morreu.

Jacob Rabbi foi autor de um famoso e importante relato sobre a vida e os costumes dos Tapuias , o qual foi dedicado ao Conde de Maurício de Nassau.

Graças a essa crônica” muitos aspectos etnográficos dos Tapuias são hoje conhecidos, pois foi utilizada por vários outros autores holandeses , em seus escritos sobre estes silvícolas.”

Viu, Jacob Rabbi? Toma papudo!

Mas há quem afirme e mesmo jure que Jacob Rabbi encontra-se novamente entre nós, reencarnado na triste figura do atual Presidente da República, o inominável.

Se verdade, o abominável terá crescido em crueldade e astúcia daquela encarnação para a atual.

Já não martiriza dezenas, mas milhões. E diversifica os seus negócios com os “holandeses” da hora, os americanos e os chineses: terras brasileiras ainda, mas também petróleo, energia, base de lançamento de foguetes e tudo o mais que um sôfrego entreguista encontrar à mão e um poder estrangeiro quiser comprar por preço vil.

Pensando bem, deve ser mesmo o velho e abominável Jacob Rabbi que tomou de assalto o Planalto.

A perfídia é a mesma: pilhar o Brasil para receptadores estrangeiros.

As coisas não terminaram bem para Jacob Rabbi.

Samuel Gomes, advogado e professor de Direito em Curitiba e Brasília

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Rafael de Mattos

Depois de ler isso, não vou conseguir mais desassociar o nome de Luiz Inácio Lula da Silva com o nome de Jacob Rabbi

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