O alerta do leitor sobre os crimes copycat

Tempo de leitura: 2 min

Prezados(as) senhores(as),

Não sei como definir este e-mail – apelo, protesto, alerta, sugestão. Talvez, a melhor denominação seja apelo. Apelo porque vem de um insignificante cidadão brasileiro.

Poderia começar com este e-mail frases batidas e repetidas: “Vivemos um tempo de violência…”, “Devemos combater a violência que assola nosso dia-a-dia…” ou “A escalada da violência nas escolas…”. Mas…

Mas, após o nariz de cera, começarei com um argumento: “Sobre certos temas, já há a autocensura nas redações brasileiras. Há trinta ou quarenta anos não se publicam notícias sobre suicídios, para evitar que desvairados copiem métodos, ou, atualmente, não falamos nomes de facções criminosas para não propagandearmos suas marcas e incentivarmos seguidores.”

Agora, chego ao meu ponto. O massacre de Columbine, nos EUA, não posso afirmar que tenha sido o primeiro (pelo menos tornou-se o mais conhecido – filme de Michael Moore), mas, sua divulgação massiva na mídia provocou uma onda sinistra, sangrenta e brutal de imitadores (em inglês, copycats). Foram tantos que o interesse da mídia diminuiu. E em seguida, os massacres perderam intensidade. Se fizermos uma linha temporal, o crescimento destes acontecimentos são acompanhados pelo incremento da cobertura da mídia, que quando arrefece os diminui. Isto nos Estados Unidos. No Brasil, tivemos nossa primeira infeliz experiência.

Não estou, tolamente, acusando a mídia de incentivar atitudes treslocadas com o destaque dado a estes crimes brutais. Mas, a repetição e a espatacularização deles, com infográficos, reconstituições, entrevistas e vídeos exclusivos, passa com certeza uma mensagem, que mentes perturbadas transformam em modelos. Como defesa, jornalistas podem dizer: “Só escrevi uma reportagem…”, “O público precisa saber…” ou “A concorrência não vai deixar de usar…” Será?

Já tivemos três casos de copycat – ameaça de bomba (trote) e jovem preso com faca no RJ e assissanato no Piauí, Precisamos de mais? Precisamos de ideias idiotas como colocar caríssimos detectores de metais na porta de escolas, enquanto alunos não tem carteira e professores ganham salário mínimo? Podemos fazer alguma coisa?

Enquanto, cidadãos podemos valorizar a cortesia, a paciência, a tolerância. E vocês como jornalistas, poderiam evitar a divulgação diária de fotos, textos, vídeos e áudios quando acontecerem outros massacres?

Por isso, peço, sugiro, protesto e alerto: por favor, não publiquem matérias sobre massacres escolares.

Atenciosamente, Cristiano Abud.

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Nota do Viomundo: O caso de Realengo já mobilizou todas as taras ideológicas existentes na praça. Uma delas diz que o atirador é terrorista islâmico, por ter copiado métodos do terrorismo islâmico. Como assim? Só se for o bin Laden do bulying, armado com um 32 e um 38. Nunca se escreveu tanto as palavras “extremismo”, “islâmico”, “muçulmano”, “mesquita”ou “Alcorão” num contexto a que elas mal pertenciam, já que o atirador, de acordo com a própria família, cresceu frequentando uma igreja cristã. Ou seja, o caso foi usado num contexto de profundo preconceito. De factual, temos que o atirador era solitário, frequentava muito a internet, tinha algum distúrbio mental (dificilmente saberemos exatamente qual, já que o diagnóstico depende de avaliação em pessoa), tinha a percepção de ter sofrido bulying e teve acesso razoavelmente fácil a armas. Talvez a gente consiga tomar medidas quanto a estes cinco pontos. Com certeza, o leitor Cristiano Abud toca num ponto importante: o próprio atirador, num dos vídeos divulgados, elenca como “heróis” outros atiradores que atacaram em escolas. Mas quanto ao ponto levantado por ele, duvido que a mídia será menos irresponsável se a própria polícia se dispõe a alimentá-la.

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Comentários

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Carlos J. R. Araújo

Desculpem-me, mas a idéia do autor da mensagem reflete uma desconexão absoluta com a realidade. Então, se não ouço ou vejo, fico esterilizado e incólume a estas malfazejas influências. O avestruz faz melhor. Voltaire tinha razão: a inocência é a mãe de todos os pecados. E não adianta invocar a neurociência. Nem desejar que o Pinel seja a solução.

Edson Barbosa

Boa noite! Utilizando a mesma linha de raciocínio comentei diversas vezes com minha esposa e amigos o reflexo cruel da divulgação de assassinatos de mulheres cometidos por ex ou auais companheiros. Em certo momento parecia uma sequencia muito grande de "copycats"

Marcelo Almeida

Interessante o seu texto. Quarta-feira passada, coincidentemente, eu abordei assunto similar no meu humilde blog. Quem estiver interessad em ler, segue o link: http://barulhodigital.blogspot.com/2011/04/impren

Regina Braga

Alguém, viu o Dr.Roger Abdelmassih ser chamado de monstro…ou que foi vítima de abuso…ou que estava envolvido com os neonazistas…nenhum psiquatra,psicanalista ou psicólogo, fez o perfil comportamental do homem. Ainda consegue um HC do Dr.Gilmar Mendes prá fugir do País!!! Ninguém, o comparou com Joseph Mengele…Ninguém,ousou dizer, que seus atos foram muito píores do que o rapaz de Realengo…teve cultura,status,poder e foi brutal.Sai do país para o Líbano,impune.VERGONHA!!!!

    beattrice

    No Brasil a criminologia obedece mansa e bovinamente a critérios socio-economicos ao tipificar "monstros".

Daniel Campos

A atitude de "não falar sobre o caso" é como empurrar a sujeira para debaixo do tapete para a visita não ver. Você não a vê mais, mas a sujeira continua lá até que se acumula tanta sujeira que a casa se torna um caos quando menos se espera.

Temos SIM que falar sobre o caso, e em especial têm-se que ir resolver a RAÍZ do problema. Enquato ficarem fingindo que as agressões não existem ou são "coisa normal de criança", massacres assim vão continuar acontecendo.

José Manoel

A imprensa brasileira deveria fazer um acordo para que esses assuntos não fossem publicados, como é nos casos de suicídio, porque o que esses assassinos querem é notoriedade. Não havendo mídia, eles fogem!!!!!!!!!!!!!

    beattrice

    Alguém realmente acredita que um suicida somente se suicida porque viu uma notícia na mídia???

Débora

Alguém ou alguma Instituição está com o PC do atirador pra checar se os supostos "colaboradores" não são da amigos virtuais que trabalham em prol de interesses escusos?

Tem gente que vive jurando que seus interesses são para um bom final não interessa o que acontece no meio do caminho. e olhe que não temnada a ver com o Islã.

Tem demônio que se veste de Cristo e não passa de um Judas in vitro.

Michel

Concordo plenamente. Outro exemplo notável foi o de um elemento que jogou ácido no rosto da namorada. O caso ganhou destaque na mídia e acabou virando "moda" na época.

Louise Rosemblatt

No final das contas, a culpa é sempre das vítimas e olha que quem ele matou nem praticou o tal do "bullying" (como a gente gosta de macaquear americano!). Enfim, o cara agora é herói dos fracos e oprimidos; daqui a pouco vai aparecer cineastinha fazendo filme em sua homenagem e dizendo para todos os outros aloprados do Brasil que é muito poético e humanamente legítimo pegar uma arma e sair dando tiro na cabeça de pessoas…

Estou realmente temendo uma onda desse tipo de crime por conta dessa divulgação espetacularizada pró-psicopatas-vítimas-de-bullying.

    beattrice

    Não há nada de "espetacular" na vida das vítimas de bullying, informe-se sobre o assunto ou silencie para sempre.
    E quem defende estes assediadores, ou já foi um, ou é um, ou acoberta os que são, definitivamente.

Pedro Luiz Paredes

Então paremos as novelas, pois ensinam o estelionato, a fraude, a traição, e tudo mais de ruim que pode ser potencializado por parte vulnerável da sociedade.
Paremos também com os filmes norte americanos que bebem da mesma fonte.
Alias, a televisão explora o que um sociedade tem de pior para vender porcaria; e o pior de tudo, compulsoriamente, ou melhor, sob concessão do governo federal.

enio

A edição feita pela rede Globo com o vídeo do assassino de Realengo sem dúvida poderá na história jornalística e criminal deste país, como uma das principais peças de "disparo" de novos casos cruéis. O alerta dado pelo Cristiano Abud é correto e assustador.

ZePovinho

FALTA UMA VOZ NO DEBATE ECONÔMICO

Os próximos dias serão de intensa difusão de vapor ortodoxo. Turbinada pela caldeira midiática, a pressão buscará acionar a manivela de mais uma alta nas taxas de juros. O Copom reúne-se na quarta-feira, dia 20. Para legitimar um novo giro na rosca do juro mais alto do mundo mobilizam-se energias equivalentes às de um terceiro turno eleitoral. E, justiça seja feita, o dispositivo midiático, seu jogral de consultores e ventríloquos dos mercados, bem como seus aliados dentro do governo, sabem como manipular as expectativas econômicas para criar um clima de 'terrorismo inflacionário' praticamente colocando o Estado brasileiro nas cordas. O governo e as forças progressistas balbuciam contra-argumentos. Nem de longe com a disciplina e sobretudo, a coesão em torno de uma mesma agenda como acontece no campo rentista. Há um ponto a partir do qual as expectativas dirigem o processo econômico. Ainda que as premissas sejam falsas –como falsas são as afirmações alarmistas de que o país cresce de forma descontrolada e muito acima do pleno emprego de sua capacidade produtiva– elas se impõem pela disseminação do medo. As expectativas acabam servindo de gatilho para disparar aumentos generalizados, configurando-se um caso típico de profecia auto-realizável. A lição é muito clara: o contrafogo à guerra das expectativas — que será intensa contra este governo que não dispõe de um líder de massa à frente, como foi Lula– não pode limitar-se ao arsenal acadêmico e analítico. Por mais corretas e serenas que sejam as ponderações que afrontam o rentismo engajado, seu poder de irradiação nasce limitado pelo filtro da mídia conservadora e pela ausência de uma liderança popular contrastante. Falta um personagem nessa debate: a voz dos movimentos sociais, dos sindicatos e partidos –inclusive e sobretudo a CUT e o PT– que pretendem representar aquele que mais diretamente sofrerá os efeitos do arrocho ortodoxo: o povo brasileiro. A ver.
(Carta Maior; Domingo, 17/04/2011)

SILOÉ

Como já disse antes também, a culpa é da mídia que exerce em mentes doentias como essas um desejo incontrolável de notoriedade à qualquer custo.
Está bem explicito no vídeo a certeza de que quanto maior a tragédia maior repercussão na mídia, a ponto de se colocar como justiceiro e fazer uma série de exigências, achando que poderia até se reverenciado se é que de alguma forma não foi.
Basta ver as capas de quase todas as revistas da semana do acontecimento e o noticiário televisivo até hoje.

aldoluiz

Meu caro Azenha, deixo aqui parte da postagem que fiz sobre este assunto e a pergunta: a quem interessa um Brasil envolto no manto obscuro de "terrorismo" se não aos que se beneficiam com a indústria da guerra. Vejamos: "Em 24 de dezembro de 2009, Departamento de Defesa norte-americano recebeu um detalhado relatório intitulado "Olimpíadas do Rio – O Futuro é Hoje". O despacho, assinado pela ministra-conselheira Lisa Kubiske – que permanece no cargo mesmo depois da troca de embaixadores, este ano – aponta oportunidades comerciais e militares.
"O governo brasileiro compreende que enfrenta desafios críticos na preparação dos Jogos de 2016 e demonstrou grande abertura em áreas como compartilhamento de informações a cooperação com o governo dos EUA – chegando até a admitir que poderia haver a possibilidade de ameaças terroristas", diz o documento.
A admissão, "pouco usual" para um "governo que oficialmente acredita que não existe terrorismo no Brasil", teria sido feita pelo assessor do Ministério das Relações Exteriores Marcos Pinta Gama. Ela prossegue: "além de preparar as oportunidades comerciais que os jogos vão oferecer às empresas norte-americanas, o governo dos EUA deveria se aproveitar do interesse do Brasil no sucesso olímpico para progredir na cooperação bilateral em segurança e troca de informações".

(…) Aplaudidos homens de preto, os MATRIX "Smiths", lustrosos negros caveirões e universais negras tropas de elite, enquanto os Smiths governadores chamam de heróis aos que executam o assassino. As eloqüentes douradas igrejas abençoam o fratricídio e amaldiçoam com a máxima veemência os que tentam salvar as almas do pré juizo.
Como papagaios, os inúteis discursos políticos vão enxugando gelo, propõem mais guerras contra isto e contra aquilo, mais verbas para mais repressão. Fecham a arapuca do medo permanente.
É que o povo "exige" (?) enquanto discute o melhor modo de aconselhar ao diabo o que fazer com o desgraça do rapaz quando ele estiver assando, "para sempre", no fogo do inferno.
E ninguém vê que O INFERNO É AQUI, esta perenizada invisível senzala. Somos sistematicamente induzidos a toda sorte de erro para não vermos isto

    beattrice

    Excelente análise.

    aldoluiz

    Grato Beatrice, foi o que me ocorreu precisar dizer, sempre na esperança de que outros também abandonem a superficialidade das aparências… O texto completo está aqui http://infinitoaldoluiz.blogspot.com/2011/04/chac

aldoluiz

Durante os últimos 47 anos, e não me venham com a conversa de fim da ditadura, diretas já e democracia, nada mudou, ou melhor, tudo mudou muito desde que toda a estrutura cultural e educacional brasileira foi corrompida, paulatinamente desmontada e substituída por um sistema de erudita desinformação "brazileira" num processo inumano de aculturação onde o império sub-repticiamente impede o progresso humanista da colônia.

Órfãos da lucidez, aterrorizados e em nome de seus desorientados filhos, suas mentes entorpecidas e igualmente infantilizadas, tornam-se iguais ou muito piores do que o pior dos piores psicopatas assassinos. QUEREMOS PAZ E SUSTENTAMOS A GUERRA FRATRICIDA COM QUE ELES SE ALIMENTAM E NOS CONTROLAM MILENARMENTE.
Chegamos exatamente onde os dominadores projetaram e querem que permaneçamos. Obedecemos "robótica-mente" o programa que embutiram em nosso caótico subconsciente e não nos damos mais conta de que tudo o que fazemos está impregnado com a energia com que fazemos.

É assustador o grau de generalizada analfabetização entre os milhares de odientos agressivos comentaristas nos noticiosos "on line".

Encharcados de ódio tornamo-nos nossos próprios destruidores, adoecemos, não podemos mais ver esta verdade. Nossas emoções afetam diretamente nosso DNA alterando o mundo físico. O DNA é um "hardware" e nossos pensamentos são os "softwares" com que nos programamos. É preciso estar consciente disto para ser liberto. http://www.youtube.com/watch?v=fmMNlmn1DPc&fe
Mas ninguém se importa com isto, imaginam-se livres e lutam uns contra os outros pela manutenção do ilusório caótico labirinto do nada em que nos aprisionam de todas as maneiras possíveis. Não perdoam ninguém, mas absolvem nossos algozes e seus obscuros senhores, ou tem o mesmo comportamento de "isenção" em relação a PROPAGANDA ENGANOSA de um marionete Berluscone, SarKozy, um Reagan, Clinton, Bush ou Obama, que por exemplo, (sem autoridade, pois passou por cima do próprio congresso americano), autorizou enquanto fingia que conversava com a presidente Dilma e depois "publicitáriamente passeava" com A FAMÍLIA pelo Rio, a continuidade da guerra de extermínio e mutilações de milhões de jovens, homens, mulheres, velhos e crianças em nome da paz.
É o "perenizado" tempo em que um bando de facínoras espertos, do alto de suas piramidais casas grandes conduzem bilhões de idiotizados senzalados com a 'invisibilizada" regra de tres desvendada por David Icke; problema x reação x solução = a inconsciente "exigida" permanente dominação escravista. Lamentamos profundamente todas estas mortes inúteis e desnecessárias. Todas as vítimas nesta chacina de Realengo, carnificina fratricida com que o sistema escravista se alimenta antropofagicamente na dolosa manutenção de nossa arquitetada ignorância.
Sinto muito, sou grato.

Antonio Soares

Convido a todos (principalmente os jornalistas) para refletirem muito sériamente sobre este tema: "MÍDIA IRRESPONSÁVEL E SENSACIONALISTA". Se a reflexão for realmente séria, nossa imprensa irá melhorar muito. Com certeza.

peri

Eu assisti uma entrevista de um colega de escola do Wellington onde ele confirma sem nenhum constrangimento o suposto bulyng sofrido pelo atirador. Parece que chamavam-no, inclusive as meninas, de "bicha" (coisa que aparentemente ele não era) pelo fato dele ter um comportamento mais tímido. Esse é o verdadeiro nó da questão. Alguns adolescentes conseguem superar tais "brincadeiras" de mau gosto, outros, entretanto, não. O problema do bulyng é cultural e dificilmente será equacionado. Somente uma educação diferenciada no seio da familia poderá reverter os maleficios do bulyng, que é uma triste realidade. O bulyng não acontece só nas escolas, mas em todos os lugares onde se exige a interação social entre jovens, como nos quartéis, faculdades, etc. Os que monitoram tais grupos deveriam ser capacitados à percepção do problema e neutralizá-lo, mas o que ocorre muitas vezes é o contrário, pois incentivam as brincadeiras perigosas sem dar-se conta do que fazem. Assim, nascem os monstros.

    beattrice

    Assim nascem os doentes, os doentes.

Almeida Bispo

Os nomes são fictícios; os personagens são reais.
"Pelanca", metido a bonitão – e até achado por algumas – tornou-se o terror da aldeia quando um repórter de rádio fez um contrato de publicidade com uma empresa, cujo contrato era uma chamada identificando e mesma empresa, em seguida a manchete sobre o fato violento, o comercial da empresa, propriamente dito, o texto na "notícia", e finalmente o arremate com chamada de saída da mesma empresa. Não havia violência na região que justificasse dez chamadas para assuntos policiais por dia. Então, o repórter resolveu "encarnar" no "Pelanca", tipo, Pelanca assaltou, Pelanca ameaçou, Pelanca fez tentativa de estupro, Pelanca, e Pelanca e Pelanca. O desgraçado acreditou-se o tal. Pior, o efeito retroalimentador fez muita gente de sangue no olho começar a ter medo do Pelanca. O desgraçado chegou a ameaçar um conhecidíssimo comerciante da cidade que o conhecia desde menino quando corria dos campos de pelada para não apanhar dos menores. Pelanca resolveu ser bandido. De fato. Na primeira parada pra valer a polícia baiana deixou-o crivado de balas numa reação estúpida em Feira de Santana. 1981.
Bandidos e cabeças-ocas que sonham em sê-los adoram seus heróis: os grandes bandidos. Como diria o Mino Carta, disso até o mundo mineral tem conhecimento. Exceto a mídia sangrenta atrás de Ibope.

FrancoAtirador

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ALGUM PARLAMENTAR BEM QUE PODERIA APRESENTAR UM PROJETO

PARA TRANSFORMAR EM LEI FEDERAL O CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL

A SEGUIR TRANSCRITO:

Código de Ética do Jornalista Brasileiro

(…)

Art. 6º É dever do jornalista:

(…)

II – divulgar os fatos e as informações de interesse público;

(…)

VIII – respeitar o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem do cidadão;

(…)

XI – defender os direitos do cidadão, contribuindo para a promoção das garantias individuais e coletivas, em especial as das crianças, dos adolescentes, das mulheres, dos idosos, dos negros e das minorias;

Art. 7º O jornalista não pode:

(…)

IV – expor pessoas ameaçadas, exploradas ou sob risco de vida, sendo vedada a sua identificação, mesmo que parcial, pela voz, traços físicos, indicação de locais de trabalho ou residência, ou quaisquer outros sinais;

V – usar o jornalismo para incitar a violência, a intolerância, o arbítrio e o crime;

(…)

IX – valer-se da condição de jornalista para obter vantagens pessoais.

(…)

Art. 11. O jornalista não pode divulgar informações:

I – visando o interesse pessoal ou buscando vantagem econômica;

II – de caráter mórbido, sensacionalista ou contrário aos valores humanos, especialmente em cobertura de crimes e acidentes;

(…)

Art. 13. A cláusula de consciência é um direito do jornalista, podendo o profissional se recusar a executar quaisquer tarefas em desacordo com os princípios deste Código de Ética ou que agridam as suas convicções.

Parágrafo único. Esta disposição não pode ser usada como argumento, motivo ou desculpa para que o jornalista deixe de ouvir pessoas com opiniões divergentes das suas.
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BASTARIA ACRESCENTAR AS COMINAÇÕES CIVIS E PENAIS,

POR DESCUMPRIMENTO DA LEI.

QUE TAL?
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    beattrice

    Muito bom, sugiro encaminhamento ao TIJOLAÇO do BRIZOLA NETO.

Gustavo Pamplona

"Por isso, peço, sugiro, protesto e alerto: por favor, não publiquem matérias sobre massacres escolares"

Vou dar alguma mínima para isto… tinha comentado algo semelhante 4 dias atrás em um comentário que tinha escrito como se fosse um "tratado" no link abaixo (Obs: Leiam o "Adendo")
http://www.viomundo.com.br/opiniao-do-blog/lula-v

Zhungarian

O problema não é divulgar a notícia, mas a ênfase exagerada. Desnecessária. As mil e uma análises do fato. Colocam psicólogos, sociólogos, analistas políticos, um sem número de "profissionais" que acham que podem analisar a situação em menos de 60 segundos.

O que não falta é gente querendo aparecer à custa da desgraça alheia.

Gustavo Pamplona

Tá legal… agora vou comentar algo referente a palavra "copycat"… lembro deste filme de 1995 com a Sigourney Weaver e Holly Hunter.

Um psicóloga agorafóbica e uma mulher detetive precisam trabalhar juntos para impedir um assassino em série que copia assassinos em série do passado.

Copycat (1995)

http://www.imdb.com/title/tt0112722/

GustavoEgito

Abud ou Abdul?

FrancoAtirador

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Já repararam que o doente mental

continua sendo vítima do assédio moral,

mesmo depois de morto.
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    beattrice

    Já reparei, tanto que venho insistindo que não o chamem de "monstro", é tão difícil entender que é um doente mental???
    Para muitos brasileiros, inclusive "comentaristas progressistas" doente mental deve ser algo parecido com um alien, ouviram falar mas não acreditam que exista!

Gustavo Pamplona

Ok pessoal… conforme eu tinha dito para vocês, não houve uma punição sequer ao Bolsonaro até porque muita gente no PIG que "fingiam" estarem criticando também pensam o mesmo.

E para vocês que quiserem saber o que o Oscar Filho do CQC disse a respeito do Bolsonaro assistam este vídeo a partir dos 54 minutos. É quase no final do vídeo
http://tc.batepapo.uol.com.br/convidados/arquivo/

edv

O primeiro caso desse tipo de "massacre" por desequilibrados (ou, seguindo a incitação da mírdia, por um "terrorista islâmico internacional") foi num cinema do shopping Morumbi, em SP.

Não sei se pela "boa" assessoria de imprensa do shopping, ou se pela campanha da "fantástica diminuição" do crime pelo governo demotucano, o fato é que o tiroteio não foi "escandalizado" pela mírdia.

    FrancoAtirador

    .
    .
    Com certeza, pela segunda alternativa.

    São Paulo tem uma elite de "mírdia".
    .
    .

    Andre Diniz

    Até onde eu me lembro, a culpa do Mateus da Costa Meira (o atirador BAIANO do Shopping, como deixou clara a imprensa golpista na época) estava basicamente na esquizofrenia alimentada pelo hábito da cocaína. Quem puxou o gatilho, na conta de soma-zero dos jornais da época, foi o meliante que vendeu ao playboy isolado do Curso de Medicina (que ele abandonou por neurose) uma submetralhadora MAC-10, de fabricação americana.

    A culpa nunca é dos ricos. É do ambiente em que estão inseridos – a neurose da vida cotidiana, os tentáculos do narcotráfico, os labirintos da mente humana. Quando é um pobretão viciado em internet de Sepetiba, a culpa é dele e do islamismo, pautado pela Embaixada dos Estados Unidos.

    edv

    Nunca a culpa é da elite (mediocre)!
    Tem sempre esses "baiano" que vem pra cá…
    Teve até um pernambucano, se não me engano, de Garanhuns, que fez um baita estrago na zelite!
    Fez ela (a zelite) pagar mais salários no ABC.
    Depois derrotou os "político da zelite"…
    Deu um baile histórico na poderosíssima mírdia golpista!
    E ainda cantou, ANTES, que ia fazer seu sucessor …
    Não, pior ainda: sucessorA!

    beattrice

    Exato, criminologia no BRASIL também parte da discriminação socio-economica.

damastor dagobé

o grande problema da educação pode ser perfeitamente aferido pelo terrorismo…aqui mesmo no painel;
o massacre que fazem à ultima flor do lacio, inculta e bela ja merecia um julgamento de Nuremberg..
não acham??

adão paim

Mais uma prova clara do quanto a midia faz a cabeça das pessoas. Até quando não quer!
Por isso que fico incafifado do motivo de o Pt ter sobrevivido a midia no Brasil!?
Luiz, mesmo sendo jornalista tu deverias ampliar esse assunto.
Obrigado pelo teu trabalho.

Guilherme Scazilli

É mais fácil culpar coisas inanimadas, doenças imprevisíveis, fatalidades misteriosas. Em vez de enfrentar a realidade escancarada pelo massacre do Realengo, a sociedade prefere esconder-se com a máscara do pacifismo amorfo. Prefere abominar o “monstro”. Ou, pior, prefere defender a volta do plebiscito sobre o desarmamento, reeditando uma farsa gigantesca inventada para dissimular o criminoso desinteresse das autoridades em de fato reduzir a posse ilegal de armas. Que, aliás, não tem nada a ver com o caso.__Será que ninguém parou para indagar por que Wellington de Oliveira decidiu realizar seu ataque justamente na escola? O que o distingue de outros milhares de jovens humilhados, espancados e perseguidos cotidianamente senão a coragem (e, sim, a lucidez) para realizar aquilo que os outros apenas planejam por toda a vida? Ele não era uma vítima inocente, não merece nosso indulto. Mas é razoável lembrar que os professores, funcionários, parentes e alunos que toleraram as violências sofridas por Wellington durante anos foram, cúmplices de uma tragédia que poderia ter sido evitada.___ _http://www.guilherme.scalzilli.nom.br/

Avelino

Caro Azenha
A midia vive de escandalos, não interessa qual, uma enchente vira escandalo, depende com quem,tsunami escandalo, o assassinato coletivo no Realengo, escandalo, etc etc isso da muitas noticias, especialistas são entrevistados, compra-se mais jornais, assiste-se mais tv, são necessários catastrofes, Wall Street jamais será uma, isso é ofender a midia, tucanos idem.Mas são escandalos seletivos.
Saudações

Mário SF Alves

Por calamidade você inclui as toneladas e mais toneladas de anti-depressivos e congêneres que são anualmente comercializados no País?

GilTeixeira

esse texto me arremeteu à entrevista do pai da modelo que morreu na queda de um edifício em Portugal, o jornalista daqui perguntando ao reporter de lá sobre o que a policia achava que havia acontecido, e mesmo depois da reporter responder que lá em Portugal a polícia não fala sobre o que está investigando, não dá provas pra imprensa, só fala sobre o caso quando tterminar a investigação o jornalista daqui ficou inconformado. Na mesma toada o pai da menina ao ser questionado no dia seguinte pelo mesmo jornalista o pai respondeu: a imprensa aqui é diferente daí do Brasil: noticiaram o fato agora só retornam a ele quando o caso for totalmente investigado. Ou seja: sem ilações, teorias espatafúrdias, honras manchadas.

    Mário SF Alves

    Muito bom, Gil!

Pedro Germano Leal

Minutos depois que eu soube do massacre, eu fiz uma canção, gravei no celular e coloquei no youtube (foi a primeira vez que fiz algo assim):
http://www.youtube.com/watch?v=SASU60lFHXE

Foi um impulso, e só tem sentido vista assim. Mas o que me surpreendeu foram as reações contra mim, por falar da intolerância (de Bolsonaro, Malafaia, Serra etc.) e do papel da mídia muito bem comentado aqui.

renan

O sentimento de humilhação é terrível. Infla um ódio absurdo dentro da gente – sempre aquilo martelando na cabeça "eu não fiz nada para eles, pq eles me ofendem?"

Odiar é matar alguém "vcs se acham fortes mas eu poderia acabar com vcs com um tiro". Muita gente que sofre humilhação já pensou nisso e vendo os vários vídeos do matador passando pela mídia, um sentimento de gratidão pode gerar naqueles são humilhado ao seu novo mártir, o Welligton.

É o stopin para inflamar toda revolta contida na alma da pessoa. (Para saber o que é uma fúria criada através da humilhação veja o monólogo de Shylock do 'Mercador de Veneza' de Shakespeare).

A impressa não pode se calar. Deve mostrar o que aconteceu. Mas a forma e o interesse para fazer isso é o principal.

No youtube como capítulos de uma série ou documentário sobre massacre são lançados a todo momento vídeos de Welligton. E por quem? Pela jornal Folha de São Paulo (em HD, detalhe “chick” do jornal paulista). Logo nem a forma nem o interesse deste jornal é nobre: quer apenas views e para isso faz o papel sórdido de lançar sem critérios os vídeos em seu canal.

A impressa não deve se calar pq esse sentimento e desejo de destruição e revolta existe na população.

Esse rapaz parece algum personagem de Dostoievski, humilhado e ofendido, que cria uma teoria onde fica isento de culpa para cometer suas atrocidades (Raskolnikov, Smerdiakov, Chiagaliov ou Kirilov).

Talvez se Welligton tivesse lido alguma coisa como esses romances de Dostoievski seu ódio poderia ter sido dissipado. Pode parecer estranho mas é assim que a arte funciona. Ela nos faz encarar nossos medo de frente, nos atravessa e traz nossos sentimentos escondidos. Quantas vezes Álvaro de Campos não foi meu grito ou Drummond meu desabafo.

Que a mídia seja um caminho para que o homem moderno venha desabafar (além de se informar). Não fuja de suas responsabilidade. E não atice a ira dos humilhados.

    Mário SF Alves

    Brilhante, Renan. O apelo do Cristiano foi imensamente reforçado com seu comentário. Fora isso, aproveito a oportunidade para agradecer ao Azenha que, sem alarde, fez a síntese necessária.

    renan

    valeu Mário,
    postei esta reposta no meu blog, sem a ansia de responder logo o post aqui corrigi algumas coisas, vou manda o link para o texto, abs: http://dissoluto.wordpress.com/2011/04/17/copycat

Lucas Secanechia

A mídia, agora, indaga quem seriam os irmãos que o atirador se referia nos vídeos e cartas que produziu, daí insinuam que estes irmãos seriam islâmicos. Bem rídiculo, pois me parece claro que Wellington se referia a aqueles que ele considerava seus iguais, isto é, indivíduos solitários que sofreram no colégio maltratados pelos colegas. Que ambiguidade há nisso?

Hilda

Realmente está deprimente o tratamento de grande parte da mídia sobre o caso de Realengo. Estão dando muito destaque ao criminoso. Ele e sua ação estão estampadas em várias revistas. Tem muita gente por aí que vai tratá-lo com "vingador". Os destaques devem ser sobre como é fácil se obter arma, discussão sobre problemas psicológicos e seus tratamentos, sobre como ajudar esta Escola, seus alunos, pais e professores na superação desta dor.
E também acho que a sociedade brasileira tem que mudar, tem que se discutir o modo como estamos criando nossos filhos. Tenhos filhos em idade escolar e o que vejo no meu dia a dia é que muitas de nossas crianças são educadas como se fossem melhores que todas as outras, a maioria pode tudo, não pode ser contrariada e se o professor tenta corrigir algum comportamento inapropriado o pai vai na escola e toma satisfação. Coitado daquele que é "diferente" , "esquisito" diante dos olhos da massa. Vejo muitos pais e até professores tratarem como brincadeira de criança a humilhação de colegas. Isso tem que acabar. Eu dou carta branca para os professores dos meu filhos corrigirem no que for necessário. Não quero criar tiranos.

Gustavo Pamplona

Sem demagogias, pessoal… enquanto esta semana tivemos este caso e depois o PIG novamente tentou criticar o cronograma de obras para a Copa do Mundo e o chamado atraso nas obras de expansão dos aeroportos eu fico me lembrando de três tragédias que ocorreram no Brasil recentemente e ESTAS SIM é que DEVERIAM ter obras.

1 – A tragédia na região serrana do Rio e que ninguém mais fala daquilo.
2 – A tragédia das chuvas no Paraná que desabrigou centenas de pessoas.
3 – E é claro, os "pontos de alagamento" (segundo o PIG) da cidade de São Paulo.

Mas como sou de BH, então tecnicamente falando isto não me afeta e consequentemente também não me interesa muito.

E já que eu sou o mais "racional", o mais "realista" além de ser o mais "verdadeiro" dos leitores do "Vi o Mundo" também digo o seguinte:

Bom… como acabou a época das chuvas, então 2012 tá ai, ano que vem teremos mais pessoas desabrigadas, mais mortes e mais autoridades prometendo tomar providências.

    Hilda

    Você é o mais "modesto" também

    Pedro

    Você é, certamente, o mais engraçado!! hauhauhauhauhuha

Claudio

Seja bem vindo! The wonderful world!!!

damastor dagobé

e as corporações de oficio dos "psi" tentando obter mais mercado de trabalho defendendo sua contratação junto a rede publica de saude em nome do morticinio recente???? (fico pensando o que freudianos e lacanianos teriam a contribuir para a saude mental de pessoas que mal tem onde morar e o que comer) Como nao tem como serem todos empregados como "especialistas de prateleira" para dar pitaco sem noção na televisão…

    beattrice

    As associações de classe na área de saúde mental realmente denunciam a carência e as péssimas condições de atendimento na área em todo o país e no RJ em particular, o que certamente, a par do bullying, está na raiz do episódio de Realengo.

    Florival

    Parabéns,

    Damastor, sou psicólogo – de escola não psicanalista – e, como tal tenho sido insistente na impotência de um serviço de saúde mental diante dos fatores que sustentam tais crimes de "loucura". Você fez um dos comentários mais lúcidos que li até agora, desde que a tragédia veio à mídia.

    Fiz diversos comentários, alguns não publicados pelos motivos técnicos já explicados, apontando para a complexidade que assume o problema quando se consideram outras variáveis contextuais (macroambiente), como por exemplo a influência das relações de trabalho e falta de trabalho na vida familiar.

    Florival

    Parabéns,
    Você consegue ver que não há muito o que fazer a não ser dar solidariedade aos desamparados. A psicologia tem muito pouco a fazer diante das condições materiais em que estamos inseridos. Poucos têm acesso aos serviços públicos de saúde, parte dos profissionais não tem a qualificação necessária e o agentes de serviço – em especial os particulares que tomam contado dos CAPS, NASF, PSF e outros – pouco ou nada investem na formação dos ingressantes. Conheço muitos casos de pessoas, recém formadas que ingressaram no serviço público de saúde – saúde mental – e não tem sequer uma supervisão de suas atividades. Tenho alguns ex alunos nesta situação. Sou psicólogo há 30 anos, e sinto-me à vontade para fazer estas considerações. Trabalho em clínica particular há uns 20 anos e há uns 5 trabalho também com o ambiente corporativo. De pouco adianta ter profissionais ou serviços se outros recursos imprescindíveis não estão disponíveis. O ser humano não pertence ao psicólogo ou ao médico ou aos PSFs, se ele não puder ser tratado humanamente nos outros âmbitos da vida.

Luiz

espetacularização da midia:
tem sentido porque, de certo modo, a mídia faz apologia ao crime e incentiva seus espectadores "copycats" a tomarem certas atitudes para virarem capa de jornal. A globo é uma das principais responsáveis por isso, porque pra ela é FANTÁSTICO!!!
Melhor recurso é o controle remoto: TV BRASIL!

Helio Aguiar Filho

Alguem se lembra do caso da parturiente com depressao pos-parto (diagnostico nunca confirmado, que eu saiba) que atirou seu bebe na Lagoa da Pampulha?
Foi bastante explorado, notadamente por especialistas sempre dispostos a aperecer na TV e por videos, entrevistas de familiares, depoimentos de vizinhos, etc., etc…
Pois bem, aconteceram dois casos semelhantes na quinzena seguinte, um deles aqui em Salvador-Bahia.
A mae baiana, pelo que sei, aparentemente nao sofria de transtorno mental grave, estava apenas desesparada
e ansiosa. Felizmente, como em BH, o recem-nascido foi salvo.
Nao tenho duvida que a exploracao excessiva destes episodios geram reacoes em cadeia.
E que so o compromisso etico entre jornalistas pode evitar isto (ninguem e a favor de censura)
Tambem duvido muito que isto ocoorra…

José Antônio Cardoso

O Jornal da Band ( ao meu ver, a Band também faz parte deste tipo de mídia que combatemos) ontem, tomou uma atitude "sensata", não divulgar o(s) novo(s) vídeo(s) do atirador.

Mariana

O Azenha tocou num ponto interessante: a colaboração das Polícias com a mídia. Se a polícia fosse mais sigilosa em seu trabalho, a mídia não teria tantas informações.

    edv

    Verdade. Mas com baixo salário e uma graninha a mais pra dar uma colaboradinha…

bissolijr

quero lembrar o fato de que a mídia se transformou no mais poderoso instrumento de "fabricação" de subjetividades.
no Brasil a coisa toma proporções alarmantes, resultado da prostituição histórica dos poderes públicos com os negócios da elite, primeiro quanto a forma das concessões rádio/TV, depois em relação a fazer dos próprios negócios uma "agenda pública".
jornalista? o que é isso se não temos mais jornais, mas empresas inseridas no capitalismo.
não fosse a internet e seus blogs sujos, continuaríamos apenas desconfiando (como antes) dos interesses por trás das notícias. hoje podemos ter confirmação, graças a verdadeiros caçadores independentes (até onde isso for possível) de fatos.

    Florival

    A mídia sempre existiu enquanto algum espaço de exposição, formação e/ou informação. A distância entre os veículos midiáticos e o fatos concretos, transformados me objetos de trabalho, assumem o mesmo papel dos caças que, comandados por pilotos que não vêem e não conhecem suas vítimas, transformam-nas em objetos de trabalho, alvo para mostrar a eficácia profissional no uso do equipamento.

    A mídia não é um instrumento de fabricação de subjetividades e sim de objetividades, atos concretos, praticados por pessoas, algumas das quais fragilizadas pela falta de condições de lidar com a dor.

savio

não podemos esquecer das vítimas, dos pais das vítimas que só tem como tábua de salvação, a discussão que se faz sobre o assunto. pode haver o estímulo, sim, mas isso também ocorreria com o cinema, com vídeo games, (assuntos explorados por moore em seu tiros em columbine)

eu me lembro que às vésperas do referendo sobre a utilização ou não de armas no brasil, eu passei esse documentário em várias salas de aula. antes eu fazia uma pesquisa: quem é a favor das armas e sua comercialização, levanta a mão. sempre mais de 70% apoiava as armas; depois do filme, o apoio, na maioria das vezes, se reduzia a 30%, 25%, mais ou menos. isso é sociologia, temos que estudar sobre o assunto sim. devemos é fugir da espetacularização, com certeza. a do tipo pig…

Florival Scheroki

Muito lúcida a preocupação do leitor e pertinente o papel que o Azenha aponta para a polícia.
Seria bom passar esta mensagem ao Pentágono.
Tenho sido insistente quanto à natureza da "doença" do Wellington".

De fato, pelo ato cometido tudo leva a crer que o infeliz rapaz ADOECEU e DESENVOLVEU algum tipo de transtorno comportamental severo. Uma pena que só nos resta a história trágica para construirmos e reconstruirmos, para que os FATOS futuros sejam outros.

Roberto Locatelli

É a ânsia da mídia de vender jornais, revista, de aumentar a audiência, a qualquer preço – inclusive em vidas humanas.

Estudos mostram que 80% dos crimes desse tipo nos EUA são resultado de bullying (humilhação) aplicado contra pessoas perturbadas mentalmente. Por que a mídia não estimulou o debate sobre isso, ao invés de mentir descaradamente? Resposta: porque não dá audiência discutir bullying.

    Mário SF Alves

    Não dá audiência, e mais: contraria a agenda dela (da mídia). Ou, será que, de repente, a mídia estaria disposta a discutir modelo de sociedade? Se assim o fosse, teria de começar por apoiar e estimular a discussão sobre a lei de imprensa.

beattrice

A questão central, considerando a patologia subjacente que deu causa ao episódio de Realengo, seja ela qual for, constitui a incorporação deste dado, e dos demais, ao "circuito cultural" ou à "memória coletiva" do país.
A partir daí, outras pessoas podem progressivamente incorporar este traço em eventual surto, desencadeando novas tragédias.
Seria de grande valia portanto centrar o debate nas péssimas condições da rede básica de saúde mental neste país. Com ênfase nas condições ainda piores do setor público, que sobrevive graças ao oxigênio de idealistas.

    Augusto Barros

    Saúde mental no Brasil é calamidade extrema. Até mesmo as clínicas psiquiátricas privadas vivem uma situação de calamidade, que podemos dizer das públicas…

    O prenconceito contra o doente mental no Brasil é extremo. O doente mental é visto ou como "culpado" pelos seus surtos (como se ele tivesse culpa dos desequilíbros químicos no seu cérebro), ou como um inútil irrecuperável que não merece a chance de tentar levar uma vida minimamente normal.

    Por esse preconceito, ninguém se preocupa com a situação da rede de atenção à saúde mental. Só quem se preocupa é quem tem um parente que é doente mental.

    Florival

    Augusto, não sabemos ao certo o que é doença mental. Melhor, é um jeito de criar leprosos mentais, mas diferentemente da lepra medieval, estamos no campo do comportamento, cuja etiologia e cuidado são disputados por áreas acadêmicas, enquanto os transtornados tornam-se epidêmicos. Admirável mundo velho, que de novo t~em a a química para controle enquanto na idade média eram outras as camisas de força e etiologia, mas mantemos os mesmos olhares reducionistas. Será o medo?

    César Pires

    É esse discurso supostamente "moderno" de negar que a doença mental é um problema neuroquímico que mais prejudica as pessoas portadoras de doenças mentais.

    É esse discurso que serve para justificar a falta de ação do Estado no fornecimento de atendimento médico-psiquiátrico e medicação gratuita aos portadores de doença mental.

    O direito do portador de doença mental de ter acesso gratuito aos medicamentos de que necessita, fornecidos gratuitamente pelo Estado, é colocado em questão graças a pessoas que ficam com esse discurso supostamente muito "moderno" de questionar as bases químicas da doença mental.

    Engraçado que ninguém questiona que o bêbado se comporta de forma diferente da pessoa sóbria em virtude da ação química do álcool no cérebro. Isso ninguém questiona, pois é uma coisa mais do que óbvia.

    Mas na hora de reconhecer que a doença mental tem base neuroquímica, aí querem questionar. O Estado mínimo agradece, pois assim não tem que fornecer atendimento médico-psiquiátrico e nem medicação gratuita.

    Florival Scheroki

    Sua comparação com o bêbado é descabida, equivocada e carece de fundamentação. Álcool não causa alcoolismo e nem causa transtornos comportamentais. o álccol, quando muito, é utilizado como remédio impróprio – e em alguns casos o único disponível – para tratar da dor decorrente da vida em contextos igualmente ou mais ainda, impróprios.

    Os remédios, em geral, podem mascarar outros determinantes da dor humana, na medida em que colocam dentro do indivíduo (sua neuroquímica) a origem de sua desgraça. É no mínimo medieval esta concepção de doença como algo neuroquímico a ser corrigido. A química pode e deve ser usada sempre que for para facilitar o enfrentamento das causas subjacentes á dor (em geral sociais).

    Nunca presenciei tanta distribuição de medicação psicoativa pelo serviço público como atualmente. O estado está distribuindo mesmo, aliviando a dor, mas é preciso, também, tratar das causas subjacentes.

    A idéia de que se antidepressivos aliviam os sintomas de depressão atuando sobre a estrutura A ou B, nos neurotransmissores alfa ou beta, é pobre, reducionista e antihumana. O estado distribui remédios, repito. Falta distribuir mais outras coisas, inclusive uma educação médica em saúde mental condizente com a natureza humana.

    Colega, pare de ler bulas de remédios e e de receber representantes de laboratórios e poderá contribuir para o bem social. Remédios químicos podem, devem e são usados, enquanto não se pode alcançar um nível controle sobre outros fatores determinantes que estão severamente afetados e que requerem mais tempo para serem cuidados.

    César Pires

    Medieval é a concepção de que doença mental grave, como a esquizofrenia, NÃO é causada por disturbios neuroquímicos.

    A ciência já avançou o suficiente para comprovar que doenças desse tipo são causadas por distúrbios nos neurotransmissores.

    A comparação com o álcool é perfeita. Basta ingerir uma moderada dose de álcool para o comportamento da pessoa mudar substancialmente, o que comprova que uma simples alteração na química cerebral determina alterações de comportamento e raciocínio.

    Só quem é parente de alguém que realmente tem uma doença mental (como eu sou), tem experiência suficiente para comprovar na prática como tudo se resume à química do cérebro, e como não existe solução para o problema fora da medicação psiquiátrica, que é a única coisa capaz de permitir ao doente levar uma vida relativamente normal.

    beattrice

    Essa visão de que as intervenções neuroquímicas não passam de camisa de força moderna remonta ao advento do haloperidol.
    Depois disso, a neuroquímica psiquiátrica evoluiu um bocadinho, convenhamos.
    Essa análise é descabida e despropositada.

    beattrice

    Aliás vale a pena lembrar os duros golpes sofridos pela área de atuação, saúde mental, quando a pretexto de atender a luta antimanicomial, justíssima, esvaziou-se o atendimento público, sem nenhuma rede de apoio e proteção, despejando os doentes literalmente na rua, pois na grande maioria das vezes as famílias, não podem ou não conseguem entender e adequar-se à situação.

    Florival

    O que poderá fazer a rede básica diante do poderio da mídia? Alguma coisa, com certeza, mas não podemos ser onipotentes. Há muitas limitações ainda, embora menos do que há uma década atrás.

    Parafraseando sua expressão "memória coletiva", eu diria que naturalmente somos seres de memória e imitadores e que, de fato episódios assim podem ser incorporados às práticas, como ocorrem com diversas modalidades de delitos – ex: sequestros relâmpagos. Enquanto a coisa está na subjetividade, fora do âmbito da atuação, ainda é possível evitar, tratar os determinates pesoais e sociais. Um destes determinantes é a exposição a certos tipos de veiculação pela mídia.

    beattrice

    Comparar o caso de Realengo com crime de sequestro-relâmpago, sinceramente, absurdo.

    FrancoAtirador

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    O governo federal em vez de ficar criando "redes tico-tico",

    deveria promover uma grande ação nacional conjunta unificada,

    integrando os Ministérios da Educação, da Saúde e da Justiça,

    para a profilaxia e tratamento das doenças de natureza psicológica,

    inclusive com a participação da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)

    já que tais enfermidades assolam o país de norte a sul e de leste a oeste.
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