O pensamento de FHC analisado por Millôr Fernandes

Tempo de leitura: 6 min

FHC

8 de abril de 2010

do Esquerdopata, sugestão de Marlene Zornitta

LIÇÃO PRIMEIRA

De uma coisa ninguém podia me acusar — de ter perdido meu tempo lendo FhC (superlativo de PhD).

Achava meu tempo melhor aproveitado lendo o Almanaque da Saúde da Mulher.

Mas quando o homem se tornou vosso Presidente, achei que devia ler o Mein Kampf (Minha Luta, em tradução literal) dele, quando lutava bravamente, no Chile, em sua Mercedes (“A mais linda Mercedes azul que vi na minha vida”, segundo o companheiro Weffort, na tevê, quando ainda não sabia que ia ser Ministro), e nós ficávamos aqui, numa boa, papeando descontraidamente com a amável rapaziada do Dops-DOI-CODI.

Quando, afinal, arranjei o tal Opus MagnoDependência e Desenvolvimento na América Latina — tive que dar a mão à palmatória.

O livro é muito melhor do que eu esperava.

De deixar o imortal Sir Ney morrer de inveja.

Sem qualquerpartipri, e sem poder supervalorizar a obra, transcrevo um trecho, apanhado no mais absoluto acaso, para que os leitores babem por si:

Apoie o VIOMUNDO

“É evidente que a explicação técnica das estruturas de dominação, no caso dos países latino-americanos, implica estabelecer conexões que se dão entre os determinantes internos e externos, mas essas vinculações, em que qualquer hipótese, não devem ser entendidas em termos de uma relação “casual-analítica”, nem muito menos em termos de uma determinação mecânica e imediata do interno pelo externo. Precisamente o conceito de dependência, que mais adiante será examinado, pretende outorgar significado a uma série de fatos e situações que aparecem conjuntamente em um momento dado e busca-se estabelecer, por seu intermédio, as relações que tornam inteligíveis as situações empíricas em função do modo de conexão entre os componentes estruturais internos e externos. Mas o externo, nessa perspectiva, expressa-se também como um modo particular de relação entre grupos e classes sociais de âmbito das nações subdesenvolvidas. É precisamente por isso que tem validez centrar a análise de dependência em sua manifestação interna, posto que o conceito de dependência utiliza-se como um tipo específico de “causal-significante’ — implicações determinadas por um modo de relação historicamente dado e não como conceito meramente “mecânico-causal”, que enfatiza a determinação externa, anterior, que posteriormente produziria ‘conseqüências internas’.”

Concurso – E-mail:

Qualquer leitor que conseguir sintetizar, em duas ou três linhas (210 toques), o que o ociólogo preferido por 9 entre 10 estrelas da ociologia da Sorbonne quis dizer com isso, ganhará um exemplar do outro clássico, já comentado na primeira parte desta obra: Brejal dos Guajas — de José Sarney.

LIÇÃO SEGUNDA

Como sei que todos os leitores ficaram flabbergasted (não sabem o que quer dizer? Dumbfounded, pô!) com a Lição primeira sobre Dependência e Desenvolvimento da América Latina, boto aqui outro trecho — também escolhido absolutamente ao acaso — do Opus Magno de gênio da “profilática hermenêutica consubstancial da infra-estrutura casuística”, perdão, pegou-me o estilo.

Se não acreditam que o trecho foi escolhido ao acaso, leiam o livro todo. Vão ver o que é bom!

Estrutura e Processo: Determinações Recíprocas

“Para a análise global do desenvolvimento não é suficiente, entretanto, agregar ao conhecimento das condicionantes estruturais a compreensão dos ‘fatores sociais’, entendidos estes como novas variáveis de tipo estrutural. Para adquirir significação, tal análise requer um duplo esforço de redefinição de perspectivas: por um lado, considerar em sua totalidade as ‘condições históricas particulares’ — econômicas e sociais — subjacentes aos processos de desenvolvimento no plano nacional e no plano externo; por outro, compreender, nas situações estruturais dadas, os objetivos e interesses que dão sentido, orientam ou animam o conflito entre os grupos e classes e os movimentos sociais que ‘põem em marcha’ nas sociedades em desenvolvimento. Requer-se, portanto, e isso é fundamental, uma perspectiva que, ao realçar as mencionadas condições concretas — que são de caráter estrutural — e ao destacar os móveis dos movimentos sociais — objetivos, valores, ideologias —, analise aquelas e estes em suas relações e determinações recíprocas. (…) Isso supõe que a análise ultrapasse a abordagem que se pode chamar de enfoque estrutural, reintegrando-a em uma interpretação feita em termos de ‘processo histórico’ (1). Tal interpretação não significa aceitar o ponto de vista ingênuo, que assinala a importância da seqüência temporal para a explicação científica — origem e desenvolvimento de cada situação social — mas que o devir histórico só se explica por categorias que atribuam significação aos fatos e que, em conseqüência, sejam historicamente referidas.

(1)  Ver, especialmente, W. W. Rostow, The Stages of Economic Growth, A Non-Communist Manifest, Cambridge, Cambridge University Press, 1962; Wilbert Moore, Economy and Society, Nova York, Doubleday Co., 1955; Kerr, Dunlop e outros, Industrialism and Industrial Man, Londres, Heinemann, 1962.”

Comentário do Millôr, intimidado:

A todo momento, conhecendo nossa precária capacitação para entender o objetivo e desenvolvimento do seu, de qualquer forma, inalcançável saber, o professor FhC faz uma nota de pata de página.

Só uma objeçãozinha, professor.

Comprei o seu livro para que o senhor me explicasse sociologia.

Se não entendo o que diz, em português tão cristalino, como me remete a esses livros todos? Em inglês!

Que o senhor não informa onde estão, como encontrar.

E outra coisa, professor, paguei uma nota preta pelo seu tratado, sou um estudante pobre, não tenho mais dinheiro.

Além  do que, confesso com vergonha, não sei inglês.

Olha, não vá se ofender, me dá até a impressão, sem qualquer malícia, que o senhor imita um velho amigo meu, padre que servia na Paróquia de Vigário-Geral, no Rio.

Sábio, ele achava inútil tentar explicar melhor os altos desígnios de Deus pra plebe ignara do pequeno burgo e ensinava usando parábolas, epístolas, salmos e encíclicas.

E me dizia: “Millôr, meu filho, em Roma, eu como os romanos. Sendo vigário em Vigário-Geral, tenho que ensinar com vigarice”.

LIÇÃO TERCEIRA

Há vezes, e não são poucas, em que FhC atinge níveis insuperáveis.

Vejam, pra terminar esta pequena explanação, este pequeno trecho ainda escolhido ao acaso.

Eu sei, eu sei — os defensores de FhC, a máfia de beca, dirão que o acaso está contra ele. Mas leiam:

“É oportuno assinalar aqui que a influência dos livros como o de Talcot Parsons, The Social System, Glencoe, The Free Press, 1951, ou o de Roberto K. Merton, Social Theory and Social Structure, Glencoe, The Free press, 1949, desempenharam um papel decisivo na formulação desse tipo de análise do desenvolvimento. Em outros autores enfatizaram-se mais os aspectos psicossociais da passagem do tradicionalismo para o modernismo, como em Everett Hagen, On the Theory of Social Change, Homewood, Dorsey Press, 1962, e David MacClelland, The  Achieving Society, Princeton, Van Nostrand, 1961. Por outro lado, Daniel Lemer, em The Passing of Traditional Society: Modernizing the Middle East, Glencoe, The Free Press, 1958, formulou em termos mais gerais, isto é, não especificamente orientados para o problema do desenvolvimento, o enfoque do tradicionalismo e do modernismo como análise dos processos de mudança social”.

Amigos, não é genial? Vou até repetir pra vocês gozarem (no bom sentido) melhor: “formulou (em termos mais gerais, isto é, não especificamente orientados para o problema do desenvolvimento) o enfoque (do tradicionalismo e do modernismo) como análise (dos processos de mudança social)”.

Formulou o enfoque como análise!

É demais! É demais! E sei que o vosso sábio governando, nosso FhC, espécie de Sarney barroco-rococó, poderia ir ainda mais longe.

Poderia analisar a fórmula como enfoque.

Ou enfocar a análise como fórmula.

É evidente que só não o fez em respeito à simplicidade de estilo.

Tópico avulso sobre imodéstia e pequenos disparates do eremita preferido dos Mamonas Assassinas.

Vaidade todos vocês têm, não é mesmo? Mas há vaidades doentias, como as das pessoas capazes de acordar às três da manhã para falar dois minutos num programa de tevê visto por exatamente mais ou menos ninguém.

Há vaidades patológicas, como as de Madonas e Reis do Roque, só possíveis em sociedades que criaram multidões patológicas.

Mas há vaidades indescritíveis.

Vaidade em estado puro, sem retoque nem disfarce, tão vaidade que o vaidoso nem percebe que tem, pois tudo que infla sua vaidade é para ele coisa absolutamente natural. Quem é supremamente vaidoso, se acha sempre supremamente modesto.

Esse ser existe materializado em FhC (superlativo de PhD). Um umbigo delirante.

O que me impressiona é que esse homem, que escreve mal — se aquilo é escrever bem o meu poodle é bicicleta — e fala pessimamente — seu falar é absolutamente vazio, as frases se contradizem entre si, quando uma frase não se contradiz nela mesma, é considerado o maior sociólogo brasileiro.

Nunca vi nada que ele fizesse (Dependência e Desenvolvimento na América Latina, livro que o elevou à glória, é apenas um Brejal dos Guajas, mais acadêmico) e dissesse que não fosse tolice primária.

“Também tenho um pé na cozinha”, “(os brasileiros) são todos caipiras”, “(os aposentados) são uns vagabundos”, “(o Congresso) precisa de uma assepsia”, “Ser rico é muito chato”, “Todos os trabalhadores deviam fazer checape”, “Não vou transformar isso (a moratória de Itamar) num fato político”. “Isso (a violência, chamada de Poder Paralelo) é uma anomia”. E por aí vai.

Pra não lembrar o vergonhoso passado, quando sentou na cadeira da prefeitura de São Paulo, antes de ser derrotado por Jânio Quadros, segundo ele “um fantasma que não mete mais medo a ninguém”.

Eleito prefeito, no dia seguinte Jânio Quadros desinfetou a cadeira com uma bomba de Flit.

E, sempre que aproxima mais o país do abismo no qual, segundo a retórica política, o Brasil vive, esse FhC (superlativo de PhD) corre à televisão e deita a fala do trono, com a convicção de que, mais do que nunca, foi ele, the king of the black sweetmeat made of coconuts (o rei da cocada preta), quem conduziu o Brasil à salvação definitiva e à glória eterna.

E que todos querem ouvi-lo mais uma vez no Hosana e na Aleluia. Haja!

Millôr Fernandes

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Comentários

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marco

Não foi a toa,que ao defender tese para seu DOUTORADO,o ilustre personagem se deslocou para o sul do Brasil,para PARODIAR UM EX MINISTRO DE NAPOLEÃO BONAPARTE,que por aqui esteve,e deixou algo escrito.Algo relacionado ao negro no sul do Brasil.

Virmondes Campos Júnior

Ele quis dizer … não sei.

Paulo

Que falta faz o Esquerdopata

Renata

Gostei por um motivo pessoal: em 79 mais ou menos, na abertura política, correu pela USP (onde eu tinha feito a mesma faculdade do FHC) a grande notícia: FHC vai falar aqui na USP!! Eu e meu então companheiro, que fazia ciência política, fomos ouvir o FHC!! No meio da palestra, eu falei: “esse é o famoso FHC?!”. Fiquei tão decepcionada: o homem falava, falava e não dizia nada. Me senti um peixe fora d’água por pensar isso do grande sociólogo, que desde então tornou-se para mim o ociólogo do Millôr. Tudo bem, pode ser que eu não tenha entendido, dadas as minhas limitações, sempre é uma possibilidade :)

    Humberto Borges

    Eu também estive como aluno em uma aula/palestra dele na Ciências Sociais da USP no início dos anos 80. Não entendi patavinas sobre sociologia e ciência política, pode ser por minha falha de compreensão, mas entendi muito bem sua intenção política de se candidatar e participar do “jogo político” institucional.
    Ele na verdade não estava dando qualquer aula e sim fazendo propaganda política eleitoral, para ganhar eleitores universitários, ser suplente do Montoro que em 1982 iria ser governador de São Paulo e deixar o cargo de Senador para ele, o palestrante ociólogo.

maria luiza

29/06/2013

Apresente-me um político competente e eu voto nele, tá?
Esquerda ou direita parece-me que estamos caminhando para o abismo.
Também não sou fã do FHC mas, acho que muita gente é, como sabem o homem acabou de ser eleito para a Academia, assim como o dono do Maranhão.
Resta-nos pelo menos, a vantagem(segundo suas próprias palavras)dele não se candidatar mas, em compensação o que temos de políticos safados (apoiadores do mensalão) querendo se candidatar e ser reeleito basta para acabar com este país.

    Aline C. Pavia

    Qual mensalão, filha? O mensalão tucano conduzido por Eduardo Azeredo et caterva, uns 90 réus, uns 90 bilhões? O que tem de eleitor idiota doidinho pra votar nessa corja não está escrito. São os idiotizados acéfalos mais preocupados com o holerite do Dirceu do que com meia tonelada do cocainocóptero. Boa noite, filha.

jofran oliva

Queria ver Fhc falar esse texto em discurso pró Serra e depois dançar o "rebolation", o homem é o maio "enrolation" que já apareceu neste país. Simplesmente deu sorte com o plano Real, feito pelos economistas Pérsio Arida e outro, que ele diz ser dele, e com isso conseguiu se eleger duas vezes, deixando o Brasil no caos. Agora morre de inveja do Lula, que discursa mil vezes melhor que ele, é melhor político e muito melhor administrador.

Nanda

Genial o texto do Millô!
Os textos escolhidos aleatoriamente da glória do livro do FhC denotam o quanto o príncipe dos sociólogos, enrola para dizer nada. Do nada para lugar nenhum!

Pitagoras

Perdão aos colegas comentaristas pela repetição ad nauseam do mesmo comentário abaixo.
Não sei de é culpa da Internet bunda larga e high price, do provedor rastaquera, da concessionária privada (algo a ver com banheiro?)…
Aliás gostaria de ver o Azenha puxar o tema: qualidade ( ou a falta de), o preço extorsivo e os lucros recordes da internet brazuca.

Pedro

Quando escreveu essas coisas, o Fernandinho era um poderoso intelectual. Nunca foi um intelectual poderoso. Seu poder vinha de outras plagas. Sua dor, aquela que se revela quando se passa a mão na testa, é o que ilumina toda a sua inteligência contra o Lula.

Germano Leite

Cumpanhêros, a estrutura de dominação é como quando o Real Madri, O Barça e o Manchester vêm aqui e levam nossos craques todos, e temos que ver futebol pela SportTV. Externamente, eles se apropriam da nossa arte interior, o futebol. Mas agora nós damos o troco, trazendo o Ronaldo e o Roberto Carlos de volta pro meu Curintias, o Adriano pro Mengão, o Robinho pro Santos… "Os caras" somos nós de novo. E o colorado, lá do sul – onde a dominação externa diz que a cumpanhêra Dilma só tem 20% de intenção de voto -, é Campeão do Mundo em cima do poderoso Barça!
Entenderam agora?

Luiz Inácio

Pitagoras

Millor, mereces uma estátua em cada praça pública deste país (ainda existem?)

Quanto ao fugitivo fhc, afinal não é êle o inventor do nhen nhen nhen?

Pitagoras

Millor, mereces uma estátua em cada praça deste país (ainda existem?).

Pitagoras

Millor, mereces uma estátua em cada praça deste país (ainda existem?).

Quanto ao "fugitivo" fhc, afinal não foi ele o inventor do "nhen nhen nhen"?

sergio ribeiro

Bom, nunca fui fã de FHCPHD, mas esse blablablá todo não difere muito do que se habitualmente vê nas melhores universidades do país: os textos não só de Sociologia como de outras disciplinas vão todos por aí. Me recordo de aulas em que se discutia Adorno, Deleuze, Foucault, em que se tirávamos muito proveito, mas muita vezes, ficava-se com a nítida impressão de discutirmos aonde ficava a terceira margem do rio.

P.s.: ociólogo é ótimo.

João

Deve ser por isto, pela qualidade de seus escritos, que D. Fernando Henrique – o Príncipe dos Sociólogos – pediu: "esqueçam o que escrevi!"

    valéria v santos

    E será o FHC quem fará a palestra de abertura da FLIP este ano…Eleitoral!

Gão

Ta aí a origem do tucanês! kkkk "A dependência não é necessariamente um fator vindo de fora, mas fruto do um processo histórico interno." ta vendo ? uma linha contra 12! cadê meu diploma da sorbone ? também quero!

Francisco

Vocês estão pensando que o FHC é pouca merda? Êle é penico cheio!

    Paulo

    Francisco !!!

    Teu comentario eh perfeito e (quase) tao brilhante ( disse em meia duzia de palavras o que o texto inteligente disse com centenas) quanto Millor. FHC eh o obvio ululante.

    No caso…te plagiando….o penico cheio de merda que fede em qualquer nariz pensante.

Mauro

Acho que a única coisa verdadeira nesse livro é a data assim como nos Jornais
coisas de MILOOR

PG Couto

Sei não, o texto não me está parecendo do Millôr…

Vania Cury

Simplesmente, sensacional! Que saudades do Millôr!

alaor

FhC como superlativo de PhD é muito bom.
Millor sacaneia quando pede para sintetizarmos umas das passagens aleatórias que comentou. Não dá sequer para entender.
Isso dá uma explicação para o fato dele, FhC, ter pedido para que esuqecêssemos o que escrevera. Ele não é capaz de lembrar o que quis dizer com aquele texto. Visto que é impossível entendê-lo, jamais conseguiremos resgatar a mensagem enterrada por aquele código.
Desculpe Felipe, comentarista lá de cima, não é porque não consigo entender o que meu médico escreveu na receita, que vou deixar para lá. Escrever ruim é escrever ruim, seja em que área for.

Klaus

Millor é gênio. Em tudo que escreve. Único, igual a seu nome.

Felipe

Façam o exercício: pincem trechos dos tratados sociológicos, por exemplo, de Florestan Fernandes, e vejam se a impressão é muito distinta. Não é. O texto de sociologia acadêmica – apreciemo-lo ou não, compreendamo-lo ou não – tem suas particularidades, e os trechos selecionados por Millôr não trazem nada de especialmente problemático (salvo uns errinhos de digitação que ajudam a comprometer a leitura). Ademais, tentem encontrar, em artigos acadêmicos de física, biologia, direito, engenharia, medicina, a mesma facilidade de leitura e compreensão do argumento que se acham em textos jornalísticos. Não encontrarão. Mas ocorre que, à diferença de outras disciplinas, a sociologia discursa acerca da mesma realidade sobre a qual todos nós nos sentimos autorizados a pensar (e de fato estamos): a sociedade em que vivemos e agimos. Com isso, a disciplina sociológica, mais do que as outras, evidencia sua distância em relação ao sentido comum – pois, com este, procuramos dar conta dos mesmos fenômenos que ela estuda. Se as coisas são assim, não é pela via aqui ensaiada que chegaremos a críticas consistentes à figura de FHC. Quando pronunciou o famoso "esqueçam o que escrevi", o sociólogo-presidente tinha em mente a transformação do mundo nas últimas décadas do século XX. Isso, a seu ver, tornaria ultrapassada a teoria da dependência que ele próprio ajudara a construir. A ideia é questionável, mas continuar investindo em distorcê-la ao infinito, e em fazer da teoria em questão um saber inalcançável, não ajuda em nada a entender os desenvolvimentos da sociedade sul-americana em que vivemos. Quem, de olho no quadro pré-eleitoral, prefere o caminho da sátira, está em seu pleno direito. Mas convém que, ainda face a esse quadro, esteja alerta ao fato de que o pensamento do adversário está longe de ser vazio. A propósito: nunca votei em FHC, na legenda PSDB ou em qualquer filiado a esse partido, nem pretendo fazê-lo. Vejo-me, portanto, como tão adversário dessa gente quanto os que encontram graça – e apenas graça – no esforço de politizar a atenção corrosiva dedicada por Millôr à sociologia de sua ex-excelência.

    João Aguiar

    certin, Felipe, apesar de uma parcela de críticos acharem que a teoria da dependência já nasceu ultrapassada, o discurso é realmente vazio e pior, deixaram o moço com a brocha na mão. Quanto ao texto, prefiro o millor rs

    luis

    Prezado, sou sociólogo e o besteirol ali escrito tem mais um sentido metodológico, do que sociológico. Poderia ter sido escrito com duas frases. Aliás, a citação de Rostow alí é incompreensível. Ou melhor, para um charlatão se justifica.

Mateus

Caramba! Realmente e mais muito mais fácil entender a teoria da relatividade de Eisnten do que entender o que FHC escreveu.

    Jérson

    Acho que foi por isso que ele pediu que esquecessem tudo que ele escreveu!

    Ivanir Ferreira

    Rolando Lero da escolinha perde longe para esse embromador.

francisco.latorre

a parte que interessa mesmo… o 'texto' do cardoso vaidoso fordfoundation…

é do italiano 'co-autor' faletto.

até pra enganar o cara precisou de ajuda.

os 'escritos' do intelectuoso ser já eram piada na época de opinião-movimento.

o colega que apreciava a gororoba era desdenhado.

piada o figura.

incrível. muito incrível a 'carreira' de intelectual-fake-trash do cardoso vaidoso.

o cara passou mesmo por 'intelectual'.

essas fundações da cia fazem milagres.

e afinal vale tudo pra fazer um presidente do brasil.

o melhor que os usamerika já fizeram. melhor pra eles. ótimo. pra eles.

esses países-corporation planejam tudo a longo prazo.

uma coisa assim… bush-obama.

se é que entendem.

Malu

O Millôr, que foi um dos fundadores do saudoso Pasquim, agora milita na Veja, que é o maior símbolo do PiG. Acredito que esse artigo seja antigo, dos tempos em que FHC era presidente.Ele critica essa baboseira por ser muito prolixa, mas despreza o Lula por ser direto. Desculpem, mas esse cara não é nenhum herói, só quer sobreviver, agradando aos patrões. Estou cheia de gente que já foi esquerda um dia, e agora virou direita extrema. É melhor esquecer também o que esse cara disse.

    Ubaldo

    "Estou cheia de gente que já foi esquerda um dia, e agora virou direita extrema."

    Interessante Malu é que não conheço ninguém de direita que guinou para a esquerda. Seria o amadurecimento?
    Conheço um que é ambidestro. Para assuntos internos, direita. Para assuntos externos, esquerda.

    Alberto Silva

    Pior é q tem gente q não se classifica,pois a "história já acabou", né?

    @halemaojp

    Ubaldo, não seria pelo fato de ser muito fácil querer socializar e democratizar o poder e os meios de produção enquanto não os tem? No momento que passa-se a ter e poder é que realmente conhecemos quem já foi esquerda não por mero oportunismo e sim por acreditar numa outra forma de organização social.

    marcio

    roberto freire

    Dvorak

    "Não conheço ninguém de direita que guinou para a esquerda. Seria o amadurecimento?".
    Eu também não conheço ninguém assim. Mas não acho que seja amadurecimento e sim comodismo. Afinal, destruir é mais fácil que construir.

luis

Irrita-me profundamente a burrice do Millôr. É complexo, mas é possível traduzir FHC para o português.
No primeiro texto destacado, aquele amontoado de letras, palavras, frases e orações queria dizer o seguinte: "nem o de fora faz o de dentro, nem o de dentro faz o de fora". Em termos filosóficos seria: "Tudo no universo se relaciona". Inclusive um "pum" dado na China repercute num vendaval nos EUA. É isso que o "Magnífico" quis dizer. A isso chamamos hiper-dialética.
O segunto trecho destacado pelo Millôr pode ser assim explicado: O universal, o particular e o singular têm conexões mútuas. Simples. Aliás, Hegel concorda com FHC.
Recomendo ao Millôr um curso por correspondência, ministrado pela Regina Duarte: "Como interpretar FHC".

Ubaldo

Ainda que o texto original tenha sido escrito em inglês e traduzido pelo Google Tradutor, o que lhe confere algumas imperfeições, não deixa de ser curioso a maneira extremamente prolixa que FHC escreveu. A linguagem rebuscada, cheia de prosopopéia parece dizer que o livro tenha sido escrito para poucos pacientes e que o autor tenta através dessa verborréia manter segredos. Se eu fosse escritor procuraria ser o mais claro possível para que minha obra pudesse alcançar o maior número de pessoas. Essa face do FHC é típica do complexo de condor. Esse mesmo: com dor nas costas, com dor nas pernas… no popular: velhice!
O Millor é o cara!

    Mauro de Oliveira

    Rapaz, você só diz besteira. Essa do condor, de tão velhe e ridícula, tipifica sua cabeça de prego.

Daniel Roiha

É o rei do Embromeixon!!! Hahahahahaha
Não é à toa que ele quer a liberação das drogas, só chapado pra entender um texto desse!!!

José A. de Souza Jr.

Parece tratar-se de um pedido de emprego a um fabricante de mangueiras. O interessado apenas está interessado em demonstrar que sabe enrolar.

NELSON NISENBAUM

Irretocável. Millor em um de seus máximos. Altamente recomendado para pós-graduandos em fernandohenriquelogia.

José

Divertidíssimo… FHC, O Ociólogo Embromador – caiuy a ficha e aí pediu: "esqueçam o que escrevi"…
.
Alguém aí leu a tese do "doutor em Economia" José Serra, na Princeton, em 1977?
De que trata?
Foi traduzida?

    Caco

    Com todo respeito a quem escreveu esse texto e ao editor do Viomundo, usar o Millor para criticar o FhC é muito perigoso.
    Basta ver que ele escreve para a Veja… E tem posicoes extremadas sobre o governo poupular e democrático do Presidente Lula.
    Dias atrás disse que a Dilma nao vai se eleger…
    Esse negócio de inimigo do meu inimigo é meu amigo pode ser perigoso.
    Se endossar esse texto significa automaticamente endossar todo o resto???

    Perigoso!!!

    francisco.latorre

    millor…

    garoto propaganda gm.

    gm ecológico.

    isso tem anos.

    millor não existe mais. tá no limbo. com um certo caetano.

    pra mim é abdução. invasores de almas. amante dispendiosa.

    uma dessas.

luca brevuiglieri

"Oras Bolas" de Arapuã tras a fina flor dos politicos e seus discursos.O avo do Gov. Aécio Neves éra de uma capacidade
igual ao do Sr.FHC.Era capaz de falar 30minutos e não falar nada. Tancredo Néves era como o Aécio é hoje.

francisco.latorre

millor foi abduzido.

    francisco.latorre

    millor fernandes é um fóssil. zoombi.

    e o gullar. e joão ubaldo. e caetano.

    ___

    o tempo passou. tem gente que não viu.

José Carlos

Traduzindo: vamos torrar o patrimonio do Brasil; vamos deixar o povo da miséria e vamos (os demo tucanos), nos esbaldar nos restaurantes finos da Europa e dos EUA. Além de traira, é incompetente e cínico.

@hugohagogo

O livro do FHC parece que foi escrito com o Fabuloso Gerador de Lero Lero:http://padrelevedo.hpg.ig.com.br/lerolero/leroler
Não tem começo, meio nem fim. Somene papo furado e desperdicio de papel.

    Marcos

    Eu ia dizer o mesmo.
    É impressionante a semelhança.
    Vai ver que os criadores do lero-lero se inspiraram no livro de FHC.

    daniel

    Eu ia postar isso! Você foi mais rápido!
    Aqui vai um parágrafo gerado pelo FHC, ops quer dizer, Lero-lero (Perceba que bate com o tema haha)

    "Estratégias para Vitória de José Serra

    No mundo atual, a complexidade dos estudos efetuados auxilia a preparação e a composição das direções preferenciais no sentido do progresso. O cuidado em identificar pontos críticos na determinação clara de objetivos cumpre um papel essencial na formulação dos conhecimentos estratégicos para atingir a excelência. Assim mesmo, a consulta aos diversos militantes exige a precisão e a definição dos procedimentos normalmente adotados. No entanto, não podemos esquecer que o aumento do diálogo entre os diferentes setores produtivos desafia a capacidade de equalização dos paradigmas corporativos. É importante questionar o quanto o novo modelo estrutural aqui preconizado garante a contribuição de um grupo importante na determinação dos métodos utilizados na avaliação de resultados. "

Cecéu

Os textos, grafados no melhor estilo do famoso "Tucanês" (com um agravante: Tucanês Uspiano) do macaco Simão, merecem a apreciação da Tia Zulmira, professora de português, sequestrada do seu criador folhista a bem do povo brasileiro. Tia Zulmira acha que o que o FHC quis dizer foi simplesmente: "Vamos entregar tudo aos gringos, cambada!"

    Carlos

    A "madrasta do texto ruim" tá na linha?

Cândido Neto

Sensacional, o Millor é simplesmente o máximo. E não podemos deixar de reconhecer o trabalho que deu para ele, Millor, concluir esse texto, pois haja estômago para ler o que pediram para esquecer.

Ivanah

Não sou analfabeta funcional e não entendi…hilário…pensa que é brilhante…

Alberto

Muito engraçada a análise sociológica da imponderável leveza do ser fernandista, em seu discurso pseudo científico sobre o nada. Um pouco de bom senso e senso comum não lhe cairiam mal, mas a isto ele não se presta, já que é o "príncipe" da sociologia brasileira (sendo assim, Florestan Fernandes, o filha da empregada doméstica mão solteira, seu professor na USP, seria o rei da sociologia) e não pode igualar-se à plebe (especialmente aos que votam neste operário pernambucano sem dedo por acidente de trabalho braçal).

emanuel rego lima

Millor é sempre muito bom!
Mas é um sujeito muito perigoso…
Gosta de pensar!
E pior!!!!
Prefere pensar com a propria cabeça!!!!!
Não segue manadas, guias, nem partidos que se pretende único…

Entre as máximas de Millor Ferenandes. o maior filosofo do Meier (e adjacências…) destaco duas. Uma sobre imprensa e outra sobre democracia e ditadura, aula magna de ciencia politica/sociologia em duas linhas…
"imprensa é oposição. O resto é armazem de secos & molhados"

sobre democracia e ditadura:
" Democracia é eu mandar em você. Ditadura é você mandar em mim."

Perigoso o sujeito, né?

    Cecéu

    Millôr estava limitado pela onipresença da Ditadura. Sem demagogia dialética, a situação em que hoje vivemos ainda é pertencente ao mesmo processo. O Brasil ainda não foi libertado completamente de seus antigos donos patrimonialistas, embora correntes sejam quebradas diariamente. O governo do Lula, hoje, ainda é a Oposição em marcha. E o que hoje chamam de oposição, ainda é a poderosa reação da mesma antiga Situação, perdendo terreno palmo a palmo. Portanto, Millôr estava certo. Imprensa de verdade é oposição. Mas hoje, ela está com o sinal trocado.

    emanuel rego lima

    Ceceu,

    Gostei de seu comentarios especialmente porque ele me dá uma pista ( ou mesmo mostra o caminho…) para que eu encontre resposta a uma pergunta que me inquieta ( inquietava, doravante…): Qual a razão de um grupo politico que está no Poder há sete anos continuar com discurso de quem está na oposição?
    Na minha tentativa de resposta eu brincava dizendo que o PT ainda não aprendera a ser situação, por isso continuava fazendo oposição. Mas como já era governo, fazia oposição à oposição….
    Vai ver que é isso… O Lula ( PT e aliados…) ainda não CHEGARAM mesmo no poder!
    Ainda não "libertaram" Brasil, conforme dito por vc.
    Ok, ok… Aceito a tese.
    Mas surje uma duvida: Vai demorar muito ainda, a libertação? No mandato de Dilma vai ser possivel? Ainda Não????

    Será que vamos ficar ad infinitum nesta "luta-contra-as-forças-retrogradas-da-elite-branca-de-olhos-azuis-que-não-quer-a-libertação-do-povo-oprimido" ( … será que faltou alguma coisa…?)

    Alberto Silva

    Democracia é assim, cada um pensa e diz a besteira que quiser…rsrs

    Gão

    seu tucanês também não é mau!

    francisco.latorre

    continuamos oposição sim.

    temos o governo federal. e nós num entrega não.

    mas a colônia escravista vive.

    e oscila o discurso entre a hipocrisia da 'democracia racial' e o cinismo do 'é-porque-é' 'capitalismo-fim-da-história'. privilégio-caridade. argh..

    e o rebanho de encabrestados midióticos encolhe geométricamente.

    enquanto a liderança entreguista-vendida-reacionária radicaliza o viés golpista.

    e perde crédito. a tendência é geométrica. faliram os múmias d'outro século.

    sim somos oposição aos últimos quinhentos anos.

    querem defender o 'legado' dos últimos 500?… venham pra ver.

    'agora são outros quinhentos'.

    outra expressão visionária da cultura-língua brasileira.

    chegou o futuro. o século-milênio.

    e 'o país do futuro' acontece. é o 'país de todos'.

    'agora são outros quinhentos'.

Reinaldo

Acho que Millôr Fernandes escreveu isto há muitos anos. E também esqueceu! Porque as manifestações recentes do cronista preferido da classe média "snob" contradizem tudo isso…

    Gerson

    Exatamente Reinaldo, essa análise da rebinboca da parafuseta já tem um tempinho. Já li isso em algum lugar no passado. Mas continua válido.

    P.S. Também creio que o Millôr pediu pra esquecer certas coisas que escreveu.

    Hudson Lacerda

    O humorista no caso é o FhC, o Millôr só deu uma ajudinha na divulgação.

    emanuel rego lima

    Pois é, Reinaldo…
    Curioso seria ver o que o Millor escreveu sobre Lula nos tempos mais recentes.
    É isso…
    Como disse há pouco o Guru do Meier padece de um grave defeito: Pensar por ele proprio. Errar, acertar, mas sempre digerir e criticar as informações recebidas, venham de onde vier…
    Não seguir manadas, não fazer parte de claques amestradas, não ser devoto de qualquer "Dom Sebastião" que apareça.
    E isso incomoda.
    Houve epoca em que esse tipo de comportamento era considerado "subversivo" ( não sei se vc lembra…?). Hoje há vários outras qualificações, todas depreciativas, pra quem não responde simplesmente "amém" a tudo que é dito por quem dita…
    Precisamos de mais "millores". Na esquerda, na Direita, na candidatura "a", "b" ou "c". Precisamos de gente que goste ( e não tenha medo…) de pensar.
    As vezes doi, eu sei… Mas é muito divertido….

    Carlos

    Aplausos pra crítica contundente, irônica, irreverente… Só não pode descambar pra leviandade.

    Reinaldo

    Será mesmo que precisamos de mais "millores"?? Já temos um monte, a maioria como uma mistura de Millôr, Ivan Lessa e Paulo Francis. O mais engraçado é que todos pensam igualzinho: escrevem na Veja com a maior naturalidade e amam Nova Iorrrque. Todo domingo no GNT, o que mais se vê são "millores"… É o esnobismo do lugar comum ilustrado de classe média. Nada mais. Por favor, um pouco menos de reverência a esses caras e mais e densidade…

    francisco.latorre

    o esnobismo do lugar comum ilustrado de classe média.

    matado. a pau.

    Mauro de Oliveira

    HÔmi. MIllor tá é gagá.

Alexandre

Bravo!!!! É o boca-mole…Que ainda quis dar um migué no Faletto.

Carlos Borborema

Maravilhoso!!!

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