Silvio Costa, sobre possível renúncia que Gilmar desmente: Vaidade contaminou Judiciário

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Mendes deve renunciar ao cargo de ministro do STF para disputar vaga no Senado pelo MT

Da Jovem Pan 06/07/2017 06h47

Nos planos de Mendes estariam também ações na área privada, como abrir outro estabelecimento de ensino

Integrantes do Supremo Tribunal Federal revelam que o ministro Gilmar Mendes deve renunciar em setembro e entrar na disputa por uma vaga no Senado pelo Mato Grosso.

Nos planos de Mendes estariam também ações na área privada, como abrir outro estabelecimento de ensino. Com a saída do ministro, uma nova vaga seria aberta no Supremo para indicação do presidente Michel Temer, e aí o próprio Gilmar Mendes poderia influenciar nesta nova indicação do Governo.

Os deputados e senadores criticam esta mudança de hábito entre os ministros dos Tribunais Superiores.

Para o deputado Sílvio Costa (PT do B-PE), a vaidade ataca o Judiciário, e ele culpa a transmissão dos julgamentos: “grande parte dos ministros se comportam como senadores, deputados federais. Isso que chamo de parlamentarização do Judiciário”.

Já para o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), a troca do Supremo para o Congresso provoca desconfianças: “o que posso atestar é que deveria ter um período de transição”.

Os constantes encontros de Temer com Mendes provocam curiosidades e a versão oficial é de que se trata de debates sobre a reforma política.

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Em resposta ao repórter José Maria Trindade, a assessoria de Mendes disse que o ministro ainda tem muito a contribuir com o STF e que não pensa em sair agora da Corte.


Televisionamento em tempo real transforma julgamento em justiça-espetáculo

Bianca Kirklewski*, no Justificando

Com uma câmera ligada e apontada para nós, é natural que o nosso comportamento mude.

Passamos a selecionar melhor nossas palavras e nos preocupamos com a imagem que queremos transmitir para o espectador que nos assiste.

Desde a criação da TV Justiça, os julgamentos do Plenário da Suprema Corte brasileira começaram a ser exibidos em rede nacional, e os ministros se tornaram alvo das incansáveis lentes de filmadoras.

É nessa realidade que surge a questão: até que ponto a transmissão ao vivo de julgamentos pode influenciar o poder judiciário?

A TV Justiça surgiu em 2002 como emissora pública.

Segundo Augusto de Arruda Botelho, advogado e presidente do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), trata-se de um caso inédito da transmissão em tempo real de julgamentos.

“Nenhum outro país no mundo transmite ao vivo julgamentos. A própria TV Justiça se vangloria ao dizer que é a pioneira nesse tipo de exibição”, conta.

Com o intuito de noticiar questões judiciárias, o canal tem como propósito incentivar o acompanhamento público do dia-a- dia do Poder Judiciário.

Augusto Botelho reforça: “A justificativa é incrível, de estar aproximando o povo da justiça”.

Segundo o advogado, fazer o registro histórico de julgamentos é compreensível.

“Uma coisa é você gravar e, em momentos posteriores, por interesse público da imprensa e da população em geral, divulgar trechos ou até a íntegra disso, em programas”.

O problema viria da exibição em tempo real: “Outra coisa é você fazer transmissões ao vivo, em canal aberto, de julgamentos criminais”, contrapõe.

Marcelo Leonardo, ex-presidente da seção mineira da Ordem dos Advogados do Brasil, concorda: “Eu considero algo extremamente infeliz para a história do Supremo Tribunal Federal a transmissão de julgamentos pela televisão. Isso mudou o modo de ser e de agir dos ministros, que ficam preocupados com a imagem e em como vão falar”.

Botelho explica: “Em dia com transmissões ao vivo, os ministros vão mais bem vestidos, é óbvio. Você vai aparecer na tv, todo mundo tem vaidade. Só que essa vaidade se transformou numa justiça- espetáculo”.

Segundo Leonardo, a mídia exerceria influência sobre o poder judiciário a partir do momento em que a imagem de políticos e personagens jurídicos fosse construída e elevada a patamares inquestionáveis pela sociedade.

O advogado exemplifica com o caso do juiz Sérgio Moro: “Se o Dr. Sérgio Moro é escolhido a personalidade do ano pela Rede Globo, um dos 100 homens mais influentes do mundo pela revista Time e há todo um trabalho feito de defesa da conduta dele, o judiciário não tem coragem de revogar as prisões que ele decreta”.

A exposição e personificação seriam tamanhas que afetariam até mesmo a vida pessoal dos ministros.

Botelho elucida: “Na época do Mensalão, ministros eram aplaudidos ou vaiados em restaurantes. Isso mexe com a pessoa e transforma julgamentos que deveriam ser exclusivamente técnicos, em julgamentos emocionais”, conclui.

*Bianca Kirklewski participa do curso Repórter do Futuro, oferecido pela Oboré e Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD).

Abaixo, Gilmar presta assessoria ao PSDB:

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