Silvio Costa, sobre possível renúncia que Gilmar desmente: Vaidade contaminou Judiciário
Tempo de leitura: 3 minMendes deve renunciar ao cargo de ministro do STF para disputar vaga no Senado pelo MT
Nos planos de Mendes estariam também ações na área privada, como abrir outro estabelecimento de ensino
Integrantes do Supremo Tribunal Federal revelam que o ministro Gilmar Mendes deve renunciar em setembro e entrar na disputa por uma vaga no Senado pelo Mato Grosso.
Nos planos de Mendes estariam também ações na área privada, como abrir outro estabelecimento de ensino. Com a saída do ministro, uma nova vaga seria aberta no Supremo para indicação do presidente Michel Temer, e aí o próprio Gilmar Mendes poderia influenciar nesta nova indicação do Governo.
Os deputados e senadores criticam esta mudança de hábito entre os ministros dos Tribunais Superiores.
Para o deputado Sílvio Costa (PT do B-PE), a vaidade ataca o Judiciário, e ele culpa a transmissão dos julgamentos: “grande parte dos ministros se comportam como senadores, deputados federais. Isso que chamo de parlamentarização do Judiciário”.
Já para o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), a troca do Supremo para o Congresso provoca desconfianças: “o que posso atestar é que deveria ter um período de transição”.
Os constantes encontros de Temer com Mendes provocam curiosidades e a versão oficial é de que se trata de debates sobre a reforma política.
Apoie o VIOMUNDO
Em resposta ao repórter José Maria Trindade, a assessoria de Mendes disse que o ministro ainda tem muito a contribuir com o STF e que não pensa em sair agora da Corte.
Televisionamento em tempo real transforma julgamento em justiça-espetáculo
Bianca Kirklewski*, no Justificando
Com uma câmera ligada e apontada para nós, é natural que o nosso comportamento mude.
Passamos a selecionar melhor nossas palavras e nos preocupamos com a imagem que queremos transmitir para o espectador que nos assiste.
Desde a criação da TV Justiça, os julgamentos do Plenário da Suprema Corte brasileira começaram a ser exibidos em rede nacional, e os ministros se tornaram alvo das incansáveis lentes de filmadoras.
É nessa realidade que surge a questão: até que ponto a transmissão ao vivo de julgamentos pode influenciar o poder judiciário?
A TV Justiça surgiu em 2002 como emissora pública.
Segundo Augusto de Arruda Botelho, advogado e presidente do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), trata-se de um caso inédito da transmissão em tempo real de julgamentos.
“Nenhum outro país no mundo transmite ao vivo julgamentos. A própria TV Justiça se vangloria ao dizer que é a pioneira nesse tipo de exibição”, conta.
Com o intuito de noticiar questões judiciárias, o canal tem como propósito incentivar o acompanhamento público do dia-a- dia do Poder Judiciário.
Augusto Botelho reforça: “A justificativa é incrível, de estar aproximando o povo da justiça”.
Segundo o advogado, fazer o registro histórico de julgamentos é compreensível.
“Uma coisa é você gravar e, em momentos posteriores, por interesse público da imprensa e da população em geral, divulgar trechos ou até a íntegra disso, em programas”.
O problema viria da exibição em tempo real: “Outra coisa é você fazer transmissões ao vivo, em canal aberto, de julgamentos criminais”, contrapõe.
Marcelo Leonardo, ex-presidente da seção mineira da Ordem dos Advogados do Brasil, concorda: “Eu considero algo extremamente infeliz para a história do Supremo Tribunal Federal a transmissão de julgamentos pela televisão. Isso mudou o modo de ser e de agir dos ministros, que ficam preocupados com a imagem e em como vão falar”.
Botelho explica: “Em dia com transmissões ao vivo, os ministros vão mais bem vestidos, é óbvio. Você vai aparecer na tv, todo mundo tem vaidade. Só que essa vaidade se transformou numa justiça- espetáculo”.
Segundo Leonardo, a mídia exerceria influência sobre o poder judiciário a partir do momento em que a imagem de políticos e personagens jurídicos fosse construída e elevada a patamares inquestionáveis pela sociedade.
O advogado exemplifica com o caso do juiz Sérgio Moro: “Se o Dr. Sérgio Moro é escolhido a personalidade do ano pela Rede Globo, um dos 100 homens mais influentes do mundo pela revista Time e há todo um trabalho feito de defesa da conduta dele, o judiciário não tem coragem de revogar as prisões que ele decreta”.
A exposição e personificação seriam tamanhas que afetariam até mesmo a vida pessoal dos ministros.
Botelho elucida: “Na época do Mensalão, ministros eram aplaudidos ou vaiados em restaurantes. Isso mexe com a pessoa e transforma julgamentos que deveriam ser exclusivamente técnicos, em julgamentos emocionais”, conclui.
*Bianca Kirklewski participa do curso Repórter do Futuro, oferecido pela Oboré e Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD).
Abaixo, Gilmar presta assessoria ao PSDB:
Comentários
Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!
Deixe seu comentário