Estadão manipula dados. A crise é da velha mídia
Os dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) apontam que, em 2009, havia 36 acampamentos e foram feitas 290 ocupações de terras. No ano anterior, em 2008, havia 40 acampamentos e foram realizadas 252 ocupações de terra.
A edição do ano passado do relatório da CPT explica a diferença:
“Ocupações são ações coletivas das famílias sem terra que, por meio da entrada em imóveis rurais, reivindicam terras que não cumprem a função social”
“Acampamentos são espaços de luta e formação, fruto de ações coletivas, localizados no campo ou na cidade, onde as famílias sem terra organizadas, reivindicam assentamentos”
Ou seja, a diferença de acampamento e ocupação é o local onde as famílias vivem.
A medida da base social do movimento de trabalhadores sem terra, que organiza acampamentos e fazem ocupações, se dá pela soma dessas duas categorias. Até porque essas situações variam muito até a criação do projeto de assentamento.
O jornal O Estado de S. Paulo publicou uma matéria e, em consequência, um editorial e uma série de artigos, nos quais se lambuza com uma suposta crise do MST.
Haveria apenas 36 acampamentos no Brasil. E as 290 ocupações de terra? Além disso, mais famílias participaram dessas ações em 2009, em relação ao ano anterior (será que a “crise” está sendo revertida?).
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Essas informações o Estadão omitiu. Por quê?
Sim, é verdade, atualmente tem menos famílias acampadas e em ocupações no meio rural, comparando 2003 e 2011.
No começo do governo Lula, havia uma expectativa geral da realização da reforma agrária. Anos e anos se passaram, e Lula não acabou com o latifúndio nem democratizou o acesso àqueles que querem trabalhar na terra.
Diante disso, diminuiu o número de famílias que vivem em acampamentos e fazem ocupações.
O principal motivo para essa queda é a lentidão da reforma agrária. Como o assentamento não sai, as famílias sem terra buscam alternativas para a sobrevivência.
No entanto, a saída das famílias dos acampamentos não representa que não querem mais trabalhar na terra.
Representa, isso sim, que esses trabalhadores rurais não viam e vêem perspectivas de viver em um assentamento rural.
Nessa situação, passaram a procurar emprego em pequenas e médias cidades. Muitas foram para as grandes cidades.
Boa parte desses trabalhadores que estavam acampados com a família foi trabalhar na construção civil, que paga os menores salários da sociedade brasileira e superexplora os trabalhadores (é só ver o que acontece na construção da hidrelétrica de Jirau, em Rondônia).
A reforma agrária, apesar dos limites das políticas públicas no meio rural, abre a perspectiva para o trabalhador construir sua casa própria, colocar os filhos na escola, trabalhar na sua terra, produzir alimentos e gerar renda.
Será que os trabalhadores que saíram dos acampamentos preferem trabalhar na construção civil ou na própria terra?
O avanço da reforma agrária levará de volta as famílias aos acampamentos.
Apesar desse quadro, nos últimos dois anos, o número de famílias em acampamentos e ocupações está relativamente estável, com tendência de alta.
Para o Estadão, não.
O jornal manipulou o número de acampamentos e ocupações, que cresceram de 2008 para 2009, para inventar uma crise do MST, dos movimentos sociais do campo.
Qualquer repórter que conhece o interior da Bahia, por exemplo, onde tem mais de 20 mil famílias embaixo de lonas pretas, sabe que só lá há mais acampamentos do que aquilo que Estadão diz que existe no país inteiro.
Quem está em crise mesmo neste país é o jornalismo da velha mídia e, especialmente, do Estadão, que continua a atacar os protagonistas da luta do campo para combater a reforma agrária e preservar o latifúndio, como faz desde o século 19, quando publicava anúncios de venda de trabalhadores escravos.
Comentários
SILOÉ
E quando foi que eles não manipularam os dados???
O_Brasileiro
Se os impostos sobre terras improdutivas fossem bem elevados, por exemplo, 5% sobre o valor total do imóvel, com certeza haveria democracia no campo neste país!
Mas com a poderosa bancada ruralista no congressinho ridículo que temos, jamais!!!
FrancoAtirador
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Quem está em crise é esta mídia porca.
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Juliano Iowa
Cambada mais sem-vergonha mesmo: dão a entender que a reforma agrária esta em sua pauta de apoio. Em segundo lugar, quem disse que os assentados, ao receber a posse da terra, vá cultivar p/ produzir renda. Na verdade, a tendencia aponta o contrário, no Pontal do Paranapanema, onde aualmente se encontram Aproximadamente 2.000 fsmilias, segundo o site do MST( http://www.mst.org.br), as famílias arrendam a terra na maior parte dos casos, para latifundiarios da cana e da laranja (às vzezs) e nada produzem. Ou seja, além de mentirem 1 vez, escondem outra informaçào essencial.
Na minha opiniào, apenas políticas publicas de incentivo ao pequeno produtor frearia essa tendencia (que acaba com a diversificação dos produtos, e gera uma espécie de 'mal-estar social' mo trabalhador). Acho que esta deveria ser dolocada em segundo, na lista de prioridades do PT (após a erradicação da fome.
Promover o progresso do Campo é promover justiça social.
Mas votei em Dilma em 2010. Devo acreditar ou não?
Sinceramente eu acho difícil… Ainda mais com aquele Sarney, como todos o conhecemos sempre ao lado dela…
Na minha opinião, esta é a desgraça do PT.
Mas votei em Dilma em 2010. Devo acreditar ou não?
Claudio P. de Souza
Quando a mídia tradicional criticar ou elogiar demais algum especialista, podem pesquisar que a matéria geralmente é tendenciosa ou quer distorcer ou esconder fatos, baseadas em dados incompletos.
E tem sido este tipo de editorial que discorre em nosso país de norte a sul, os jornais e grande mídia sempre aliados aos governantes locais.
mauro ramos
jornalao sem moral,saudosista da ditadura que tem um passado racista e escravista.Nao perco meu tempo lendo esses oligarcas tacanhos,nao!!
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