Deputado ligou para cerimonial de Temer 1h10m depois de receber mala de dinheiro; Globo já se prepara caso gravação de Joesley tiver sido editada

Tempo de leitura: 3 min

Deputado foge com a mala, que está sumida. No áudio fica claro que os agentes da PF não conseguiram registrar a placa do táxi

Da Redação

Pouco mais de uma hora depois de receber a mala contendo 500 mil reais do lobista Ricardo Saud, da JBS, o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), agora afastado, ligou para o cerimonial da Presidência da República.

O dinheiro era o cumprimento de uma promessa de que Michel Temer receberia ao menos 500 mil — até um milhão por semana, dependendo do preço da energia — se um contrato de 25 anos fosse fechado entre a Petrobras e uma termelétrica do dono da JBS em Cuiabá com a oferta de gás boliviano a preços camaradas.

Segundo a Polícia Federal, um chip não foi colocado na mala para descobrir o destino do dinheiro. Por isso, meio milhão de reais em notas de 50 estão perdidos por aí.

Dois dias depois da entrega, o deputado Loures voou com Michel Temer entre Brasília e São Paulo. A ligação telefônica teria sido para garantir a inclusão de Loures na comitiva do presidente.

Em sua primeira declaração sobre o caso, Loures disse que não sabia que  500 mil reais em dinheiro estavam dentro da mala, uma resposta implausível que leva à pergunta: por que, então, ele não devolveu o butim?

[Nota do Viomundo: O dinheiro foi devolvido por Loures à PF na noite de segunda-feira noite]

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Por outro lado, a rádio CBN, da Globo, recuou em afirmação anterior de que o áudio da conversa entre Joesley Batista e Temer era compatível com a programação da emissora, ouvida no rádio do carro do dono da JBS antes e depois que ele deixou o Palácio Jaburu.

Depois de uma análise mais detalhada, a CBN agora diz que há 6 minutos e 21 de segundos de diferença entre o tempo de gravação e o tempo da programação, ou seja, faltam 6 minutos e 21 segundos.

Existe outra indicação de que a fita foi cortada: a coluna Radar Online, da Veja, informou na segunda-feira que num trecho suprimido do áudio o dono da JBS, casado com a jornalista Ticiana Villas Boas, teria falado sobre a esposa com o usurpador Michel Temer, que também teria feito comentários sobre a primeira dama Marcela Temer.

Contratado por Temer, o perito Ricardo Molina diz tratar-se de um áudio imprestável.

O blogueiro da Globo Ricardo Noblat gozou Molina no tweeter, dizendo tratar-se do mesmo profissional que atestou que uma bolinha de papel atirada na cabeça do candidato tucano José Serra, na campanha presidencial de 2010, era na verdade um objeto bem mais pesado, talvez um rolo de fita.

Noblat esqueceu que Molina foi o perito recrutado pela própria Globo para dar veracidade à tese de “lesão cerebral” em Serra. Molina, aliás, já trabalhou numa causa pessoal do atual chefão do Jornalismo da Globo, Ali Kamel.

A defesa de Michel Temer certamente vai tentar impugnar o conjunto da gravação, alegando que foi adulterado.

Curiosamente, o Jornal Nacional desta noite suprimiu qualquer notícia sobre a “perícia” de sua rede de rádios, a CBN.

O telejornal da Globo, que é paginado de forma a prejudicar Temer — notícias favoráveis a ele no início, seguidas de desmentidos em massa depois — , passou a dizer nesta segunda-feira que não importa o conteúdo total da gravação, mas os trechos essenciais que todos os peritos — da Folha, do Estadão e da própria Globo — disseram não terem sido adulterados: a conversa em que Joesley sugeriu que estava resolvendo todas as pendências financeiras com Eduardo Cunha e que mantinha a amizade com o ex-presidente da Câmara — “tem que manter isso, viu?”, respondeu Temer — e o ponto em que o dono da JBS diz que está se acertando com os dois juizes que cuidam de um dos inquéritos a que responde — “ótimo, ótimo”, respondeu Temer.

A Globo também fez uma reportagem sobre como será a perícia da Polícia Federal, frisando que ela poderá validar alguns trechos da conversa mesmo que outros tenham sofrido cortes.

O JN não deu destaque extraordinário à nova denúncia da Força Tarefa da Operação Lava Jato de Curitiba contra Lula, por supostas vantagens recebidas num sítio de Atibaia que não pertence formalmente ao ex-presidente. É possível, repetimos, possível, que a força tarefa tenha mais uma vez aplicado o timing de mudar de assunto, que em tese beneficia Temer.

Porém, o JN não está descuidando das escolhas ideológicas para atacar Temer. Nas últimas três edições, dentre os parlamentares que mais apareceram acusando o usurpador figuram Álvaro Dias (PV) e Alessandro Molon (Rede), aparentemente palatáveis para os irmãos Marinho.

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Comentários

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RONALD

A Globogolpe, na sua sanha de derrubar temer e colocar a carmen lúcia no trono, está ficando esquizofrênica.

E temer( minúsculo mesmo, do reino dos vermes) no desespero de causa, contratou o mago da fanfarronice – Molina – que “provou” que Pc farias matou a marcolino e se matou e peritou que a bolinha de papel no serra( também do reino dos vermes) era uma bigorna assassina !!!!!!

É muito desespero mesmo, viu !!!!!

Pedrão Paulada

Sobre Álvaro Dias, trecho de uma entrevista de Cecílio do Rego Almeida no Roda Viva, falando sobre o hoje senador Álvaro Dias: o link da entrevista completa – http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/816/entrevistados/cecilio_do_rego_almeida_1993.htm.

[intervalo]

Jorge Escosteguy: Doutor Cecílio, o senhor falou no começo do programa que foi obrigado a fazer uma obra pelo preço mais alto do que seria necessário gastar por questões de preço dadas pelo governo. Então, eu gostaria de fazer uma pergunta em relação ao contrário. O ex- governador do Paraná, Álvaro Dias, disse que conseguiu quebrar o cartel das grandes empreiteiras construindo a [Usina] Hidrelétrica de Segredo [no rio Iguaçu, no Paraná] pela metade do preço [Álvaro Dias governou o Paraná entre 1987-1991]. Ele disse que fez um consórcio de três pequenas construtoras, economizando 103 milhões de dólares em relação ao preço cobrado pela CR Almeida.

Cecílio do Rego Almeida: Três coisas. Primeiro, senhor mediador, eu queria entregar também, porque houve uma notícia no Estado de S. Paulo de que minha empresa havia falsificado o INSS. Aqui [mostra um documento] tem uma certidão negativa do INSS da minha empresa… isso foi o jornal O Estado de S. Paulo que fez com essa senhora, dona Suely Caldas. O senhor veja a data [passa o papel para Jorge Escosteguy]. Segunda coisa, antes de entrar na sua [pergunta], eu pensei que eu viesse ao programa Roda Viva e que pudéssemos, além de discutir assim, da forma como estamos discutindo, que nós pudéssemos, via o seu programa, dar ao povo brasileiro uma satisfação, dar saída ao povo brasileiro. Não é possível que esse povo, de 150 milhões de habitantes, sofrido, por causa de meia dúzia de OASs da vida, que não enxergam o futuro… Eles terão no futuro seus palácios no meio de favelas e não estão percebendo isso. Eu, há mais tempo, sem ser sábio, eu sou um simples engenheiro, venho percebendo isso. [São] 40 anos de trabalho como empreiteiro, levando asfalto permanente a Rio Branco – é um exemplo para você [refere-se a Sônia Racy], não vai mal nenhum. Um ano e meio atrás, saiu uma reportagem no Estado de S. Paulo dizendo que era um absurdo não ligarem a capital de Rondônia, Porto Velho, ao Acre. O Estado de S. Paulo diz isso, nós temos ali a cópia do jornal.

Sônia Racy: A matéria?

Cecílio do Rego Almeida: A matéria, sim. É um absurdo.

Sônia Racy: E quem dizia isso na matéria?

Cecílio do Rego Almeida: E agora nós terminamos a obra, levando asfalto permanente a Rio Branco. O Brasil só tem essa extensão territorial porque existem acreanos também. Então eu tive a honra, cumprindo o meu dever e ganhando algum dinheiro com isso, é claro, de levar esse asfalto permanente a um povo que não tinha luz, eletricidade, porque, por incrível que pareça, não existe hidrelétrica para aquela região, são geradores com combustível. O combustível é levado por caminhão. Na época de chuvas – seis meses – não passa caminhão; e o povo iniciava a ter fome. Houve um acerto com o governo, que nos pagou o atrasado… eu tinha 60% da obra e outras quatro empresas e o Exército tinham 40% da obra, e conseguimos chegar a Rio Branco. Eu pensei que eu estivesse neste programa para descrever algumas coisas do que é o empreiteiro. Isso nós podemos deixar para um outro…

Jorge Escosteguy: [interrompendo] Não, podemos descrever tudo, para o bem e para o mal, as dúvidas e as certezas.

Cecílio do Rego Almeida: Para o bem e para o mal, certo, claro. Eu posso dar resposta a isso… A pergunta…

Jorge Escosteguy: O ex-governador do Paraná, Álvaro Dias, diz que quebrou o cartel das grandes empreiteiras construindo a hidrelétrica de Segredo pela metade do preço. Ele disse que conseguiu 103 milhões de dólares mais barato em relação ao preço da CR Almeida.

Cecílio do Rego Almeida: [Recebe documentos de seu assessor]. Eu lhe respondo. Agora, eu pediria ao senhor mediador que me fosse permitido… os caros jornalistas anotam, fazem as perguntas, eu responderei a todas.

Jorge Escosteguy: Então vamos a esta que eu lhe fiz, por favor.

Cecílio do Rego Almeida: O senhor Álvaro Dias é um mentiroso. Aqui tem dois trabalhos feitos pela minha empresa [distribui jornais aos jornalistas]: “O que se oculta em segredo”. Um [trabalho] em que nós demonstramos que o nosso preço não é esse preço que o senhor Álvaro Dias disse. Eu passo ao senhor. Esse mentiroso também diz, dessas três pequenas empresas, que está na Justiça… e aqui está um parecer de um perito documentoscópico [folheia um documento]… eu estou processando, aqui dentro [tem] a cópia do processo. A concorrência foi falsificada, não houve concorrência. Ele, Álvaro Dias – não é bem um homem, é um semi-homem –, entregou a um amiguinho essa obra. O dono da empresa que pegou essa obra, DM Engenharia de Obras, era lixeiro de uma hidrelétrica feita pela Camargo Corrêa. Aqui vai o documento, senhor mediador, que demonstra o que eu estou dizendo [entrega mais um documento a Jorge Escosteguy]…

Ottoni Fernandes: Doutor Cecílio, só para colocar o contexto…

Cecílio do Rego Almeida: Agora, se o senhor me permitir eu continuo.

Jorge Escosteguy: Pois não. Em seguida, o Ottoni faz a pergunta.

[sobreposição de vozes]

Cecílio do Rego Almeida: [a Ottoni Fernandes] Se o senhor deixar terminar, depois o senhor faz a pergunta.

Ottoni Fernandes: É que vocês haviam ganho a concorrência na primeira parte.

Cecílio do Rego Almeida: Sim, sim.

Ottoni Fernandes: Era isso que eu queria que o espectador [soubesse]. E foi anulada a concorrência, é isso?

Cecílio do Rego Almeida: Foi anulada. Houve uma segunda, foi anulada. Não houve uma terceira, ele deu a obra aos amigos. Aqui está, também no meu estado, um governador que é probo, o governador Roberto Requião [que governou o Paraná entre 1991-1994]. No jornal O Estado de S. Paulo…

Sônia Racy: [brincando] Eu vou achar que é perseguição, doutor Cecílio.

Cecílio do Rego Almeida: …de sábado, 4 de dezembro, na página A6… Depois eu vou falar da sua amiga, da Suely Caldas, está aqui também… [Sônia Racy sorri]. [O jornal] fez um apelo ao Brasil, [em texto] intitulado “Passar o Brasil a limpo”. Isso eu já ouvia tempos atrás no [telejornal do] senhor Boris Casoy, e ontem, também no Estado de S. Paulo, o ACM, Antônio Carlos Magalhães, deu uma entrevista para “passar o Brasil a limpo”. Então eu queria fazer algo aqui, o seguinte: é uma ótima proposta que dois governadores venham a público pedindo isso, e eu me parabenizo com o governador do estado em que eu morava, porque agora eu sou paulistano. Ele [Roberto Requião] pede o seguinte… [olha para uma folha de jornal]: falta de transparência na CPI… mas com o que ele está preocupado é com o seguinte: “Quebrar o sigilo bancário de todos que detenham cargos públicos nos três poderes…”.

Jorge Escosteguy: [interrompendo] Por favor, se o senhor puder ser mais breve…

Cecílio do Rego Almeida: Sim. Isso ele amplia a todos os homens dos três poderes e mais aos dirigentes partidários, e também recua no tempo necessário para demonstrar há quanto tempo existe corrupção. É uma proposta de primeiríssima do governador Roberto Requião.

[sobreposição de vozes]

Sônia Racy: E isso não é mentira [do jornal], não é, doutor Cecílio?

Cecílio do Rego Almeida: Não, isso não é mentira.

Milton Coelho da Graça: Mas o que isso tem a ver com a Hidrelétrica de Segredo?

Cecílio do Rego Almeida: Tem a ver com a Hidrelétrica de Segredo, é por isso que eu estou falando.

Milton Coelho da Graça: Tudo bem.

Cecílio do Rego Almeida: Seria ótimo que isso ocorresse. Minha empresa, minha pessoa e minha família abrem as suas contas bancárias de livre e espontânea vontade. Desde que o senhor Álvaro… tem a ver com Segredo, desde que o senhor Álvaro Dias faça o mesmo com dois amiguinhos, um chamado Lucio Cioni e um segundo [chamado], é um turco, Nacib […]. Aqui eu tenho, povo do Paraná, recibos que equivalem a um milhão de dólares, aceitos por dona Débora Dias, esposa do Álvaro Dias, que deveria ter ido para a Provopar [Programa do Voluntariado Paranaense] e para a Secretaria de Esportes do Paraná…

Ricardo Noblat: E não foram? Esse dinheiro não foi?

Cecílio do Rego Almeida: Aparentemente… eu estou usando esta palavra porque isto me foi entregue hoje. Não foram.

Ricardo Noblat: Aparentemente?

Cecílio do Rego Almeida: Sim.

Milton Coelho da Graça: E quem deu esse dinheiro?

Cecílio do Rego Almeida: Quem deu o dinheiro? Boa pergunta. Foi a Federação Paranaense de Futebol.

Ricardo Noblat: Veja. No mínimo, doutor Cecílio, não é precipitação da sua parte, sugerir…

Cecílio do Rego Almeida: [interrompendo] Não, não é.

Ricardo Noblat: Deixe-me concluir: sugerir que houve um desvio de recursos dados para essa federação…

Cecílio do Rego Almeida: [interrompendo] […] direito ao processo…

Ricardo Noblat: [interrompendo] Se o senhor me deixar concluir, do mesmo jeito que o senhor gosta…

Cecílio do Rego Almeida: Pois não.

Ricardo Noblat: Não há, no mínimo, precipitação de sua parte, ao sugerir, com base em indícios ou… o senhor acabou de receber, aparentemente, que teria havido desvios de recursos para a ex-primeira-dama do Paraná?

Cecílio do Rego Almeida: Não, o que eu estou pedindo… houve uma má interpretação sua.

Ricardo Noblat: Não.

Cecílio do Rego Almeida: Ele pede aqui [mostra um jornal] transparência. Se ele pede, ele deve começar a limpeza do Brasil pelo Paraná. Então, ele, como governador, poderia abrir a contabilidade da Provopar e da Secretaria da Agricultura para verificar isso. Tem outros documentos que eu poderia mostrar, mas o programa é curto…

Milton Coelho da Graça: E a Segredo?

Cecílio do Rego Almeida: Já respondi [sobre a] Segredo.

Milton Coelho da Graça: Ah, é?

Jorge Escosteguy: O senhor mencionou o governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães; o senhor se diz um admirador do governador; disse inclusive que, se ele fosse candidato à Presidência da República, o senhor o ajudaria na campanha…

Cecílio do Rego Almeida: Sim.

Jorge Escosteguy: E ele, ao mesmo tempo, tem um genro que é diretor, ou proprietário, ou trabalha na OAS, que o senhor tanto critica [trata-se de César de Araújo Mata Pires, genro de Antônio Carlos Magalhães e um dos fundadores da OAS]. Então, alguns telespectadores telefonaram perguntando se não há alguma ligação entre os dois. Um inclusive chega a dizer: “A OAS poderia significar ‘Obrigado Amigo Sogro’”. Os telespectadores são Dirceu Alves Ribeiro, de Avaré; Luis Fernando Costa, aqui de São Paulo; Roberto Fogalhe, de São Paulo; Amandio Costa, também de São Paulo; Antonio Carlos Muller, de Sorocaba; Ricardo Camargo, de São Paulo; e Roberto Figueiredo, também de São Paulo. Eles perguntam se o senhor sabe de algum envolvimento do governador Antônio Carlos Magalhães com a OAS ou, no mínimo, eu lhe perguntaria, já que o senhor admira tanto o governador, se o senhor tem acesso a ele, se no mínimo o senhor não comentou as barbaridades que o senhor acha que a empresa onde o genro dele trabalha ou é proprietário, na sua opinião, no seu ponto de vista, tem feito.

Cecílio do Rego Almeida: Eu não tenho acesso ao governador Antônio Carlos Magalhães, mas todas as atitudes desse homem têm sido atitudes, pelo menos, dignas. Você não vê outro tipo de atitude. Não tenho acesso nenhum; eu tive um pouco de acesso quando ele era presidente da Eletrobrás [entre 1975-1978]. Com relação ao relacionamento entre ele [e o genro], o senhor é casado, senhor mediador?

Jorge Escosteguy: Sou.

Cecílio do Rego Almeida: O senhor tem filhas?

Jorge Escosteguy: Tenho duas filhas.

Cecílio do Rego Almeida: Que idade?

Jorge Escosteguy: Dezessete e doze [anos].

Cecílio do Rego Almeida: Pois é, daqui a três anos, elas vão escolher os seus maridos. Não vai ser você quem vai escolher.

Ricardo Noblat: Talvez demore mais um pouco ainda.

Cecílio do Rego Almeida: É.

Jorge Escosteguy: Talvez demore mais um pouco.

Cecílio do Rego Almeida: Talvez demore mais um pouco.

Jorge Escosteguy: [Elas] podem escolher um [marido um] pouco melhor ou um pouco pior, nunca se sabe.

Cecílio do Rego Almeida: Sim, sim. Mas a escolha caberá a elas. O senhor Antônio Carlos Magalhães não tem nada a ver com a escolha do casamento de sua filha com esse senhor…

Jorge Escosteguy: [interrompendo] Não, mas não é isso que está em discussão. A discussão é se eventualmente haveria ou não alguma ligação.

Cecílio do Rego Almeida: Não deve haver. Eu estou falando da OAS.

Milton Coelho da Graça: O senhor estabeleceu a ligação entre o ministro Jutahy Magalhães e o irmão dele que trabalha na OAS.

Cecílio do Rego Almeida: Sim.

Milton Coelho da Graça: O senhor estabeleceu essa ligação.

Jorge Escosteguy: Assim como não se escolhe o genro, não se escolhe o irmão.

Cecílio do Rego Almeida: Estabeleci porque ele mentiu para mim.

Milton Coelho da Graça: Ele escolhe o irmão? Da mesma maneira que não se escolhe o genro, não se escolhe o irmão.

Cecílio do Rego Almeida: Não, não. Isso não é pergunta. A resposta é outra. O que eu disse ao senhor, aqui no Roda Viva, é que o ministro mentiu para mim, e o senhor Antônio Carlos Magalhães não mentiu para mim. Não me cabe o direito de agredi-lo se ele nada fez comigo. Agora, o relacionamento dele com o sogro, dele com a filha, isso é um problema da família dele.

[sobreposição de vozes]

Ottoni Fernandes: Doutor Cecílio, eu queria um pouco colocar contexto nessa questão de Segredo, dessa usina hidrelétrica que, pelo que eu li aqui no material, essa usina foi a Companhia Paranaense de Energia [Copel] que abriu a concorrência. A CR Almeida ganhou a primeira concorrência…

Cecílio do Rego Almeida: Sim.

Ottoni Fernandes: …foi vencedora. E a Copel anulou a concorrência…

Cecílio do Rego Almeida: Sim senhor.

Ottoni Fernandes: A CR Almeida entrou com uma ação na Justiça…

Cecílio do Rego Almeida: Não, na segunda.

Ottoni Fernandes: Na segunda. Depois ela abriu a concorrência para pequenas empreiteiras, que não tinham, inclusive, tradição de construção…

Cecílio do Rego Almeida: Não abriu concorrência, senhor jornalista.

Ottoni Fernandes: Não abriu?

Cecílio do Rego Almeida: Entregou de mão dada a concorrência…

Ottoni Fernandes: Agora, o fato…

Cecílio do Rego Almeida: Deixe-me terminar, por favor. Entregou de mão dada a concorrência a três pequenas empresas, que não fizeram a obra. Quem fez a obra foi a Copel, que não tinha o equipamento. Quem comprou o equipamento foi o governo do estado do Paraná. Não há maneira de comparar: os melhores técnicos foram contratados, não eram técnicos dessas pequenas empresas; a empresa era uma empresa de lixo. Então, o que tem que comparar – e eu fui à Justiça por causa disso – é o meu preço, incluindo todos os insumos para fazer essa obra, o equipamento, o pessoal, porque minha empresa entrava com tudo. Nesse caso…

Ottoni Fernandes: Qual foi o preço que a Copel…

Cecílio do Rego Almeida: O meu preço foi de 163 milhões de dólares.

Ottoni Fernandes: O preço por quilowatt, quanto que dava em dólar?

Cecílio do Rego Almeida: O senhor vai entrar numa fria.

Ottoni Fernandes: Não, eu estou lhe perguntando, estou perguntando ao senhor.

Jorge Escosteguy: O Ottoni não constrói hidrelétricas [risos].

Cecílio do Rego Almeida: [Era de] 750 dólares o quilowatt instalado.

Ottoni Fernandes: Esse [custo] é no preço final a obra?

Cecílio do Rego Almeida: Eu não entro nessa, jornalista, o senhor vai perder.

Ottoni Fernandes: Qual o preço que o senhor acha que custou para o estado?

Cecílio do Rego Almeida: O senhor me permita, o senhor está fazendo uma comparação…

Ottoni Fernandes: Porque eles estão dizendo que o preço é de setecentos e…

Cecílio do Rego Almeida: [interrompendo] Como o senhor não é engenheiro, o senhor está cometendo um erro totalmente absurdo. Quem faz o preço do quilowatt instalado é Deus. Deus cria um tipo de rio, um tipo de quantidade, a vazão de água, a forma que está localizado, tanto topograficamente como geograficamente, topologimante, geologicamente… aquela obra, que dá 750 dólares. Se eu lhe disser que o quilowatt instalado em Xingó é 690 dólares, o senhor vai ver que é um absurdo. O que tem que comparar é preço de metro cúbico de concreto, aquilo que o senhor [refere-se a Milton Coelho da Graça] disse…

Milton Coelho da Graça: Eu também não sou engenheiro, não.

Cecílio do Rego Almeida: Mas parece…

Ottoni Fernandes: Mas qual é o critério de comparação?

Cecílio do Rego Almeida: Metro cúbico de concreto daquele tipo com metro cúbico de concreto, porque só tipos de rocha, você tem sete, oito tipos de maneira de extraí-las: um por um, e põe em duas colunas, e vê quanto custou a obra.

Ottoni Fernandes: Quer dizer que a obra não saiu mais barata? O senhor está dizendo isso? A obra feita por essa empresa.

Cecílio do Rego Almeida: Não, não houve a diferença de 100 milhões de dólares.

Ottoni Fernandes: Não houve.

Cecílio do Rego Almeida: Pode até [ser que] meu preço, de 163 milhões de dólares, tenha sido oito ou nove milhões mais caro, mas é normal no Brasil, como em outros países do mundo, o governo, depois de aberta a concorrência, até negociar com o empreiteiro. Onde não é normal é com aquela firma de corrupção chamada OAS, em que o governo obriga a fazer por um preço mais alto.

JULIO CEZAR DE OLIVEIRA

Varias vezes li aqui nestes blogs,que lula era dono da friboi,pessoas inteligentes,cultas,pessoas diplomadas como o juiz sergio moro,vinham aqui com convicções que lula e o filho dele era dono da friboi,agora não os vejo aqui reconhecendo que estavam enganados,onde estão estas pessoas,com suas convicções,sua inteligência de doutorados?
E o que me pergunto também,qual será a próxima mentira descoberta pela lava jato(é claro sem querer)que deixará claro mais uma injustiça cometido contra lula e dilma?
isto tudo só prova que convicções não é prova.

    Conceição Lemes

    Júlio Cezar, aqui no Viomundo vc NUNCA leu essa estupidez. abs

Barítono

A globo, essa organização terrorista e criminosa

Cinco motivos para desconfiar da Globo em sua campanha para derrubar Temer. Por Joaquim de Carvalho
Por Joaquim de Carvalho – 23 de maio de 2017

Pois é
O escândalo que fez de Michel Temer e de Aécio Neves mortos vivos da política brasileira não teria a mesma repercussão se a Rede Globo não estivesse com seus canhões mirados nos dois.

Mas é preciso separar o joio do trigo – no caso, um tipo de trigo é o trabalho dos procuradores da República e dos policiais federais em Brasília que, ao contrário de seus colegas no Paraná, trabalharam e trabalham em silêncio.

Eles apuram fatos, reúnem provas e estas falam por si.

Já a Globo, como fez no Fantástico deste domingo, começa a fazer uma campanha pela moralidade pública.

Nada contra.

Mas a Globo, liderando uma campanha desse tipo, é como ver a raposa tomando conta do galinheiro.

Cinco motivos para não confiar na emissora da família Marinho — dos mais recentes aos mais antigos:

Paula Marinho, neta de Roberto Marinho, filha de João Roberto, um dos três proprietários da Rede Globo, era uma das clientes do escritório da Mossak Fonseca no Brasil. Segundo papelada apreendida pela Polícia Federal – e até agora não investigada –, ela pagava pela manutenção de uma offshore incluída no escândalo internacional de lavagem de dinheiro conhecido como Panamá Papers. A offshore, Vaincre, é a real proprietária da Paraty House.

Eu estive nas Ilhas Virgens Britânicas e mostrei que a emissora abriu uma empresa de fachada, que, segundo a Receita Federal, serviu de veículo para sonegar impostos no Brasil devidos pela compra dos direitos de transmissão da Copa do Mundo em 2002. A fraude foi comprovada, mas o processo que incrimina os donos da Globo foram furtados do escritório da Receita no Rio de Janeiro na véspera de ser encaminhado para o Ministério Público Federal.

A Globo manteve na Europa a jornalista Miriam Dutra, que dizia ter um filho com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Miriam recebeu salário durante muito tempo sem trabalhar e, segundo ela, a Globo foi beneficiada por mantê-la numa espécie de exílio. Entre os favores, segundo ela, estavam financiamentos do BNDES.
A
Globo apoiou a eleição de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral com a condição de nomear o então ministro das Comunicações, que, mais tarde, ajudou a sufocar o dono de uma empresa que a Globo acabou comprando a preço vil. O caso está bem descrito no livro A História Secreta da Rede Globo, de Daniel Herz, e também no documentário Muito Além do Cidadão Kane.

A Globo foi criada na década de 60 com dinheiro do grupo Time Life, americano, no auge da guerra fria. Essa injeção de dinheiro estrangeiro era proibida na época, e uma CPI no Congresso Nacional concluiu que a Globo não poderia ser concessionária de radiodifusão, em razão de fraudes – o dinheiro do grupo estrangeiro seguiu caminho subterrâneo, para disfarçar a sociedade com Roberto Marinho. Na época, desapareceu de um cartório no Rio de Janeiro a página do livro que descrevia um arrendamento de fachada. Na véspera do AI 5, a Globo ganhou a concessão em caráter definitivo.

Poderia citar muito mais aqui, como o empréstimo a juro subsidiado no governo Collor para construir o Projac, o lobby da Globo que transformou o horário eleitoral gratuito em crédito tributário ou a pressão sobre o governo estadual do Rio de Janeiro para alterar legislação de proteção ambiental e permitir a construção de edifícios no Jardim Botânico – especificamente o Parque Lage.

Por causa disso, o ex-governador Carlos Lacerda, que denunciou a pressão da Globo, chamou Roberto Marinho de Al Capone brasileiro.

A história dirá o que a Globo ganha com a queda de Michel Temer – de graça, pelo histórico da emissora, não é. Mas, neste tempo, sem os canhões dela, Michel se fortalece.

A Globo ergueu seu império graças aos “favores especiais” que prestou aos governos.

O livro Dossiê Geisel, baseado em documentos do general Ernesto Geisel em seus dias na presidência, cita essa expressão, como tendo sido criada por Roberto Marinho

O fundador da Globo a usou para cobrar novas concessões de rádio e tv, como retribuição pelo que fazia em defesa da ditadura. Uma troca de favores especiais.

O ministro das Comunicações, Quandt de Oliveira, era contra, porque via nas novas concessões o risco da família Marinho atingir o monopólio do setor.

Como se vê hoje, Quandt perdeu na disputa.

E a Globo, na troca de favores com os militares, alcançou índices de audiência só comparáveis a estatais de TV em governos autoritários, como a Coreia do Norte, onde não existe concorrência.

O ex-governador Leonal Brizola, o único do primeiro escalão da política brasileira que não teve medo de enfrentar a família Marinho, dizia que é fácil saber o que é melhor para o Brasil.

Basta ir na direção contrária ao que defende a Globo.

A situação no País hoje é mais complexa e seguir na direção contrária à da Rede Globo significa, neste momento, apoiar Michel Temer.

Simplesmente, não dá.

A história do joio e do trigo é uma metáfora cristã, que diz que é preciso esperar que o joio e o trigo cresçam para que se identifique o que é joio e o que é trigo. E aí, sim, arrancar o que não presta, sem o risco de, ao retirar o joio, acabar também com a plantação de trigo.

A Globo é joio e cabe atenção para que, com a queda dos seus antigos aliados golpistas, ela não apresente a fatura.

Pode não parecer, mas é a Globo que é uma concessão do Brasil. E não o contrário.

maria do carmo

A sociedade brasileira honesta, os brasileiros com etica, nao podem admitir indulto ou asilo politico, ao arrivista e criminoso Temer, cade justica para todos?… os ratos de sempre Sarney e cia os ladroes da sociedade, os lesa patria, orientando o vil Temer, estejam certos, , ao vender o Brasil na bacia das almas aos empresarios estrangeiros quase todos corruptos, a troco de nada que nao foi, Parente vendendo a Petrobras rapidamente para nao dar tempo de contestacao a preco de banana em final de feira, sondas vendidas a 8% dos valores pagos com a gangue Eliseu Padilha, Moreira Franco, Juca e Cia Bela o bandido Temer chefe da quadrilha, agora quer ir gozar o resultado do saque, temos de exigir julgamento dentro da constituicao, para que seja punido, e que a justica se nao tiver rabo preso, tem que exercer suas funcoes, peco aos juizes que exercem tao nobre funcao como verdadeiro sacerdocio, nao se deixem intimidar chega de impunidade, as provas estao ai, o que estao esperando?…Nos planos da gangue ate vender o territorio nacional etc., etc., etc., sao laudas e laudas de crimes , ainda por cima tirar os direitos dos trabalhadores, alem de vender a preco vil, vai o pacote completo trabalhadores em regime de escravos, estamos esperando que julguem o ursurpador sem clemencia, dentro da constituicao, mas sem perdao para que sirva de exemplo aos aventureiros ganacioso s, ou teremos que recorrer as corte estrangeiras, confiamos nos juizes honestos e imparciais, JUSTICA! Eleicoes diretas ja, pois nao da para confiar nesse congresso corrupto. JUSTICA!

    bonobo de oliveira, severino

    Justiça? Tem que trocar o judiciário inteiro, com MP e PF. Vamos importar da Suécia. Esses que estão aí, põe tudo num navio, leva pro alto mar, joga todo mundo no porão, tranca e depois afunda. Lá na zona abissal das Marianas, pra não ter risco de voltar nenhum.

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