Marco Aurélio Mello: Que história queremos contar?
Tempo de leitura: 2 minPor Marco Aurélio Mello
Foto: Ricardo Stuckert
por Marco Aurélio Mello
Se o Lula for preso, morrer no cárcere e virar mártir, sabe quem vai faturar alto com esta história?
Já já eu dou a resposta.
Antes, preciso falar da Inconfidência Mineira, da Abolição da Escravatura e da Transposição do Rio São Francisco.
No último 21 de Abril vi um texto na internet que falava de um pesquisador mineiro que sustenta que Tiradentes morreu no “exílio”, no Rio de Janeiro.
No lugar do Joaquim José, militar e dentista, outro homem teria sido esquartejado e exposto em pedaços à visitação pública, sem que sua cabeça jamais fosse apresentada à plebe.
Trata-se de mais uma boa polêmica para historiadores e estudiosos.
E confirma a tese de Honeré de Balzac (1799-1850), considerado o fundador do Realismo na literatura moderna: “há duas histórias: a Oficial, que é mentirosa e a Verdadeira, que é secreta.”
Por falar em história oficial, no próximo dia 13 de Maio os estudantes das escolas públicas e privadas do ensino fundamental vão enaltecer o gesto de uma princesa, a Isabel.
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A mistificação esconde a luta de resistência dos negros, as fugas espetaculares, a formação dos quilombos, o mito da “queda na produtividade” e o chamado alto custo do escravo, que ocultou a violência e os abusos de toda sorte, sem contar os fatores geopolíticos, estes sim, que levaram ao abolicionismo.
Nossas crianças vão crescer achando que os negros foram libertos graças à pena generosa da aristocracia branca e emplumada.
Em breve, outra libertação – a transposição do Rio São Francisco – estará pronta, mas isso não quer dizer o fim da secura no sertão.
A água chegou mas, nas palavras do ex-presidente Lula, se os municípios não fizerem a captação, o tratamento e a rede de distribuição, o sertanejo vai continuar a levar a lata d’água na cabeça.
É provável que, neste caso, a história apague o feito depois de feito, o que seria de uma tristeza sem fim.
Se a gente correr a linha do tempo de Lula lá para frente vamos encontrar um homem injustiçado, perseguido e massacrado no final da vida.
O que está em disputa é a legitimação de uma narrativa histórica futura e a possível desconstrução de um personagem que – em vida – já povoa o inconsciente coletivo da nação e do mundo todo como “o cara”.
Lula seria pintado de bonzinho ou de larápio? Seria um ilusionista, que enganou a todos e por isso teria que terminar seus dias apodrecendo numa prisão?
Independentemente de qual seja o desfecho já estou pronto para responder à pergunta feita lá em cima: quem irá faturar alto com esta história narrada, seja da forma que for, será a Globo.
Lula vai virar personagem de mini série de época, provavelmente escrita, dirigida e encenada “pela turma da esquerda”.
Esquerda que eles tão bem controlam com salários e uma dose de tolerância, afinal, são seus artistas integrados e portanto, inofensivos.
Afinal, não é este o business da indústria cultural?
A propósito, não tenho nada contra “nossos artistas de esquerda”, muito ao contrário, mas não aceito mais legitimar nossos opressores!
Volto ao tema em paz e com amor.
Marco Aurélio Mello
Jornalista, radialista e escritor.
Comentários
FrancoAtirador
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