Mulheres foram às ruas em todo o Brasil, enquanto o usurpador as colocava comparando preço em supermercado
Perdido no tempo
Por Bernardo Mello Franco, na Folha
09/03/2017 02h00
BRASÍLIA – Em mais um esforço para tentar melhorar a imagem presidencial, o governo organizou uma solenidade em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.
O palácio ficou cheio, mas a ideia se revelou um desastre.
E desta vez não há como jogar a culpa no marqueteiro.
Diante de uma plateia majoritariamente feminina, Michel Temer cometeu deslizes em série.
“Tenho absoluta convicção, até por formação familiar e por estar ao lado da Marcela, do quanto a mulher faz pela casa, do quanto faz pelo lar”, disse.
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“Na economia, também, a mulher tem uma grande participação. Ninguém mais é capaz de indicar os desajustes, por exemplo, de preços em supermercados”, acrescentou.
O discurso constrangeu parlamentares e servidoras convidadas para a cerimônia.
Nas redes sociais, a repercussão foi ainda pior.
A secretária de Políticas para as Mulheres, Fátima Pelaes, tentou defender o chefe. “O presidente Michel é muito mais do que palavras”, disse.
Fora dos microfones, aliados reconheceram a bola fora. Não foi a primeira neste campo.
Ao suceder a primeira presidente mulher, Temer montou um ministério só de homens, num retrocesso à era Geisel.
Completou a obra ao rebaixar a Secretaria das Mulheres ao segundo escalão do governo.
Em outro trecho do discurso desta quarta (8), Temer reforçou a impressão de não ter entendido que estamos em 2017.
Ele exaltou o fato de que as brasileiras passaram a votar. “A mulher representa, e representava no passado, 50% da população brasileira. E, sem embargo, o fato é que 50% estava excluído”, disse.
O voto feminino foi instituído em 1932. Oitenta e cinco anos depois, a exclusão persiste de outras formas.
Apesar de serem maioria no eleitorado, as mulheres não ocupam nem 12% das vagas no Congresso. No mercado de trabalho, a discriminação também continua.
É o que mostram os dados oficiais sobre renda e emprego, que Temer deveria conhecer.
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Comentários
Regina Maria de Souza
Gente, a cultura do sr. Temer é árabe. Até novela da Globo já tratou da disparidade homem-mulher entre eles (Clone, de Glória Peres). Eu aprendi a respeitar as culturas diversas – e me esforço para tal. O problema é que ele quer ser presidente do Brasil – aí não dá, não é?
Cledusa
Que horror! O meu pai já falecido que foi de uma geração anterior ao do Temer, sempre achou que a melhor herança que deixaria para os seus filhos são os estudos. Nós somos três filhas mulheres e um homem! O que nós brasileiros que pensamos e amamos O Brasil, fizemos para merecer tanta maldição junto?!!
Ubirajara
O usurpador não parou no tempo da enceradeira, apenas está preparando mais uma boa futura administração, em especial, para as mulheres.
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