Fátima Bezerra: A hemorragia de um governo terminal

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Delação da Odebrecht provocou hemorragia típica de um governo terminal

por Fátima Bezerra*

A pesquisa Datafolha divulgada no último fim de semana trouxe dados extremamente reveladores da crise política, econômica e institucional que o país atravessa, derivada de um golpe de Estado que interditou a soberania do voto popular.

De acordo com o levantamento, 51% da população considera o governo Temer ruim ou péssimo; 66% acha que a inflação vai aumentar; 67% que o desemprego vai crescer; e 65% que a situação econômica piorou. No que diz respeito às características pessoais do presidente ilegítimo, 65% da população considera que Michel Temer é falso; 75% que é defensor dos mais ricos; 50% que é autoritário; e 58% que é desonesto.

Em outras palavras, a maioria da população brasileira considera o governo ilegítimo um desastre, completamente incapaz de reinserir o país nos trilhos do desenvolvimento econômico com distribuição de renda e justiça social.

A coleta de dados foi realizada dias 07 e 08 de dezembro e não captou, portanto, a repercussão da primeira delação da Odebrecht, que atinge o núcleo duro do governo ilegítimo e proeminentes lideranças de sua base de sustentação no Congresso Nacional, como o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB); o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD); o secretário executivo do programa nacional de privatizações, Moreira Franco (PMDB); o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM); o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB); os senadores Aécio Neves (PSDB), Romero Jucá (PMDB), Eunício Oliveira (PMDB) e José Agripino (DEM); e o próprio presidente da República, Michel Temer (PMDB).

Se a pesquisa fosse realizada hoje, o resultado seria ainda mais sintomático no que diz respeito à impopularidade do governo golpista.

Se é verdade que as denúncias precisam ser devidamente comprovadas, preservado o amplo direito de defesa e garantida a presunção de inocência, também é verdade que o governo Temer e sua base de sustentação no Congresso Nacional não têm legitimidade para aprovar o pacote de maldades que prometeu ao mercado e ao oligopólio da mídia; não têm autoridade política para aprovar uma PEC que congela os investimentos públicos durante duas décadas; não têm moral para aprovar uma reforma da previdência que maltrata idosos e pessoas com deficiência, que anula o direito de milhares de trabalhadores à aposentadoria ao elevar a idade mínima para 65 anos, que penaliza trabalhadores do setor público e privado ao impor 49 anos de contribuição como condição de acesso à aposentadoria integral.

Além de se revelar completamente incompetente no que diz respeito ao enfrentamento da crise econômica, o governo Temer também não conseguiu “estancar a sangria”.

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As denúncias de corrupção envolvendo a cúpula do governo resultaram na queda de seis ministros de Estado em pouco mais de seis meses de governo, enquanto a primeira delação da Odebrecht provocou uma grave hemorragia, típica de um governo terminal.

Ainda de acordo com a pesquisa Datafolha, 63% da população defende a renúncia imediata de Michel Temer e a convocação de eleições diretas para a presidência da República.

A maioria da população brasileira, assim como a bancada do PT e da oposição no Congresso Nacional, entende que não haverá saída para a crise política, econômica e institucional fora da democracia, sem que a população seja convocada a decidir os rumos da nação.

Nossa tarefa é transformar a opinião da maioria da população expressa na pesquisa em mobilização social, pois somente ocupando as praças e avenidas do país vamos conseguir resgatar a soberania do voto popular.

*É senadora (PT-RN)

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