Fátima Bezerra: Governo ilegítimo perde o controle do roteiro do golpe

Tempo de leitura: 4 min

Plenário do Senado

GOVERNO ILEGÍTIMO PERDE O CONTROLE DO ROTEIRO DO GOLPE

por Fátima Bezerra

O governo ilegítimo perdeu completamente o controle do roteiro do golpe.

O que testemunhamos agora é o agravamento de uma crise institucional sem precedentes e um flagrante conflito entre os poderes da República, exemplarmente constatado na decisão liminar do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, que afastou o senador governista Renan Calheiros da presidência do Senado Federal; e na decisão da Mesa Diretora do Senado, que não acatou a decisão liminar do mencionado Ministro do STF.

Trata-se, obviamente, de uma consequência da ruptura democrática, de uma consequência da aventura golpista que unificou tucanos, democratas, peemedebistas e seus satélites fisiológicos.

Não foi por falta de aviso.

O campo democrático e popular foi incansável na tentativa de alertar que, fora da democracia, reina o caos; anulada a soberania do voto popular, reina o autoritarismo.

Mas nada é tão ruim que não possa piorar, pois o governo ilegítimo insiste em implementar um pacote de maldades contra a maioria do povo brasileiro, um pacote de maldades que engloba a entrega do pré-sal às multinacionais, o desmonte dos bancos públicos, o congelamento dos investimentos durante duas décadas, a terceirização das atividades-fim, uma reforma autoritária do ensino médio via medida provisória e a reforma da previdência, que deve ser enviada ao Congresso Nacional neste dia 06 de dezembro.

Cabe mais uma vez o alerta: suprimidos os direitos sociais, restará a convulsão social, que não tardará a se manifestar nas ruas do nosso país, quando a população se apropriar do conjunto de retrocessos que está sendo imposto por um governo que não tem o mínimo pudor de anular o Estado social inscrito na Constituição de 88.

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A reforma da previdência do governo ilegítimo:

• Amplia a idade mínima da aposentadoria de homens e mulheres para 65 anos, com 25 anos de contribuição, o que passa a valer também para professores, policiais civis e policiais federais.

• Estabelece um mecanismo de elevação da idade mínima para aposentadoria de acordo com a elevação da expectativa de vida da população, caracterizando-se como uma reforma contínua, sem ponto final.

• Limita o valor da pensão por morte a 50% do valor do benefício recebido pelo contribuinte que morreu, com um adicional de 10% para cada dependente do casal. Isso significa que o INSS somente pagará 100% do benefício a pensionistas que tiverem cinco filhos. Além disso, as pensões não serão mais vinculadas ao salário mínimo.

• Prevê uma alíquota de contribuição ao INSS para os trabalhadores rurais, a ser definida via projeto de lei.

• Estabelece que, para receber o teto do INSS, o trabalhador terá de contribuir durante praticamente meio século: 49 anos.

• Amplia a idade mínima dos beneficiários do Benefício de Prestação Continuada de 65 para 70 anos e desvincula o BPC do salário mínimo, o que vai prejudicar milhares de idosos e pessoas com deficiência.

• Impede o recebimento conjunto, à conta dos regimes próprios de previdência dos entes federados, de mais de uma aposentadoria, de mais de uma pensão por morte ou de pensão por morte e aposentadoria, ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis e assegurado o direito de opção por um dos benefícios.

• Prevê uma regra de transição para homens com 50 anos ou mais e mulheres com 45 anos ou mais, de modo a amenizar os efeitos nocivos da reforma para essa parcela da população, mas homens com menos de 50 anos e mulheres com menos de 45 anos terão de se submeter às novas regras.

A exemplo da PEC do teto de gastos, a PEC da reforma da previdência é uma contrarreforma, que reduz direitos dos trabalhadores, dos professores da educação básica, dos policiais civis e federais, das mulheres, das pessoas com deficiência e dos idosos que necessitam de assistência social.

Tudo isso sob o falso pretexto de eliminar um gigantesco déficit que existiria na previdência social e que nos levaria a um futuro insustentável, o que é mais uma grande mentira difundida por um governo que é resultado de uma farsa.

De acordo com Denise Gentil, economista da Universidade Federal do Rio de Janeiro, consideradas todas as receitas previstas na Constituição para a seguridade social, que engloba previdência, saúde e assistência social, não existe déficit, mas sim superávit:

“O resultado do encontro do total de receitas e despesas é amplamente superavitário, incluídos os gastos administrativos com pessoal, custeio e pagamento da dívida de cada setor. O superávit foi 56,7 bilhões de reais em 2010, 78,1 bilhões em 2012, 56,4 bilhões em 2014, e 20,1 bilhões em 2015, apesar das enormes desonerações tributárias realizadas nos últimos anos”.

Sabemos perfeitamente que a reforma da previdência e a PEC do teto de gastos fazem parte da fatura que o governo ilegítimo precisa pagar aos patrocinadores do golpe de Estado, que submete o Estado brasileiro aos interesses do mercado. Mas não podemos mais fingir que nada está acontecendo.

Estamos atravessando a mais grave crise institucional desde o término da ditadura civil-militar.

Esse pacote de maldades precisa ser interditado imediatamente, sob pena de uma convulsão social de dimensões inimagináveis se materializar nas ruas do nosso país. Esse governo e esse parlamento não têm legitimidade para rasgar a Constituição de 88 e a Consolidação das Leis do Trabalho.

Esse governo e esse parlamento precisam entender que não há saída para a crise que não passe pelo resgate da democracia e da soberania popular. E é exatamente por isso que vamos continuar lutando pelas eleições diretas e contra a retirada de direitos.

 Fátima Bezerra é senadora (PT-RN)

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FrancoAtirador

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https://twitter.com/requiaopmdb/status/806592122111586304
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FrancoAtirador

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Pelo Visto, o Cel$o Recebeu Uma Ligação Amigo do Coroné Sarney

a fim de Manter o Renan no Senado só pra Salvar a PEC da Morte.

http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2016-12/apos-decisao-de-afastamento-renan-reune-se-com-senadores
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