Juvandia Moreira, 29º dia de greve: Bancos querem impor reajuste abaixo da inflação para servirmos de exemplo
Tempo de leitura: 13 minpor Conceição Lemes
Nesta terça-feira (04/10), a greve dos bancários completa 29 dias.
É uma das mais longas da categoria, que tem 520 mil trabalhadores em todo o Brasil.
Eles reivindicam reajuste salarial de 14,78%: 9,31% referentes à inflação acumulada (de 1º de setembro de 2015 a 30 de agosto de 2016) mais 5% de aumento real.
Já aconteceram dez rodadas de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).
A última foi na quarta-feira, 28 de setembro. A proposta é considerada muito insuficiente para a categoria. Os 7% de reajuste oferecido representam perda de 2,39%.
O Comando dos Bancários está de plantão, em São Paulo, aguardando uma nova proposta da Fenaban.
“Apesar de ser o setor mais lucrativo, os bancos tentando estão tentando nos impor um reajuste abaixo da inflação. Justamente na direção de redução do custo do trabalho, que é a proposta do governo Temer”, denuncia em entrevista ao Viomundo Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando.
“Os bancos participaram da articulação do impeachment, hoje integram o governo golpista. O Itaú [Ilan Goldfajn, economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco] está simplesmente na presidência do Banco Central”, acrescenta.
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Somente no primeiro semestre de 2016, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú-Unibanco e Santander tiveram lucro líquido de R$ 29,7 bilhões.
Na sexta-feira (30/09), segundo a Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), 13.358 agências (57% do total) e 34 centros administrativos pararam no País.
Especificamente na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo (é o maior, com 142 mil trabalhadores), 833 agências e 15 centros administrativos pararam. Estima-se que mais de 39 mil aderiram.
A adesão ao movimento cresceu, apesar do assédio moral, ameaças e repressão por parte dos bancos, adverte a Contraf. Faixas, adesivos e cartazes avisando à população que o local aderiu à greve foram retirados na marra, com violência, em muitas agências.
Nós conversamos mais com Juvandia Moreira sobre o jogo duro do patronato.
De 2004 a 2015, os bancários conseguiram aumento real acumulado de 20,85%. Segue a íntegra da nossa entrevista
Viomundo – Eu não me lembro de uma greve tão prolongada de vocês. E os bancos seguem irredutíveis. O golpe está interferindo na campanha salarial de 2016?
Juvandia Moreira – Com certeza, esta já é uma das mais longas greves dos bancários. Com certeza, também, a conjuntura está interferindo negativamente em nossa campanha. A essa altura já era para termos fechado um acordo ou estarmos em outro patamar.
O golpe foi dado para implantar um programa de governo, um modelo de país, que visa à redução de direitos, à redução do custo do trabalho.
Os bancos participaram da articulação do impeachment, hoje integram o governo golpista. O Itaú [Ilan Goldfajn, economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco] está simplesmente na presidência do Banco Central.
Não é à toa que eles estão tentando nos impor um reajuste abaixo da inflação. Justamente na direção de redução do custo do trabalho, que é a proposta do governo Temer.
Viomundo – O que os bancários reivindicam?
Juvandia Moreira – Antes, uma observação que muitos desconhecem. Somos uma categoria forte – 520 mil trabalhadores em todo o Brasil –, organizada e uma das poucas que têm convenção coletiva de trabalho válida para o Brasil inteiro. Portanto, o que acontecer conosco provavelmente vai repercutir em outras.
Quanto às reivindicações, a nossa pauta tem dez pontos principais. Um deles é o reajuste salarial de 14,78%: 9,31%, de inflação acumulada (1º de setembro de 2015 a 30 de agosto de 2016) e 5% de aumento real.
Viomundo – O que os bancos propõem?
Juvandia Moreira – A nossa data-base é 1º de setembro. Assim, em 9 de agosto, entregamos à Fenaban a nossa pauta de reivindicações.
Pois bem, só na sexta rodada de negociação — em 30 de agosto, portanto há um dia da data-base, os bancos apresentaram a primeira proposta: 6,5% de reajuste e R$3 mil de abono.
Além de ser muito ruim, ela não avançou nos outros itens prioritários, como a garantia de emprego. Submetida a assembleias por todo o País, a categoria rejeitou.
De 30 de agosto para cá, fizeram mais três propostas. A última foi na quarta-feira passada (28/09). Eles propuseram reajuste 7% para uma inflação de 9,62% mais abono de R$ 3,5 mil, com aumento real de 0,5% para 2017. Nós rejeitamos. Ela é muito insuficiente, considerando que é o setor mais lucrativo no País.
Viomundo – Por que é muito insuficiente?
Juvandia Moreira – Por causa do índice de reajuste, que está muito baixo. Eles não querem pagar nem a inflação passada. Os 7% de reajuste proposto representam perda de 2,39%.
Viomundo – E o abono?
Juvandia Moreira – Aí, a esperteza. Eles querem substituir o reajuste menor pelo abono. Sei que muitos leitores vão retrucar: “é dinheiro no bolso!”
Obviamente que é. Inclusive num primeiro momento, se o bancário juntar o abono com o reajuste de 7%, ele pode até ganhar mais. Mas a médio e longo prazo, vai ter prejuízos.
Na década de 90, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), nós tivemos muitos reajustes abaixo da inflação com abono. E isso foi terrível, sobretudo para quem trabalhava em bancos públicos. Durante anos, tivemos reajuste zero, só abono. Provocou perdas salariais enormes.
Por isso, temos falado muito para os representantes da Fenaban na negociação: “não queremos inaugurar uma nova era de reajuste abaixo da inflação”.
Viomundo – A Fenaban retoma a política de reajuste rebaixado da era FHC?
Juvandia Moreira – Exatamente. Se fosse o reajuste de 9,62% mais o abono, tudo bem. Agora, substituir o reajuste menor pelo abono, não dá. Ele joga o poder de compra dos bancários para baixo.
O abono não reflete no 13º salário, nas férias, no FGTS, na previdência. Além disso, não se incorpora ao salário, o que faz com que a gente inicie a próxima negociação já defasados. E isso vai ficar para sempre no salário.
Viomundo —O que alegam para não pagar a inflação?
Juvandia Moreira – Eles dizem que a economia está incerta, o país, em crise. Também que a inflação vai cair em 2017, vai chegar a 5%. Só que ninguém sabe como a economia estará no ano que vem.
Viomundo – Têm bola de cristal?
Juvandia Moreira – Justamente, a gente discute em cima do passado, não do futuro. E os números falam por si. É o setor que mais lucra no país. Enquanto todos perdem, os bancos seguem ganhando.
Por exemplo, só no primeiro semestre deste ano, os bancos tiveram um resultado de R$ 107,2 bilhões com títulos, muito influenciados pelo elevado patamar da taxa Selic.
Também no primeiro semestre de 2016, os cinco maiores bancos atuando aqui (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú-Unibanco e Santander) tiveram lucro líquido de R$ 29,7 bilhões.
Portanto, eles têm condições de pagar, no mínimo, a inflação. Mas nem isso eles querem.
Viomundo – Esses índices valem para os altos executivos?
Juvandia Moreira – Nããããããããããããoooo! De jeito nenhum. Em 2015, o Santander deu reajuste de 29% para os executivos e 10% aos bancários.
Enquanto propõem perda real de 2,62% para a categoria bancária, os bancos praticam política de elevada remuneração para seus altos executivos.
Em 2016, a remuneração total anual média de um diretor executivo do Itaú, por exemplo, será de R$ 12,5 milhões, do Santander R$ 7 milhões e do Bradesco R$ 5,3 milhões. Esses dados são Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Um executivo do Itaú recebe anualmente 255 vezes o valor da remuneração anual de um escriturário, considerando salário, ticket refeição, alimentação e Participação no Lucro e Resultado (PLR). No Santander, a diferença é de 145 vezes e no Bradesco, 110.
Viomundo – Os bancos também tiram o couro dos clientes, não tiram?
Juvandia Moreira — E como! As tarifas bancárias são uma exorbitância. Basta ver a taxa de juros do rotativo do cartão de crédito: mais de 470% no ano.
A taxa de juros anual do cheque especial está em 350%. Se você entrar no cheque especial, não consegue sair mais.
As tarifas bancárias cobrem, em média, 1,3 folha de pagamento. No Itaú, é mais de 1,5 folha de pagamento.
Isso — atenção! — só com a receita de tarifa. E ela não é a principal.
Viomundo – Por isso, você tem dito não há crise para os bancos?
Juvandia Moreira – Exatamente. Só que o setor financeiro está tentando impor uma redução do custo do trabalho em cima de um ajuste sobre o salário dos bancários.
Eles não têm necessidade de fazer um ajuste em cima dos nossos salários.
Viomundo – Essa greve está me fazendo lembrar da greve histórica dos petroleiros, em 1995, no governo FHC. Ela durou 32 dias [veja detalhes, ao final]. A intransigência da Fenaban não visaria quebrar a espinhal dorsal dos bancários, que serviriam de exemplo para outras categorias não reivindicarem acordos justos?
Juvandia Moreira – Com certeza, eles estão querendo colocar os bancários como exemplo para as outras categorias, mostrando a necessidade de diminuir o custo do trabalho, através de acordos salariais reduzidos.
Viomundo – Que outra reivindicação é prioritária?
Juvandia Moreira – Há várias, mas eu destaco a defesa do emprego. Entre janeiro e agosto, os bancos privados cortaram 9,1 mil postos de trabalho, que até agora não foram repostos. Um aumento de mais de 35% em comparação ao mesmo período do ano passado.
Viomundo – Que bancos?
Juvandia Moreira — Os três maiores privados: Itaú, Santander e Bradesco. Por isso, a nossa reivindicação é que haja instrumentos para impedir novas demissões e que os postos cortados sejam repostos.
Além das demissões e da rotatividade, o setor também segue contratando o trabalhador com salário, em média, 45% menor ao que foi demitido.
Você acha justificável que o setor mais lucrativo do País demita milhares de trabalhadores para reduzir custos? E ainda prometem demitir mais este ano.
Se eles não repuserem, eles estão eliminando emprego num momento em que deveriam fazer o contrário, especialmente num país com 12 milhões de desempregados.
Viomundo — Como a categoria está reagindo?
Juvandia Moreira – Nós temos uma organização muito forte e a greve segue forte. A categoria vai continuar lutando até melhorar essa proposta.
Na negociação do ano passado, nós colocamos mais de R$ 11 bilhões no bolso dos bancários, entre PLR, reajuste salarial, vale alimentação.
A tese deles é de que aumento salarial gera inflação, por isso tem de se reduzir a renda das famílias.
Nós achamos diferente. É colocando dinheiro no bolso do trabalhador, que vai fazer com que ele consuma e a economia reaja.
Eles têm a tese de que é preciso ter sempre um exército de desempregados, para manter os salários rebaixados.
Nós discordamos. Se for assim, só vai aumentar a concentração de renda. Os mais ricos vão ficando mais ricos e pobres mais pobres.
Viomundo – Sempre que há uma greve, especialmente prolongada, as pessoas acabam atingidas e reclamando. Em nome dos bancários, o que você diria para elas neste momento?
Juvandia Moreira — As tarifas estão altíssimas, os bancos cobram altas taxas de seus títulos, cheques, apólices, reduzem o número de funcionários para atender nas agências e, ainda, querem desgastar os seus trabalhadores e aumentar o exército de desempregados na população.
Acho que é o momento de todo mundo se unir, para cobrar do sistema financeiro que ele cumpra o seu papel.
Felizmente, a gente tem recebido muito apoio dos clientes. Eles têm consciência do quanto os banqueiros são gananciosos e de que nós temos razão.
Posse de Ilan Goldfajn, economista-chefe e sócio do Itaú-Unibanco, na presidência do Banco Central; Michel Temer e Henrique Meirelles presentes: Foto: Beto Barata/PR, via Fotos Públicas
Principais reivindicações Campanha Nacional Unificada 2016:
* Reajuste Salarial de 14,78%, sendo 5% de aumento real, com inflação de 9,31%
* PLR – três salários mais R$ 8.297,61
* Piso – Salário mínimo do Dieese (R$ 3.940,24)
* Vales Alimentação, Refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá – Salário Mínimo Nacional (R$ 880)
* 14º salário
* Fim das metas abusivas e assédio moral – A categoria é submetida a uma pressão abusiva por cumprimento de metas, que tem provocado alto índice de adoecimento dos bancários;
* Emprego – Fim das demissões, ampliação das contratações, combate às terceirizações e precarização das condições de trabalho
* Melhores condições de trabalho nas agências digitais
* Mais segurança nas agências bancárias
* Auxílio-educação
Greve histórica dos petroleiros completa 15 anos
Resistindo às manipulações e repressões do governo FHC, trabalhadores impediram a privatização da Petrobrás
Escrito por Imprensa da FUP, publicado no portal da CUT, em 07/05/2010
Há 15 anos, no dia 3 de maio, os petroleiros iniciavam a mais longa greve da história da categoria. Uma greve de 32 dias, que tornou-se o maior movimento de resistência da classe trabalhadora à política neoliberal e entreguista do PSDB e do DEM (então PFL).
Uma greve que foi fundamental para impedir a privatização da Petrobrás e, assim, evitar que Fernando Henrique Cardoso aplicasse no Brasil o mesmo receituário que levou a Argentina à falência, principalmente, em função das privatizações de todas as estatais de energia e petróleo.
Durante a greve de maio de 1995, os petroleiros resistiram às manipulações e repressões do governo e à campanha escancarada da mídia para tentar jogar a população contra a categoria. Milhares de trabalhadores foram arbitrariamente demitidos, punidos e enfrentaram o Exército, que, a mando de FHC, ocupou com tanques e metralhadoras as refinarias da Petrobrás.
A FUP e seus sindicatos foram submetidos a multas milionárias por terem colocado em xeque os julgamentos viciados do TST, que decretou como abusiva uma greve legítima e dentro da legalidade.
Além de ter impedido a privatização completa da Petrobrás, como queriam os tucanos e demos, a greve de maio de 95 despertou um movimento nacional de solidariedade e unidade de classe, fazendo ecoar por todo o país um brado que marcou para sempre a categoria: “Somos todos petroleiros”.
A história da greve
Na década de 90, com o avanço do projeto neoliberal, os trabalhadores da Petrobrás enfrentaram os maiores ataques da história da categoria. Ao tomar posse em 1995, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em aliança com o PFL (atual DEM), aprofundou o desmonte do Estado, atacou os direitos dos trabalhadores, arrochou salários e criminalizou os movimentos sociais. O estratégico setor petróleo era o mais cobiçado pelos neoliberais.
Mal assumiu o governo, FHC enviou ao Congresso um projeto de emenda constitucional que visava acabar com o monopólio da Petrobrás sobre a exploração e produção de petróleo.
Para se contrapor à política de privatização e ataques aos trabalhadores, as categorias do setor público decidiram realizar uma greve unificada. No dia 03 de maio de 1995, os petroleiros aderiram em massa ao movimento, somando-se aos eletricitários, telefônicos, trabalhadores dos Correios e servidores federais.
Além da recuperação das perdas salariais e da preservação de direitos, os trabalhadores lutavam contra a quebra dos monopólios do petróleo e das telecomunicações.
O movimento unificado, no entanto, foi perdendo força e os petroleiros acabaram sustentando a greve sozinhos por 32 dias. Mais de 90% da categoria cruzaram os braços nas refinarias, nas plataformas, nos terminais de distribuição e nas unidades administrativas da Petrobrás.
Os trabalhadores se revezavam para garantir o abastecimento básico da população e preservar os equipamentos. Mas a imprensa fazia terrorismo, acusando os petroleiros pela falta de derivados de petróleo e, principalmente, do gás de cozinha.
Apesar da legitimidade das reivindicações da categoria, que exigia o cumprimento de acordos pactuados em 1994, o Tribunal Superior do Trabalho julgou a greve abusiva em seu sétimo dia. Os petroleiros não se intimidaram. Nem mesmo quando a direção da Petrobrás anunciou em 11 de maio a primeira lista de demitidos. Antônio Carlos Spis, coordenador da FUP, liderava a relação de 25 nomes que a empresa comunicou à mídia.
A repressão do governo FHC estava apenas começando. No dia 24, o Exército ocupou as refinarias no Paraná (REPAR), Paulínia (REPLAN), Mauá (RECAP) e São José dos Campos (REVAP). No dia seguinte, os petroleiros receberam seus contracheques zerados.
A categoria continuava impassível. Resistência era a palavra de ordem entre os trabalhadores. Quanto mais o governo endurecia, mais os petroleiros resistiam. O movimento ganhou o apoio de centenas de sindicatos, estudantes, parlamentares, movimentos sociais do Brasil e do exterior.
No 23º dia da greve (26 de maio), o TST julgou mais uma vez a paralisação abusiva e impôs multas milionárias à FUP e aos sindicatos: R$ 100 mil por cada dia não trabalhado!
No dia 31 de maio, a CUT promoveu o Dia Nacional de Solidariedade à greve dos trabalhadores da Petrobrás. Somos todos petroleiros, bradavam as demais categorias em passeatas pelo país afora.
No dia seguinte, uma frente parlamentar foi formada por representantes de vários partidos, com o compromisso de intermediar a reabertura das negociações com a empresa. Só assim, a direção da Petrobrás aceitou voltar à mesa de negociação e comprometeu-se a cancelar as punições e a parcelar o desconto dos dias parados.
A FUP indicou a suspensão da greve no dia 02 de junho, o que foi aprovado pela categoria em todo o país, com exceção dos 300 trabalhadores que ocupavam a RPBC, em Cubatão. Eles só deixaram a refinaria no dia seguinte (3 de junho), cantando o hino nacional e cobertos pela bandeira brasileira, em uma das mais emocionantes cenas da greve de 1995.
Mesmo com o fim da greve, os sindicatos e a FUP tiveram suas contas bloqueadas, o repasse das mensalidades dos associados retido e os bens penhorados. Cada um dos 20 sindicatos que participaram do movimento recebeu multas de R$ 2,1 milhões.
Ao todo, 73 trabalhadores foram demitidos, entre eles vários dirigentes sindicais. Mais de mil petroleiros foram punidos, a maioria com suspensões de até 29 dias. Para manter-se na luta, alguns sindicatos foram obrigados a atuar quase que em clandestinidade. Tamanha repressão sofrida pelos trabalhadores e pela organização sindical só havia ocorrido no Brasil durante a ditadura militar.
A máscara da social democracia do PSDB foi derrubada pelos petroleiros no primeiro grande enfrentamento dos trabalhadores contra o projeto neoliberal. O caráter repressivo do governo de Fernando Henrique Cardoso ficou evidente na criminosa demissão dos dirigentes sindicais e nos canhões dos tanques do Exército apontados contra os trabalhadores nas refinarias.
Mesmo com toda a truculência dos tucanos e demos (então PFL), dos julgamentos viciados do TST, da campanha mentirosa da mídia, da manipulação dos estoques de combustíveis pelas distribuidoras, entre tantos outros ataques, a greve de 32 dias dos petroleiros, em maio de 1995, foi essencial para a história recente do sindicalismo no Brasil.
A categoria pautou na sociedade importantes discussões políticas, como o direito de greve, a livre negociação, o papel da Justiça do Trabalho e a liberdade de organização sindical.
A armação do gás
Em novembro de 1995, o Tribunal de Contas da União concluiu que as distribuidoras foram responsáveis pelo desabastecimento de gás durante a greve dos petroleiros. Fato que já era, inclusive, de conhecimento da própria Petrobrás, segundo admitiu três anos depois o superintendente de Recursos Humanos da empresa, José Lima Neto: “Não era de interesse da Petrobrás na época acionar as distribuidoras por terem sonegado o gás de cozinha”, informou em entrevista ao jornal do DCE da USP.
Reintegração dos demitidos
O primeiro Congresso Nacional da Federação Única dos Petroleiros foi realizado em agosto de 1995, dois meses após a greve histórica protagonizada pela categoria. Uma das principais resoluções do Congresso foi a luta pela reintegração dos 88 trabalhadores demitidos nas greves de 1994 e de maio de 1995.
Mais do que um objetivo implacável, o retorno destes petroleiros transformou-se em questão de honra que a FUP perseguiu incansavelmente ao longo de todos os anos seguintes.
Somente em 2003, após as mudanças políticas que aconteceram em função da eleição do presidente Lula, é que as demissões e punições começaram a ser revistas pela Petrobrás.
A FUP, através de participação em comissões interministeriais e da postura firme nas campanhas reivindicatórias, garantiu a anistia de 88 demissões, 443 advertências, 269 suspensões e 750 punições de trabalhadores que participaram das greves de 94 e 95.
Além disso, a luta pela anistia trouxe de volta aos quadros da Petrobrás mais de mil trabalhadores das extintas Interbrás, Petromisa e Petroflex.
Anistia das multas impostas aos sindicatos
Após ter vetado em abril de 1996 o projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional de anistia das multas arbitrárias impostas pelo TST, o tucano FHC tentou, mais uma vez, barrar a anistia, dois anos depois. Alguns sindicatos já estavam na iminência de terem seus bens leiloados pelo Tribunal, em mais uma das explícitas demonstrações de abuso de poder por parte do governo do PSDB/DEM.
Prevendo o desgaste político que sofreria, o presidente Fernando Henrique recuou e sancionou, parcialmente, a lei de anistia, em julho de 1998, vetando o artigo que dava direito aos sindicatos de receberem de volta os valores retidos pelo TST desde 1995.
Comentários
RONALD
Se existe algum ser pior que banqueiro, não quero conhecer !!!!!! Temer é recreador de parque infantil perto deles.
Ejcs
A odebrecht será joguete, será chantageada e manietada pra sempre nas mãos dos golpistas, da pf, do mp, do judiciário. Pra se livrar desses parasitas, deviam denunciar na imprensa internacional TODOS os pilantras, ou correm o risco de deixar de existir, e serem presos de qqer jeito. A reputação da empresa foi jogada na lama por um bando de pilantras que se locupletou nos contratos públicos. Bastaria denunciá-los todos.
Cláudio
:
: * * * * 13:13 * * * * .:. Ouvindo As Vozes do Bra♥♥S♥♥il e postando: A grande mídia (mérdia) é composta por sabujos sujos e sabujas sujas a serviço dos ianque$ e do $ionismo de capital especulativo internacional e outras máfias (como a ma$$onaria) dos e das canalhas direitistas…
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(DES)GOVERNO TEMER_ALL (ZISTADU$$ UNIDU$$)
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TODO APOIO PARA A GREVE DOS/DAS BANCÁRIOS/AS ! ! ! !
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* 1 * 2 * 13 * 4
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Por uma verdadeira e justa Ley de Medios Já pra antonti (anteontem. Eu muito avisei…) !!!! Lula (sem vaselina) 2018 neles (que já tomaram DE QUATRO) !!!!
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ADRIANA RUFFO
taxas e mais taxas, mas dependem dos bancos quando vão aprender que sempre existiu os dois lados e a pessoas que dependem do banco, se não querem pagar taxa deixe o dinheiro no colchão, ou acham que algum dia vai parar de existir empresários e =ou empregadores
Soares l
Muito destes aí. Estavam na Paulista gritando fora Dilma. É pouco tem que se lascar
FrancoAtirador
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Foi Causa Dessa Droga Chamada Banco que a Economia Mundial Afundou no Abismo.
E os Caras Fingem que o Maior Problema do Mundo é a Plantação de Cânhamo e Coca.
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FrancoAtirador
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O Banqueiro Cobra até quando Você vai Retirar o Dinheiro Depositado na Conta.
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FrancoAtirador
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No NeoCapitalismo, Toda a Legislação
foi Montada Para Privilegiar os Bancos.
Se Você quiser Receber o Seu Próprio Salário
Direto da Empresa onde trabalha, Não Pode.
Pagamento, só através de Conta Bancária
e no Banco Privado Escolhido Pelos Patrões.
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FrancoAtirador
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Banco foi só um Nome Bonito que deram para Legalizar a Agiotagem e a Extorsão.
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FrancoAtirador
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Onde Estiver a Ganância e a Cobiça, Aí Haverá Um Banqueiro.
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