Ministro da Justiça vazou Lava Jato diante de candidato que recebeu de laranjas da Odebrecht
Tempo de leitura: 3 minDa Redação
O ministro Gilmar Mendes, do STF, saiu em defesa de seu colega Alexandre de Moraes, ministro da Justiça do governo golpista de Michel Temer.
Para Gilmar, não houve “vazamento” da Lava Jato, mas apenas especulação de Moraes, como se falasse da previsão do tempo. Tanto pode chover, quanto não.
No entanto, não é o que mostra o vídeo do encontro entre Moraes e os militantes do Movimento Brasil Livre, no qual o ministro coloca em jogo publicamente sua credibilidade: “Quando vocês virem esta semana [a operação], vão se lembrar de mim”.
Polícia Federal e Ministério da Justiça desmentiram que Moraes soubesse de algo específico.
Jornais especulam que Temer, irritado com seu subordinado, teria dado uma “segunda chance” a Moraes, da mesma forma que o STF deu uma “segunda chance” ao juiz Sergio Moro depois que ele violou a lei divulgando áudio de um grampo telefônico entre a presidenta da República e um ex-presidente.
Tudo pode ser apenas jogo de cena.
O irônico é que o vazamento da operação foi feito durante comício de um candidato tucano à prefeitura de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira, tradicional adversário do petista Antonio Palocci, preso na operação antecipada por Moraes. No evento, o ministro da Justiça disse: “O que nós defendemos é punir mais forte o caixa 2. Temos de tirar essa prática nociva da política nacional porque, com isso, vamos tirar também os políticos que usam essa pratica para se reeleger”.
E, no entanto, o ministro da Justiça estava ao lado de um candidato que recebeu dinheiro da empreiteira Odebrecht através de duas empresas laranja em ao menos uma eleição, a de 2010, quando Duarte Nogueira foi candidato a deputado federal pelo PSDB.
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Nas planilhas apreendidas durante fase da operação Lava Jato, referentes à contabilidade paralela da empreiteira, as siglas CMF/BJ aparecem como solicitante/responsável pelas doações, totalizando R$ 50 mil, com previsão de depósito para 28 de setembro de 2010. No entanto, em vez de a Odebrecht doar em seu nome, utilizou duas empresas-laranja: a Leyroz de Caxias e a Praiamar. E são justamente estas duas empresas que aparecem com doações totalizando R$ 50 mil nas contas de Duarte Nogueira.
Em outra planilha, referente à eleição de 2012, quando Duarte Nogueira concorreu à Prefeitura de Ribeirão Preto, o nome dele aparece acompanhado pelo valor de R$ 500 mil. Numa terceira anotação, R$ 200 mil aparecem na coluna 2012 e R$ 300 mil na coluna “Proj. 2014”.
Nos papéis da Odebrecht, alguns nomes de prefeitos apareceram associados a obras em andamento em suas cidades. Não se sabe se a empreiteira fazia doações a candidatos a prefeito condicionando pagamentos posteriores a obras do interesse da empreiteira no município.
Duarte não se elegeu prefeito e foi candidato a deputado federal em 2014.
Na prestação de contas oficial de Duarte Nogueira, em 2012, não há doação da Odebrechet. Ele recebeu dois repasses de R$ 200 mil da direção nacional do PSDB.
Na prestação de contas oficial de Duarte Nogueira, em 2014, não há doação da Odebrechet. Não há registro de doação de R$ 300 mil.
O candidato nega que tenha recebido contribuição via caixa 2.
À época da apreensão, o juiz Sérgio Moro escreveu: “É certo que, quanto a essas planilhas apreendidas na residência do executivo [Benedicto Barbosa da Silva Jr.], é prematura qualquer conclusão quanto à natureza deles, se ilícitos ou não, já que não se trata de apreensão no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, através do qual eram realizados os pagamentos subreptícios (de propina, por exemplo, aos agentes da Petrobrás), e o referido Grupo Odebrecht realizou, notoriamente, diversas doações eleitorais registradas nos últimos anos”.
Depois de divulgar o conteúdo, o juiz de Curitiba colocou o material apreendido sob sigilo e enviou os dados ao Supremo Tribunal Federal, já que muitos dos citados tem foro privilegiado. Com base na argumentação de Moro, o Jornal Nacional não noticiou o conteúdo das planilhas — se o fizesse, deixaria claro que a Odebrecht irrigou quase toda a classe política brasileira — inclusive o hoje ministro José Serra, o presidente do PSDB Aécio Neves e o hoje presidente da Câmara, Rodrigo Maia — e não exclusivamente candidatos petistas e o PT.
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Comentários
Mauricio
E agora temos um “sinistro” da justiça que, entre mergulhos na piscina do Clube Pinheiros, nata da fascistada paulista, promete prender o Lula sob o risco deste voltar a ser presidente em 2018. O que falta para estourar uma revolta popular contra a ditadura que estamos vivendo? Ou será que, como disse o malfadado tribunal que absolveu o Moro de seus crimes, a vaza-jato adota medidas inéditas para uma ditadura inédita?
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