Cláudio Couto: O jogo duro de Dilma

Tempo de leitura: 4 min

por Cláudio Gonçalves Couto*, em Valor

O pioneiro de todos os cientistas políticos, Nicolau Maquiavel, ensinava aos príncipes (com base no que fizeram outros príncipes, bem sucedidos), que o mal se faz de uma vez e o bem aos poucos. Transposto à vida democrática contemporânea, esse ensinamento sugere aos governantes que tomem as medidas mais duras e de difícil implantação no início de seus mandatos, quando ainda dispõem de uma considerável reserva política de paciência e expectativa. A paciência e a expectativa não se distribuem da mesma forma e nem significam a mesma coisa para os cidadãos e os políticos – ou, nos termos de Maquiavel, o povo e os poderosos.

Para os primeiros, a expectativa decorre da esperança de que um novo governante consiga atender aos anseios que tornaram possível a sua eleição. Mesmo aqueles que não votaram nesse governante costumam alimentar a esperança de que sua gestão contrarie a avaliação negativa feita por ocasião das eleições, revelando-se uma grata surpresa. Já os que votaram no candidato vitorioso alimentam uma esperança ainda maior, decorrente de sua natural simpatia prévia. Tanto num caso como no outro é de se esperar que os cidadãos deem ao novo governante um tempo para demonstrar que suas políticas surtirão efeito e que as expectativas positivas não eram em vão – é aí que se revela a paciência dos cidadãos em relação aos novos governantes. Até mesmo o presidente Fernando Collor, quando confiscou as poupanças dos cidadãos, contou com paciência e expectativas positivas de uma larga parcela da população. Os governados torciam para que aquela medida surtisse efeitos positivos, apesar de ser tão drástica. Por isto, pacientemente aguardaram. Ao fim e ao cabo, aquele mal de uma vez só plantado mostrou-se somente um mal, sem que fosse possível colher gradualmente os benefícios que pudesse ter gerado. A perda de popularidade do presidente foi inevitável.

Para os políticos, a expectativa e a paciência têm a ver com seus cálculos prospectivos de sobrevivência e ganho político durante todo o período de mandato do novo governante. A ninguém serve – sobretudo a quem não sabe o que fazer na oposição – inviabilizar um governo do qual fará parte, nem indispor-se precocemente com o novo mandatário mor. É preciso ter paciência para colher paulatinamente os frutos do sucesso de uma administração vitoriosa, assim como manter ativos os canais que permitem um bom relacionamento com a chefia do governo. Por isto, políticos matreiros evitam bater de frente com o novo chefe de governo logo de início, apostando em ganhos diferidos no tempo. Ou seja, é preciso ter paciência e não perder as esperanças. Tal situação mostra-se especialmente útil aos presidentes recém-eleitos no início de seu mandato – um período que não casualmente alguns chamam de “lua de mel”. A presidente Dilma Rousseff parece ter atentado para isto, ao menos tendo em consideração duas estratégias de seu início de governo. A primeira delas diz respeito à montagem da equipe; a segunda à negociação do salário mínimo.

No atinente à montagem do novo governo, com as indicações de praxe para os cargos de livre provimento, a nova presidenta parece ter cometido um excesso e um acerto – ao menos estrategicamente. O excesso diz respeito à distribuição das pastas ministeriais para os partidos da coalizão: novamente o PT se viu sobrerrepresentado na alocação de ministros (como no primeiro governo Lula), relegando os aliados (principalmente o PMDB) a uma condição claramente subalterna. Se isto visa abrir espaço para, num segundo momento, de eventuais dificuldades ou desgaste, recompor o governo com os demais partidos, transferindo-lhes ministérios antes ocupados por petistas, pode-se entender que a estratégia é a de poupar munição para tempos difíceis. Se não for isto, está-se gerando um desgaste inicial desnecessário e se trata de um erro de cálculo.

Já o acerto evidente diz respeito às nomeações para postos no segundo e terceiro escalões. Mesmo arcando com um considerável desgaste junto aos partidos coligados – principalmente o PMDB – a presidente parece ter percebido que ou impõe certos limites à politização da máquina governamental agora, no início de seu mandato, ou não conseguirá jamais assegurar um mínimo de racionalidade à gestão de órgãos públicos que há tempos sofrem com desmandos políticos – como, notadamente, a Infraero, os Correios, a Funasa e empresas do setor elétrico. O problema é somar o custo desde necessário ajuste de órgãos de perfil nitidamente mais técnico com o desperdício de cacife político na alocação dos ministérios, onde o perfil eminentemente político do dirigente máximo faz sentido.

Já no que diz respeito à negociação do salário mínimo, a presidenta buscou o casamento da oportunidade com a necessidade. Todos sabem ser indispensável o ajuste das contas públicas neste momento, tendo em vista a aceleração inflacionária e a deterioração de nossa situação fiscal. Esta é a necessidade. Tal ajuste, contudo, dificilmente poderia ser feito a partir do ano que vem (quando ocorrem as eleições municipais) e menos ainda ao final do mandato, quando a “lua de mel” já terá passado. A oportunidade se apresentou agora e o reajuste do mínimo mostrou-se oportuno para que a nova chefe de governo apresentasse à sua base social de apoio os limites de sua flexibilidade. Tal negociação se reveste de ainda maior importância se considerarmos o quão significativo é sinalizar para a sociedade brasileira em geral, e para a classe política e a elite sindical, em particular, que acordos de longo prazo precisam ser cumpridos, sob a pena de ao não fazermos isto solaparmos o processo em curso, de aprimoramento institucional da nossa democracia. Isto, contudo, não foi levado em conta por algumas lideranças sindicais e partidárias, que veem na oportunidade de ganhos no curto prazo algo mais atraente que a construção de instituições – o que, necessariamente, leva mais tempo.

* Cláudio Gonçalves Couto é cientista político, professor da FGV-SP.

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Comentários

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Gisela

Concordo plenamente com o texto! Com essas medidas "impopulares" da Dilma, já começamos a perceber as diferenças na esquerda. Muitos já falam que ela nos traiu, comparam ela a FHC, que falta de visão! O Brasil precisa de estratégia, de planejamento, e o oportunismo dos sindicalistas dificulta muito isso, eles querem aumento a todo custo, não condiz com as necessidades reais do país! A Dilma está certíssima, como disse o Mantega: ela está fazendo o necessário para o Brasil poder finalmente baixar os juros a patamares normais, crescer a 5% durante todo o governo e controlar a inflação! O que adianta ter um salário mínimo de 580 se a inflação vai disparar e os juros não caírem? Vai anular esse pequeno ganho. Ela está jogando xadrez, ela tem uma estratégia bem definida para dar o xeque-mate na pobreza extrema até 2014! Tenha confiança, esquerda brasileira, deixe a mulher trabalhar!

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José Vitor

Pegando o gancho do Maquiavel: quando é que a Dilma vai enfrentar o PIG ? Se deixar para mais tarde vai ser muito tarde…

sagarana

Noossaaaaa, que discurso mais neoliberal.

assalariado.

No fundo,este sujeito,e a presidenta,reforçam as idéias da falida 3ª via europeia. "A terceira via é uma corrente da ideologia social-democrata em voga a partir da década de 1990.Tenta reconciliar a direita e a esquerda,através de uma política econômica conservadora e de uma política social progressista. À primeira vista, parece ser uma corrente que apresenta uma conciliação entre capitalismo de livre mercado e socialismo democrático.Entretanto,os defensores da terceira via veem-na como algo além do capitalismo de livre mercado e do socialismo democrático. Esta afirmação baseia a concepção alternativa da terceira via como "centrismo radical".Este pensamento defende um "Estado necessário", em que sua interferência não seja,nem máxima, como no socialismo, nem mínima, como no liberalismo.Também defende a responsabilidade fiscal dos governantes, o combate à miséria, uma carga tributária proporcional à renda, com o Estado sendo o responsável pela segurança, saúde, educação, previdência etc." Aqui tem mais: http://pt.wikipedia.org/wiki/Terceira_Via

Lucas Cardoso

Discordo absolutamente das políticas econômicas que o governo Dilma vem adotando nesse início de mandato, mas concordo com o articulista que seu governo teve grande coragem ao des-PMDB-izar as estatais. Isso só pode dar bons resultados.

liavinhas

Om que importa é que os gastos sociais mnão sofrerão cortes e com isso ´haverá continuidade das obras do pac e porytanto da ciração de empregos. Todos fazem questão de se esquecer de como o Lula valorizou o slário mínimo e seu poder de com pra.. Deputados e a oposição em geral que pro´~oe outros reajustes são demg´gicos, querem agradar os eleitores e jogar os trabalhadores contra o Governo. Oportuinistas e irresponsáveis.

O_Brasileiro

A presidenta Dilma agiu para se proteger do "calcanhar de Aquiles" da sua coalizāo: o fisiologismo e o desperdício.
Se, além disso, conseguir promover crescimento com melhoria das condições sociais e redução da pesada carga tributária, será uma heroína para o país!

    MARCOS

    Assim sendo os governadores do PSDB poderiam dar uma ajuda na carga tributária e baixar o ICMS e o IPVA!!!

ANA

Quero só ver cortar de VERDADE os gastos públicos dos Deputados e Senadores.

    Rafael

    Não é a presidenta que pode fazer isso. Nenhum presidente pode fazer isso.

fernandoeudonatelo

Tem gente que ainda acredita que o Brasil se tornará, 5 maior economia mundial por osmose, sem trajetória de politicas fiscal e monetária condizentes com as necessidades de desenvolvimento.

Ou só porque a Ernst & Young International e outras consultorias internacionais, afirmam que assim será, baseadas em metodologias de Investment Grade e segurança aos investidores de portfólio, mas não da estrutura como projeto de Estado-Nação.

E não sei se os amigos consideram projeto de nação, concentrar a pauta de exportações em commodities e produtos primários, sem agregar valor em industrializados de media/alta tecnologia.

Um exemplo disso, é a recente compra pelo estado de trilhos de ferro e vagões da China, a uma média de pagamento 5 vezes maior do que recebemos com o minerio de ferro bruto enviado, por tonelada.

    Gustavo Pamplona

    Olha… Fernando… acredito que sim…

    O Brasil hoje atingiu um novo recorde de reservas internacionais, 300 bilhões e não se esqueça que você vive hoje num país de mais de 2 trilhões de dólares de PIB. (*)

    O investimento estrangeiro no mês passado foi recorde também.

    Hoje somos a 8ª economia mas somos quase a 7ª, precisando de menos de 15 bilhões de dólares (*) para superar a Itália e acredito que no final do ano vamos superar a Itália.

    Faltam ainda superar a França e o Reino Unido… mas isto com uns 5 anos crescendo a taxas de mais de 5% dá tranquilo, desde que eles não cresçam no mesmo ritmo também.

    Aliás… um dos motivos que eu acho que os espanhóis estão odiando os brasileiros é que a Espanha hoje somente tem 1,37 trilhão de PIB… pobrezinhos… hahahahahhahaha

    (*) De acordo com o FMI e com o "Cia World FactBook"

    Rafael

    A questão dos trilhos e vagões que serão comprados da China infelizmente acontece porque tempos atrás preferiram vender empresas importantes com a idéia que vender o minério de ferro é melhor do que produzir aço.

    Heitor Rodrigues

    Existiu uma fábrica de equipamentos ferroviários no Brasil, na cidade de Tres Rios, no Estado do Rio. Fica a margem da BR 040. Chamava-se Santa Matilde. Mas nenhuma fábrica sobrevive sem encomendas. Até automóvel êles construíram quando ficou claro que ferrovias não eram prioridade de governo nenhum. E o SM 4.1 era um carro esperto, além de esporte.

ratusnatus

Excelente análise dos primeiros dias de governo.

Gustavo Pamplona

Vocês viram esta?

[Sabesp pede racionalização da água em SP]
http://noticias.r7.com/sao-paulo/noticias/sabesp-

E como sempre… a culpa foi do apagão e do calor, não da falta de investimentos do governo, se bem que eles investiram bastante na Sabesp… Vocês sabem… as propagandas;

Eita Sabesp!

    José Vitor

    Onde moro (Grande São Paulo, zona oeste) existe uma racionamento disfarçado que vem de longe, muitos e muitos anos. De vez em quando a água some (sem nenhum aviso ou explicação). E o pior é que não é só no alto verão: às vezes, após chuvas fortes, a água também some, acho que é por problemas de manutenção da rede, mas é MUITO irritante (além de inconveniente, óbvio) faltar água em tempo de chuva, pois não tem como a Sabesp usar a desculpa do "consumo excessivo". Quem sabe os "conselheiros" (eles ainda são "conselheiros" da Sabesp/Cetesb?) Roberto Freire e Soninha Francine poderiam explicar o que acontece…

José Luiz Rossi

Este debate sobre o SM é completamente extemporâneo e está sendo pautado pela oposição,desde a proposta demagógica do Sr.Serra,tendo em vista o acordado com o Governo,sindicatos e a classe empresarial,que seria crescimento do PIB do ano anterior(2009) mais reposição inflacionária.Cumpra-se o que foi acordado e o resto é conversa prá boi dormir.2010 foi um bom ano de crescimento,e aí?Vai se discutir tudo novamente?
Ou se explicita isto para os trabalhadores com bastanta clareza ou dar-se á espaço para os demagogos de plantão sempre à espreita.

yacov

Essa celeuma em torno do mínimo é puro oportunismo. O presidente LULA, pela primeira vez na história deste país, costurou acordos e implantou política de longo prazo para remuneração do mínimo, que é o reajusta anula baseado na inflação e aumento do PIB. Isso que as centrais sindicais e a tucanalha estão fazendo é sabotagem.

"O BRASIL PARA TODOS não passa na glOBo – O que passa na glOBo é um braZil para TOLOS"

    Paulo Amaral

    Mentira rapaz, a polítca de revalorização do SM começou com Fernando Henrique, fruto de negociações com as centrais sindicais… Lula como sempre nada fez, só manteve… Lula foi só… mais do mesmo…

    Os aumentos reais do SM sob Fernando Henirque foram de 44%, sob Lula, foram de 54%, se levar-mos em conta as condições da economia mundial dos dois períodos, os valores a favor do…"MAIOR PRESIDENTE DA HISTÓRIA……. forma absolutamente PÍFIOS.

    Leider_Lincoln

    O que você não conta é a base, não é mesmo? Que tal levar em conta o valor, em dólar, do salário mínimo no último dia do mandato do FHC e do Lula? O que você acha de 300 a 50?

    Paulo Amaral

    Velho, esquece essa coisa de dólar mano… vou te dizer uma coisa… não estás falando com um leigo.

    Meu… o que diabos é Troll??? seria uma espécie de "Pelego de Direita""…

    Ainda sobre o SM…. Lula seguiu as mesmas regras de FHC… menos mal… tem mesmo que seguir o grande mestre…. outra coisa… os valores em dólares só eram válidos, quando o Brasil vivia em Hiper Inflação, como o Plano Real acabou com isso (Lula foi contra o Real, não esqueçam), mas pois bem, como o Plano Real acabou com a hiper inflação, essa comparação perdeu o sentido.

    Saludos…

    Carlos Cruz

    Sem polenizar Lula x FHC, não esqueça que o plano Real foi implantado pelo governo Itamar. FHC apenas utilizou-se dele para se eleger e reeleger. Na reeleição quase destroi com o plano, em um "congelamento" louco e depois com a quebra do pais. De noite para o dia o dolar estoura, acabando a paridade 1 x 1, as contas publicas degeneram, vamos ao FMI, ao Banco Mundial, esmolar ao Cliton. Vendem estatais estratégicas para nossa soberania a preço de banana, quase perdemos a esperança e autorespeito. Issso eu NUNCA esqueço!

    betinho2

    Troll é um Trollxa.

    Heitor Rodrigues

    Paulo, sua argumentação é insustentável. A valorização do salário mínimo na era FHC decorreu da supressão da corrosão do poder de compra da massa salarial provocada pela inflação cavalar que o Plano Real pretendeu combater. Nos tempos de FHC, o resultado foi apenas parcial, dada a incapacidade – por imperícia ou má-fé, ou por ambas – do governo de estabilizar a economia. Ao contrário de FH, Lula tratou da economia com responsabilidade – o que debelou a ameaça inflacionária – e chamou os sindicalistas para acordar um projeto sustentável de valorização do salário mínimo, que está em curso.

    FHC, além de incompetente, é mau caráter e pouco afeito à democracia. Nunca conversou com as centrais sindicais – ao contrário, tentou criminalizá-las – ou com qualquer movimento que não representasse credores da dívida pública e interessados na dilapidação do patrimônio público.

    Aqui prá nós, FHC não implantou o Plano Real. Na verdade, o Real sobreviveu ao governo do ociólogo.

    Pedro

    Don't feed the Trolls!

    Alan

    Troll, vc além de boçal e bem mal informado mesmo, a política de valorização do SM foi implantada no governo Lula, como resultado das negociações entre o governo e as centrais sindicais e que tem como meta a recuperação do poder de renda do trabalhador. No governo FHC não tinha essa política de valorização do SM e nem diálogo do governo com as centrais sindicais como existe atualmente. Os próprio líderes sindicais confirmam que nunca foram recebidos uma única vez pelo FHC para negociar sobre salário ou outros benefícios para o trabalhador,tanto que naquela época devido ao arrocho salarial a concentração de renda aumentou.Ou não?

    Rui

    O problema é que abase de comparação do SM antes do FHC era muito baixa chegou a miseros 40 dolares e para dobrar este valor é muito facil. Já o Lula pegou uma base um pouqinho melhor e valorizou bastante. Afinal qual foi a politica de valorização de FHC

    Elton

    Tu és um CHATO de marca maior, né? Achou o site do Viomundo e acha que com essas falsas afirmações vai convencer alguém aqui………isso tudo o que você diz está mais do que desmentido desde SEMPRE!

    Julio Silveira

    Paulo meu caro, a forma como voce faz essa afirmação me faz lebrar da feiticeira do desenho da branca de neve, classico infantil, que ao olhar para o espelho magico pergunta:
    – espelho, espelho meu, sera que existe alguem mais bela que eu?
    E que a receber a resposta de que existe branca de neve, imediatamente quebra o espelho.

Marcio H Silva

Gostaria de perguntar ao Sr Claudio perante sua afirmativa de que "acordos de longo prazo precisam ser cumpridos sob a pena de ao não fazermos isto solaparmos o processo em curso", o que ele acha do aumento dado aos parlamentares, já que não havia "acordo" algum.
Gostaria de saber o que ele acha do que aconteceu em 2009, sem acordo algum, as instituições financeiras receberem ajuda, solapou também o processo em curso?

Glauberto Ximenes

O autor do artigo comete um sofisma ao partir de um falso "axioma", afirmando:

"Todos sabem ser indispensável o ajuste das contas públicas neste momento, tendo em vista a aceleração inflacionária e a deterioração de nossa situação fiscal. Esta é a necessidade."

Todos quem? Indispensável? Eu acho totalmente dispensável o ajuste das contas públicas, as quais não tem absolutamente nada a ver com a aceleração inflacionária.

A aceleração inflacionária é causada pelo "peak oil", o pico na produção petrolífera mundial, a qual agora cresce em um ritmo mais lento do que o crescimento da demanda, não conseguindo mais acompanhar esse crescimento da demanda. É causada também pelas mudanças climáticas, que causam grandes perdas de safras, jogando para cima o preço dos alimentos.

Ou seja, cortar gastos públicos não vai ajudar a conter a inflação. Nem muito menos aumentar juros ou arrochar o salário mínimo.

Ao invés de nos preocuparmos com "meta de inflação" e "meta de superávit", deveríamos estar preocupados é com uma meta de crescimento: crescer no ritmo da Índia e da China, de pelo menos 7% ao ano, todos os anos. Isso que o país precisa para superar seu atraso histórico, e conquistar uma renda per capita mais próxima (ou menos distante) daquela dos países desenvolvidos.

    Paulo Amaral

    Manjas muito de economia hein rapaz…….

    Marcia Costa

    Você bem que podia escrever um artigo sobre esse seu ponto de vista e enviar pro Azenha. Gostaria de mais informações a respeito desse assunto.

    Fabio_Passos

    Exato!

    Combater alta de preços internacionais das commodities com corte de gastos e aumento de juros é uma tolice descomunal. Este "consenso" é completamente falso.

    Este Cláudio Gonçalves Couto pode até ser um bom analista… uma pena que ao "comprar" uma premissa absolutamente falsa "vendida" pela mídia-lixo-corporativa, quebrou a cara em uma análise completamente furada.

    O sujeito consumiu lixo… e produziu mais lixo.

    Ele que pare de assistir a globo e ouvir CBN e vá ler Delfim, Bresser, Nogueira Jr.

Pedro Luiz Paredes

Eu concordo já que ela cortou esse monte de dinheiro em emendas e só preservou o que dará retorno político para ela.
Além disso o outro viés é contra a oposição já que lá ninguém acreditou que ela cortaria gastos.
Agora o Aécio vai falar o que?
Agora de que adianta para o Aécio trazer o FHC no debate se ele rezava justamente o corte gastos?
Não acho que isso seja incompatível com a revisão da dívida mas até agora ela só cuidou do que é político. Vamos ver o que teremos para 2012.

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