Requião: “Conto com 31 senadores para vencer o golpe”

Tempo de leitura: 3 min

Requião, 29 de agosto de 2016: “Conto com no mínimo 31 senadores patriotas para vencer o golpe”

Presidente Lewandowski, Presidenta eleita do Brasil, Dilma Vana Rousseff, antes de ontem, eu estava num comício em Turvo, centro do Paraná, região pobre, de agricultores que vivem em extrema dificuldade, e um deles me perguntou:

— Requião, você vai falar na reunião com a Dilma no Senado Federal?

E eu disse:

–Vou.

Ele me fez uma recomendação:

— Vai lá, Requião, fala com o coração e com a democracia brasileira impressa do lado esquerdo do peito.

Sempre busquei a coerência. Não participei do primeiro mandato da Presidente Dilma, ao contrário de muitos que agora querem tirá-la do poder. Muitas vezes, subi a esta tribuna para criticar lealmente a política econômica da Presidente e fiz isso com desenvoltura, num espaço democrático e limpo.

Hoje, eu falo constrangido, porque não é a Presidente que está sendo julgada no Senado. É a democracia que está sendo julgada, é um projeto soberano de construção da nação brasileira. E digo isso porque não há a menor possibilidade de a Presidenta ter cometido um crime. Ela não cometeu Crime algum.

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A constituição está destroçada. Todo esse processo está se desenrolando, como se estivéssemos em um sistema de Governo parlamentarista. Presidente Lewandowski, essa é uma tentativa de introdução do parlamentarismo à revelia da lei e do desejo do povo brasileiro.

Como sabemos, no presidencialismo escolhido pelo povo brasileiro por duas vezes em plebiscito: não havendo crime, não há impeachment. Então, propõe-se um simulacro de parlamentarismo para poder dar um voto de desconfiança do Parlamento e substituir a orientação do Governo brasileiro escolhida pelo povo em uma eleição.

Essa crise econômica e política, que nós vivemos, não é uma crise só do Brasil. Ela começa na Europa como uma reação do poder financeiro constituído contra o Estado Social que surge contra o nazismo após a II Guerra Mundial. Ela é uma crise forjada contra o Estado Social do direito das mulheres, dos trabalhadores, dos desempregados, das minorias. Contra o Estado social que se contrapõe à força brutal do capital.

Essa reação ao Estado social se baseia num tripé de intenções. Primeiro, a precarização do Executivo, que passa a ser substituído pela ideia tola de um Banco Central independente; o Governo, se tornaria assim mero repressor de manifestações populares.

Em segundo lugar, o Parlamento, contaminado pelo financiamento de empresas de campanha, com Deputados e Senadores transformados em mandaletes dos interesses que financiam seus partidos e suas eleições.

A terceira e mais terrível pata do tripé é a precarização do trabalho, o convencionado sobre o legislado. Estão aproveitando-se de uma crise recessiva, quando fragilizam-se as famílias assalariadas, para a revogação de todos os direitos trabalhistas.

Nós não estamos julgando a Presidente Dilma Rousseff, que não cometeu crime algum.

Estamos comparando duas hipóteses de Governo:

· Um que quer acabar com pensões e aposentadorias, um massacre para 20 milhões de brasileiros e que joga todos os recursos do Estado para servir exclusivamente ao pagamento da dívida pública com juros absurdos definidos por um Banco Central controlado pelos bancos privados.

· Outro que ao menos tenta encontrar saídas para continuar gerando empregos, aumentando salários e criando programas sociais

Reverter direitos é o caminho que querem nos impor. Congelar despesas da União por 20 anos – não se pode mais nascer, não se pode mais estudar, não se pode melhorar ensino e não se pode melhorar saúde.

Privatização do patrimônio nacional: a entrega do petróleo; a privatização da água, já sugerida dentro do Governo do meu correligionário Michel Temer.

É o Brasil que está em jogo. É o nosso patrimônio energético, mineral, econômico, cultural, ambiental que está em jogo. Não é o mandato da Presidente Dilma Roussef.

É uma ilegalidade absoluta o que estão tentando impor nesta Casa. Não há crime. Isso aqui é um simulacro de júri, em que os interesses fisiológicos prevalecem sobre a letra da lei, sob o espírito da lei, sobre qualquer noção de justiça.

Presidenta, algum Senador do meu Partido, no exercício do Ministério do seu Governo, contestou, alguma vez, a sua política econômica ou essas medidas que agora eles alegam ser ilegais?

Alguém lhe fez algum um reparo nas reuniões ministeriais?

Se não, por que reparam agora?

Por que cargas d’água estão pedindo o impedimento da Presidente?

Será que é para atender às embaixadas dos grandes países, o interesse da banca e a miserável fisiologia que domina o Congresso Nacional?

Essas são minhas considerações a respeito do Brasil e do que está para acontecer ou não, porque espero que não!

E estou contando com pelo menos 31 Senadores patriotas e que sabem se indignar contra a injustiça dizendo “não” a esse absurdo.

Roberto Requião é Senador da República em seu segundo mandato. Foi governador do Paraná por três mandatos, prefeito de Curitiba e deputado estadual. É graduado em direito e jornalismo com pós graduação em urbanismo e comunicação. É capitão do Exército Brasileiro, reformado.

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Comentários

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Beto

Fica a pergunta ( eram 31 senadores, seria bem interessante saber quem são esses senadores que mudaram de lado ao meu entender de ultima hora ). São traidores piores dos que desde o inicio do processo já cantavam seus votos.

MARCELO

Entreguista Rodrigo Maia esta querendo votar agora na calada da madrugada o projeto do PRE SAL na Camara com Sessão Extraordinaria , que retira da PETROBRAS a operação dos poços do PRE SAL ….ENTREGUISTA , TRAIDOR DA PATRIA

Hugo

POR FAVOR, ESPALHEM….

Percebam a gravidade do que o Senador Requião disse a partir do minuto 3:30, entre outras coisas graves “…
PRIVATIZAÇÃO DA ÁGUA…”. Pessoal, os golpistas querem privatizar a água. Sinceramente, se isso acontecer eu vou me alistar em qualquer guerrilha que surgir no país para impedir essas barbaridades, dessa porra de direita golpista.

Apenas para registro, não sou filiado a nenhum partido, mas não posso ficar assistindo isso sem fazer nada.

abraços

FrancoAtirador

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O SR. PAULO ROCHA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT – PA)
– Sr. Presidente Lewandowski, obrigado pela forma democrática
e equilibrada como tem dirigido esses trabalhos até hoje; Presidente Renan;
companheira Presidenta Dilma Rousseff, eu não vou lhe fazer perguntas.

Quero fazer só uma assertiva e fazer um clamor aqui pela democracia.

E vou contar aqui uma história lá do meu Estado, uma história da D. Teodora, mãe de 11 filhos, 29 netos, 33 bisnetos e 11 tataranetos. Esta senhora tem 115 anos.

Ela mora no Município, na Ilha do Marajó, chamado Cachoeira do Arari. Pois bem, Presidenta. Ano passado, esta mulher recebeu na sua casa, depois de 115 anos, o Programa Luz para Todos, e um grande desejo dela – dizia ela há um tempo – era ter uma geladeira para poder tomar uma água gelada. Pois bem: depois de 115 anos, quando chegou a energia lá, levaram junto a geladeira para ela tomar a água gelada.

Queria dizer, com isso, que esse é o resultado da democracia que conquistamos no nosso País, porque num projeto de governos autoritários ou governos das elites, que só pensavam o País para si ou tinham uma concepção de desenvolvimento somente a partir dos grandes projetos, somente a partir dos grandes grupos econômicos.

É por isso que a minha bela Ilha do Marajó, uma das regiões mais belas e ricas, é uma das regiões mais pobres do País.

Por isso que não chegava energia, por isso que não chegava escola, por isso que não chegava educação.

Hoje, estou no meio de ilustres senhores e senhoras.

Cheguei aqui e fui taxado de criminoso, porque, na disputa política recente, o candidato que perdeu disse que perdeu para uma organização criminosa.

Olha quem são os criminosos, as mulheres que bravamente me defenderam aqui, inclusive a Kátia Abreu, que, parece-me, não é do PT e, portanto, não é uma criminosa.

Hoje, está claro que aqueles que me acusaram, que foram buscar até, para tentar legalizar essa questão da conspiração política, um eminente jurista para fazer um relatório, tentando confirmar aqui o crime, buscaram tantos juristas importantes para confirmar o crime, mas não conseguiram.

A essa conspiração foram se somando os interesses da elite que perdeu o poder.

Nunca a elite brasileira ficou tanto tempo fora do poder como agora.

A democracia não lhe permite, não lhe permitiu esse processo,
porque perdem nas urnas, perdem na democracia.
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Lu Gomes

Quem dera pudéssemos voltar no tempo e o PMDB ter escolhido um Homem Honrado e Digno como o Senador Roberto Requião para Vice-Presidente da República e não o Nosferatu Interino Temer Marionete de Cunha e da Mídia Golpista…

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