Luís Francisco ao Levante da Juventude: Temer e Macbeth, os fantasmas da traição
Tempo de leitura: 3 minTemer e Macbeth: os fantasmas da traição
Ao Levante Popular da Juventude
por Luís Francisco, especial para o Viomundo
A leitura de clássicos da literatura é fundamental para entender o mundo. Eles abrem janelas para entender a alma humana e desvela os verdadeiros motivos da sua prática.
Nestes tempos de cólera nada como reler Shakespeare. Ele tem duas obras primas que sempre devem ser relidas: Macbeth e A Tempestade.
Macbeth representa a ambição humana pelo poder em seu mais alto grau. Na história, dois generais do exército real ouvem previsões de bruxas de que um deles, Macbeth, seria Rei. Esta ideia martela-lhe a mente, fazendo com que o general Macbeth e sua esposa resolvam matar o próprio monarca. E, com diversos truques e manipulações, sejam o novo Rei e a nova Rainha.
O mais interessante da peça são as consequências deste assalto ao poder. Macbeth vê com constância suas mão ensanguentadas e sua mulher, fantasmas que a perseguem, e morre louca.
Separei o momento em que Lady Macbeth esfrega as mãos para retirar a terrível mancha que a persegue:
“O MÉDICO – Que faz ela agora? Olha como esfrega as mãos.
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A CAMAREIRA – É um gesto habitual nela, fazer como quem lava as mãos. Já a vi continuar desse jeito durante um quarto de hora.
LADY MACBETH – Aqui ainda há uma mancha.
O MÉDICO – Atenção! Está falando. Vou tomar nota do que ela disser, para reforçar a memória.
LADY MACBETH – Sai, mancha amaldiçoada! Sai! Estou mandando. Um dois… Sim, já é tempo de fazê-lo. O inferno é sombrio… Ora, marido! Ora! Um soldado ter modo? Por que termos medo de que alguém o venha a saber, se ninguém poderá pedir contas a nosso poder? Mas quem poderia imaginar que o velho tivesse tanto sangue no corpo?
(…)
LADY MACBETH – Aqui ainda há odor de sangue. Todo o perfume da Arábia não conseguiria deixar cheirosa esta mãozinha. Oh! Oh! Oh!”
Ou próprio Macbeth ao ver um fantasma:
“MACBETH – Qual de vós fez isso?
NOBRES – Fez quê, meu bom senhor?
MACBETH – Dizer não podes que fui eu que fiz isso. Não sacudas para mim teu cabelo ensanguentado”.
Com essas imagens, Shakespeare mostra-nos as consequências de um poder conquistado de forma ilegitima. Literalmente esta mancha não desaparece. E, se de um lado, permanece na consciência do traidor que vai remoendo a sua vida, do outro, ela jamais será esquecida pela população.
Shakespeare escreve no momento do Renascimento, quando o universo medieval está em decomposição e com ele as verdades da Igreja sobre a organização da ordem social. A reflexão de Shakespeare situa os limites da ética. A ilegitimidade do acesso ao poder associada ao abuso dele produzem consequências terríveis, pois a ordem natural é rompida, levando a tempos ruins para o país.
Devemos nos lembrar que, na peça, o povo resiste ao rei tirano e a ordem só é recomposta com a volta do filho do antigo Rei que consegue matar Macbeth e retoma o controle do país e afasta os fantasmas do passado.
Nos tempos atuais, a traição de Temer pode levá-lo ao poder, mas com consequências terríveis para o país. Até porque uma traição gera outras, e só se governa pela fidelidade a pessoas e a princípios.
Ante a tragédia escrachada à nossa frente só nos resta lembrar do ditado popular “não há mal que tanto dure” e de uma frase de Shakespeare em A Tempestade: “Somos feitos da mesma matéria de nossos sonhos”.
Portanto, cultivemos o amor e façamos com que os nossos sonhos sejam realizados para que possamos nos olhar nos espelho é ver uma bela imagem de nós mesmos.
Shakespeare recupera a ideia de que a Idade de Ouro será retomada com o fim da tirania e do governo ilegítimo.
Nos tempos atuais, devemos cultivar os bom anos que vivemos no governo Lula e prosseguiram com Dilma e fazer com que sejam um motivador a mais para enfrentarmos os tempos difíceis que virão, especialmente os ataques aos direitos sociais e às conquistas dos últimos anos.
O tempo de resistência ao poder ilegítimo se abre, e esta mancha não deve ser esquecida. Os tristes fatos do domingo de 17 de abril de 2016 maculará para sempre os que ajudaram isso ocorrer.
Nesse trágico domingo, tive a honra de entrar no ato do Vale do Anhangabaú com o Levante Popular da Juventude, espaço sagrado da democracia que 22 anos antes abrigou o grande comício das Diretas Já! .
Que a força dos que lutaram pela democracia e sofreram para termos o direito a vontade popular ser restabelecida anime o espírito dos mais jovens a lutar contra a traição e o golpe dos tempos atuais. E que jamais aceitemos que o nosso voto seja rasgado e jogado na lata de lixo da história por parlamentares acusados de diversos crimes.
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Comentários
Urbano
Pelos que se apresenta nem no inferno, quando a safra é boa, se tem uma equipe de futebol de salão desse naipe…
Urbano
Pelo que se apresenta…
FrancoAtirador
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O Problema é que Nestes Tempos Sombrios
os Golpistas São Sociopatas, Não Têm Remorso.
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São Sádicos que Sentem um Prazer Mórbido
de ver as Mãos Manchadas de Sangue Inocente.
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