Nelson Barbosa está cavando um emprego no FMI ou no Banco Mundial?

Tempo de leitura: 3 min

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A suprema imbecilidade de cortar gasto público na crise

J. Carlos de Assis*

É natural que alguém que esteja se afogando não se preocupe com a cor da cueca.

Pois é justamente uma preocupação desse tipo que o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, demonstrando a mais suprema imbecilidade em matéria de economia política, revelou ao mundo ontem na forma de um anúncio de que cortará programas sociais no justo momento em que comandante dos golpistas, Michel Temer, anuncia que vai preservá-los e ampliá-los.

Quando foi transferido para a Fazenda na queda de Joaquim Levy, Barbosa, a meu juízo, merecia um crédito de confiança. Diziam que era um keynesiano e, surpresa maior, simpático às teses de Aba Lerner.

Lerner, para quem não conhece, autor da teoria de Finanças Funcionais, levou ao extremo a teoria keynesiana ao propor o financiamento de gastos públicos diretamente por emissão monetária, apenas “enxugada” por títulos públicos.

Creio que eu seja um dos principais divulgadores de Lerner no Brasil através  de outro economista norte-americano de vanguarda, Randall Wray, cujo livro “Understanding Modern Money” traduzi para o português sob o nome de “Trabalho e Moeda Hoje” (Ed. UFRJ e Contraponto).

Acreditando no perfil de Barbosa que me foi passado, e tendo em vista sua formação na UFRJ, supus que poderíamos ter, enfim, uma política progressista na Fazenda depois do desastre de Joaquim Levy.

Então veio o terremoto econômico de 2015, uma queda de quase 4% do PIB, seguida por tragédia similar neste ano. Pior, o desemprego explodiu para mais de 10 milhões até agora, e crescente.

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Para um keynesiano como eu, ainda mais de raízes marxistas, não existe nada mais terrível para uma sociedade que o alto desemprego.

Não falo das lamúrias oportunistas apresentadas pela TV Globo. Falo da dignidade do trabalhador e de sua família. E falo principalmente da inação governamental diante do desemprego.

Entretanto, conhecemos o remédio para o alto desemprego e a contração da atividade econômica desde os anos 30, com o New Deal nos EUA. E não é preciso ir longe.

Nós próprios aplicamos esse remédio em 2009 e 2010, com um sucesso espetacular: saindo de uma situação de contração no primeiro ano, a economia teve um crescimento chinês de 7,5% no segundo.

Só não mantivemos a marcha porque capitulamos aos neoliberais em matéria fiscal e monetária sob pressão dos especuladores financeiros.

Qual é o remédio? Ampliar os gastos públicos deficitários.

Assim foi feito no New Deal e assim tem sido feito nos EUA desde 2009, começando, nesse ano, por um déficit de 1,4 trilhão de dólares, 9% do PIB.

Nesse ano e no ano seguinte, acompanhando o padrão norte-americano, expandimos os gastos deficitários do BNDES em R$ 180 bilhões.

Diante disso, é um espanto o que faz Nelson Barbosa.

Com a economia em contração e o desemprego em alta, e sob ameaça de impeachment, ele anuncia cortes adicionais nos gastos públicos sociais.

Um sujeito como esse na Fazenda em pleno processo de impeachment leva a duas conclusões: ou ele acredita no que faz e, nesse caso, é um rematado idiota da economia, ou ele cumpre ordens da Presidenta, e neste caso não tem caráter para se opor aos equívocos que ela, por alguma inspiração metafísica, porém não econômica, lhe impõe.

Há ainda uma terceira possibilidade: o desejo de sair bem na foto neoliberal para cavar um empreguinho no FMI ou Banco Mundial, depois da crise, como fez Levy.
 
*Economista, professor, doutor pela Coppe/UFRJ.

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Comentários

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Dilma Coelho

O que está faltando mesmo são pessoas conscientes do seu papel. Estamos vendo isto em todos os setores, até nos serviços mais básicos. Falta matéria prima, discernimento, honestidade e bom senso, isto a formação acadêmica não fornece.
— a parte: FORA Janaina Paschoal e Miguel Reale!!!

Sérgio

Lula, por favor, dá uns cascudos na Dilma!

Andre

Como eu nunca conheci o Abba Lerner eu fico com a terceira opção….

Urbano

Uma pessoa para se cercar de tanta gente incompetente só pode preencher uma das duas vertentes, quais sejam: gostar de sofrer ou lerdeza craniana.

FrancoAtirador

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“Não se trata de falta de recursos
e sim de falta de autorização legislativa
para alterar a meta fiscal”
Nelson Brabosa
Ministro da Fazenda
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28/04/2016 03h54
Agência Estado
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Com pouco menos de um mês para anunciar um novo relatório de avaliação de receitas e despesas da União, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou que o governo está fazendo as atualizações de Produto Interno Bruto (PIB) e receitas para este ano, mas que ainda não tem os cálculos sobre o corte que irá efetuar caso o Congresso não aprove uma alteração da meta fiscal antes de 20 de maio, quando o documento será divulgado.
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“Não tem número definido, estamos atualizando nossas estimativas. Quando divulgarmos o relatório e se houver uma queda na previsão de receita, que tudo indica que haverá, será necessário aumentar o contingenciamento”, disse.
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Na avaliação do ministro, o Congresso precisa aprovar a alteração da meta fiscal para evitar o terceiro corte no Orçamento de 2016. “É crucial para o bom funcionamento da economia e do governo”, afirmou.
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Barbosa fez questão de ressaltar que a União tem dinheiro para pagar suas despesas.
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Segundo ele, o governo tem recursos na conta única e compradores para os seus títulos públicos. “Não se trata de falta de recursos e sim de falta de autorização legislativa para alterar a meta fiscal”, destacou.
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Sobre o impacto de um novo corte nos programas sociais, Barbosa evitou comentar e prever o que pode acontecer.
Ele se limitou a dizer que o governo irá se pronunciar quando apresentar o decreto no mês que vem.
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(http://brazil.shafaqna.com/PT/BR/1646994)
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Sérgio

Estou no endereço errado. Vim parar na Globo!

FrancoAtirador

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(https://twitter.com/cartamaior/status/725367576268836866)
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Lukas

Resumo do texto: quem não concorda com J. Carlos de Assis é idiota.

FrancoAtirador

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Nesta terça-feira (26) à noite, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa,
confirmou que o governo estuda um novo corte no orçamento,
mas não deu detalhes:
“Vamos nos pronunciar sobre isso quando apresentarmos o decreto”.
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Ricardo

Como venho afirmando há tempos, eu acho que o governo Dilma deva mesmo ser deposto. Mas, não por corrupção ou supostas “pedaladas fiscais”, nada disso. Deve sair por estupidez, ignorância, e incompetência política.
Nunca antes na historia desse país se viu presidente mais inepto politicamente que Dilma Rousseff. Sua estupidez política ultrapassa todos os limites de razoabilidade.
Vai sim, carregar o ônus que a esquerda terá que pagar por décadas pára se recuperar daquilo que ela deixou que a direita conservadora está fazendo e irá fazer.

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