Julian Rodrigues: Lutar contra o golpe e mudar, tudo ao mesmo tempo
Tempo de leitura: 4 minMudar a estratégia e resistir ao golpe: tudo ao mesmo tempo agora
Julian Rodrigues, especial para o Viomundo
O golpe está em curso. A probabilidade de o Senado ou o STF reverterem o processo é baixíssima. E mesmo que tenhamos sucesso a ofensiva continuará.
Sem chororô: é preciso reconhecer que sofremos uma derrota substantiva. Um eventual governo Temer, o qual não reconheceremos, trará retrocessos imensos.
São dois pilares programáticos: de um lado, uma política econômica neoliberal, privatista, de arrocho, cortes de direitos trabalhistas e sociais. De outro, um ataque às liberdades individuais, à laicidade do Estado, aos direitos humanos, aos direitos das mulheres, jovens, negros, LGBT.
Os setores democráticos, de esquerda, progressistas não sairão das ruas. Esse grande bloco de artistas, intelectuais, jovens, movimentos sociais, partidos continuará mobilizado em luta contra as medidas regressivas que serão implementadas pelo ilegítimo governo Cunha/Temer/Bolsonaro/Globo.
Novo período
Vivemos um novo momento histórico. A burguesia brasileira e seus parceiros internacionais romperam, mais uma vez, com a institucionalidade democrática-liberal. Nossa restrita democracia foi descartada. Nada será como antes.
As elites brasileiras retomaram sua tradicional veia golpista e reacionária. Não aceitam nem um reformismo moderado, não querem saber de nenhum tipo de conciliação de classes. Por um curto período histórico, por razões conjunturais, conviveram com a esquerda no governo. Mas, no primeiro sinal de crise, radicalizaram: “PT não! Esquerda, nem pensar! Chega de Lula, de preto na universidade, de pobre querendo direitos! As coisas precisam voltar ao seu devido lugar”.
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Ora, mas se a direita age como sempre agiu, é preciso reconhecer que a derrota que nos impuseram só foi possível porque o governo Dilma, Lula e a maioria do PT erraram feio, erraram rude.
Não perceberam que a estratégia de conciliação e concessões ao mercado estava esgotada.
Ganhamos a eleição pela esquerda, e, antes mesmo da posse, guinamos para uma política de ajuste fiscal, corte de direitos, arrocho. Isso foi imediatamente percebido pela grande massa que deu um voto de confiança em nosso projeto. Os índices de Dilma caíram imediatamente.
Mesmo assim, o governo não mudou. Insistiu em ceder aos inimigos e atacar sua base social. Alimentou os conspiradores, que estavam dentro do próprio governo. Lembram que Temer era articulador político de Dilma? Governo deixou correr solto o golpismo, cheio de ilusões “republicanas”. Embriagado com a esperança de que fazendo concessões ao grande capital poderia sobreviver.
Polícia Federal e Ministério Público construíram o golpe debaixo de nossos narizes, enquanto o Ministério da Justiça se orgulhava de ser “republicano” – uma bobagem liberal. A Globo e toda imprensa golpista envenenaram o país diariamente, rindo na nossa cara, recebendo grandes verbas publicitárias estatais.
Isso para não mencionar as ilusões com PMDB, PSD, PR, PP esses fisiológicos desqualificados, que fingiram apoiar o governo enquanto se locupletavam.
Por exemplo: em fevereiro o golpismo já avançava despudoradamente. E a direção petista usou o horário eleitoral do partido para pedir “união”, sugerindo que as bandeiras azuis e vermelhas deveriam ser abaixadas. Pareciam viver em outro país.
Eu te disse, eu te disse
Seria fácil citar aqui dezenas de erros crassos cometidos nesses últimos anos, que abriram o flanco para a ofensiva reacionária. Mas, não é o caso. De nada adianta.
O ponto aqui não é apontar o dedo e adotar uma postura superior, como quem tripudia e diz: “eu avisei, eu te disse”. Fazer piada ou pisotear – com ar blasé – sobre a tragédia pode fazer bem para o ego e a consciência de alguns, mas não ajuda em nada na resistência e na reconfiguração do campo democrático-popular-socialista.
Estamos todas no mesmo barco. Moderados ou radicais, lulistas ou socialistas, revolucionários ou reformistas, petistas ou psolistas, comunistas ou social-liberais.
A reorganização e a mudança da estratégia da maioria da esquerda é um imperativo histórico.
Entretanto, a luta de classes não vai parar aguardando resoluções dos congressos dos nossos partidos e organizações. Não haverá nenhum intervalo para militância fazer balanço, lamber feridas, refletir sobre os últimos vinte anos.
Muitos têm dito: não é hora de balanços, é momento de unidade e confronto. É verdade. Não é hora de balanços estéreis e acusatórios, não é momento para sectários “ajustes de contas”.
Mas também não dá para fingir que nada aconteceu. Sem analisar os acertos e erros do último período, sem fazer autocrítica, sem reconhecer os limites da estratégia de reformismo moderado, de alianças com a centro-direita, de subestimação da mobilização social não será possível renovar o PT, não será possível reconectar a maioria da esquerda com a juventude, as mulheres, os trabalhadores, o povo oprimido.
Vamos ter que mudar lutando. Lutar nos transformando.
Vamos lutar nas ruas e, ao mesmo tempo, refletir, reinventar. Boa parte da esquerda se acomodou, perdeu o ímpeto, se burocratizou, esqueceu de que lado samba, adotou punhos de renda. Essa era acabou, gente!
A Frente Brasil Popular é um espaço central. Em poucos meses se tornou, de fato, o centro político dirigente da esquerda, dos progressistas, uma referência para artistas, intelectuais, jovens. Em parceria com a Frente Povo Sem Medo lidera o movimento democrático.
A mudança da estratégia, portanto, já está em curso – na prática.
Nesse novo período vamos precisar de mais organicidade, mais formação política, mais combatividade, mais espírito de luta, mais mobilização social, mais disputa ideológica.
E nenhuma ilusão com a institucionalidade burguesa, nenhuma ilusão com a possibilidade de acordos com o lado de lá. Nenhum “republicanismo”. Voltar a entender que o Estado é um instrumento de dominação burguesa. E que nossa presença nessa institucionalidade só faz sentido se for para questioná-la, por dentro.
Uma nova estratégia. Uma esquerda renovada, combativa, radical, libertária, feminista, anti-racista, ousada. Somente assim estaremos a altura do novo período histórico.
Julian Rodrigues, ativista LGBT e de Direitos Humanos, é militante do PT-SP.
Leia também:
Alfredo Kaefer, que migrou do PSDB para o PSL, é o #2 da nossa galeria dos hipócritas
Comentários
RONALD
MICHEL TEMER – A VIÚVA PORCINA – A QUE FOI SEM NUNCA TER SIDO !!!!
Urbano
Agora vejam como são as coisas; essa parafernália toda e ninguém teve a oportunidade de ver ao menos um dito policial ou qualquer outro congênere a correr atrás dessa corja de ladrões metidos na beca e na corrupção mais danosa. Agora quando se trata de gente de bem a defender a sua própria Pátria, como os trabalhadores e estudantes, aí a sanha fascista das hienas se redobra na perseguição mais implacável.
FrancoAtirador
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Não Espere Escrúpulo
De Quem Não o Tem.
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“A Lógica Da Direita
É Não Ter Ética”
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(https://twitter.com/midiacrucis/status/724225635904806912)
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FrancoAtirador
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“Não nos esqueçamos dos Métodos Empregados pela Ditadura Militar
Esses caras que estão voltando não vão agir com esse republicanismo”
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(https://twitter.com/ggiusepone/status/723966781950464001)
(https://twitter.com/ggiusepone/status/724213325035364352)
(https://twitter.com/ggiusepone/status/724212310525521921)
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FrancoAtirador
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A IGNORÂNCIA E O SISTEMA JUDICIAL
TROUXE O PAÍS AO ESTÁGIO DE GOLPE
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Pesquisa Mostra que o Poder Legislativo
e o Sistema Judicial do Brasil colaboram
com a Desconstrução Político-Ideológica
que nega que a Democracia é Melhor
que Qualquer Outro Regime para o País.
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O Jornalista José Roberto de Toledo
Publicou, no Dia 21 de Abril Passado,
Dados de uma Enquete do IBOPE
que deveriam, mais que preocupar,
escandalizar as Pessoas Sensatas
– que [ainda] prezam pelo Direito –
pois revelam um Acelerado Processo
de Regressão Civilizatória no Brasil:
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Sobre Satisfação e Insatisfação,
quanto ao Regime Democrático [*],
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49% se dizem ‘Nada Satisfeitos’
e 34% se mostram ‘Indiferentes’.
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14% afirmaram estar ‘Satisfeitos’
e Apenas 2% ‘Muito Satisfeitos’.
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Por Segmentos, a Insatisfação
é Maior na Região Sudeste (52%);
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nas Cidades de Médio Porte (55%);
nas Periferias das Metrópoles (52%);
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entre as Denominações Evangélicas (53%)
e os que tem só Ensino Fundamental (58%).
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Não há Diferença Significativa de Opinião
entre quem votou em Dilma ou em Aécio
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e nem Diferenciação por Faixas de Renda.
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*[É de Notar que a Maioria dos Entrevistados
não era Nascido ou não estava na Fase Adulta
no Período da Ditadura Militar (1964-1985)].
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Excertos da Reportagem sobre a Pesquisa
com a Opinião Interpretativa do Jornalista:
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Apoio ao Atual Sistema Político
é o Mais Baixo entre os Brasileiros.
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Só 40% concordaram com a frase “a democracia
é preferível a qualquer outra forma de governo”.
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A concordância com essa afirmação chegou a ser de 55% em 2009.
Caíra desde então, até 46% em 2014.
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Em contrapartida à nova queda da preferência pelo regime democrático,
cresceram os indiferentes. Pularam de 18% em 2014 para 34% em 2016
os que concordam com a frase “para as pessoas em geral,
dá na mesma se um regime é democrático ou não”.
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Os resultados sugerem que Eduardo Cunha tem mais impacto negativo
sobre a democracia do que Jair Bolsonaro.
Enquanto este se limita a uma fatia cadente da população,
o outro é capaz de espalhar o descrédito do sistema entre o dobro de brasileiros.
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Cunha provou que o seu jeito de fazer política compensa.
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O Supremo não tem data para julgá-lo.
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A Comissão de Ética não consegue votar nada contra ele.
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E, enquanto colhe elogios dos colegas mais assanhados, dá folga aos deputados
e chantageia os senadores com o trancamento da pauta legislativa
até votarem o que ele quer quando ele quiser.
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Não importam novas denúncias, tampouco pesam
as repetidas manipulações do regimento da Câmara.
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A imagem é a de que não há juiz, policial,
parlamentar ou presidente que possa com ele.
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Mesmo que o STF, num acesso de coragem,
marque, para amanhã, o julgamento de Cunha
pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva,
o precedente que ele estabeleceu é permanente.
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Todos os deputados que elogiaram as qualidade de Cunha
antes, durante e depois da votação do impeachment de Dilma
são um testemunho de que o homem pode passar, mas seu estilo ficará.
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Colocados lado a lado, o sucesso de Cunha e a pesquisa do Ibope sugerem que,
quando é boa demais para os políticos, a democracia à brasileira
é insatisfatória para todos os demais interessados.
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Sem medo de nada ou de ninguém, provoca excitação em políticos ex-presidiários [Bob Jeff]
que não tiveram a mesma astúcia e, talvez por isso, considerem-no seu “Vilão Preferido”.
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A impunibilidade de Cunha é a prova definitiva
de que o sistema político no Brasil visa
o interesse exclusivo de seus atores.
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Quanto mais protagonista é no elenco,
mais impunível o parlamentar se torna.
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O exemplo que ele consolida a cada nova artimanha
não será esquecido jamais por essa geração.
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E servirá de inspiração para quem vier a substituí-lo:
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Ser Cunha Compensa.
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(view-source:http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,democracia-insatisfatoria,10000027368)
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FrancoAtirador
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Acontece que o Objetivo
da Direita UltraLiberal
.
e da Extrema-Direita
é Precisamente Este:
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“Mudar Tudo Agora,
Ao Mesmo Tempo”:
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Constituição e Leis,
Suprimindo Direitos.
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Após, será Impossível
Reverter a Situação.
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Plutocracia no Poder,
e a Democracia já era.
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FrancoAtirador
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UCRANISTÃO À VISTA
.
Corporações Financeiras
Tomam Conta da Economia
.
E os Fascistas Fanáticos
‘Cuidam da Segurança’.
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No Mínimo, 50% de Absoluta
Exclusão Social e Cultural.
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E o Aparato de Propaganda,
que mantém o Sistema em Pé,
.
Continua nas Mãos do Cartel
das Teles e da Mídia Jabá.
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