Janio de Freitas: No assalto à cadeira de Dilma, Michel Temer agiu como um cabo Anselmo, mas “inflitrado” em nome de seus próprios interesses
Tempo de leitura: 3 minDuas palavras bastam
14/04/2016 02h00
Pela primeira vez, a palavra foi relacionada a Michel Temer por Dilma Rousseff na terça-feira. Sob as tensões hostis das atuais circunstâncias, a palavra demorou: o comedimento verbal de Dilma, a atacada, no qual “golpista e golpismo” foram o tom mais elevado, pode ficar como um caso excepcional. A palavra, na frase transcrita por Bernardo Mello Franco: “Se ainda havia alguma dúvida sobre o golpe, a farsa e a traição em curso, não há mais”. Traição.
O rompimento pessoal e do PMDB com Dilma, conduzido por Michel Temer de ponta a ponta, com auxílios de Romero Jucá como “laranja”, foi incomum em política. Mais do que não ser uma reação, como seria próprio de um rompimentos político, o orientado por Temer não teve nem sequer um fato anódino para invocar. O partido era parte do governo, detentor do maior número de ministérios e de cargos em todas as reformulações ministeriais, ainda hoje com peemedebistas no governo. Ministros indicados pelo próprio Temer ou pelo PMDB sob sua presidência.
Para ter algo a dizer, em duas ocasiões Michel Temer precisou recorrer à combinação de ridículo e inverdade. Em uma, teria “passado quatro anos como vice-presidente decorativo”. À parte a impropriedade pessoal do adjetivo, nos seus longos e improdutivos anos como deputado, Temer poderia propor emenda constitucional que desse ao vice-presidente mais atribuições do que o fixado pela Constituição. Nem ao menos cogitou do tema.
Temer diz agora: “Nesse período em que fui [foi, já?] vice-presidente, nunca tive um chamamento efetivo para participar das questões do governo”. Participou, sim, de muitas reuniões políticas e deliberativas na Presidência. Também várias vezes convidado a assumir a coordenação política do governo, ao aceitá-la, afinal, não mostrou mais trabalho e habilidade do que para o velho “é dando que se recebe”. Só agravou o que estava errado na coordenação política. Em pouco tempo, deixou a atividade por iniciativa própria, esgotados os cargos a ceder e os colegas a favorecer. E a sinceridade de sua queixa era tão decorativa que quis ser o companheiro de Dilma na reeleição.
A outra queixa foi a falta de convite para estar na conversa entre Dilma e o vice-presidente do EUA, Joe Biden, que, segundo Temer, veio aqui para estar com ele. Os vices em viagem são portadores de mensagens dos seus presidentes aos presidentes visitados. A conversa com Dilma era mesmo só com Dilma. E Biden, sabedor da lamúria de Temer, ainda teve a gentileza (ou a ironia) de prometer-lhe um encontro como consolo.
A divulgação do “discurso da vitória” seguiu o método Temer: o ridículo na explicação inconvincente. Elio Gaspari observou que nos 14 minutos dessa presunção “faltou não só a palavra” –corrupção–, “faltou qualquer referência ao tema”. Não à toa. É só olhar, como fez com desalento certo ministro do Supremo, quem está à volta de Temer. Dos “anões do Orçamento” a Eduardo Cunha, a coleção é completa. Incluído, claro, o recordista, quando governador, de transações anuladas por fraude com as grandes empreiteiras.
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Se é um sinal para a Operação Lava Jato e seus desdobramentos, cabe-lhe interpretar. Por mim, pelo que já vi, nisso não percebo sinal, mas certeza.
PS do Viomundo: O apelido de cabo Anselmo foi atribuído a Temer pelo deputado federal Wadih Damous (PT-RJ). O marinheiro Anselmo agitou os colegas da Marinha para criar consenso entre os oficiais de que era preciso dar o golpe de 64. Depois, admitiu que era um agente infiltrado. Anselmo entregou a própria mulher, Soledad, à tortura e morte.
Comentários
Julio Silveira
Só posso entender essa cada vez mais clara demonstração da traição do Temer como uma intenção em colar nele, agora, até como uma marca política a macula de um Judas.
Mas, como não sou ingênuo, gostaria de saber para quem isso serve? Não que Temer não o seja, mas será para servir ao PT ou ao Brasil? Meu questionamento provém do fato de que o governo bem antes dessa ultima inconfidência dele vir a público já havia sido informado de que estaria por trás do golpe, associado ao Cunha, li aqui mesmo e em outros blogs, sendo feito pelo próprio Ciro Gomes, nem assim o governo se precaveu, e olhe que tiveram tempo. Ao contrário o chamaram para mais abraços e afagos como se pudessem tratar uma coisa tão grave como um ato de traição como coisa trivial,medo dia a dia. Vamos quere sim a permanecia da Democracia, devemos lutar por ela. É obrigação de todos brasileiros conscientes de sua cidadania. Mas não devemos mais ser tolerantes, por simpatias, com aqueles que suvertem todas a lógicas e quebram todas as regras de uma democracia, a começar por ignorar os eleitores que sufragam com base nas promessas e ideologia, sua própria eleição. Eu não quero ser tratado como um néscio.
FrancoAtirador
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Soledad é a pessoa que aponta para o espião
José Anselmo dos Santos e lhe dá a sentença:
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“Até o Fim dos Teus Dias
estás Condenado, Canalha!
Aqui e Além deste Século.”
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(http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Direitos-Humanos/Soledad-a-mulher-do-Cabo-Anselmo/5/17761)
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