Thea Tavares: A noite em que a democracia foi vaiada em Curitiba

Tempo de leitura: 2 min

 

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Curitiba, 1937. De volta ao passado?

VAIAS PARA A DEMOCRACIA

por Thea Tavares, no Facebook

Não lembrei antes de fazer isso, mas queria dividir aqui uma sensação estranha que me ocorreu, ontem, durante a encenação da peça “Morte acidental de um anarquista” na Ópera de Arame, em noite de encerramento do Festival de Teatro de Curitiba.

Uma amiga confidenciou há pouco que sentiu o mesmo.

Parecia que estava em outra dimensão! E isso é o que mais confunde…

Antes de mais nada, preciso deixar claro que adorei a peça. Mas foi estranhíssimo dividir aquele prazer com outras sensações…

A peça inteira, baseada em fatos reais, é uma crítica à versão oficial da história, contada pela instituição da Justiça e pela Polícia sobre o “suicídio” Mandrake de um anarquista.

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Os atores, mestres da arte do improviso, rechearam a comédia crítica com comparativos com a realidade da política e da sociedade atuais… Como já foi feito em outros momentos e episódios parecidos da história.

O mais estranho é que tudo o que eu percebia como crítica e ironia nos diálogos (e minha amiga é da mesma opinião), a plateia da “República” local encarava como “elogio”.

Por exemplo: “Eu quero muito ser juiz porque juiz pode tudo”. Para mim, era crítica (com nome e sobrenome), mas para grande parte da plateia, motivo de delírio.

Hello!!!

Mas o absurdo dos absurdos foi o momento em que, em meio às zoações da comédia, alguém dá a deixa “Toca Raul!” para o tecladista e enquanto os atores no palco cantavam e dançavam ao som de “Viva! Viva! Viva sociedade alternativa”, o personagem do Dan Stulbach grita, entre vários “vivas”, um “Viva a Democracia!”. E a gente ouve no meio da plateia diversas vaias (VAIAS, eu disse e repito pasma: VAIAS!) para a democracia.

Pelo menos, fica a constatação de que a tchurma do golpe está mais sincera em se posicionar publicamente contrária ao estado democrático de direito. Porque até agora, a coisa era camuflada (feliz trocadilho).

Não é assustador?!

Quero voltar a ver a encenação desse mesmo espetáculo, só que fora do contexto atual para tirar a prova dos 9. Ou então gostaria também de ser uma mosquinha (da sopa da música do Raul de novo) para bisbilhotar como funcionaria hoje mesmo a interação com a plateia em outra cidade, que não seja na capital da Lava Jato. Onde dar vivas à democracia não soe ofensivo a ninguém e muito menos seja algo atiçador de protestos e retaliações.

#‎VivaADemocracia #‎NãoVaiTerGolpe

Leia também:

Já houve um tribunal que julgava de acordo com a opinião pública. Onde?

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Comentários

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Gilberto Marotta

O editor da Caros Amigos disse outro dia na TV que vende mais em Vitória da Conquista (BA) do que em Curitiba. “Curitiba é jogo duro, pelo conservadorismo da população”. No mais, é fácil saber se há diferenças perceptíveis (e acho que há, sim!): basta entrevistar o elenco e perguntar…

lulipe

O problema é que a democracia defendida pela esquerda é uma ditadura camuflada. O povo não se engana!!!

    Cesar

    existem muitas esquerdas, inclusive algumas que questionam os rumos tomados pelo governo.
    A nossa democracia tem pouca participacao popular.
    Precisava mudar a postura das elites brasileiras, fazem décadas que setores sindicalizados e não sindicalizados lutam por melhorias que certamente ajudariam a melhorar a nossa sociedade, num claro exemplo de democracia participativa, no entanto, qual a reação da elite? , violência, hostilidade e desqualificação dos movimentos por conta dos meios de comunicação.
    Agora num momento em que surgem defesas do regime militar temos que gritar aos quatro ventos : democracia!
    Eu sinto vergonha daqueles que hostilizam a democracia

    Allex

    O que tem a ver o c* com as calças? Que povo? Era só meia dúzia de idiotas alienados. Vaiaram a democracia. Você realmente compreende o que isso simboliza? Não tem nada de esquerda ou direita. Tente ser apartidário ao menos por um instante. Vaiaram a democracia! Precisa desenhar pra você?

ALVARO LUIS FANTIN

Nossa Eder… uma pena sua visão sobre o Paraná. Acho que temos que falar em classes sociais talvez. A nossa classe média é igualzinha a de SP (Av. Paulista), a do RJ (Zona Sul), etc, etc, etc. Suas colocações foram extremante ofensiva ao povo Paranaense.

Araujo

Certeza que não eram zumbis?

Cláudio

:
.:. NADA DISSO QUE O BRASIL SOFRE HOJE TERIA ACONTECIDO SE TIVESSEM TIDO CORAGEM PARA ENFRENTAR E TIVESSEM MESMO ENFRENTADO A MÍDIA CANALHA.

: * * * * 17:13 * * * * .:. Ouvindo A(s) Voz(es) do Bra♥♥S♥♥il e postando: LEY DE MEDIOS JÁ ! ! ! !
♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥
* * * * * * * * * * * * *
* * * *
Por uma verdadeira e justa Ley de Medios Já ! ! ! ! Lula 2018 neles ! ! ! !
* * * *
* * * * * * * * * * * * *
♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥

Athos

Não, não é assustador.

A verdade não deve assustar jamais!
Eles sempre existiram E estavam lá o tempo todo.

Acha mesmo que a situação era melhor quando VC não tinha a consciência de que existiam?

Só a verdade salva.
A verdade, seja ela qual for, é sempre melhor.
Agora vc conhece seu inimigo, então, A situação, a sua situação melhorou.

Porque agora vê a verdade.

ana s.

Ainda bem que eu sou do Recife (modéstia à parte).

Sidnei Brito

Da noite do “teatro do absurdo” para a noite dos cristais tupiniquim é quase um pulo.

FrancoAtirador

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A FICHA TÁ CAINDO: A AUTOCRACIA JUDICIAL É A PIOR FORMA DE FASCISMO
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Cada vez mais Pessoas estão percebendo o quanto é Maléfica à Sociedade
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a Concentração de Poder em uma Única Autoridade, sobretudo em um Juiz
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que detém a Responsabilidade Decisória por Atos de Extensão InterNacional.
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A Ofensa ao Princípio do Juiz Natural é a Raiz-do-Mal da Operação Lava-Jato.
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(http://romulomoreira.jusbrasil.com.br/artigos/165898238/mais-uma-da-operacao-lava-jato-a-questao-do-juiz-natural).
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    FrancoAtirador

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    Vamos comemorar um Juiz que julga de Acordo com a Opinião Pública?
    .
    Por Rubens Casara, no Justificando, pelo Viomundo
    .
    […]
    Novamente com o apoio dos meios de comunicação, e sua enorme capacidade de criar fatos, transformar insinuações em certezas e distorcer o real, foi fácil taxar de inimigo todo e qualquer opositor do regime.
    .
    Ao contrário do que muitos ainda pensam (e seria mais cômodo imaginar), o projeto nazista não se impôs a partir do recurso ao terror e da coação de parcela do povo alemão, Hitler e seus aliados construíram um consenso de que o terror e a coação de alguns eram úteis à maioria do povo alemão (mais uma vez, inegável o papel da mídia e da propaganda oficial na manipulação de traumas, fobias e preconceitos da população).
    .
    Não por acaso, sempre que para o crescimento do Estado Penal Nazista era necessário afastar limites legais ou jurisprudenciais ao exercício do poder penal, “juristas” recorriam ao discurso de que era necessário ouvir o povo, ouvir sua voz através de seus ventríloquos, em especial do Führer, o elo entre o povo e o Estado, o símbolo da luta contra o crime e a corrupção.
    .
    Também não faltaram “juristas” de ocasião para apresentar teses de justificação do arbítrio (em todo momento de crescimento do pensamento autoritário aparecem “juristas” para relativizar os direitos e garantias fundamentais).
    .
    Passou-se, em nome da defesa do “coletivo”, do interesse da “nação”, da “defesa da sociedade”, a afastar os direitos e garantias individuais, em uma espécie de ponderação entre interesses de densidades distintas, na qual direitos concretos sempre acabavam sacrificados em nome de abstrações.
    .
    Com argumentos utilitaristas (no mais das vezes, pueris, como por exemplo o discurso do “fim da impunidade” em locais em que, na realidade, há encarceramento em massa da população) construía-se a crença na necessidade do sacrifício de direitos.
    .
    A Alemanha nazista (como a Itália do fascismo clássico) apresentava-se como um Estado de Direito, um estado autorizado a agir por normas jurídicas.
    .
    Como é fácil perceber, a existência de leis nunca impediu o terror.
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    O Estado Democrático de Direito, pensado como um modelo à superação do Estado de Direito, surge com a finalidade precípua de impor limites ao exercício do Poder, impedir violações a direitos como aquelas produzidas no Estado nazista.
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    Aliás, a principal característica do Estado Democrático de Direito é justamente a existência de limites rígidos ao exercício do poder (princípio da legalidade estrita).
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    Limites que devem ser respeitados por todos, imposições legais bem delimitadas que vedam o decisionismo (no Estado Democrático de Direito existem decisões que devem ser tomadas e, sobretudo, decisões que não podem ser tomadas).
    .
    O principal limite ao exercício do poder é formado pelos direitos e garantias fundamentais, verdadeiros trunfos contra a opressão (mesmo que essa opressão parta de maiorias de ocasião, da chamada “opinião pública”).
    .
    Sempre que um direito ou garantia fundamental é violado (ou, como se diz a partir da ideologia neoliberal, “flexibilizado”) afasta-se do marco do Estado Democrático de Direito.
    .
    Nada, ao menos nas democracias, legitima a “flexibilização” de uma garantia constitucional, como, por exemplo, a presunção de inocência (tão atacada em tempos de populismo penal, no qual a ausência de reflexão – o “vazio do pensamento” a que se referia H. Arendt – marca a produção de atos legislativos e judiciais, nos quais tanto a doutrina adequada à Constituição da República quanto os dados produzidos em pesquisas sérias na área penal são desconsiderados em nome da “opinião pública”).
    .
    Na Alemanha nazista, o führer do caso penal (o “guia” do processo penal, sempre, um inquisidor) podia afastar qualquer direito ou garantia fundamental ao argumento de que essa era a “vontade do povo”, de que era necessário na “guerra contra a impunidade” ou na “luta do povo contra a corrupção” (mesmo que para isso fosse necessário corromper o sistema de direitos e garantias) ou, ainda, através de qualquer outro argumento capaz de seduzir a população e agradar aos detentores do poder político e/ou econômico (vale lembrar aqui da ideia de “malignidade do bem”: a busca do “bem” sempre serviu à prática do mal, inclusive o mal radical.
    .
    O Mal Nunca é Apresentado como “Algo Mau”…
    .
    (http://www.viomundo.com.br/denuncias/um-tribunal-que-julga-para-atender-a-opiniao-publica-ja-aconteceu-antes.html)
    .
    .

    FrancoAtirador

    .
    .
    04/04/2016
    Agência Brasil
    .
    O ministro da Justiça, Eugênio Aragão, disse hoje (4),
    em Entrevista ao Programa Brasilianas,
    apresentado pelo Jornalista Luis Nassif, na TV Brasil,
    que “a justiça se considera intocável”,
    porém, ela também deve ser objeto
    de debate e exame minucioso.
    .
    O ministro afirmou ainda que o Brasil vive atualmente uma “onda de ódio”,
    que diz respeito àqueles que foram derrotados nas eleições de 2014.
    .
    “A gente não deve ter medo, na Justiça, de ser objeto de debate político.
    A Justiça acha que ela é intocável,
    tocar na Justiça é submetê-la a indevidos constrangimentos.
    Não, a Justiça deve ser objeto de escrutinização sim,
    mas desde que isso se faça em modo absolutamente republicano,
    não com objetivo de influenciar nessa ou naquela decisão do juiz,
    e sim de ver o sistema como um sistema que tem suas falhas
    e permite, por exemplo, que um agente que goste mais de aparecer
    utilize a Justiça como um palco, e isso não é bom para o país”,
    disse o ministro durante a entrevista.
    .
    Aragão afirmou que no atual momento político do país
    uma “onda de ódio está tomando conta da sociedade”
    e, na sua avaliação, essa onda não diz respeito
    necessariamente à percepção da corrupção:
    .
    “Me parece que ela é anterior a isso.
    Ela diz respeito, na verdade, a insatisfações de ordem política,
    de escolhas políticas, principalmente no que diz respeito
    àqueles que foram derrotados nas eleições de 2014
    e, de certa forma, a corrupção serve de veículo,
    apenas, para essa insatisfação.
    Na verdade, utiliza-se muito o fenômeno da corrupção
    como um fenômeno que legitimaria essa onda de exaltação”.
    .
    Para Aragão, a corrupção no Brasil é um fenômeno antigo e sistêmico,
    e portanto, mais complicado de ser combatido que a corrupção pontual.
    .
    Ele criticou ofensas pessoais a ministros do Supremo Tribunal Federal
    e disse que o Estado deve reagir por se tratar de um comportamento
    que não é tolerável na sociedade democrática.
    .
    “Aí, compete ao Estado reagir, com seu monopólio de repressão usando a Polícia Federal.
    .
    Agir agressivamente contra ministros, buscando com isso influenciar sua atuação,
    submetê-los a constrangimento público, isso não é tolerável na sociedade democrática”,
    disse o ministro da justiça durante a entrevista.
    .
    Aragão comentou a decisão individual do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF),
    Gilmar Mendes, de suspender a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
    do cargo de ministro-chefe da Casa Civil.
    .
    Segundo Eugênio Aragão, o Supremo é muito cauteloso em suas decisões
    e elas são submetidas ao plenário quando envolvem um impacto político maior,
    mas ele avalia que a decisão de Mendes não passou por esse controle.
    .
    “Essa decisão do ministro Gilmar Mendes não passou por esse crivo de controle.
    Foi uma decisão realmente com enorme impacto que ele tomou com risco próprio,
    mas continuo acreditando que o Supremo é o órgão da Justiça em que a gente deve ter
    a maior confiança porque é o órgão de cúpula.
    As pessoas que ali estão já mostraram em vários episódios
    que não estão a favor deste nem daquele outro governante”, disse.
    .
    Questionado sobre os vazamentos de informações ocorridos durante a operação Lava Jato,
    o ministro disse que é preciso ter cuidado antes de apontar de onde partem os vazamentos:
    .
    “Muitas das informações que vêm indevidamente ao público
    são deliberadamente trazidas através até da atuação jurisdicional.
    Não é só a polícia não; parece que a polícia, às vezes, dentro de uma competição
    que tem com o Ministério Público de quem mostra mais eficiência na operação,
    fica disputando os passos de exibição.
    Isso também não é bom, porque confunde o interesse público com o interesse corporativo”.
    .
    (http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2016-04/para-aragao-pais-vive-onda-de-odio-que-diz-respeito-aos-derrotados-de-2014)
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    .

Sérgio

Eles não sabem o que fazem. Ou sabem?

    FrancoAtirador

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    .
    Os Manipuladores, que estão ganhando Horrores de Dinheiro
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    às Custas desses Fanáticos Nazi-Fascistas, sabem muito bem.
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    .

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