Altamiro Borges: O mau-caratismo de Chico Caruso, obcecado pela nudez dos torturados
Tempo de leitura: 3 minNo caso de Caruso, a agressividade política emergiu com mais força a partir do julgamento dos réus do chamado “mensalão”, no Supremo Tribunal Federal. A partir daí ele assumiu um papel mais opinativo e colérico no consagrado rastro do ódio de classe. O discurso do cartunista é interpretado pelo professor Wedencley Alves como “punitivo” e convergente com as “práticas de humilhação dos réus”. Alves, doutor em Linguística pela Unicamp, analisou charges de Caruso que, paralelas às decisões do STF, eram estampadas diariamente na primeira página de O Globo. Nelas os ministros estão com as costumeiras togas e os réus são despidos pelo cartunista. A nudez dos réus não é dissonante e pode ser identificada ao longo da história. Alves explica: “A condenação parajurídica e a nudez sempre andaram juntas. Dos castigos medievais à Santa Inquisição; da escravidão aos julgados pelo tráfico aos torturados nas salas do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), os algozes sempre deixaram nuas suas vítimas”. Maurício Dias, em CartaCapital
O mau-caratismo de Chico Caruso
Por Altamiro Borges, em seu blog
O cartunista de estimação da famiglia Marinho, Chico Caruso, não gostou das críticas da revista CartaCapital às suas charges reacionárias, de nítido conteúdo golpista.
Segundo matéria do Portal Imprensa, postada nesta terça-feira (23), o serviçal do Grupo Globo perdeu o humor e partiu para a baixaria contra os jornalistas Maurício Dias e Mino Carta.
“O que o Mauricio [editor especial da publicação] fez foi mau-caráter, porque ele não contou a piada como era”, rosnou.
Já no se refere ao diretor da revista, Chico Caruso confirmou a sua conversão direitista: “O único humorista com o qual o Mino Carta se identifica hoje é o Laerte. Ele se transformou em um transgênero político, num porta-voz do lulopetismo”, esbravejou o chargista paparicado pelas organizações fascistas que organizam marchas pelo impeachment de Dilma e pela volta dos militares ao poder.
Em edições recentes, a revista CartaCapital não titubeou em questionar as charges de Chico Caruso, que no passado teve um papel de destaque na luta pela redemocratização do Brasil e que, desde a posse de Lula em janeiro de 2003, transformou-se em um dos expoentes da direita mais hidrófoba da mídia nativa.
O corajoso Mauricio Dias criticou a sua ilustração asquerosa contra os advogados que defendem o ex-presidente na midiática Operação Lava-Jato. Ele argumentou que Chico Caruso “jogou na lama os advogados e os rebaixou literalmente à condição de bandidos” e disparou: “O cartunista têm sido parte integrante da linha golpista adotada hegemonicamente pela maioria maciça da imprensa brasileira”.
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A mesma crítica, ainda mais dura, foi feita pela seção carioca da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Mauricio Dias também questionou a charge do serviçal do jornal O Globo que mostrou os condenados da Lava-Jato nus num julgamento. Para ele, a ilustração teve a nítida intenção de humilhar os acusados, com a nudez típica dos castigos medievais e das torturas na ditadura militar no Brasil.
Esta crítica parece que atordoou o jagunço da famiglia Marinho, segundo relato do Portal Imprensa: “Após a publicação da revista, o cartunista decidiu procurar Mino Carta, diretor de redação, para questionar os apontamentos do editor. Em resposta, o jornalista publicou um editorial na edição desta semana da revista, alegando ser ‘impossível dialogar nas circunstâncias de hoje com quem acredita, como Chico Caruso, que o Judiciário aponta uma nova direção para nossa política’”.
No editorial, Mino Carta foi ainda mais enfático: “Cada qual tem direito a pensar o que quer, livremente. Trato somente de esclarecer a discrepância e a impossibilidade de diálogo. Anoto, também, a generalizada, epidêmica, avassaladora falta de graça”.
A crítica à “falta de graça” foi o que bastou para a reação histérica do vaidoso Chico Caruso. “Para ele, afirmar que há ‘falta de graça’ é um ‘absurdo’. ‘Há piadas sobre advogado no mundo todo’, disse ao Portal Imprensa, ao defender a liberdade que tem para fazer seu trabalho no jornal. O cartunista conclui, dizendo que ‘o único humorista com o qual o Mino Carta se identifica hoje é o Laerte. Ele se transformou em um transgênero político, num porta voz do lula-petismo’”.
Mino Carta até poderia responder que Chico Caruso se transformou num porta-voz da famiglia Marinho, sabe-se lá a que preço!
Em tempo: Quando será que o cartunista do império global, que adora se travestir de ‘independente” e de “anarquista”, fará uma charge sobre as amantes de FHC na mídia? Ou sobre o criminoso roubo das merendas escolares no governo tucano de Geraldo Alckmin? Ou ainda sobre o “triplex” ilegal de seus patrões na paradisíaca Paraty?
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Comentários
Jotage
Chico recebe um salário para sujar as mãos. Que o faça, mas admita que outros tem o direito de não apertar uma mão tão porca.
Fique na sua pocilga.
Elias
Chico e Paulo Caruso são gêmeos univitelinos. Ambos cartunistas, outrora engajados na democracia, entraram de cabeça na guerra contra o PT que começou quando Lula foi eleito. Chico no Rio através d’O Globo e Paulo no Roda Viva. Dois exemplos que contrariam a maturidade de certos vinhos. Os irmãos Caruso, efetivamente, mostraram ser vinhos para se consumir assim que saem das vinícolas. São os chamados vinhos jovens que não se guardam em adegas. Bebe-se logo depois de comprá-los. Porque não foram feitos para maturarem. Prova disso é quando Chico Caruso escolhe o colega de profissão Laerte para desqualificar Mino Carta. Escolheu errado. Laerte é típico vinho próprio para maturidade.
David
Quando o Chico Caruso fará uma charge sobre as amantes de FHC na mídia? Ou sobre o criminoso roubo das merendas escolares no governo tucano de Geraldo Alckmin? Ou ainda sobre o “triplex” ilegal de seus patrões na paradisíaca Paraty?
Resposta: N U N C A.
Nelson
Caruso defendeu a “liberdade que tem para fazer seu trabalho no jornal”.
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Mino Carta está certo. Chico Caruso é um caso de “cegueira intencional”, para usar um termo cunhado por Chomsky. Então, simplesmente, não há espaço para o diálogo, para o debate.
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O cartunista optou por viver das benesses do poder e não em denunciar sua podridão e lutar contra ela. Portanto, ele vai continuar fazendo o papel de empregada doméstica do sistema, aquele tipo de empregada que empurra a sujeira para baixo do tapete.
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