Adilson Filho: Para Merval, manifestante ligado à CUT vale menos que direita “espontânea”

Em Belo Horizonte, segundo os organizadores, foram 20 mil pessoas

A GloboNews tem certeza da imbecilidade do seu espectador. Só isso explica o “jornalismo” que estão fazendo

por Adilson Filho

No domingo, às 22hs, no principal jornal da casa, Merval Pererra, frustrado diante do fracasso das manifestações que apoiam, em tom melancólico e confuso, pregava pra quem quisesse ouvir que Cunha daqui pra frente atrapalharia o processo de impeachment.

Como os editorias de Globo e Folha exigiram a saída dele no mesmo dia, a leitura por trás de suas palavras não era difícil de fazer: “já fez seu trabalho, muito obrigado, mas agora terá que cair fora pra gente dar um ar mais cheiroso a esse golpe”.

Poderia ficar aqui me estendendo a tudo que vimos de terça feira pra cá, toda a água que passou por debaixo da ponte em apenas dois dias. Mas, prefiro me ater as manifestações de ontem em todo o país.

Não precisa ter poderes mágicos para saber como eles editariam, escolheriam as imagens das pessoas chegando antes mesmo do horário marcado, diriam que aquilo ali era a militância, os petistas de sempre etc.

Mas vamos ao diálogo entre os principais apresentadores que foi o que mais chamou a atenção. É incrível como funcionam as coisas, como são bem treinados, afinados, como nada ali no QG do golpe é natural.

Renata Lo Prete: “Uma coisa a gente tem que dizer: as manifestações pró-impeachment foram maiores o ano todo”.

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Gerson Camarotti: “Sim Renata, e é bom a gente lembrar também que, embora tenham diminuído no domingo, são manifestações espontâneas, diferente das de hoje que já tem uma militância ali fiel…”

Merval Pereira: “CUT, essa gente toda”.

Cristiana Lobo: “Mas tem muita gente por aí atribuindo a redução de participantes nas manifestações de domingo à figura do presidente da Câmara”.

Renata Lo Prete: “Verdade, Cristiana, esse foi um argumento que surgiu, que a presença de Eduardo Cunha constrangia as pessoas a não saírem de casa”.

Cristiana Lobo: “Inclusive o próprio Merval foi um dos que falou isso aqui”.

Gerson Camarotti: “Quem sabe agora com o afastamento dele pedido por Janot, as manifestações não voltam a crescer; vamos aguardar pra ver.”

Agora veja cumpádi a safadeza (citando Raul Seixas): o primeiro a sugerir que Cunha atrapalhava o golpe, e talvez o único, foi o prórpio Merval Pereira no mesmo dia das manifestações da direita.

O mundo vira de cabeça pra baixo em dois dias e eles na maior cara dura desse mundo, todos em pé, parecendo até que estavam uma peça de teatro na escola, soltam um inocente “tem muita gente dizendo…”

E como se não bastasse, ao final, de quebra, ainda conseguem dar ares de cobra da análise política ao colega, dizendo que ele foi “um dos” que previram isso.

Olha, eu citei aqui Raul Seixas, aquele que disse que não precisava ler jornais pois sabia muito bem mentir sozinho, mas o caso acima é típico de “jornalismo-malandro” e como esse só encontra eco enquanto houver quem acredite, é digno de ser contemplado com Bezerra da Silva:

“Pra acabar com a malandragem, só prendendo todos os otários”.

PS do Viomundo: Sem esquecer que é a GloboNews quem oferece farta cobertura às manifestações “espontâneas”. Por seu turno, a Folha sempre diz que a “esquerda” foi às ruas protestar, mas nunca chama as manifestações de direita de “direita”, ainda que a TFP esteja lá. Vai ver que aquele ator pornô é de “centro”.

Veja também:

Os vídeos da manifestação contra o golpe em São Paulo