Maria Izabel Noronha: Boicote ao Saresp não é simplesmente protesto, é questão de lógica
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Boicote ao SARESP: uma questão de lógica
por Maria Izabel Azevedo Noronha, via assessoria de imprensa da Apeoesp
A assembleia estadual da APEOESP, ocorrida no vão livre do MASP no dia 29/10, decidiu que os professores irão realizar um boicote à aplicação das provas do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP), programada para os dias 24 e 25 de novembro. Esta decisão já foi tomada também no âmbito das entidades estudantis, devendo os estudantes recusar a participação nas provas.
Esta decisão é correta e faz todo o sentido, uma vez que a aplicação dessas provas é totalmente contraditória com a decisão da própria Secretaria Estadual da Educação de realizar a “reorganização”, verdadeira bagunça que vem sendo promovida na rede estadual de ensino.
Longe de ser uma medida simplesmente de protesto, o boicote ao SARESP corresponde ao momento que estamos vivendo, pois não há nenhuma lógica na aplicação de provas para avaliar o rendimento escolar em unidades que serão desmembradas ou simplesmente fechadas. A finalidade de qualquer avaliação não pode ser simplesmente estatística ou quantitativa, mas deve ser parte de um processo de diagnóstico e melhoria deste rendimento. Se grande parte dos estudantes serão transferidos de unidade escolar, como tais resultados poderão ser aproveitados para a melhoria da qualidade do ensino?
Não faria sentido algum se os estudantes pudessem “levar” os resultados de sua aprendizagem para uma nova escola, no qual não desenvolveram seus estudos; tampouco faria sentido que esses resultados sejam “contabilizados” em uma unidade escolar que passará por uma grande transformação como a que vem sendo anunciada pelo Governo do Estado.
O fato é que aos poucos vão surgindo novas consequências de um processo de “reorganização” mal concebido, mal decidido e implementado a toque de caixa, movido pelo interesse do Governo Alckmin de cortar gastos e “enxugar a máquina” do Estado, razões que nada tem a ver com a melhoria da qualidade da educação e com os direitos de estudantes, professores, funcionários e todos os segmentos que compõem as comunidades escolares.
Como já dissemos, não são apenas as unidades escolares afetadas diretamente pelo projeto do Governo (e que já são muitas) que sofrerão os impactos desta “reorganização”. O “efeito cascata” tende a atingir um número muito maior de escolas e, como vimos, ainda surgirão muitas outras consequências de um processo realizado de forma autoritária e nada transparente.
Maria Izabel Azevedo Noronha é presidenta da Apeoesp
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