Rogério Correia: Negociatas entre Cemig e Andrade Gutierrez na gestão tucana irrigaram cofres da empreiteira com mais de R$ 600 milhões
Tempo de leitura: 7 minLava-jato em Minas
MP amplia investigações sobre negociatas entre Cemig e Andrade Gutierrez, durante gestão tucana em Minas
por Ilson Lima e Rogério Correia, especial para o Viomundo
O promotor de Defesa do Patrimônio Público de Minas Gerais, Eduardo Nepomuceno, recebeu na tarde desta terça-feira (13/10) documentos que serão agregados ao inquérito aberto para apurar as estranhas transações entre a Cemig e a empreiteira Andrade Gutierrez, a partir do acordo de acionistas ocorrido há quatro anos. As denúncias foram entregues pelos deputados Rogério Correia e Professor Neivaldo, ambos do PT. Rogério Correia é líder do bloco parlamentar que dá sustentação ao governo Fernando Pimentel na Assembleia Legislativa (ALMG).
Eduardo Nepomuceno afirmou que o inquérito aberto pelo Ministério Público tinha como alvo o negócio entre companhia energética e Andrade Gutierrez na compra da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia. Na transação, fechada em junho do ano passado, a Cemig comprou a parte da empreiteira no empreendimento, envolveu o fundo de pensão dos empregados, e absorveu prejuízos milionários no episódio.
O promotor disse que as novas denúncias vão facilitar o andamento do inquérito, que a partir de agora terá objetivo mais abrangente e vão acelerar as investigações.
Empréstimos do governo irrigaram cofres da empreiteira
Autorizado pela ALMG no final do mês de novembro de 2011, o governo de Minas Gerais fez empréstimos com o Banco Internacional para Reconstruções e Desenvolvimento (BIRD), com o Banco Crédit Suisse e Agência Francesa de Desenvolvimento (AF), destinados à reestruturação da dívida de responsabilidade com a Cemig. As operações de crédito foram nos valores de, respectivamente, US$ 450 milhões; US$ 1,270 bilhão; e de € 300 milhões.
A manobra fez com que o empréstimo internacional fosse transformado em lucro nos balanços de 2012 e 2013, posteriormente distribuído aos acionistas como dividendos. Somente nesta artimanha, mais de R$ 600 milhões foram repassados à Andrade Gutierrez. O cálculo se baseia no percentual de 14% a que tem direito a empreiteira dos lucros obtidos pela companhia, como uma de suas sócias privadas.
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Em outras palavras: a Cemig pegou empréstimos no exterior sob alegação de que os juros eram menores. Só que foi uma manobra para gerar mais lucros e distribuir dividendos para acionistas, em especial para a Andrade Gutierrez.
Também consta das denúncias ao Ministério Público de Minas a distribuição dos lucros aos acionistas. Em 2011, o Conselho Deliberativo da Cemig alterou o Acordo de Acionistas, permitindo o repasse de dividendos aos acionistas de no mínimo de 50%, quando era de no máximo 25% na época do governo Itamar Franco (1994/1998).
Para o diretor do Sindieletro, Marcelo Correia, desde 2009 esse “assalto” contra o povo brasileiro vem sendo amplificado, e é o retrato do sucateamento a que foi submetida a companhia. “Os números são esclarecedores: entre 1994 a 2013, mais de 9, 5 mil eletricitários perderam seus postos de trabalho (entre demitidos sem justa causa ou pelo Programa de Demissão Voluntária), o que gerou queda na qualidade de serviço, em contraste com os lucros distribuídos à Andrade Gutierrez e aos outros acionistas privados, que chegaram em mais de 100%, às vezes, entre 2009 e 2013”, acusa.
“Agora, ficam mais claras as mensagens trocadas por executivos da Andrade Gutierrez, descobertas na Operação Lava Jato e publicadas pelo Estadão“, observa o deputado Rogério Correia.”Tanto amor não era só afinidade ideológica. Os ganhos da empreiteira nas negociatas com a Cemig explicam por que a Andrade Gutierrez deu tanto dinheiro para as campanhas dos tucanos Aécio Neves à Presidência da República e de Antonio Anastasia ao Senado.”
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publicado em 09 de outubro de 2015 às 16:10
por Rogério Correia e Ilson Lima, especial para o Viomundo
O deputado Rogério Correia (PT) se reúne na terça-feira (13/10) com o promotor Eduardo Nepomuceno, titular da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, a quem entregará documentação referente às nebulosas transações entre a Cemig e a empreiteira Andrade Gutierrez. O parlamentar irá, objetivamente, contribuir no processo em andamento naquela promotoria, que estava em banho-maria, mas que com a Operação Lava-Jato voltou com carga total nos últimos dias.
Não é à toa que mensagens trocadas entre executivos da Andrade Gutierrez pelo WhatsApp* — interceptadas na Operação Lava-Jato — os mostram em franca torcida pela vitória do tucano Aécio Neves na eleição presidencial. Sob a mira da 14ª fase da Lava-Jato desde junho passado, a Andrade Gutierrez foi a maior doadora de recursos da campanha do senador Aécio Neves em 2014. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que a empreiteira fez 322 doações ao então candidato tucano à Presidência que somaram mais de R$ 20 milhões.
Há entre um e outro antigas e estreitas relações que remontam ao governo Eduardo Azeredo (1995/1998). Em 1997, um acordo de acionistas possibilitou que a American Electrical Systems (AES) se apropriasse de um terço das ações ordinárias da Cemig, além de ter outros privilégios contratuais que lhe davam controle da empresa. Tudo fazia parte do plano de privatização da estatal, preparado pelo governo Eduardo Azeredo, seguindo as políticas do então presidente FHC, conforme ficou bem-exposto no livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Júnior.
A privatização da Cemig foi interrompida durante o governo Itamar Franco (1999-2002), que conseguiu na Justiça derrubar o acordo de acionistas, ainda que a AES tenha mantido sua participação na estatal como sócia minoritária. O projeto de privatização foi retomado no período Aécio Neves e Antonio Anastasia (2002/2014), quando entrou em cena a Andrade Gutierrez. As partes nebulosas da transação surgem nos detalhes do esquema montado pelos tucanos.
Para viabilizar o negócio, a Cemig comprou, em 2009, a participação da Andrade Gutierrez na Light do Rio de Janeiro por R$ 785 milhões, pagos à vista. A Andrade Gutierrez, por sua vez, deu R$ 500 milhões de entrada na compra de 33% das ações ordinárias da estatal mineira, ficando o restante do valor da compra, no total de R$ 1,6 bilhão, para pagamento em 10 anos com a emissão de debêntures a serem adquiridos pelo BNDES, a juros e taxas facilitadas.
Na prática, a Andrade Gutierrez fez um negócio da China. De 2010 a 2013, recebeu mais de R$ 1,7 bilhão em dividendos da Cemig. O poder da empreiteira na estatal não se restringe à participação nesse item. No acordo de acionistas a Andrade Gutierrez garantiu, por meio de artifícios embutidos no documento, o direito de indicar seu representante na Diretoria de Desenvolvimento de Negócios e Controle Empresarial das Controladas e Coligadas, que simplesmente é quem conduz os investimentos da Cemig, em especial as grandes construções.
Um outro negócio questionável realizado pela Cemig nos últimos anos é o que redundou na aquisição da Usina Hidrelétrica (UHE) de Santo Antônio, localizada em Rondônia. A Cemig já detinha uma participação de 10% na Usina, pela qual investira R$ 610 milhões. Posteriormente, a estatal comprou a parte da Andrade Gutierrez na usina, o equivalente a 83%, pelo qual pagou R$ 835 milhões.
Como a usina vinha registrando prejuízos recorrentes, além de ter recebido por sua participação como acionista, a Andrade Gutierrez recebeu os pagamentos referentes ao seu trabalho na construção da UHE.
Para o diretor do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro/MG) Marcelo Correia a Andrade Gutierrez tem hoje todo o controle da Cemig, inclusive o de ter informações privilegiadas sobre os negócios envolvendo investimentos da estatal. “Há um enorme conflito de interesses nesse caso, o que, para nós, do sindicato, é irregular e ilegal”, observa.
Ele disse que os trabalhadores do setor e a população brasileira aguardam o encaminhamento das investigações e que os negócios nebulosos da estatal com a empreiteira venham a público.
Em resumo, a Andrade Gutierrez tem o retorno de 100% do lucro em dividendos e o direito de dirigir os investimentos da estatal por até 30 anos. A pergunta que não cala é por que o Estado de Minas Gerais assinou um acordo em que não há nenhuma cláusula que lhe dê direitos ou vantagens, mas somente obrigações e garantias para a empreiteira.
O acordo feito com a Andrade Gutierrez foi um prato cheio para os governadores tucanos Aécio e Anastasia, que obtiveram vultosas doações em suas campanhas, para a presidência e para o senado, respectivamente.
Com essas informações sobre a participação daAndrade Gutierrez nos negócios da Cemig, compreende-se exemplarmente como ocorre em nosso País a apropriação do público pelo privado, como uma estatal lucrativa como a Cemig foi entregue de bandeja primeiramente para a AES e, posteriormente, para a Andrade Gutierrez, que nunca ao menos foram fiscalizadas pelos poderes públicos nos últimos 20 anos, desde o governo Eduardo Azeredo.
Entende-se, também, porque os executivos da Andrade Gutierrez torceram tanto pela vitória de Aécio na última eleição presidencial. E torceram até o último minuto, porque davam como ganha a eleição que perderam nos minutos finais da prorrogação. É singular o apoio revelado no WhatsApp pelos executivos da empreiteira, por meio das mensagens, nas quais a presidente é chamada de “poste” e de “presidanta”.
Pelo grupo os executivos Fávio Barra e Elton Negrão de Azevedo Júnior, ambos presos na Operação Lava-jato, trocam mensagens com seus colegas durante a apuração eleitoral passada, nas quais lê-se coisas do tipo: “fora, sapa com cara do Satanás”, se referindo à candidata Dilma Rousseff, ou, “…Agora o homem (Aécio) moeu a gorda (Dilma) de perna aberta”, afirma um dos executivos.
Na opinião do deputado estadual Rogério Correia, líder do Bloco Minas Melhor na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, não há como ficar impune uma transação desse porte, em que uma estatal como a Cemig é utilizada para jorrar lucros vultosos para a iniciativa privada, em proveito da candidatura tucana de Aécio Neves e tudo ficar por isso mesmo.
“O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tem que adotar o mesmo procedimento dado às outras investigações. Afinal, já entreguei a ele em mãos esta e outras denúncias. Não apurar isso é esconder muita sujeira debaixo de pouco tapete”, concluiu o parlamentar.
*Rogério Correia é deputado estadual (PT-MG) e líder do Bloco Minas Melhor na Assembleia Legislativa. Ilson Lima é jornalista
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*Mensagens trocadas por executivos da Andrade Gutierrez, publicadas pelo Estadão:
Comentários
Sidnei Brito
Nessas famosas trocas de mensagens do pessoal da Andrade, um retrato da nossa elite: “a miséria e a ignorância ELEGEU a Dilma”.
Messias Franca de Macedo
[Perdão pelo fora de pauta não tão fora de pauta assim!]
… O MPF DO ESTADO DE GOIÁS DO JOVAIR “DO ‘CU(nha)'” ENTRA EM CAMPO!
Mais um capítulo do estado de sítio pré-golpe fascista engendrado por canalhas [mega]corruptos
E acredite se quiser!
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MPF proíbe atos nas Universidades. Querem matar a democracia, que lhes deu a vida
Por conspícuo e impávido jornalista Fernando Brito
07/04/2016
(…)
O Ministério Público de Goiás enviou uma “recomendação” (recomendação uma ova, porque o mesmo texto já requisita a relação de eventos já ocorridos e seus responsáveis) à Universidade Federal de Goiás para que “não realize nem permita, em suas dependências físicas, nenhum ato de natureza político-partidária, tendo por objeto o processo de impeachment da Presidente da República, seja favorável ou contrariamente”.
Como, nas Universidades, é fortíssimo o movimento antigolpe e inexpressivo o do “impeachment” fica claro o alvo dos procuradores, muito bem pagos com o dinheiro público. Aliás, nem escondem seu lado, pois no mesmo texto avaliam que há “grandes manifestações de brasileiros que pugnam pela cassação do mandato da Chefe do Executivo Federal” e apenas “protestos de grupos adversos ao impeachment”.
(…)
Que autoridade têm estes senhores para falar em atos “favoráveis ou contrários” ao impeachment se eles próprios, no exercício da função pública, os praticam?
Agora, antes mesmo de implantarem sua ditadura, já investem contra a liberdade nos campus universitários.
O que mais farão depois?
FONTE [LÍMPIDA!]: http://www.tijolaco.com.br/blog/mpf-proibe-atos-nas-universidades-querem-matar-democracia-que-lhes-deu-vida/comment-page-1/#comment-273003
Zé Memória
Para quem já foi acionista da FIAT, até que o governo de MG, pagar um trocados para a CEMIG não é nada…
“Questão Fiat. A montadora italiana, instalada em Betim/MG, exigia que o Governo do Estado de Minas Gerais, que detinha 44% do capital votante da empresa, injetasse mais US$ 120 milhões. O projeto foi bastante criticado, mas conseguiu ser aprovado na Assembléia Legislativa de Minas Gerais. O Estado conseguiu a quantia no CityBank e manteve sua participação na montadora…
https://www.mg.gov.br/governomg/portal/m/governomg/governo/galeria-de-governadores/10194-francelino-pereira-dos-santos/5794/5241
Acontece cada coisa em MG que os anjos barrocos de Aleijadinho, que enfeitam as igrejas de Ouro Preto, ficariam corados de vergonha.
Urbano
Quem poderá apresentar um gap, um gap bem pequeninho, sem opa?
ZePovinho
sábado, fevereiro 03, 2007
Esquema de Aécio Neves com a light paga dívida de US$ 269 milhões da Rede Globo
A contrapartida
As negociações desenvolvidas para quitação da dívida da Globo no exterior foram feitas através do ex-presidente da Globo S/A, Ronnie Vaz Moreira, e incluem a posterior transferência e entrega da NET para que o grupo de Aécio Neves possa juntamente com a construtora Andrade Gutierrez, via Telemar, que adquiriu recentemente a Way, e uma série de empresas concessionárias de serviço a cabo do interior mineiro, montar um novo grupo de Comunicação, tendo como geradora local de programação a TV Alterosa.
A certeza da impunidade e de qualquer questionamento, traz à tona uma situação escandalosa. Ou se não é escandalosa, como explicar que o principal executivo da Rede Globo, um conglomerado de empresas nas quais existem profissionais como o apresentador Faustão, que ganha mensalmente mais de R$ 1.000.000,00, onde apenas um comercial de 30 segundos em rede nacional no horário nobre custa em torno de R$ 180.000,00, possa largar seu emprego que, segundo versões do mercado, rendiam-lhe quase R$ 800.000,00 por mês fora participações, para assumir a diretoria financeira da Light ganhando R$ 11.000,00 por mês.
O valor total da negociação entre Aécio Neves e Rede Globo chegou a mais de US$ 1,5 bilhão, levando em conta o valor da dívida da Light assumida pela Cemig.
A negociação é tão perdulária que além do valor pago e de ter assumido R$ 1,5 bilhão de dívidas à Cemig, forneceu para a Light em 2006 energia no valor de R$ 399 milhões, conforme Balanço da Light de 2006, “notas explicativas”, Nota 16. E o pior. Sabem quando a Cemig receberá o pagamento? Em dezembro de 2013.
Esta prática sem dúvida criminosa está descapitalizando a Cemig e capitalizando a Ligth. Em português vulgar, a Cemig está passando por baixo do pano dinheiro para a Light………….
eros alonso
Alckmin também repassou lucros demais na SABESP e deu no que deu.
Frederico Melo
Fui conferir as doações aos candidatos no site do TSE e vi que a Andrade Gutierrez doou mais para a campanha da Dilma do que do Aécio, e doou para o Pimentel três vezes o que doou para o candidato derrotado do PSDB em Minas. Não estaríamos usando o mesmo argumento dos golpistas se formos criminalizar as doações eleitorais? Afinal, a Andrade Gutierrez doou muito mais para o PT do que para o PSDB.
Julio Silveira
Aécio, “infantil”? não vem ao caso.
FrancoAtirador
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O Brasil e a República de Salem
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Por Mauro Santayana, no Jornal do Brasil
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O Ministro Teori Zavascki retirou da Operação Lava-Jato a investigação de questões relativas à Eletronuclear.
O fez porque o caso envolve o senador Edson Lobão, que tem foro privilegiado.
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Mas poderia tê-lo feito também devido a outros motivos.
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A Eletronuclear não possui instalações no Paraná, nem vínculos com a Petrobras, e não se sustenta a tese, que quer dar a entender o juiz Sérgio Moro, de que tudo, das investigações sobre o Ministério do Planejamento, relacionadas com a ministra Gleise Hoffman, à Eletronuclear, Petrobras, hidrelétricas em construção na Amazônia, projetos da área de defesa, da indústria naval, e qualquer coisa que envolva a participação das maiores empresas do país em projetos e programas estratégicos para o desenvolvimento nacional, “é a mesma coisa” e culpa de uma “mesma organização criminosa”, estabelecida, há alguns anos, com o deliberado intuito de tomar de assalto o país.
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Pode-se tentar impingir esse tipo de fantasia conspiratória, reduzindo a oitava maior economia do mundo – que em 2002 não passava da décima-quarta posição – a um mero bordel de esquina invadido por uma maquiavélica e nefasta quadrilha de assaltantes, quando esse discurso se dirige para a minoria conservadora, golpista, manipulada e desinformada que pulula nos portais mais conservadores da internet brasileira e dá um trocado para a faxineira bater panela na varanda do apartamento, quando começa a doer-lhe a mão.
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Mas essa tese não “cola” para qualquer pessoa que tenha um mínimo de informação de como funciona, infelizmente, o país, e sobre o que ocorreu com esta Nação nos últimos 20 anos.
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Operação caracteristicamente midiática, alimentada a golpe de factoides, da pressão sobre empresas e empresários – até mesmo por meio de prisões desnecessárias, e, eventualmente, arbitrárias – e de duvidosas delações premiadas, a Lava-Jato, se não for rigorosamente enquadrada pelos limites da lei, se estabelecerá como uma nova República do Galeão, de Curitiba, ou de Salem.
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Uma espécie de Quinto Poder, acima e além dos poderes basilares da República, com jurisdição sobre todos os segmentos da política, da economia e da sociedade brasileira, com um braço doutrinário voltado para obter a alteração da legislação, mormente no que diz respeito ao enfraquecimento das prerrogativas constitucionais, entre elas a da prisão legal, da presunção de inocência, da apresentação de provas, que precisa produzir, para uma parcela da mídia claramente seletiva e partidária, sempre uma nova “fase” – já lá se vão 19 – uma nova acusação, uma nova delação, para que continue a se manter em evidência e em funcionamento.
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Tudo isso, para que não se perceba com clareza sua fragilidade jurídico-institucional, exposta na contradição entre a suposta existência de um escândalo gigantesco de centenas de bilhões de reais, como alardeado, na imprensa e na internet, aos quatro ventos, que se estenderia por todos os meandros do estado brasileiro, em contraposição da franca indigência de provas robustas e incontestáveis, reunidas até agora, e do dinheiro efetivamente recuperado, que não chega a três bilhões de reais – pouco mais do que o exigido, em devolução pela justiça, apenas no caso do metrô e dos trens da CPTM, de São Paulo.
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Uma coisa é provar que dinheiro foi roubado, nas estratosféricas proporções cochichadas a jornalistas – ou aventadas em declarações do tipo “pode chegar” a tantos bilhões – dizendo em que contrato houve desvio, localizando os recursos em determinada conta ou residência, mostrando com imagens de câmeras, ou registros de hotel, e listas de passageiros, que houve tal encontro entre corruptor e corrompido.
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Outra, muito diferente, é, para justificar a ausência de corrupção nas proporções anunciadas todo o tempo, estabelecer aleatoriamente prejuízos “morais” de bilhões e bilhões de reais e nessa mesma proporção, multas punitivas, para dar satisfação à sociedade, enquanto, nesse processo, que se arrasta há meses, caminhando para o segundo aniversário, se arrebenta com vastos setores da economia, interrompendo, destruindo, inviabilizando e transformando, aí, sim, em indiscutível prejuízo, centenas de bilhões de reais em programas e projetos estratégicos para o desenvolvimento e a própria defesa nacional.
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Insustentável, juridicamente, a longo prazo, e superestimada em sua importância e resultados, a Operação Lava-Jato é perversa, para a Nação, porque se baseia em certas premissas que não possuem nenhuma sustentação na realidade.
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A primeira, e a mais grave delas, é a que estabelece e defende, indiretamente, como sagrado pressuposto, que todo delator estaria falando a verdade.
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Alega-se que os réus “premiados”, depois de assinados os acordos, não se arriscariam a quebrar sua palavra com a Justiça.
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Ora, está aí o caso do Sr. Alberto Youssef, já praticamente indultado pelo mesmo juiz Moro no “CASO DO BANESTADO”, da ordem de 60 bilhões de reais, para provar que o delator premiado não apenas pode falar o que convêm, acusando uns e livrando a cara de outros, como continuar delinquindo descaradamente – por não ter sido impedido de seguir nos mesmos crimes e atividades pela Justiça – até o ponto de, estranhamente, fazer jus a nova “delação premiada” mesmo tendo feito de palhaços a maioria dos brasileiros.
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A segunda é a de se tentar induzir a sociedade – como faz o TCU no caso das “pedaladas fiscais”, que vêm desde os tempos da conta única do Banco do Brasil – a acreditar que toda doação de campanha, quando se trata do PT, seria automaticamente oriunda de pagamento de propina de corrupção ao partido, e que, quando se trata de legendas de oposição – mesmo que ocupem governos que possuem contratos e obras com as mesmíssimas empresas da Lava-Jato – tratar-se-ia de doações honestas, impolutas e desinteressadas.
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Corrupção é Corrupção. E Doação de Campanha é Doação de Campanha.
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Até porque as maiores empresas e bancos do país, que financiam gregos e troianos,
o fazem por um motivo simples: como ainda possuem tecnologia para construir
uma máquina do tempo, nem para ler bolas de cristal, elas não têm como adivinhar,
antes da contagem dos votos, quem serão os partidos vitoriosos ou os candidatos eleitos em cada pleito.
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Se existe suspeição de relação de causa e efeito
entre financiamento de campanha e conquista de contratos,
simples:
Em um extremo, regulamente-se o “lobby”, com fiscalização, como existe nos Estados Unidos,
ou, no outro, proíba-se definitivamente o financiamento empresarial de campanha
por empresas privadas, como está defendendo o governo, e não querem aceitar os seus adversários.
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O que não podem esperar, aqueles que apostaram na criminalização da política como tática,
é que a abertura da Caixa de Pandora, ao menos institucionalmente, viesse a atingir
apenas algumas legendas, ou determinados personagens, em suas consequências.
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Vendida como sendo, supostamente, uma ação emblemática, um divisor de águas no sentido da impunidade e de se mandar um recado à sociedade de que o crime não compensa, a justiça produzida no âmbito da Operação Lava-Jato está, em seus resultados, fazendo exatamente o contrário.
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Quem for analisar a última batelada de condenações, verá que, enquanto os delatores “premiados”, descobertos com contas de dezenas de milhões de dólares no exterior, com as quais se locupletavam nababescamente, gastando à tripa forra, são liberados até mesmo de prisão domiciliar e vão ficar soltos, nos próximos anos, sem dormir nem um dia na cadeia, funcionários de partido que “receberam”, em função de ocupar o cargo de tesoureiro, doações absolutamente legais do ponto de vista jurídico, terão de passar bem mais que uma década presos em regime fechado, mesmo que nunca tenham apresentado nenhum sinal de enriquecimento ilícito.
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Com isso, bandidos contumazes, já beneficiados, no passado, pelo mesmo juiz, com acordos de delação premiada, que quebraram, ao voltar a delinquir, seus acordos feitos anteriormente com a Justiça, ou que extorquiram empresas e roubaram a Petrobras, vão para o regime aberto ou semi-aberto durante dois ou três anos, para salvar as aparências, enquanto milhares de trabalhadores estão indo para o olho da rua, também porque essas mesmas empresas – no lugar de ter apenas seus eventuais culpados condenados – estão, como negócio, sendo perseguidas e ameaçadas com multas bilionárias, que extrapolam em muitas vezes os supostos prejuízos efetivamente comprovados até agora.
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A mera ameaça dessas multas, com base nos mais variáveis pretextos, pairando, no contexto midiático, como uma Espada de Dâmocles, antes da conclusão das investigações, tem bastado para que a situação creditícia e institucional dessas companhias seja arrebentada nos mercados, e projetos sejam interrompidos, em um efeito cascata que se espalha por centenas de médios e pequenos fornecedores, promovendo um quase que definitivo, e cada vez mais irrecuperável desmonte da engenharia nacional, nas áreas de petróleo e gás, infraestrutura, indústria naval, indústria bélica, e de energia.
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O juiz Moro anda reclamando publicamente,
assim como o procurador Dallagnol
– até mesmo no exterior –
do “fatiamento” da Operação Lava-Jato.
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Ora, não se pode criar uma fatia a partir de algo que não pertence ao bolo.
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Inquéritos não podem ser abertos por determinada autoridade,
se não pertencem à jurisdição dessa autoridade.
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Continuar produzindo-os, sabendo-se que eventualmente serão requeridos ou redistribuídos pelo Supremo, faz com que pareçam estar sendo criados apenas com o intuito de servirem, ao serem eventualmente retirados do escopo da Lava-Jato, de “prova” da existência de uma suposta campanha, por parte do STF, destinada a dar fim ou a sabotar, aos olhos da opinião pública, o “trabalho” do Juiz Sérgio Moro e o de uma “operação” que se quer cada vez mais onipresente e permanente nas manchetes e na vida nacional.
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Ao reclamar do suposto “fatiamento” da Operação Lava-Jato, com a desculpa de eventual prejuízo das investigações, o juiz Sérgio Moro parece estar tentando, da condição de “Pop Star” a que foi alçado por parte da mídia, constranger e pressionar, temerariamente, o Supremo Tribunal Federal – já existe provocador falando, na internet, em resolver o “problema” do STF “a bala” – valendo-se da torcida e do apoio da parcela menos informada e mais manipulada da opinião pública brasileira.
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Com a agravante de colocar em dúvida, aos olhos da população em geral, o caráter, imparcialidade e competência de seus pares de outras esferas e regiões, como se ele, Sérgio Fernando Moro, tivesse surgido ontem nesta dimensão, de um puro raio de luz vindo do espaço, sem nenhuma ligação anterior com a realidade brasileira, para ser o líder inconteste de uma Cruzada Moral e Reformadora Nacional – o único magistrado supostamente honesto, incorruptível e comprometido com o combate ao crime desta República.
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(http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2015/10/13/o-brasil-e-a-republica-de-salem)
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andre dias
http://br29.com.br/banco-que-doou-r-500-mil-para-cunha-e-o-mesmo-que-bancou-a-lua-de-mel-de-aecio/#
Banco que doou R$ 500 mil para Cunha é o mesmo que “bancou” a lua de mel de Aécio
O banco brasileiro BTG Pactual, dono do banco suíço BSI, onde Eduardo Cunha também teria conta, doou R$ 500 mil ao presidente da Câmara para sua campanha eleitoral de 2014
(Jornal do Brasil)
A informação é do colunista Fernando Molica, na edição desta terça-feira (13) do jornal “O Dia”.
A existência da conta foi revelada recentemente pelo Ministério Público suíço. Segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o dinheiro foi doado no dia 11 de agosto pelo BTG ao PMDB, que fez o repasse para a campanha de Cunha. Em 14 de julho, 28 dias antes, o banco brasileiro anunciou a assinatura de acordo para a compra do BSI.
Antes mesmo que o Ministério Público suíço enviasse informações ao Brasil da existência de contas secretas de Eduardo Cunha naquele país, o presidente da Câmara já havia sido denunciado pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF), por lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
O casamento de Aécio Neves e a lua de mel com o BTG Pactual em Nova Iorque
(Revista Fórum)
Em uma cerimônia super discreta, como é do perfil do mineiro Aécio, que não costuma se deixar badalar por aí, o senador e candidato tucano à Presidência da República, casou-se na última sexta-feira, no Rio de Janeiro, com a modelo gaúcha Letícia Weber. Aécio é senador por Minas, mas casar em BH evidentemente que não é o caso.
A assessoria do senador informou que o casamento foi apenas no civil. Após a celebração, o casal embarcou para Nova York, onde Aécio fez uma palestra para investidores a convite do Banco Pactual.
O jornal O Globo de hoje dá mais detalhes do caso:
“De acordo com a assessoria do tucano, o banco BTG Pactual havia convidado Aécio a fazer uma palestra num evento voltado para investidores estrangeiros em Nova York. O convite se deu em agosto e, como é de praxe, incluía passagens aéreas e hospedagem para o palestrante e um acompanhante. O banco reservou uma suíte para o casal, de segunda a quarta-feira, no hotel Waldorf Astoria. No caso de Aécio, segundo a assessoria, ele declinou de cobrar pela palestra.”
Evidente que em agosto o senador mineiro não tinha a menor ideia de que se casaria com Letícia Weber no início de outubro. Por isso a coincidência da ida para a Nova Iorque com passagem, hospedagem e quetais pagas pelo Banco BTG Pactual ter se dado exatamente no período da lua de mel do casal.
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