Fátima Oliveira: Honestidade intelectual faz falta para olhar a realidade

Tempo de leitura: 3 min

Posse dos novos ministros Foto Valter Campanato/Agência Brasil

Posse dos novos ministros em 5 de outubro de 2015. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Honestidade intelectual faz falta para olhar a realidade

Fátima Oliveira, em O TEMPO
[email protected] @oliveirafatima_

Muito já foi escrito de 2 de outubro para cá sobre a reforma ministerial efetivada pela presidente Dilma Rousseff. E antes também, sobre quem ficaria e quem sairia, referente a ministérios e a quem ocuparia as pastas remanescentes.

Muito choro e ranger de dentes, desesperança e desânimo entre pessoas que apoiam o governo. Li bastante sobre o assunto, declarações favoráveis e desfavoráveis, para embasar a minha opinião na presente tentativa de análise de perdas e ganhos, ainda inicial e sem pretensões de esgotar o tema, que é vasto, complexo e eivado de paixões.

Tentei manter algum distanciamento das áreas nas quais tenho uma história militante: opressão da mulher, opressão racial/étnica e saúde, sobretudo a defesa do SUS – as mais ceifadas, inegavelmente, pela reforma ministerial. Parecia um pesadelo, mas era realidade, e ela se impôs.

A entrega do Ministério da Saúde (de porteira fechada?) a quem nunca deu um prego numa barra de sabão em defesa do SUS, ao contrário, é surreal! Considero fora de propósito e um equívoco ideológico e político a junção da Secretaria da Mulher com a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e a Secretaria de Direitos Humanos, configurando o Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, que vejo como um ministério mala e, como tal, de pouca serventia, mas ter Nilma Lino como ministra é um alento.

Desanquei o patriarcado, que está vivíssimo e mostrou bem suas garras; o racismo é uma fé bandida e se mostrou de dentes arreganhados; e repeti à exaustão que saúde não é moeda de troca, mas foi, e para mãos não confiáveis! Quer mais? Não vou enumerar tudo para não sangrar mais minhas feridas. Me poupe: “Tire o seu sorriso do caminho/ Que eu quero passar com a minha dor” (“A Flor e o Espinho”, de Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito, Alcides Caminha).

Estou desde sexta-feira passada dando chiliques e pedindo “meus sais”! Maldisse Altamiro Borges, que teve o topete de escrever “Reforma ministerial desanima os golpistas”; maldisse Ricardo Kotscho e seu lúcido “Dilma sai das cordas; oposição apoia Cunha”; e maldisse o editorial do Portal Vermelho, que, com serenidade irritante, diz, sob o título “Reforma ministerial e a nova maioria pelo desenvolvimento”: “A reforma ministerial foi uma importante vitória do governo liderado pela presidente Dilma… Uma reforma da administração e uma recomposição do ministério, dentre outras medidas importantes”.

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Um esforço que faço quando estou numa encruzilhada política é ter como guia uma visão panorâmica, no caso a conjuntura brasileira. Para tanto, recorro à metáfora de uma árvore que plantei – ela é minha – numa floresta pegando fogo!

A conjuntura nacional é uma floresta ameaçada pelo fogo, e as minhas áreas de militância são as minhas árvores que estão na floresta ameaçada de virar cinza. Lembrem-se de que, naquela floresta, eu tenho três árvores, a saber: as lutas pelos direitos da mulher, pela igualdade racial e pelo SUS! O que fazer?

É evidente que, se eu desejar preservar tão somente as “minhas árvores”, sem a preocupação de defender toda a floresta, corro o risco de perder as “minhas árvores” e toda a floresta!… De modo que urge que eu tenha honestidade intelectual de ver as “minhas árvores” como parte da floresta que está em chamas.

Maldisse todos que li e que me forçaram a ver a floresta que estava pegando fogo e um incêndio sendo contido. Resta-me o consolo dos versos de Brecht (1898-1956): “Fôssemos infinitos/ Tudo mudaria/ Como somos finitos/ Muito permanece”.

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Comentários

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Urbano

A Terra passou para uma dimensão um pouco mais limpinha, porém o grosso de sua população continua na frequência de Terceira Dimensão, tanto que terão uma passagem de ida, mas não de volta para cá. Agora, só que os bandidos da oposição ao Brasil exageram em sua desonestidade holística. Em decorrência disso, os que permanecerem na Quarta Dimensão estarão, logo de cara, totalmente livres dos escroques da oposição ao Brasil; e isso por alguns éons.

Alberto Furtado

Gosto da sinceridade das análises de Fátima Oliveira

FrancoAtirador

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para recorrer 40 cuadras por la Noche del Domingo
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(http://mundo.sputniknews.com/americalatina/20151012/1052413236/femenistas-argentinas-agresion-neonazis.html)
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FrancoAtirador

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Pois é precisamente esta Honestidade Intelectual
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que Falta na Direita Política, Jurídica e Midiática.
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    Mário SF Alves

    A questão é: como esperar honestidade intelectual de representantes ou prepostos do poder de fato que, ao arrepio da Lei de 1988, tentam a todo custo tomar o governo da presidenta Dilma?
    Foras da lei não estão nem aí pra honestidades, quiçá, intelectual.

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