Paulo Nogueira: Abril quer um governo amigo para mamar ainda mais nas tetas do Estado
Tempo de leitura: 3 min“A reportagem é mentirosa e irresponsável”– Edward Carvalho, advogado de Léo Pinheiro, sobre a inexistente delação premiada
Uma questão de dinheiro: a origem do ódio assassino da Abril pelo PT
Por Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo, em 26.07.2015
Os franceses têm uma frase para a investigação de crimes: “Procure a mulher.”
Você pode adaptá-la para o Brasil de hoje.
“Procure o dinheiro.” É o que você deve fazer caso queira entender o ódio desumano da Veja pelo PT, expresso mais uma vez na capa desta semana.
Isso vale não apenas para a Veja, é bom acrescentar.
O jornalista Ricardo Kotscho, que fez parte da equipe de Lula em seus primeiros tempos, conta uma história reveladora.
Roberto Civita queria uma audiência com Lula, algum tempo depois de sua posse. E pediu a Kotscho que a arranjasse.
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O objetivo não era discutir os rumos do Brasil e do mundo. Era pedir dinheiro para o governo, na forma de anúncios.
Ou mais dinheiro.
As coisas não correram como Roberto esperava. As consequências editoriais estão aí. Nem a morte de Roberto deteve a fúria assassina da Veja.
É um paradoxo. As mesmas empresas liberais que condenam o Estado são visceralmente dependentes do dinheiro público que ele canaliza para elas.
Sem esse dinheiro, elas simplesmente não sobreviveriam.
Não é errado dizer que o Estado brasileiro financia as grandes empresas jornalísticas. É, para elas, um Estado Babá.
Não é apenas dinheiro de anúncios, embora seja este o grosso. Ele vem de outras formas.
Poucos anos atrás, quando ainda tinha resultados contábeis expressivos, a Abril levou cerca de 25 milhões de reais do BNDES para uma obra que deveria ter sido bancada por ela mesma, e não pelo contribuinte: um arranjo em seu sistema de assinaturas.
É um dado público.
Parêntese: se na CPI do BNDES for aberto um capítulo para as relações da mídia com o banco, teremos informações sensacionais.
Em 2009, quando a Veja já abdicara de qualquer honestidade no ataque ao PT, a Abril levou 50 milhões de reais do governo de Lula apenas em anúncios.
Por que tamanha revolta, então?
Mais uma vez: procure o dinheiro. A Globo estava levando, e continua a levar, dez vezes mais, 500 milhões por ano.
Lula e Dilma, ironicamente, vem financiando a mídia que tenta exterminá-los.
Tamanha dependência leva a surtos de paranoia a cada eleição: e se a festa acabar? E se o governo decide reduzir ao mínimo os investimentos publicitários que vão dar nas corporações jornalísticas?
Seria uma calamidade para essas empresas. Elas cresceram graças ao dinheiro público posto nelas em proporções nababescas.
Note. Não é só o governo federal. Quantos recursos públicos não são encaminhados para as companhias de jornalismo pelo governo de São Paulo, o mais ricos do Brasil? De anúncios a compras de assinaturas, a mãozinha amiga está sempre presente.
No futuro, estudiosos tentarão decifrar por que nem Lula e nem Dilma mexeram adequadamente neste sistema que irriga recursos do contribuinte para mãos e bolsos particulares.
Minha hipótese é: medo, medo e ainda medo.
Quando os dados se tornaram públicos, e começou a surgir aqui e ali indignação, inventou-se uma coisa chamada “mídia técnica” para justificar o injustificável.
Com isso, teoricamente estava explicado por que anualmente o governo colocava 150 milhões de reais no SBT para terminar num jornalismo com Sheherazades.
Mas era e é uma falácia. Governo nenhum é obrigado a colocar dinheiro em empresa nenhuma, sobretudo quando há fundadas desconfianças sobre o caráter dela e seu comprometimento com o bem estar público.
No caso específico da Abril, e da Veja, a questão do dinheiro público se tornou especialmente dramática com a Era Digital e seu efeito destruidor sobre a mídia impressa.
Um governo amigo melhoraria extraordinariamente a situação financeira da Abril. O declínio não seria estancado, porque é impossível, mas seria mitigado.
A verba de anúncios federais cresceria instantaneamente. Lotes gigantescos de assinaturas de revistas seriam comprados. Financiamentos a juros maternais seriam obtidos.
É isso o que move a Abril — e, em medidas diferentes, as demais grandes empresas jornalísticas.
Procure o dinheiro, caso queira entender a sanha homicida delas, maldisfarçada num moralismo cínico, demagógico e canalha, para não dizer criminoso.
Leia também:
Jeferson Miola: Merval faz da mídia um álibi para a delinquência
Comentários
FrancoAtirador
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Mídia Fascista quer Criminalizar Editoras de Esquerda
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(http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/blog-na-rede/2015/07/midia-fascista-quer-criminalizar-editoras-de-esquerda-2845.html)
(http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2015/07/editora-rebate-sensacionalismo-partidario-do-site-do-estadao-2891.html)
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Alexandre Tambelli
Pensando à distância a escolha de não se buscar uma Lei de Médios pelos governos petistas. Uma reflexão nascida e ampliada agora depois de ler o texto do Paulo Nogueira ontem de manhã.
O FIM DA POLÍTICA DO CÁLCULO ELEITORAL
Para além do medo petista para com a velha mídia capitaneada pela Rede Globo houve todos estes anos a sua política de cálculo eleitoral.
Em sendo a velha mídia a oposição possível, lembrando o que disse Judith Brito da ANJ (Associação Nacional dos Jornais) em 2010 sobre ser a velha mídia a oposição possível por causa da fragilidade da oposição política, se tornou confortável ao PT não fazer uma Lei de Médios, porque mídia não é partido registrado no TSE, não pode ser votada.
O PT foi beneficiário estes anos todos de políticos, quase todos do centro para a direita, que faziam apenas oposição por oposição e sem ter um Programa de Governo e um Projeto de Nação para ser apresentado para os brasileiros. Muitos se beneficiando da popularidade de Lula e Dilma, enquanto teve, e sendo aliados de carteirinha.
Nem PMDB, nem PSDB, nem PP, nem PSD, nem PR, nem DEM (partidos maiores) tem programa de Governo. Eles têm apenas máquina partidário-midiática distribuída aos quatro cantos do País capaz de disputar com dinheiro privado o voto do eleitor: o famoso e tão discutido financiamento privado das eleições, que o Gilmar Mendes e o Eduardo Cunha têm medo de acabar.
A Direita apenas disputa eleições e quase sempre seus eleitos não tem como meta um Projeto de País/Governo e não mostram para a população um Programa de Governo para praticar caso eleitos.
Estes partidos de Direita têm muito mais interesses corporativos (pessoais) e das elites como meta se vencem, apesar de algumas figuras de respeito e com uma visão estadista existirem nestas legendas.
O PT se sentiu beneficiário deste processo onde a velha mídia se tornou a verdadeira oposição, pois, nesta briga só restaria como resultado a possibilidade do PT vencer, porque, como disse: mídia não tem voto. E o PT venceu 4 eleições seguidas neste processo de oposição ser sinônimo de velha mídia.
A Economia Social estava no eixo da distribuição de renda, da inclusão e ascensão social. Este dado tinha mais força que o discurso alarmista da Rede globo & Cia.
Todavia, a estratégia do cálculo eleitoral se desfez nos tempos atuais porque a Economia entrou em recessão e a inflação nos alimentos se tornou significativa. A classe trabalhadora se vê ameaçada no seu emprego e no consumo, nesta quadra atual.
O Plano Levy foi visto como o possível, diante do Congresso conservador eleito, para se manter uma base aliada pró-Governo e capaz de votar favorável ao Plano. Mas, a base aliada não se manteve ao lado do Governo. Até hoje o Plano Levy não disse a que veio.
Um Governo Federal enredado na Política benéfica para o lado do Mercado Financeiro na ilusão de um ajuste fiscal que renderia um superávit primário e equilíbrio nas contas públicas e um empresariado nacional sem capacidade de se insurgir contra os malefícios do “Mercado” levou o pêndulo para a Direita.
A Lava-Jato e sua radicalização contra as forças produtivas do País em prol do Capitalismo estrangeiro e do Mercado Financeiro veio com tudo e enfraqueceu a disputa pela hegemonia do modelo econômico desenvolvimentista. E vivemos no País uma briga feroz entre independência ou mexicanização.
A popularidade do Governo e a aprovação da Presidenta Dilma perderam forças e a velha mídia caiu matando no tema Economia, sem o Governo ter argumentos fortes para refutar a falsa “teoria do caos”, porque a realidade de hoje não é a mesma de meses atrás, e quase não se tem canais para defesa deste Governo, para além de Rede Nacional de TV e rádio.
Na verdade pouca coisa foi criada na área de comunicação governamental em 13 anos de PT no Governo Federal.
Bem sabemos que a Economia não está uma maravilha, porém, não está o copo vazio como se alarma por todos os microfones deste partido de oposição sem votos, que é a velha mídia.
O PT calculou a realidade via ausência de oposição política, ela continua a inexistir, porém, a velha mídia e seu discurso estão fortes, mais fortes que as ações concretas do Governo Federal e o mundo real, elementos que garantiram, em todos estes anos de PT no Governo Federal, o contraponto eficaz ao discurso alarmista e falso dos meios de comunicação.
Um ajuste fiscal considerado necessário pelo Governo Federal na Economia brasileira aliado de uma crise do Capitalismo Internacional se tornou o “caos” brasileiro.
Uma mentira! Contada sem canais para se refutar o tema único: “caos” se tornando verdade absoluta. E, sabemos que não chegamos nele, que há, também, dados estatísticos positivos em 2015.
Hoje, distanciados que estamos do tempo primevo (2003), se sente por demais a falta da Regulação da Mídia.
Para o PT a estratégia de ter a mídia como verdadeira oposição já não cabe mais, mas o atual estágio de nosso Legislativo não permite uma Lei de Médios, ele jamais aprovaria qualquer medida pela democratização dos meios de comunicação, porque o Legislativo oposicionista sobrevive deste processo.
Imagina ter de se posicionar sobre temas caros ao País? É bem melhor ser eleito atacando o Governo Federal no uníssono do “caos” e com pano de fundo a “corrupção”.
Na verdade, o PT se sentiu seguro em não haver uma mídia plural, porque dela surgiria a possibilidade de uma candidatura alternativa e com votos para além do PT, dentro do campo nacionalista, progressista e com Projeto de Nação. E com mídia para defendê-la, porque teríamos mídias plurais: pró-Governo; críticas ao Governo, porém, responsáveis, desenvolvimentistas e nacionalistas; além, é claro, da tradicional e oposicionista velha mídia.
Todos vivem de cálculos. Com a Lei de Médios até a oposição se veria obrigada a ir além do protecionismo midiático para seus atos, e o PT poderia ter adversários eleitorais de peso. E adversário para além do PSOL, que no fim das contas, atinge apenas parcela muito pequena da sociedade e disposta a votar nele.
Uma Lei de Médios teria forças para uma Constituinte exclusiva e para a mudança do quadro partidário e das formas de se ingressar no Legislativo e Executivo, certo? Porque teríamos opinião pública sendo formada para além do oligopólio midiático de hoje. Sem a Lei de Médios o que se viu e se vê é o PT X a velha mídia disputando a hegemonia da narrativa do País.
Quando a Economia voltar à normalidade continuaremos a assistir esta disputa e pode o PT colocar o pêndulo de volta para a Esquerda. É interessante, todos brigam com o PT, mas, tirando os pequenos PSOL e PCdoB que partido mais tem um Projeto de Governo para o Brasil? Respondo: ninguém.
2018 está longe. Em se acertando a Economia, repito, se volta a normalidade. O PT favorito nas eleições. E digo mais, mais favorito ainda se for confirmada a queda cada vez mais constante do Poder de fogo da velha mídia e a queda da sua credibilidade.
Porém, o Governo Federal precisa se ajudar um pouco, como?
Cortando, quase que por completo, a verba publicitária da velha mídia e só mantendo o essencial, como, por exemplo, a propaganda de uma campanha de vacinação. E dando sinais que não se curvou de modo algum ao neoliberalismo.
A hegemonia no Poder pelo PT, que tanto se fala e dizem ser programada, nasce, isto sim, da possibilidade de ser o único partido grande e com voto que se habilita a ter um Projeto de Brasil. Com todos os seus erros e acertos ele existe, não há como dizer o contrário.
Bem sabemos, nestes anos todos de PT no Governo Federal, a velha mídia e o PT se beneficiaram a seus modos e ao mesmo tempo: um ficando com quase todas as verbas de publicidade Federal e outro com o Poder central. Um se serviu do outro, como uma simbiose. Nenhum dos lados tinha força para derrotar o adversário, então, se toleraram.
E somente após o silêncio da vitória da Presidenta Dilma e o Pacote Levy, que enfraqueceu a base popular do Governo Federal é que o pêndulo se moveu mais para a Direita. E, destes dois fatos, se aproveitam Rede Globo & Cia. para tentar tirar, finalmente, o PT do Poder central.
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