Ricardo Melo: Prisões dos presidentes da Odebrecht e Andrade Gutierrez seguiram o roteiro do agente 86

Tempo de leitura: 3 min

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Escuridão no fim do túnel

Prisões de empreiteiros expõem as feridas do sistema que mantém o Brasil no atraso

RICARDO MELO, na Folha de S. Paulo

Agora ficou mais interessante. As prisões dos presidentes da Odebrecht e Andrade Gutierrez conferem uma melhor dimensão do apodrecimento do “pacto” que há séculos emperra o crescimento do Brasil.

Registre-se, a propósito, que a operação seguiu o roteiro agente 86 tão a gosto do juiz Sérgio Moro. Na exposição de motivos para encarcerar os milionários, pode-se ler frases como “não é possível afirmar, nem afastar” a possibilidade de que terceiros podem ter pago algo “que se constitui em pagamento de propinas”. Alega, ainda, por antecipação, a possibilidade de delitos numa licitação que nem sequer aconteceu!

A mesma peça (no sentido amplo) faz referência a um email supostamente enviado ao presidente da Odebrecht. Não há notícia da resposta; em Londrina isso não faz diferença. Imagine a situação: um sujeito entra numa lan house, monta um perfil num portal qualquer e passa a disparar mensagens. Por exemplo: “Caro Sérgio, tudo acertado. Os pés de alface combinados serão entregues em breve. São tenros e verdes do jeito que você queria. Sempre na caixa, como encomendado. Não se preocupe que a plantação é grande. Lembranças ao Beto pelo bom trabalho.”

O email acima é fictício. Até por isso inexiste reply do destinatário. Mas vaza propositalmente. Um investigador astuto da turma de intocáveis poderia dizer: Bingo! Sérgio é o juiz Moro, alfaces são dólares, o pagamento é em cash e há muito mais em estoque. Beto, claro, é aquele famoso doleiro premiado. Caso resolvido. Só falta mandar prender alguém.

Isso quer dizer que o pessoal do cimento é inocente? Jamais. Mostra apenas que a Justiça pode ser manipulada ao sabor do momento, como arma política em vez de instrumento de apuração da verdade.

Mais importante. As sucessivas acusações de envolvimento da plutocracia com o Estado expõem uma relação secular; variam os protagonistas. Marcelo Odebrecht, por exemplo, cerca de um mês antes de ser preso, era festejado em convescotes com Fernando Henrique Cardoso e Dilma Rousseff.

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Vamos além: com o escândalo da Fifa, barões da mídia sobem ao palco de suspeitos de roubalheira generalizada e fingem que não têm nada a ver com isso. Quer mais? Grandes bancos, dia sim, outro também, aparecem na berlinda de malfeitos. Às vezes como escoadouros de sonegação internacional, outras como pagadores de propina a agentes da Receita para burlar o pagamento de impostos. Belos exemplos da nossa prezada elite.

A lista, na verdade, é interminável. A cada enxadada, uma minhoca. Erra, no entanto, quem pensa ser suficiente um Torquemada tabajara para debelar o assalto ao erário. Em questão está o sistema que propicia a proliferação da rapinagem. Má notícia: no fim deste túnel por enquanto surge apenas o breu, a escuridão.

PEGO NA MENTIRA

“O governo federal usa recursos da Caixa Econômica Federal para o pagamento de benefícios sociais desde o governo Fernando Henrique (1995-2002), mas foi no governo Dilma Rousseff que a prática aumentou de maneira mais acentuada”. (texto de manchete da Folha, 26/04/2015).

Com base na série histórica, o Tribunal de Contas da União decidiu iniciar um movimento de pressão sobre o Planalto. Deduz-se que o problema não são as chamadas pedaladas fiscais, mas seu uso “mais acentuado”. Ou então quem ocupa o cargo quando o expediente é utilizado.

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Comentários

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André Luiz

Da mesma forma que se pode forjar um email para supostamente incriminar alguém. Um policial implanta uma arma em uma cena de crime, uma pessoa abre um blog e começa a escrever o que quiser. Tudo com um pouco de apoio do próprio sistema caracterizara como sendo verídico.

wendel

É a acusação sem provas, baseada somente em ilações ou suposições do que pode vir a acontecer!!1
A aceitar esta premissa, todos são culpados, e não existem vítimas, somente acusadores!!
Belo exemplo para nossas futuras crianças que, quando adultas, irão sentirem o quanto fomos manipulados e lameados por um juizinho de segunda instância e seu grupo de “Afundadores da Nação Brasileira”, e não reformadores da república, como se intitulam !!!!!!!!!!!!!!!!!!

Regina Fe

É inadmissível que na democracia do século 21 um juiz aja como se fosse um faraó. Tivéssemos pena de morte, será que é possível afirmar que a pena capital já teria sido aplicada?

Arnaldo Costa

Já ficou claro desde a primeira manobra para jogar a operação no colo do juiz tucano Moro, que investigação é totalmente política. Pegaram a Petrobras porque sabiam que lá há licitações públicas e dinheiro. A informação deve ter sido passada pelos próprios membros do corrupto governo demotucano de FHC. Outra: Qual o problema de citarem Lula? Bancos, empreiteiras, sindicatos, MST, associações de bairro, todos, citam nomes de presidentes. Aaahhh… Mas vamos supor que o email tratavasse de suoperfaturamento… O que tem o presidente com isso? Ele está na cópia? Podem falar o que quiserem, inclusive os tais delatores tucanos. Sem provas, depósitos e outros, nada feito. Estão querendo ganhar no tapetão o que não conseguiram nas urnas. O que mais impressiona é como os órgãos públicos estão infestados por coxinhas e membros da máfia demotucana. No mais, não há como falar de Andrade Gutierrez, Cowan, OAS e Odebrechet sem mencionar Aético, ACM e FHC. Da mesma forma que não tem como conversar sobre Youssef e Paulo Costa sem sitar seus mentores, Álvaro Dias e FHC.
OBS: Onde estão os emails que citam os parceiros de obras Aético Neves, Richa, Álvaro Dias, ACM, FHC, Serra, Alckimin? Policia Federal varreu para debaixo do tapete ou pôs fogo?

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