Sérgio Ferro: O silêncio da USP e da FAU-USP faz delas aliadas dos crimes da ditadura
Tempo de leitura: 3 minpor Sérgio Ferro, enviado Caio N. de Toledo
Caio N. de Toledo é do comitê do blog marxismo 21 e membro da Comissão da Verdade Memória da Unicamp.
Foi quem nos enviou o texto de Sérgio Ferro, logo abaixo.
Admirador de Ferro, Toledo fez questão de apresentá-lo aos mais jovens:
Radicado na França, Sérgio Ferro é um arquiteto e artista plástico internacionalmente reconhecido. Formado pela FAU-USP, passou a integrar, em 1962, o quadro docente dessa unidade de ensino da USP.
Neste breve texto, relata episódios relativos às violências sofridas por ele e colegas, logo após o golpe de 1964 e nos anos 1970. Seu depoimento é um veemente libelo contra silêncio ominoso da USP e, particularmente, da FAU-USP que, até o presente, nunca condenaram oficialmente os inquéritos, prisões, torturas e assassinato perpetrados contra professores, alunos e funcionários de sua comunidade acadêmica.
Não se pode senão concordar com as palavras finais de seu texto: “O silêncio da USP e, em particular, da FAU-USP quanto às suas lamentáveis atitudes durante a Ditadura faz delas aliadas objetivas de seus crimes”.
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A FAU-USP e a Ditadura Militar
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por Sérgio Ferro
Logo após o 1° de abril de 1964, o reitor Gama e Silva nomeia uma comissão não oficial composta por professores para investigar « atividades subversivas » na USP (Universidade de São Paulo). Na FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), esta comissão denuncia os professores João Batista Villanova Artigas e Abelardo Reidy de Souza, e o estudante Silvio Barros Sawaia. Afora os professores Paulo Duarte e Florestan Fernandes, quase ninguém protesta. O Conselho Universitário aprova uma moção apresentada pelo professor Alfredo Buzaid de apoio à comissão. Votam contra somente os professores Erasmo Garcia Mendes e Valter Colli, representantes dos ex-alunos e auxiliares de ensino. Todos os catedráticos votam a favor. A comissão é, deste modo, « legalizada ».
No segundo semestre de 1964, são instaurados os IPM (Inquéritos Policiais-Militares).
Na FAU-USP ocorrem durante o período letivo nas salas de aula requisitadas para este fim. O professor João Batista Villanova Artigas, fundador, programador e principal arquiteto da FAU-USP, é indiciado e preso diante de professores, alunos e funcionários. O professor Abelardo Reidy de Souza também é indiciado. Os dois serão posteriormente « inocentados ».
Os assistentes de ensino Rodrigo Brotero Lefèvre e Sérgio Ferro são interrogados na sala em que ensinavam.
Não houve nenhum protesto por parte USP, nem da FAU-USP.
Em 1969, são aposentados compulsoriamente : em 29 de abril, o professor João Batista Villanova Artigas ; em 30 de abril, os professores Jon Andoni Vergareche Maitrejean e Paulo Mendes da Rocha. Afora o professor Ernst Wolfgang Hamburger, não houve quem protestasse por parte da USP, nem da FAU-USP.
Em 2 de dezembro de 1970, os professores Rodrigo Brotero Lefèvre e Sérgio Ferro são presos pela OBAN. Uma comissão composta por representantes do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), da FAUS (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Santos, da qual os dois professores são também fundadores) e da FAU-USP dirige-se à OBAN para informar-se sobre as prisões. Apesar dos evidentes sinais de torturas praticadas nos dois professores, a comissão retira-se sem nada comentar, nem então, nem depois.
Não houve nenhum protesto por parte da USP, nem da FAU-USP.
Em 02 de dezembro de 1971, os professores Rodrigo Brotero Lefèvre e Sérgio Ferro são liberados sob condições. Apesar de ainda serem oficialmente professores da FAU-USP, não são inscritos no programa de ensino do ano de 1972. Não são nem « aposentados », nem encarregados de nenhuma atividade pela FAU-USP.
O professor Sérgio Ferro, sem nenhum trabalho (salvo um artigo para a revista Veja), deixa o País com autorização da 2° Auditoria Militar. Seu contrato de trabalho com a FAU-USP expira silenciosamente em dezembro de 1973. Pouco depois, o professor Rodrigo Brotero Lefèvre é reintegrado à FAU-USP graças a um processo que move contra a USP.
Ausente desde 1972 do Brasil, eu, Sérgio Ferro, não tenho conhecimento de nenhuma declaração oficial ou de alguma ação clara que demonstre repúdio por parte da USP ou da FAU-USP com relação a inquéritos, prisões, torturas ou assassinato perpetrados contra professores, alunos e funcionários destas instituições. Espero que me engane.
Entretanto posso afirmar que nem o professor Rodrigo Brotero Lefèvre, nem eu, nunca recebemos nenhuma palavra destas instituições condenando ou lamentando o que aconteceu conosco, nem propondo reintegração ou qualquer medida de reparação. A mesquinhez e a indiferença chegam ao ponto de não me atribuírem a pequena aposentadoria a que tenho direito.
O silêncio da USP e da FAU-USP quanto às suas lamentáveis atitudes durante a Ditadura faz delas aliadas objetivas de seus crimes.
Grignan, maio 2015
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Comentários
Rpepino
Falava-se muita mentira naquele tempo. Dizia-se que Francisco Julião recebia dinheiro de Fidel Castro; que Brizola teria dito “reformas na lei ou na marra”; que Prestes teria visitado a URSS e dito que já tinham o governo, só faltava o poder; que sargentos e marinheiros realizavam motins; que havia “generais do povo” contra “gorilas”; inventaram que em 1964 havia um caos pré-revolucionário.
O pior: inventaram que em 1965, Brizola teria recebido milhares de dólares de Fidel Castro para financiar guerrilhas pelo Brasil (inclusive no Caparaó). É muita perversão, não é mesmo??
Laura
Fui aluna de Fau USP e , aluna, presa e torturada em 1974 também na OBAN. Os aunos fizeram assembleias nos defendendo( havia mais outros alunos presos). Eu mesmo antes de ser presa estive em uma das assembleias para defende-los, os colegas também presos. Desconheço se a Instituição enquanto tal fez alguma coisa por nós . De fato, parece quer foram totalmente omissas. Desconheço qualquer iniciativa por parte da Direção da FAU e da USP em nosso favor.
FrancoAtirador
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JORNALISTA É PRESO NA ‘MAIOR DEMOCRACIA DA EUROPA’
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(http://expresso.sapo.pt/internacional/2015-06-20-Jornalista-da-Al-Jazira-preso-em-Berlim)
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FrancoAtirador
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Chanceler da Alemanha decidirá o Futuro da Grécia,
diz Ministro das Finanças Grego, Yanis Varoufakis.
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20/6/2015, 19:00
Observador (Portugal)
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O futuro da Grécia “é uma escolha que está nas mãos de Merkel”
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Por Rita Dinis
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O destino da Grécia está nas mãos da chanceler alemã Angela Merkel
e é dela que depende a decisão sobre o acordo com os credores
que pode, ou não, ser alcançado na segunda-feira na cimeira extraordinária
de líderes da Zona Euro.
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É pelo menos assim que pensa o Ministro das Finanças Grego, Yanis Varoufakis,
e foi isso que escreveu num artigo de opinião que será publicado
no jornal alemão Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung.
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A escolha de Merkel, segundo Varoufakis, é entre negociar um acordo de resgate “honrado” com Atenas ou enveredar pela via dos “populistas” e abandonar a Grécia, deixando o barco afundar.
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“Merkel pode entrar na via do entendimento honrado com um governo que rejeitou o ‘pacote de resgate’ e está a tentar negociar uma solução, ou pode seguir os apelos daqueles que, no seu governo, a querem ver a deitar porta fora o único governo grego que tem sido fiel aos seus princípios e o único capaz de pôr o povo grego no caminho das reformas”, escreve Varoufakis, de acordo com a Bloomberg.
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A escolha é de Merkel e a decisão deve ser deixada clara na cimeira de segunda-feira em Bruxelas.
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“A chanceler alemã tem uma decisão muito clara para tomar na segunda-feira”,
continua a escrever, em inglês, o ministro grego das Finanças no artigo.
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“Da nossa parte, nós vamos a Bruxelas com a determinação para chegar a um compromisso, desde que não nos peçam para fazer aquilo que o governo anterior fez: aceitar mais dívida com condições que deixam muito a desejar quanto à possibilidade de podermos vir a pagá-la”, acrescenta.
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(http://observador.pt/2015/06/20/futuro-da-grecia-escolha-esta-nas-maos-merkel-diz-varoufakis)
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