Janio de Freitas: Violência judicial da Mendes coincide com manobras da Câmara pró-financiamento de empresas
Tempo de leitura: 3 minEnganações
por Janio de Freitas, na Folha de S. Paulo
Esqueceram ou ignoravam. A solução aprovada na Câmara para reverter a proibição, decidida na véspera, do financiamento eleitoral por empresas, não proporciona, como desejado pela maioria dos deputados, que as doações continuem e nem seja mais verificável a ligação entre o doador e o candidato. Para isso, faltou no texto aprovado um pormenor indispensável.
Vista por muitos como golpe baixo, o que levou vários deputados à decisão de recorrer à Justiça, a manobra criada por Eduardo Cunha libera as doações desde que feitas aos partidos, que as repassam aos seus candidatos. O doador a ser informado na prestação de contas do candidato à Justiça Eleitoral? O partido.
Mas o Tribunal Superior Eleitoral, ao perceber que alguns candidatos e empresas vinham usando o partido como recebedor/repassador, encobrindo o beneficiado, aprovou no ano passado um ato simples e eficaz. Uma resolução passou a exigir a identificação do doador inicial na prestação de contas.
A emenda à Constituição agora aprovada pela Câmara manteve o dinheiro de empresas para os candidatos, mas a ninguém ocorreu incluir uma frase para neutralizar a resolução moralizadora. E, como é esperada retração de doadores identificados, a omissão arruína grande parte do ganho obtido pelos defensores do dinheiro empresarial.
A falha no texto aprovado pela Câmara leva o problema para o Senado, que ainda vai se definir sobre o tema. E, dentro do problema geral, um outro, do PSDB. A reviravolta dos deputados peessedebistas, que em menos de um dia votaram o fim das doações empresariais e a sua continuidade, foi criticada por peessedebistas do Senado.
Não só pelo fisiologismo dos seus companheiros na Câmara, como por haver, entre os senadores peessedebistas, defensores das doações por pessoas e identificadas na origem e no destinatário.
Na segunda-feira, Eduardo Cunha e Renan Calheiros apresentaram o anteprojeto de ambos para retirar da Presidência da República a escolha dos dirigentes de estatais. Em vez de decidir quem são, a Presidência passaria a indicá-los ao Congresso, que os sabatinaria e aprovaria ou não. É claro que o anteprojeto nascia do desejo de rejeições: o desejo de aprovações não faria pensar em sabatinas e julgamentos, a norma atual o satisfaz.
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Na quarta, Renan Calheiros recuou. Dispensava indicação ao Congresso, sabatina e avaliação. Na quinta, lá do Oriente Médio onde dá uma folga à política brasileira, Cunha comunica igual recuo.
Ambos, e para isso existem as comunicações internacionais, alegaram que “a sabatina é um detalhe”, o que pretendem “é a transparência das contas das estatais”. Mas não disseram a verdade. Quiseram ferir o Executivo, e é fácil constatá-lo. A evidência está na Constituição, no Orçamento e na vida institucional ativa: o Tribunal de Contas da União existe como “auxiliar do Congresso para a fiscalização” do que envolva bens e recursos públicos.
O único sentido possível do anteprojeto de Cunha e Calheiros seriam as sabatinas e as rejeições. No entanto inconstitucionais, porque usurpadores de atribuição do Executivo. Daí o recuo rápido e forçado.
Na segunda, Joaquim Levy disse, em seminário do FMI, que o Brasil viverá em 2015 sua “mais grave recessão” nas últimas duas décadas e a “recuperação será lenta”, porque “a nossa [lá deles, neoliberais] estratégia é para o longo prazo”.
Saído dali, Levy disse aos jornais e TV brasileiros que “temos bastante chance de ver uma segunda metade do ano favorável”. Se alguém falar em facilidade de mentir, em cinismo e em desrespeito à população, será tido como grosseiro. A mentira, o cinismo e o desrespeito, não.
Na quinta, Gilmar Mendes respondeu a Mario Sergio Conti que paralisou o julgamento do STF, quando já encaminhada a decisão contra doações eleitorais de empresas, porque havia indício da intenção de aplicá-la nas eleições de 2014.
Gilmar Mendes pediu vista do processo e o engavetou em abril de 2014. As eleições foram em outubro. E Gilmar Mendes continua retendo o processo e impedindo a conclusão do julgamento por mais sete meses e meio. Por causa das eleições passadas? Sua violência judicial, evidente abuso de poder, coincide com as manobras da Câmara para manter o dinheiro de empreiteiras, bancos e outras grandes empresas na condução das eleições.
Leia também:
Manifesto de juristas pelo arquivamento já da PEC da doação empresarial para campanhas eleitorais
Comentários
Urbano
Vamos ter que chamar os ianques…
Julio Silveira
Esses dois batem um bolão no time dos defensores do coronelato.
FrancoAtirador
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Houve apenas um equívoco do Jornalista da Folha: O PSDB não mudou de posição.
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46 dos 49 Deputados do PSDB votaram SIM à Compra de Parlamentares por Empresas,
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no dia 26/5, véspera do Crime praticado por Ed Cunha na Votação da PEC 182/2007.
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Os partidos que foram, desde o início, contrários à Corrupção Eleitoral por Empresários
e que mantiveram posição em todas as votações foram PT, PCdoB, PDT, PPS e PSoL.
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SESSÃO EXTRAORDINÁRIA Nº 126 – 26/05/2015
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Abertura da sessão: 26/05/2015 21:01
Encerramento da sessão: 27/05/2015 00:41
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Proposição: PEC Nº 182/2007 – EMENDA AGLUTINATIVA Nº 22 – Nominal Eletrônica
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Início da votação: 26/05/2015 23:53
Encerramento da votação: 27/05/2015 00:41
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Presidiram a Votação: Eduardo Cunha
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Resultado da votação
Sim: 264
Não: 207
Abstenção: 4
Total da Votação: 475
Art. 17: 1
Total Quorum: 476
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Orientação dos Partidos às Bancadas:
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Sim = PSDB – DEM – SDD – PSD – PMDB – PP – PTB – PSC – PR – PHS – PEN
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Não = PT – PSOL – PCdoB – PDT – PPS – PV – PRB – PTN – PMN – PRP – PSDC – PRTB – PTC – PSL – PTdoB
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Liberado = PSB – PROS
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PSDB
Alfredo Kaefer PR Sim
Antonio Carlos Mendes Thame SP Sim
Antonio Imbassahy BA Sim
Arthur Virgílio Bisneto AM Sim
Betinho Gomes PE Sim
Bonifácio de Andrada MG Sim
Bruna Furlan SP Sim
Bruno Araújo PE Sim
Bruno Covas SP Sim
Caio Narcio MG Sim
Carlos Sampaio SP Sim
Célio Silveira GO Sim
Daniel Coelho PE Abstenção
Delegado Waldir GO Sim
Domingos Sávio MG Sim
Eduardo Barbosa MG Sim
Eduardo Cury SP Sim
Fábio Sousa GO Sim
Geovania de Sá SC Sim
Giuseppe Vecci GO Sim
Izalci DF Sim
João Campos GO Sim
João Castelo MA Sim
João Gualberto BA Sim
João Paulo Papa SP Sim
Jutahy Junior BA Sim
Luiz Carlos Hauly PR Sim
Mara Gabrilli SP Abstenção
Marco Tebaldi SC Sim
Marcus Pestana MG Sim
Max Filho ES Não
Miguel Haddad SP Sim
Nelson Marchezan Junior RS Sim
Nilson Leitão MT Sim
Nilson Pinto PA Sim
Otavio Leite RJ Sim
Paulo Abi-Ackel MG Sim
Pedro Cunha Lima PB Sim
Raimundo Gomes de Matos CE Sim
Ricardo Tripoli SP Sim
Rocha AC Sim
Rodrigo de Castro MG Sim
Rogério Marinho RN Sim
Rossoni PR Sim
Samuel Moreira SP Sim
Shéridan RR Sim
Silvio Torres SP Sim
Vanderlei Macris SP Sim
Vitor Lippi SP Sim
Total PSDB: 49
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(http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/plenario/chamadaExterna.html?link=http://www.camara.gov.br/internet/votacao/mostraVotacao.asp?ideVotacao=6354&tipo=partido)
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(http://www.viomundo.com.br/politica/andre-rocha-politica-pequena-de-cunha-choca-se-com-a-realidade-e-camara-rejeita-distritao-e-inanciamento-empresarial-das-campanhas.html)
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