Tensão democrática
14/03/2015 02h00
Por Andre Singer, na Folha, sugerido pelo Antônio David
É possível, embora não certo, que a partir de amanhã a democracia brasileira restabelecida nos anos 1980 passe a viver um inédito teste de estresse. A julgar pelo ruído do domingo (8/3), quando o pronunciamento presidencial foi acompanhado de protestos em diversas cidades, há quem preveja que a direita consiga colocar quantidade expressiva de gente na rua pela primeira vez desde o pré-1964.
Embora se deva notar que parte significativa dos manifestantes será, na realidade, de centro, o tom pró-impeachment das convocatórias faz parte da tentativa direitista de mobilizar massas, a qual começou em 2005.
Quando eclodiu o escândalo do mensalão foram convocados comícios. A falta de apelo, na época, contribuiu para enterrar a ideia de impedir o ex-presidente Lula. Em 2007, o movimento “Cansei”, de teor semelhante, esvaziou-se em poucas semanas. Já em junho de 2013, a direita mostrou maior capacidade de mobilização, mas ainda precisou pegar carona em iniciativa da esquerda, que ocupa as praças desde a transição democrática.
Mesmo as iniciativas pós-eleitorais autônomas da direita em 2014 foram tímidas. Agora, devido ao enfraquecimento do governo e tendo obtido apoio de segmentos de centro, pode ter chegado a sua hora.
Se for assim, abrir-se-á um tipo de polarização que, no passado, acabou em golpe. A uma manifestação seguirá, cedo ou tarde, uma contramanifestação, e assim por diante. Quando a sociedade, dividida, decide mobilizar-se, há uma dinâmica específica, distinta daquela que prevalece no jogo dos gabinetes.
Estou convencido, por diversas razões, que, desta feita, o desfecho não será o mesmo daquele de 1964. Mas vai depender, também, de como os atores levarem adiante o processo de luta, que a meu ver será longo.
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Em princípio, a presença da direita não deveria assustar, podendo até ser elemento politizador para o conjunto da sociedade. Cabe à esquerda convencer a maioria dos cidadãos de que o impeachment seria um golpe branco, sem base jurídica, como até especialistas da oposição reconhecem.
Cumpre também, isolar, dentre aqueles que se manifestarão amanhã, os setores minoritários de extrema-direita que incitam ao crime. A Constituição garante o direito de manifestação, sem restrições.
Por outro lado, a Carta pune de maneira rigorosa qualquer iniciativa prática contra a democracia. O parágrafo 44 do artigo 5º qualifica de “crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático”. Por isso, incitar à intervenção militar é fazer apologia do crime e deve ser denunciada enquanto tal.
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Comentários
Luiz Antonio
É melhor mandar logo os Block Blocs.
tuts
Lugar de corrupto e na cadeia seja pt ou psdb! Temos que limpar o pais e reformar politicamente! E outra cargos de investigacao como MPF STF e DPF precisam ser independentes e sem indicações para fiscalizar o governo e os parlamentares! ai sim acreditaremos em um pais!
Nao sei se isso sera feito algum dia mas se a dilma fizer ela ficara na história, pois ela lutou por uma nacao e n por um partido!
Bacellar
Pegando esse gancho de 64:
Não creio quando se tratam de grandes acontecimentos capazes de mudar o rumo da história de uma sociedade que um único fator isolado seja capaz de dar início a tais processos. Eventos radicais surgem da somatória de fatores convergentes.
O que quebrou o pacto daquilo que o Singer define por lulismo (o acordo entre oligarquia e governo trabalhista gerando altos rendimentos para o primeiro grupo e distribuição de excedentes para a população mais humilde via programas sociais múltiplos)? Se explica somente pela queda do preço dos principais produtos de exportação nacional e diminuição de demanda interna pelo endividamento familiar após um ciclo de expansão? Penso que esses fatores contam sim mas sozinhos não explicam toda a intensidade da movimentação orquestrada para dar fim ao ciclo petista.
Estabelecendo como marco inicial do desgaste da presidente, que até então encontrava-se em situação confortável nas pesquisas de popularidade, as manifestações de Junho de 2013 devemos nos ater ao período que que antecede esse ponto de inflexão.
Dois “oponentes” de peso inigualável são contrariados em seus interesses nesse período; sistema bancário/financeiro e transnacionais petrolíferas.
Em Janeiro de 2013 o governo federal tentando combater a draconiana taxa de juros, que trava a industria nacional por nos tornar pouco competitivos em relação a transnacionais que se financiam a um custo muito menor e sangra uma parcela pornográfica do orçamento da união, leva a Selic para seu menor índice desde a criação do COPOM; 7,12.
Ainda no segundo semestre de 2012 o governo se esforçava para atenuar o problema do juro real pela diminuição do spread bancário via BB e Caixa. Ao derrubar o spread dos bancos públicos logicamente os privados seriam obrigados a diminuir também suas taxas de retorno para evitar uma fuga em massa de correntistas.
Não posso deixar de imaginar as veias saltadas nas têmporas dos distintos engravatados da FEBRABAN em suas reuniões ao citar o Governo Dilma. Imagino que possivelmente foram os primeiros a lhe dedicar a mimosa adjetivação que hoje se encontra na boca do povo desinformado: “Vaca”.
Para tais senhores o fato do brasileiro, digamos um cliente do marinista Itaú (mas poderia ser qualquer outro banco), pagar uma taxa anual de 63,25% (2009) não causa a espécie que causa um governo buscar destravar a economia mexendo em seus sagrados cofres, ou melhor, em suas sagradas taxas de retorno.
Mas não eram apenas rentistas, banqueiros e financistas que vinham sendo contrariados pela obstinada cartilha desenvolvimentista da ex-aluna de Maria da Conceição Tavares; um inimigo ainda mais indigesto naquele período estaria também prestando homenagens a Dilma em seus salões fechados; os CEOS das grandes transnacionais petrolíferas ao constatar que o Brasil buscava romper com o longo histórico de entreguismo total de seus recursos do subsolo devem ter igualmente se referido em baixos termos à Mrs.Rousseff: “Fucking Cow”…
Em novembro de 2012 (o ano em que o mundo não acabou) Dilma sancionava a lei de distribuição dos recursos do petróleo sob o regime de partilha. Uma afronta imperdoável. Falamos afinal aqui de uma companhia com reservas estimadas que podem chegar ao volume de 300 bilhões de barris.
A Presidente inicia 2013 com taxas elevadíssimas de aprovação popular em todos os institutos de pesquisa. Em 6 meses com o Brasil em vias de colapso social seus índices estariam no chão. Não eram 20 centavos…
Teoria conspiratória? A ideia de teoria conspiratória, seja lá quem a desenvolveu, foi genial. Toda essa bobajada de illuminattis, repitilianos e outras idiotices do gênero imediatamente jogam no lixo qualquer análise para além dos fatos escancarados, repisados e com autenticação em cartório. A mais simples e clara ligação de pontos que qualquer analista possa fazer, análises óbvias, ganham o carimbo: Maluquice conspiratória. É genial.
Vamos colocar mais um elemento no caldeirão? National Security Agency. NSA. Seus principais alvos no Brasil? Mrs.Rousseff e alto escalão da Petrobrás. Talvez seja um delírio meu porém acho, só acho, que o cartel petrolífero tem alguma entrada nas agências do governo yanke, alguma influência na política externa estadunidense…Só um feeling mesmo…
Também não creio que a expansão da relação do Brasil com Rússia, China e India e a criação do Banco dos Brics tenha aumentado a popularidade do Governo petista em Washington.
Se seguirmos ligando os pontos temos um governo à partir do segundo semestre de 2012 “marcado para morrer” pelos banqueiros brasileiros, petrolíferas transnacionais e governo estadunidense. Que troika macabra companheiros. PSDB, Folha, DEM, Globo são jagunçada. Funcionários. O buraco é mais em cima.
Agora só mais um pontinho: Início de 2014 (ano eleitoral) um paladino da justiça, lá das bandas das araucárias, investigando um singelo posto de gasolina descobre o maior esquema de corrupção da história da Via-Láctea. Perdoem minha veia conspiratória mas não posso deixar de especular…O que será que a NSA fez com toda a informação colhida em sua espionagem à Petrobrás? Engavetou?
Talvez levando esse histórico recente em conta possamos entender a escolha de Levy, bandeirinha branca de arrego para os banqueiros pelo menos, talvez isso explique a tirada de pé na política desenvolvimentista e a tentativa de voltar à paz e amor da era Lula. Trata-se de uma tentativa de rearranjo do acordo PT-oligarquia.
Porem do ponto de vista da elite financeira brasileira e de seus ideólogos e patrões yankes não acredito que qualquer acerto seja tolerável. Dilma abusou da insolência. E vão descarregar tudo que tem em cima do governo. Bateria após bateria.
Vai ser duro esse 2015.
FrancoAtirador
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Senador do PSDB Paranaense, Álvaro Dias,
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acaba de afirmar na Mídia HSBC da Suíça
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que “Decepção do Eleitor justifica Impíxi”.
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Se isso não fosse uma Mentira Jurídica,
os Governadores do PSDB do Paraná
e de São Paulo seriam os primeiros
a serem expulsos do cargo no braZil.
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Sidney
“Por outro lado, a Carta pune de maneira rigorosa qualquer iniciativa prática contra a democracia.”
“Por isso, incitar à intervenção militar é fazer apologia do crime deve ser denunciada enquanto tal.”
Uai, mas isto está acontecendo dia e noite e ninguém tomou providências! Que “Carta” é esta que não está sendo posta em ação? O que eu mais vejo na internet é apologia à violência, ameaças a presidenta da República e a qualquer um que apoie este governo. Gente pedindo golpe militar, etc. Delegados da PF fazendo tiro ao alvo com foto da presidenta.
Ou aqui pode tudo e esta “Carta” só vale para os PPPPs ????
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