Aliada de Eduardo Cunha não era de Comissão que pediu investigação da Mitsui

Eduardo Cunha e Solange Almeida, mais que aliados

por Luiz Carlos Azenha

Primeiro o Tijolaço deu um furo de reportagem.

Depois O Globo correu atrás.

Resumo do filme: em um de seus depoimentos, o doleiro Alberto Yousseff afirmou que o hoje presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, recebia propina do aluguel, pela Petrobras, de um navio-plataforma de propriedade das empresas Mitsui e Samsung, cujo representante no Brasil era Júlio Camargo. Segundo o doleiro, Cunha embolsava parte do “bolo” destinado ao PMDB. O pagamento de propina teria sido suspenso e, na seca, Cunha teria feito pressão sobre Camargo para reativar o suborno. Em resumo, extorsão.

O doleiro foi bem específico: a pressão foi feita por dois deputados aliados de Cunha.

O presidente da Câmara negou peremptoriamente qualquer ação neste sentido. Disse que nunca fez qualquer requerimento para pressionar a Mitsui ou Júlio Camargo. Que não pode ser responsabilizado por requerimentos feitos por outrem.

Fomos dar uma olhada nos documentos. O que mais chamou a atenção foi o fato de que a então deputada federal Solange Almeida — hoje prefeita de Rio Bonito — nem era integrante da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) da Câmara dos Deputados em 2011, quando ela apresentou os requerimentos de números 114 e 115, ambos em 7 de julho. Não é vetado aos deputados fazer isso, mas é incomum. Ela teve o apoio de um segundo deputado, este presidente da CFFC, Sérgio Brito (PSD-BA), que mais tarde deixou o cargo. A CFFC chegou ao final do ano de 2011 presidida por Filipe Pereira (PSC-RJ).

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Perdoem minha inocência, mas assim bem de repente, caindo de paraquedas, uma deputada se apresenta numa comissão da qual não faz parte para fazer uma denúncia bem específica?

Num dos requerimentos, ao Tribunal de Contas da União, em que pediu “informações sobre auditorias feitas aos contratos do Grupo Mitsui com a Petrobrás ou qualquer das suas subsidiárias no Brasil ou no Exterior”, ela escreveu:

Vários contratos envolvendo a construção, operação e financiamento de plataformas e sondas da Petrobrás, celebrados com o Grupo Mitsui, contém especulações de denúncias de improbidade, superfaturamento, juros elevados, ausência de licitação e beneficiamento a esse grupo que tem como cotista o senhor Júlio Camargo, conhecido como intermediário.

No outro requerimento, ela pediu ao então ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, “informações e cópia de todos os contratos, aditivos e respectivos processos licitatórios, envolvendo o Grupo Mitsui e a Petrobrás e suas subsidiárias no Brasil ou no Exterior”.

Justificou-se:

Vários contratos envolvendo a construção, operação e financiamento de plataformas e sondas da Petrobrás, celebrados com o Grupo Mitsui, contém especulações de denúncias de improbidade, superfaturamento, juros elevados, ausência de licitação e beneficiamento a esse grupo que tem como cotista o senhor Júlio Camargo, conhecido como intermediário.

Tudo isso, repetimos, se deu em 2011.

A pergunta que faremos em seguida à prefeita é a seguinte: ela recebeu resposta aos dois requerimentos? Se sim, quais ações tomou para denunciar a corrupção? Encaminhou ao Ministério Público Federal? À Polícia Federal?

Não seria este o procedimento natural de alguém que tanto se esforçou para denunciar corrupção?

Vamos ver qual é a resposta.

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